segunda-feira, 18 de março de 1996

Os missionários de farda

Com métodos Militares, Exército de Salvação promove evangelismo e assistência social

Por Carlos Fernandes

Nos cultos das igrejas salvacionistas, muitos membros vão uniformizados

Parece difícil acreditar que uma igreja e possa estar presente em 104 países diferentes, possuir mais de 1 milhão de membros das mais diferentes nacionalidades e, ainda assim, conservar sua unidade e manter práticas semelhantes em qualquer lugar do mundo. Para isso, seriam necessárias muita disciplina, obediência à hierarquia e dedicação quase espartana. Mas são justamente estas as características mais marcantes de um grupo muito especial, que age como uma tropa e adota costumes militares, como uso de farda e terminologias de quartel. São os integrantes do Exército de Salvação, uma igreja desconhecida para muitos evangélicos, que somente associam sua existência à famosa imagem do caldeirão de sopa para os pobres.

Mas o Exército de Salvação é muito mais do que isso. Criado na Inglaterra em 1865, chegou ao Brasil em 1922, através de um grupo de pioneiros que veio abrir fogo - iniciar uma frente de trabalho, na linguagem deles - no Rio de Janeiro. A partir daí, o grupo cresceu e foi avançando para diversos estados brasileiros. A sede nacional ficou no Rio até 1958, quando foi transferida para São Paulo, onde hoje ocupa um moderno edifício de 11 andares na Rua Juá. Logo que chegou ao Brasil, o Exército fez um reconhecimento de terreno a fim de descobrir qual era a maior necessidade do novo território. No caso do nosso país, o maior problema encontrado foi a existência de grande número de crianças carentes, o que veio ao encontro do tipo de trabalho característico do Exército de Salvação desde seu início: assistência social paralela ao trabalho espiritual. "A partir daí", conta o major Paulo Franke, de 52 anos, um dos diretores nacionais da entidade, "começaram a ser abertos corpos (igrejas) para promover esse tipo de atividade."

Os corpos não são simples locais de culto. Muitos deles abrigam estudantes residentes, centros sociais e trabalhos com meninos de rua e mães solteiras carentes, por exemplo. Na opinião de Franke, esse tipo de trabalho é fundamental para o salvacionista. "Nós sentimos que é nossa obrigação promover o bem-estar das pessoas", acredita. "Afinal, como podemos pregar o Evangelho para quem está faminto e desabrigado, sem dar-lhe o mínimo de condições físicas para receber a nossa mensagem?"

O coronel canadense
David Gruer é o líder no Brasil

UNIDADE - Além da ênfase dada ao trabalho social, uma das características marcantes da entidade é a sua unidade internacional. O Exército de Salvação é a mesma igreja no mundo inteiro, seguindo as mesmas doutrinas, regulamentos e estrutura organizacional. Até os hinos cantados são os mesmos, variando evidentemente de acordo com a língua local. Esca unidade é mantida através do comando único, exercido pelo general Paul Rader, um americano que comanda a igreja do quartel-general sediado em Londres, na Inglaterra. No Brasil, o líder máximo do Exército de Salvação é o coronel David Gruer, um canadense de 61 anos. O secretário-em-chefe é o gaúcho Alexandre Lopes, de 63 anos, que ocupa o posto de tenente-coronel.

O mais interessante no Exército de Salvação é a graduação de seus membros. Quando alguém aceita a Palavra e se converte, pode, se assim desejar, tornar-se recruta. Enquanto recruta, o novo membro passa por um período de preparação, depois do qual torna-se um soldado. O posto seguinte é o de sargento, ocupado por crentes que têm algum tipo de trabalho no corpo - algo semelhante aos diáconos nas igrejas convencionais. Aqueles que pretendem dedicar-se em tempo integral ao Exército devem cursar um seminário próprio - o Colégio de Cadetes -, onde se preparam para o ministério. Uma vez formados, são comissionados oficiais e passam a tenentes. Como oficial, o salvacionista pode exercer funções de direção, como a de pastor. Os cargos do oficialato a partir de tenente são capitão, major, tenente-coronel, coronel e comissário. O cargo máximo, de general, só pode ser ocupado por uma pessoa em todo o mundo de cada vez. Além dos membros alistados, o Exército de Salvação possui ainda outro tipo de integrante. É aquela pessoa que participa dos trabalhos, mas, por decisão pessoal, não segue carreira nem usa farda.

