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sexta-feira, 1 de março de 1996

Cada macaco no seu galho

Por Alex Dias Ribeiro

Eduardo Reis

Eduardo Reis

O pastor chegou da igreja cansadão depois de um domingo cheio de atividades e dasabou no sofá para dar aquela relaxada. Alguém ligou a TV justo no momento em que acabavam de mostrar o gol mais bonito da rodada. O repórter perguntou ao autor da jogada como ele conseguira fazer aquele golaço. "É, eu chutei e graças a Deus foi gol." "Puxa vida, eu não sabia que esse cara era atleta de Cristo", exclamou o pastor, levantando-se empolgado do sofá. "Tenho que trazê-lo para pregar na minha igreja." Não sossegou enquanto não arrumou um diácono que era amigo da irmã da sogra do jogador. Mesmo advertido de que o craque não era tão bom de fé quanto de bola, o pastor não quis saber e pôs faixas no bairro inteiro, anúncios no rádio e convites no jornal.

No domingo, a igreja estava lotada. Depois que as 16 bandas da igreja se apresentaram, o pastor se levantou e, orgulhosamente, apresentou o grande pregador da noite. O atleta que, até então, só sentara no último banco, subiu meio desajeitado no púlpito e engoliu em seco ao encarar de frente a multidão. Resolveu encarar a situação. Respirou fundo, deu uma ajeitada na gravata que nunca tinha usado e começou. "Bom, meus irmãos, eu vou contar para vocês a parábola do bom samaritano. Amém?" A congregação respondeu em coro: "Amém." O artilheiro ganhou moral com o eco favorável da torcida.

O SERMÃO - "Um homem descia de Jerusalém para Jericó quando caiu numa plantação de espinhos que começaram a sufocá-lo. Tentando sair da incircuncisa situação, ele gastou todo o seu dinheito até ficar pobre, a ponto de comer a comida dos porcos numa fazenda. Foi então que ele encontrou a rainha de Sabá, que lhe deu um prato de lentilhas, cem talentos de ouro, vestidos brancos e um cavalo. Ao prosseguir viagem, seus cabelos se enroscaram numa árvore e o homem ficou pendurado por muitos dias, mas os corvos lhe trouxeram comida e água, de sorte que o homem comeu cinco mil pães e dois peixes."

"Uma noite, quando ainda estava suspenso, Dalila, sua mulher, chegou e sorrateiramente cortou seus cabelos. O homem caiu em pedregais escorregadios, mas levantou-se e andou. Então choveu quarenta dias e quarenta noites e o homem escondeu-se numa caverna, onde se alimentou de gafanhotos e mel silvestre. Saindo, encontrou um servo chamado Zaqueu, que o convidou para jantar. Mas o homem desculpou-se, dizendo que não podia porque havia comprado uma manada de porcos perdidos como ovelhas sem pastor. Foi então que um leão faminto tragou os porcos, mas Golias derrotou o leão com sua funda e mostrou ao homem o caminho que levava a Jericó. Ao aproximar-se das muralhas da cidade, ele viu Jezabel na janela. Mas, ao invés de ajudá-lo, ela riu. Indignado, o homem bradou em alta voz: Lançai-a fora! E eles a lançaram fora setenta vezes sete. Dos fragmentos foram recolhidos doze cestos e disseram: Bem-aventurados os pacificadores. Portanto, irmãos, na ressurreição dos mortos, de quem será esta mulher? Assim diz o Senhor. Amém."

Encantada, a congregação aplaudiu de pé. Na saída, entre um autógrafo e outro, o pastor ouviu uma confissão. "Eu não entendi nada do que ele pregou, mas foi uma bênção." "Ai, você falou ao meu coração", suspiraram as garotas da igreja. Feliz como quem marca um gol de placa, o craque da Palavra foi para casa achando que era o novo Caio Fábio.


Alex Dias Ribeiro é diretor executivo nacional dos Atletas de Cristo.

sexta-feira, 1 de dezembro de 1995

O placar indigesto da violência nos estádios

As brigas entre torcidas de futebol têm sido cada vez mais freqüentes no país e tomaram-se alvos da oração dos Atletas de Cristo

Por Alex Dias Ribeiro

Paus, garrafas e bombas rolavam na arquibancada com mais intensidade que a bola no gramado, em outubro de 1994. O número de vítimas fatais aumentava a cada fim de semana. Alguma coisa precisava ser feita.

Crendo que o cristão só pode exercer sua função de sal da Terra e luz do mundo fora das quatro paredes de sua igreja, os Atletas de Cristo resolveram arregaçar as mangas e pôr em campo uma campanha pela paz nos estádios. Entendíamos que ninguém melhor que os seguidores do Príncipe da Paz estava credenciado a falar de paz. Começamos então a trabalhar.

"Adversários, sim. Inimigos, nunca" era nosso slogan. Criamos faixas, cartazes, folhetos, filme para a TV, spots de rádio, faixas para os jogadores carregarem ao entrar em campo. Organizamos debates sobre a violência, participação em programas de televisão, manifestações públicas em que os atletas pregariam a paz às suas torcidas organizadas e até o jogo pela paz.

Este era o roteiro do comercial que seria veiculado na TV:

  • Sete mortos nos últimos meses (Gilmar, do São Paulo).
  • Este é o placar da violência (Marcelinho, do Corinthians).
  • Vamos virar este jogo (Cleber, do Palmeiras).
  • Diga "não" à violência, a próxima vítima pode ser você.

Mas não conseguimos o patrocínio para colocar a campanha no ar. O homem de marketing da empresa, que tinha o cacife para bancá-la, chegou a sugerir que alguns dos atletas eram encrenqueiros demais, para falar de paz. Nossa campanha acabou no fundo do baú das muitas boas idéias que não conseguimos viabilizar por falta de dinheiro.

Um ano depois, fizemos uma vaquinha para produzir e publicar, pelo menos, o cartaz como encane no jornal dos Atletas de Cristo. Mas não pudemos aproveitar o fotolito do ano anterior. Tivemos que alterar o texto. O número de mortos tinha subido de sete para 17. Dezessete a zero para a violência é o que eu chamo de placar indigesto.


Alex Dias Ribeiro é diretor executivo nacional dos Atletas de Cristo.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...