Paulo Franke com Anneli: mulheres são
valorizadas no Exército de Salvação

VALOR À MULHER - Os trabalhos espirituais - pregação, intercessão, evangelização - são chamados de campo de batalha. "A nossa fé é puramente evangélica", afirma Paulo Franke, "e, apesar das características militares, somos bastante semelhantes aos irmãos das demais igrejas." Segundo ele, embora sua igreja não seja considerada pentecostal, muitos de seus integrantes têm experiências carismáticas, como o batismo com o Espírito Santo. No Exército de Salvação, as mulheres têm bastante espaço. Elas podem pregar, presidir obras sociais, assumir cargos de liderança e até mesmo dirigir um território, ou seja, todos os corpos de uma nação. "É a igreja que mais dá oportunidades à mulher", confirma a major Anneli, mulher de Paulo. Sempre que um salvacionista atinge o oficialato, a esposa assume a mesma patente. "O Exército é uma grande família", resume Paulo Franke.

Os salvacionistas consideram os sacramentos como experiências exclusivamente espirituais. Embora o Exército de Salvação não promova batismos, os membros têm liberdade para procurar outra comunidade e se batizar nas águas. Nas igrejas salvacionistas também não são ministradas as ceias. O seu ministério, bastante diversificado, realiza reuniões ao ar livre, visitas a hospitais e presídios, além dos inúmeros trabalhos de cunho social. Contudo, sua mais folclórica atividade, a distribuição da sopa em caldeirões - que acabaram se tornando os maiores símbolos dos salvacionistas está desativada no Brasil. Há planos de reiniciá-la a médio prazo. Quando isso acontecer, o Exército de Salvação estará retornando aos primórdios, cujo lema era bem sugestivo: Sopa, sabão e salvação.

Página Oficial do Exército da Salvação

Extraído Especial. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 40-41, mar. 1996.

Uma tropa multinacional

Frederico Mendes
Sede nacional do Exército
de Salvação: modernidade

O fundador do Exército de Salvação, William Booth, sentiu um chamado de Deus para combater os vícios, pecados e a miséria quando, caminhando ao longo do Rio Tâmisa, em Londres, viu várias pessoas desabrigadas, sofrendo com o frio ao relento. "Enquanto restar uma alma que esteja nas trevas, sem a luz de Deus, eu lutarei até o fim", disse Booth, lançando o movimento que inicialmente chamou-se Missáo Cristã. A designação Exército de Salvação surgiu em 1878. Os pioneiros do trabalho criam que sua missão era uma batalha espiritual, razão por que começaram a adotar práticas militares. Por acreditarem num Evangelho com ênfase em trabalhos assistenciais, os pioneiros enfrentaram incompreensão e sofreram constrangimentos. Era comum, nas marchas que promoviam, serem recebidos com ovos podres e baldes d'água.

Mas o Exército de Salvação cresceu e se multiplicou. Hoje está presente em 104 países espalhados por todos os continentes e possui, segundo levantamentos de 1995, mais de 800 mil soldados, 25 mil oficiais e 180 mil membros não-alistados, além de cerca de 355 mil crianças. Embora oriundos das mais diferentes nacionalidades e culturas, os salvacionistas possuem dois elos de ligação muito fortes: sua fé e sua farda.

No Brasil, as últimas estatísticas apontam 145 oficiais e 1,5 mil soldados. Os dados revelam ainda 133 freqüentadores não-alistados e 621 crianças. O trabalho social possui oito lares para crianças, seis creches e três unidades pré-escolares. Há 12 centros comu-nitários que atendem meninos de rua e um lar para mães solteiras, clínicas médicas e 2) dentárias. Além da sede nacional, em São Paulo, há sedes regionais (divisões) no Rio, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Recife. Ao todo, são 45 corpos - as igrejas salvacionistas.

Recrutado nas ruas

Frederico Mendes
Ex-menino de rua,
Paulo Rogério agora é soldado

Auxiliar crianças carentes e recuperar meninos de rua é o desafio que o Exército de Salvação escolheu enfrentar no Brasil. Os salvacionistas os convidam a participar de centros comunitários e acampamentos, oferecendo alimentação, roupas, atividades recreativas e de ressocialização. Ao mesmo tempo, procuram ensinar-lhes a Palavra de Deus, atraindo seu interesse para o Evangelho. O trabalho assistencial tem dado frutos. Um dos menores atendidos pelo Exército de Salvação foi Paulo Rogério Neves, de 16 anos. Ele vivia na rua depois de ser expulso de casa pela mãe, de quem diz ter apanhado muito. "Eu fiquei uns nove meses nas ruas", conta Paulo, "até que, há dois anos, um salvacionista me encontrou e convidou para um projeto que havia no corpo da Liberdade."

Paulo passou a comer e tomar banho todos os dias na igreja onde ficou abrigado. Depois de algum tempo, se converteu e quis alistar-se, tornando-se soldado. Passou a ajudar nos trabalhos e hoje está feliz. Ele se considera salvo para servir. "E muito bom participar, ajudar as pessoas carentes e evangelizar, eu gosto de fazer isso", afirma, sorridente. Sobre seu futuro, ele ainda tem dúvidas, mas garante que, se Deus o chamar, pretende seguir carreira tornando-se, um dia, oficial. "O Exército de Salvação mudou minha vida."



Extraído Especial. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 42, mar. 1996.

Exército de solidariedade

Fábrica de Esperança 'invade' favelas com projeto social e espiritual

Por Danielle Franco

Fotos de Frederico Mendes

Voluntários de diversos estados do Brasil dedicaram o período de férias à participação no projeto Exército da Esperança

Nem bem começou o ano e duas favelas da cidade do Rio de Janeiro, as de Parada de Lucas e do Morro Santa Marta, em Botafogo, já foram invadidas por uma nova operação do Exército. Mas desta vez não é uma nova mobilização das Forças Armadas. O contingente que entrou em ação foi de voluntários que participaram do novo 'projeto desenvolvido pela Vinde - Visão Nacional de Evangelização - em parceria com a Fábrica de Esperança. A tropa do Exército da Esperança - 22 homens e mulheres - foi dividida em duas turmas, em janeiro e fevereiro, com o objetivo de formar missionários para o desenvolvimento de trabalhos evangelísticos em comunidades carentes, principalmente nas favelas.

O projeto, coordenado por André Fernandes, surgiu numa conversa com o reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, presidente da Vinde, sobre a possibilidade de se formar um exército de cristãos que, no período de férias, visitasse favelas não só para pregar, mas também para praticar os ensinamentos deixados por Jesus Cristo no que diz respeito à ação social. Os pioneiros vieram de vários estados do Brasil: São Paulo, Bahia, Ceará, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Eles se inscreveram usando os folders distribuidos nos congressos da Vinde e através do programa Pare & Pense. Todos os que preencheram os requisitos necessários - eram maiores de idade, evangélicos, receberam carta de recomendação de suas lideranças e tinham muita disposição - foram selecionados.

O trabalho social abriu
espaço para a evangelização
Dentistas fizeram aplicação de
flúor e orientaram as crianças

Depois de participar de palestras e aulas teóricas, os voluntários se hospedaram na casa de Angelita e José Carlos Aleixo, membros da Igreja Obra em Restauração, localizada na entrada da favela de Parada de Lucas. "A comunidade acolhe muito bem essas iniciativas porque os moradores não recebem nenhum tipo de assistência", explicou Angelica. "Com a convivência, acabam pedindo oração e muitos se convertem." Feliz por ter participado do projeto, o dentista cearense Antônio Sérgio Teixeira de Menezes, 28 anos, falou com empolgação sobre a experiência. "Nós abordamos as pessoas na ruas, visitamos as casas e, através da amizade, levamos a Palavra de Deus. Foi muito edificante", acrescentou.

O pastor Reginaldo Torquato Brandão, que dividiu a coordenação do projeto com André, contou que o trabalho recebeu apoio da associação das igrejas evangélicas locais, que cedeu dois horários diários na rádio comunitária. "O espaço foi utilizado para pregar a Palavra e prestar serviços de utilidade pública", disse. O pastor Aser Fernandes, que liderou um dos grupos, considerou a experiência inesquecível. "Depois do Exército da Esperança, nossas vidas nunca mais serão as mesmas", afirmou.

O projeto foi tão bem-sucedido que os coordenadores pretendem repetir a experiência em julho deste ano e no início de 1997. Se depender desses soldados de Cristo, o Exército da Esperança veio para mudar para melhor a paisagem das favelas do Rio.


Extraído Atitude. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 29, mar. 1996.

Circuito

Boas-vindas no furacão

Jorge Antônio Barros
O diplomata Benedito Filho
com a mulher, Solange (E) e Bethsaida

Membro da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília e funcionário do Itamaraty há 11 anos. Benedito Fonseca Filho. 32 anos, jamais imaginava receber, em seu novo posto diplomático no exterior as boas-vindas dadas por um grupo de 380 brasileiros e irmãos na fé, além de um dos pastores mais famosos do Brasil, o reverendo Caio Fábio. Com a opção de ir para Moscou e Pequim. Benedito escolheu a embaixada brasileira em Tel Aviv, capital oficial de Israel. No dia seguinte de sua chegada ao país, Benedito e a mulher, Solange, foram parar no meio da excursão do pastor Caio à Terra Santa, no Hyatt Hotel, de Jerusalém. O casal chegou ao grupo através de uma amiga. Bethsaida de Abreu Soares Pereira, que integrava a excursão. "Acreditamos que aqui teremos chance de crescer espiritualmente e entender melhor a Bíblia", afirmou Benedito, segundo-secretário da Embaixada do Brasil em Israel. Com uma experiência de quatro anos em Buenos Aires. Benedito está ansioso para mostrar serviço no Oriente Médio, no olho do furacão.


Folia eterna

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A miss simpatia Roberto Lane
encontrou em Cristo a
verdadeira alegria

Ela era a imagem da alegria. Nascida e criada no Morro da Mangueira, no Rio. Roberta Lane esbanjava simpatia. Com muito samba no pé, foi eleita rainha da bateria da escola de samba em 1990 e tornou-se conhecida como a garota nota 10 da Mangueira. O sucesso veio rápido e Roberta começou a ganhar concursos e receber convites para desfilar como manequim e modelo. Mas nem tudo ia bem com a miss simpatia, que, com apenas 18 anos. já recorria a psicólogos e dependia de antidepressivos. Ela conta que o glamour e o dinheiro vieram acompanhados de medo e tristeza, pois sentia-se infeliz e era atormentada por muitos temores. Até que alguns amigos evangélicos mostraram a verdadeira riqueza em Jesus. Hoje. aos 23 anos. Roberta é cristã e encontrou felicidade e alegria real, pois o Senhor tem completado o seu viver.


Lama também é cultura

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Patricia e Tereza: neoperegrinas de cara pintada

Quem viu a cena pensou logo que se tratava de uma nova versão de cara-pintadas em plena Terra Santa. Patrícia de Aguiar e a sogra, Tereza do Carmo Cebur de Aguiar, moradoras de Curitiba, não tiveram coragem de enfrentar o frio para mergulhar, mas não resistiram à lama do mar Morto, o lugar mais baixo do mundo, a 398 metros abaixo do nível do mar. Neoperegrinas no grupo do reverendo Caio Fábio, nora e sogra não duvidaram nem um pouco das propriedades medicinais da lama do mar Morto, no deserto da Judéia, a mesma região onde os gafanhotos eram deliciosos na época de João Batista. Em Israel, a lama do mar Morto é encontrada nas melhores lojas de cosméticos, a cinco dólares o tubo. Só não acharam ainda patrocinador para se produzir gafanhotos em conserva.


Trapaneto

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Attila, a mulher Aleksandra e o filho
Lucas: nem trapalhão, nem voador

Alegria na família do trapalhão de Deus Dedé Santana. No dia 31 de janeiro nasceu seu quinto neto, Lucas Souza Sant'anna, filho de Attila e Aleksandra. Attila, 28 anos, é fotógrafo e membro da Comunidade Evangélica da Barra, no Rio, e foi ele quem levou o pai Dedé a conhecer Jesus. Sobre o futuro do menino, neto de humorista e filho de um praticante de vôo livre, Attila só tem uma preocupação: "Espero que ele não seja trapalhão nem voador", diz, sorrindo.


Amores da caserna

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Luciana, de Goiânia, foi cortejada
pelo policial israelense
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A psicóloga Daniela Andrada virou
musa dos patrulheiros

Que as fardas sempre exerceram certo fascínio sobre as mulheres, não é novidade. O que ninguém poderia imaginar é que as peregrinas da d'Avila Tours fossem fazer tanto sucesso com os militares israelenses. A primeira a cair na alça de mira deles foi a professora de História Luciana de Resende Penne, 21 anos, de Goiânia. O policial militar Avi Alfassy ficou perturbado pela moça de tez morena, chegando ao ponto de ir atrás do grupo. Já o tenente pára-quedista Rogério Halpern, judeu nascido em São Paulo, caiu num dos cultos evangélicos no Hotel Hyatt, em Jerusalém, e ficou impressionado com a pregação feita pelo reverendo Caio Fábio. A psicóloga Daniela Lima Caldeira de Andrada, 22, de Niterói, virou musa de alguns combatentes israelenses. Eles admitem que, nos três anos de serviço militar obrigatório, é sempre um refrigério encontrar moças bonitas e estrangeiras passeando pelas ruas de Jerusalém. Essas nem precisam pedir mais segurança.


Profecia cumprida

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A palavra do reverendo Samuel Doctorian
levou Elysea a Israel

Em setembro do ano passado, o reverendo Samuel Doctorian, libanês naturalizado americano. 67 anos, deu uma injeção de fé em Elysea de Souza Amorim, 62, moradora do bairro Paraíso, em São Gonçalo (RJ). Num congresso da Visão Nacional de Evangelização - Vinde - em Serra Negra (SP), o reverendo Doctorian disse que quem quisesse conhecer Israel sem dinheiro bastava pedir a Deus, que é o dono do ouro e da prata. Pois cinco meses depois, Elysea realizou o sonho de 10 anos. Só não sabia que iria encontrar quem a encorajou em pleno deserto da Judéia. Convidado pela d'Avila Tours, o reverendo Samuel Doctorian deu uma canja de duas noites no seminário interativo liderado pelo reverendo Caio Fábio, de quem é velho amigo. Diretor da missão Bible Land (Terra Bíblica), com sede nos Estados Unidos e filiais na Holanda e no Líbano. Samuel Doctorian também foi bastante abençoado na viagem. Além da comunhão com um dos maiores grupos de brasileiros que já encontrou em Israel. Doctorian saiu com 12 mil dólares de doações feitas numa só noite, após apelo feito pelo pastor Caio.



Extraído Agenda. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 33-34, mar. 1996.

Seguro nas mãos de Deus

Francisco Rossi mostra como viver a fé na política

Texto e fotos de Jorge Antonio Barros, de Jerusalém

Ex-prefeito de Osasco, Rossi revelou
que vai se candidatar à Prefeitura de São Paulo

FRANCISCO ROSSI sempre teve a fala mansa, mas o coração era mais duro do que pedra de tropeço. Depois de ter feito sucesso em 1976, com a gravação de Segura na mão de Deus - um dos maiores hits evangélicos de todos os tempos Rossi levou 17 anos para aceitar a Palavra de Deus e, enfim, se converter aos caminhos de Cristo. Compositor, prefeito de Osasco (SP) duas vezes e deputado federal outras duas, Rossi admite que jamais havia sido eleito com tamanha alegria para o cargo que lhe garante mandato eterno: cidadão do Reino de Deus. A melhor eleição da vida dele ocorreu em 1993 e foi mais fácil do que eleger síndico: "Angustiado, liguei para um missionário e perguntei: dá para aceitar Jesus pelo telefone? Depois disso, minha vida mudou completamente", testemunha. Em entrevista a VINDE, no saguão do Hyatt Hotel em Jerusalém, Francisco Rossi de Almeida, 55 anos, revelou que pretende se candidatar este ano à prefeitura de São Paulo, pelo PDT. Rossi viajou no mês passado - a Israel e à Turquia, no grupo liderado pelo reverendo Caio Fábio.

Para quem lhe acusa de oportunismo eleitoral, Rossi responde com um testemunho vibrante das maravilhas que Deus tem feito em sua vida. Em setembro do ano passado, ele foi batizado com o Espírito Santo - a experiência de renovação espiritual - num congresso latino-americano de políticos evangélicos, em Miami, nos Estados Unidos. "Não acreditava no batismo com o Espírito Santo; tinha dúvidas sobre os dons de línguas (estranhas), achava que poderia ser auto-sugestão; mas agora experimentei que é real", garante Rossi, que se diz convicto de ter retomado a carreira política também com a finalidade de pregar o Evangelho.

O político paulista: "Não quero fazer da fé uma oportunidade de mais votos"

Seu retorno à política ocorreu na última eleição para o governo do Estado de São Paulo, quando disputou no segundo turno com Mário Covas, o atual governador. A performance eleitoral de Rossi significou um verdadeiro milagre para o PDT de Brizola que, em São Paulo, nunca havia ido tio longe numa eleição. No segundo turno da eleição para o Palácio dos Bandeirantes, Rossi conquistou 7 milhões de votos, 44% dos votos válidos. Foi, portanto, o quarto político mais votado do país, depois de Fernando Henrique, Lula e Mário Covas, seu adversário em São Paulo. "Não estava preparado para ser eleito, mas hoje o PDT existe em São Paulo", orgulha-se Rossi, que contraditoriamente esteve em lado oposto ao de Brizola, durante os idos de 64.

Na época do golpe militar, Rossi participava do movimento estudantil, mas em oposição aos partidos de esquerda. Vinte e dois anos depois, curiosamente, acabou sendo apoiado pelos mesmos partidos de esquerda para ser eleito deputado federal constituinte, pelo PTB, em 1986. Sua base eleitoral, formada por sindicalistas de Osasco - onde foi realizada a primeira greve de metalúrgicos do regime militar, em 1968 - o levou a uma posição considerada progressista na Assembléia Constituinte. Por isso, conquistou nota 10 na avaliação do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), entidade não governamental que fiscalizou a atuação dos parlamentares em relação aos interesses dos trabalhadores.

Entre o pastor Ageu e o amigo Aymoré,
Rossi se emocionou ao orar no
Muro das Lamentações, em Jerusalém

Apesar da realização profissional, Rossi admite que, aos 52. anos, era um homem vazio e sem paz. Tinha uma religião (participava de uma seita oriental cujo nome preferiu não revelar) que o levou até o Japão em busca de mais conhecimentos. Apesar da bela família formada por três filhos, vivia um casamento de aparências, que estava prestes a chegar ao fim -depois de 28 anos. Depois de escapar de morrer num envenenamento acidental, por arsênico, ele decidiu gravar o disco Segura na Mão de Deus, que lhe garantiu o Disco de Ouro, com mais de 500 mil cópias 'vendidas. O disco foi resultado de uma promessa, como gratidão à cura. Quando convalescia no hospital, acordou certa madrugada com um grupo orando e louvando a Deus, ao pé de sua cama. Depois de curado, se afastou dos crentes.

"Em 93, estava no fundo do poço, quando apareceu um empresário Dino Dibella, dizendo-se missionário; ele insistiu muito para falar comigo e, por fim, cedi", lembra Rossi. Mas novamente fez ouvido de mercador. Precisou passar por mais uma moenda, até que ligasse, desesperado, para o mesmo missionário: "Dá para aceitar a Jesus por telefone?" O missionário disse, chorando: "É claro! É pra já!" Depois de sua conversão, Rossi conta que o primeiro sinal de Deus em sua vida foi o resgate de seu casamento. "Estavámos a ponto de nos separar, mas Deus fez um milagre", conta Rossi, paulista de Caçapava, criado em Osasco, na Grande São Paulo.

Independentemente do partido, Rossi sempre deu duro na política. Quando retornar de sua viagem ao exterior, no início deste mês, Rossi vai arregaçar as mangas e começar a trabalhar por sua candidatura à Prefeitura de São Paulo. Na eleição para o governo do Estado, Rossi calcula ter recebido boa parte dos cerca de 3 milhões de votos dos evangélicos de São Paulo. Mas garante não ter trabalhado espeficicamente para isso. Membro da igreja de Vila Iara, Rossi conta ter sido procurado por líderes da Igreja Universal do Reino de Deus, em São Paulo, que lhe prometeram apoio político. "Na hora H, apoiaram o Covas por causa do Fernando Henrique", diz Rossi, com uma ponta de ressentimento.

Prejuízos maiores têm lhe causado os escândalos nos quais aparecem envolvidos integrantes da cúpula da Universal. "Como político e evangélico, me sinto muito prejudicado por esses escândalos; minha mãe, D. Mercedes, católica praticante, estava prestes a se converter ao Evangelho quando ficou muito revoltada com o chute dado na imagem de Nossa Senhora, por um bispo da Universal", lembra Rossi.

A conversão restaurou o casamento
com Ana Maria, que o acompanhou a Israel

Apesar dos contratempos, Rossi conta que tem se dedicado bastante à pregação do Evangelho e à oração por pessoas doentes. Seu testemunho de vida tem servido para que outros colegas de partido sejam alcançados por Deus. Um deles é seu primo, o deputado federal Fernando Zuppo (PDT-SP), recém-convertido. O pai de Zuppo e tio de Rossi, Fernando, aceitou Jesus exatamente 15 minutos antes de morrer, num hospital em São Paulo. Rossi foi especialmente ao hospital depois de jejuar por 24 horas, em intenção da conversão do tio, homem de dura cerviz. Quando chegou ao hospital, o tio estava em coma. Rossi, então, clamou a Deus para que lhe desse mais uma chance. Logo depois, o tio saiu de coma, ouviu a Palavra de Deus e entregou sua vida a Jesus. Quinze minutos depois tio Fernando partiu dessa para melhor.

Assim como sua carreira política, Rossi tem aprendido a colocar seus planos diante de Deus. Convidado pelo pastor de sua igreja, Ageu Silva, para fazer a viagem à Terra Santa, Rossi diz que pediu confirmação a Deus, antes de arrumar as malas. Acompanhado da mulher, Ana Maria, Rossi se emocionou bastante em vários momentos de sua peregrinação pelos locais por onde Jesus passou. Com fervor, participou da ceia (o sacramento da comunhão) no Jardim da Tumba. No Muro das Lamentações, orou pela paz em Jerusalém, ao lado do amigo Aymoré de Mello Dias, presidente do Instituto de Previdência do Município de Osasco, católico, que defendeu uma virtude do político Rossi: "Com 28 anos de vida pública, ele tem experiência para não fazer carreira política em cima de religião." De fato, Rossi demonstra estar consciente de que é melhor ser um político com uma experiência de conversão do que um convertido se aventurando na política. "Não quero fazer da igreja ou da fé uma oportunidade de mais votos", afirma Rossi que prefere ser mais conhecido como político do que como evangélico. Ele admite, porém, que durante a campanha para o governo de São Paulo enfrentou perseguições por causa de sua fé. "Era acusado apenas por exibir a Bíblia", lembra.


Extraído Opinião. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 56-58, mar. 1996.

sexta-feira, 1 de março de 1996

Transfusão divina

Dona de casa é curada de forma sobrenatural e recebe sangue novo

Por Teresa Cristina Abreu

Foto: Luiz Antônio Moraes

Além de abandonar a feitiçaria,
Vânia teve a saúde totalmente restaurada

O sangue de Vânia Lúcia Costa Cardoso, da Igreja Missionária Evangélica Maranata da Tijuca, no Rio de Janeiro, pode não ser azul, mas é diferente do que corria em suas veias no passado. Literalmente. Há quatro anos, quando um lúpus eritematoso sistêmico -doença em que o sistema imunológico não reconhece as proteínas próprias e agride o organismo sem a presença de qualquer fator externo - estava destruindo seu corpo, ela entregou sua vida a Cristo, que não apenas a libertou da feitiçaria, como também realizou uma transfusão no corpo doente. Vânia, que teve sangue O negativo até os 30 anos, comprovado pelos exames feitos nas cesarianas em que nasceram seus dois filhos e durante a tentativa de controle do lúpus, agora é portadora do sangue A positivo.

Vânia percorreu o caminho de autismo na infância, seguido de depressão profunda. Na tentativa de ajudar, as pessoas diziam que o problema dela era de ordem espiritual. Com isso, aos 15 anos foi levada ao candomblé. Aos 17, raspou a cabeça pela primeira vez. Dois anos depois já era considerada mãe-pequena. Porém, as crises emocionais nunca melhoraram, enquanto ela se apro-fundava no candomblé, tornando-se uma mãe-de-santo. "Eu olhava para minha casa, meu marido, meus filhos e tinha vergonha de admitir que estava deprimida." Em sua ânsia por libertação, Vânia misturou remédios fortes com bebida alcóolica, tentou se atirar pela janela do apartamento e do automóvel em movimento. Ela explica que "a tentativa de suicídio é uma questão de desespero total. Dá aflição sentir falta de algo que não se sabe o que é. No momento em que decidia me matar, queria apagar a sensação de existir."

O estado permanente de insatisfação afetou a saúde de Vânia. Começou com uma anemia, um cansaço anormal. Foi ao médico e o exame de sangue revelou o lúpus eritematoso sistêmico, uma doença incurável. A angústia levou-a a um quadro de esquizofrenia tão profundo que os médicos queriam interná-la, pois passou a ser perigosa em casa. Muitas vezes, era preciso um coquetel de remédios para mantê-la dopada.

Neste período, a filha, então com 9 anos, foi à igreja com O um tio e Vânia não gostou. Achou que a menina voltara da igreja com "mania de crente". Dois dias depois, diante de uma nova crise, Vânia pediu à filha que lhe trouxesse os remédios, mas a menina argumentou: "Eu não vou trazer os seus remédios. Vou orar pela senhora." Ela repreendeu a doença, os demônios e disse: "Senhor, eu tenho certeza de que tu não vais deixar a minha mãe se perder. Sou eu, tua serva, que estou pedindo pela vida dela." Vânia conta que foi invadida por uma agradável sensação. "Naquele dia tive o aconchego que sempre havia desejado. A crise não prosseguiu e, desde então, não tomei mais remédio algum", diz. Um ano mais tarde, Vânia soube que seu tipo sangüíneo não era mais o mesmo, mas Deus havia dado a ela um sangue novo.

Como resultado deste milagre, o marido de Vânia, seus familiares e cinco ex-filhos-de-santo dela se converteram. Vânia é hoje coordenadora do grupo de casais de sua igreja.


Extraído Milagre. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 50, mar. 1996.

Os anjos de Fortaleza

Grupo distribui alimentos e prega para desassistidos da capital cearense

Todas as segundas-feiras, o Sopão do Amor sai pelas ruas de Fortaleza

Num ato de fé, Norma Disney Soares Freitas, 60 anos, desafiou o pastor Helnir Cortez, da Igreja Presbiteriana de Aldeota, e as circunstâncias. Ela é a coordenadora do projeto Sopão do Amor que, todas as segundas-feiras, alimenta os "irmãos caídos" em Fortaleza (CE) com dois caldeirões de feijão, macarrão, batata e carne. Esta senhora alegre e bem-disposta não se intimidou com o sombrio diagnóstico de câncer no seio e, na ânsia de servir ao próximo, instou com Deus para que a curasse. Hoje, Norma e os outros integrantes do Sopão distribuem um pouco de solidariedade a desabrigados da cidade.

Há quase três anos, quando assistiu a uma reportagem sobre o projeto Atitude e Solidariedade, que distribui sopa aos mendigos de Niterói (RJ), no programa Pare & Pense, Norma decidiu fazer algo parecido em Fortaleza. Comunicou a idéia ao seu pastor, mas, na ocasião, descobriu que tinha um quisto no seio esquerdo. Na mesa de cirurgia, soube que câncer maligno, felizmente extirpado a tempo. Impossibilitada de se movimentar - ela é canhota -, teve que adiar o sonho, mas seu coração ardia. "A miséria no Nordeste é muito grande. Você anda pelas ruas quase chutando as pessoas, de tantas que há espalhadas pelas calçadas. São famílias inteiras, com crianças muito pequenas, dormindo em cima de papelões", diz.

Muitas famílias sem lugar para morar recebem alimento e oração

A lenta recuperação da cirurgia impacientou Norma, que apelou ao pastor que lhe cedesse a cozinha industrial da igreja. Ele alegou que ela deveria primeiro voltar a movimentar o braço. "Orei a Deus e falei que, se eu conseguisse mexer o braço, dedicaria a minha vida ao Sopáo do Amor. Imediatamente levantei o braço em atitude de louvor a Deus e recuperei toda a mobilidade", relata. Exultante, comunicou a intercenção de Deus ao pastor, que levou o assunto à executiva da igreja. Os voluntários começaram a surgir. "Primeiro uma senhora da igreja veio cozinhar. Em seguida, meu filho Bruno, 25, também quis colaborar na distribuição. O Luís Armando, da cantina, cedeu a caminhonete. Os mercadinhos doavam os legumes", relembra. Depois de nove meses, os donos dos mercadinhos descobriram que o trabalho era realizado por evangélicos e pararam de doar os legumes. Já envolvidos, os membros da igreja assumiram o ministério. As bênçãos, conta Norma, começaram a transbordar. "Uma jovem muito problemática teve um encontro com Cristo e mudou seu comportamento com a família depois que participou da distribuição da sopa", comemora.

O ponto alto do Sopão do Amor, no entanto, não é a comida. A equipe, hoje composta de 15 pessoas, primeiro fala sobre Jesus e ou com os mendigos. Só depois faz pequenos curativos, distribui cobertores, roupas, medicamentos e, claro, o alimento: a sopa, um pão e um copo de água gelada. "O meu sonho é ter um albergue para dar banho, colocar redes para eles dormirem e levá-los sara a igreja", confessa Norma, que já. exporta know-how. "Depois que o programa Aqui Agora, do SBT, nos filmou, uma irmã batista se interessou e está levando o projeto para a igreja dela", orgulha-se.


Extraído Crente que faz. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 51, mar. 1996.

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