A Terra Santa confere aos neoperegrinos uma nova visão da Bíblia
Conhecer Israel é quase sempre um velho sonho de quem aprendeu na Bíblia a amar a história de um povo muito especial para Deus - o povo judeu.
Com o editor-chefe de VINDE, Jorge Antonio Barros, não poderia ser diferente.
Enviado especial à Terra Santa para cobrir uma das mais concorridas excursões lideradas pelo reverendo Caio Fábio,
Jorge realizou o velho sonho, de conhecer a terra por onde Jesus andou, operou milagres, foi crucificado e ressurgiu dentre os mortos, há dois mil anos.
Como em Israel a emoção fica à flor da pele até para o mais insensível cristão,
o repórter foi em busca das melhores histórias de gente que vai à Terra Santa em busca de uma bênção divina.
De gente simples como a empregada doméstica Felipa Vieira - que vendeu lote e telefone para viajar,
e mal sabia que Jerusalém fica em Israel - a gente viajada como a professora aposentada Obédia que cumpriu sua sétima peregrinação
a Israel e o político Francisco Rossi, convertido ao Evangelho; que no Depoimento deste mês revela que pretende ser candidato à prefeitura de São Paulo, pelo PDT.
Outra revelação deste número foi feita pelo presidente da Aliança Batista Mundial, pastor Nilson do Amaral Fanini, aos repórteres Omar de Souza e Marcelo Dutra.
Fanini contou, em entrevista exclusiva, que o governo de Fernando Henrique deu um basta à "guerra santa" entre a Record e a Rede Globo.
Os diretores daquelas emissoras foram obrigados a sentar na mesma mesa e aceitar uma trégua.
Extraído Epístola da Redação. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 3, mar. 1996.
Na opinião da maioria dos crentes, carnaval é sinônimo de isolamento. O princípio básico é simples:
se as folias de Momo nada significam para um evangélico, o melhor a fazer é aproveitar o feriado
prolongado para fugir da confusão e participar de um retiro. Nosso repórter Carlos Fernandes - que,
embora não goste de samba, é um ótimo sujeito - mostra na matéria de capa desta edição que nem todo
mundo pensa assim. Para grupos como o Unidos da Videira, da Comunidade Evangélica da Zona Sul,
o carnaval é, na verdade, uma oportunidade peculiar de anunciar o Evangelho. E, como ensina o apóstolo
Paulo, ocasiões singulares exigem estratégias específicas. Organizado como bloco e entoando "hinos-enredos",
como costumam dizer os integrantes, o Cara de Leão é outro que ganha as ruas do Rio, para espanto da
populacão - inclusive de alguns irmãos na fé.
Em diversos pontos do país, crentes inconformados com os problemas da fome e da miséria estão arregaçando
as mangas. Eles são a mais perfeita tradução do Evangelho integral, contextualizado e ativo, em que a
Palavra não apenas é ministrada, como também praticada, tal como Jesus fez ao falar do amor de Deus aos
símplices de coração e providenciar pães e peixes para alimentar a multidão que ouvia seus ensinamentos.
Nossa reportagem descobriu alguns destes anônimos que não se acomodam com os parcos recursos nerri se
deixam abaterteom os obstáculos para realizar um trabalho social sem negligenciar o grande objetivo espiritual.
Nem todo judeu espera do Messias. Nesta edição da revista VINDE você conhecerá os judeus messiânicos, ou seja,
aqueles que reconhecem que Jesus é mesmo o redentor prometido ao povo escolhido. Apesar de viverem na
dispensação da graça, eles mantêm algumas tradições judaicas que convivem perfeitamente com a fé em Cristo.
A matéria é de Teresa Cristina Abreu.
Apesar do perfil mais light da VINDE deste mês, apropriado ao período de férias e verão, a revista volta
ao assunto do momento - a briga entre a Globo e a Igreja Universal - trazendo um artigo especial que
facilitará a compreensão sobre a complexidade do problema que, ao contrário do que muitos pensam,
não se restringe à guerra religiosa. Boa leitura e até março.
Foto: Luiza, o porta-bandeira do bloco Coro de Leão, por Frederico Mendes
Evangelho e política sempre deram pano para manga. Para alinhavar melhor essa
história junto aos partidos políticos, VINDE enviou-nos a Brasília, para conhecermos
um pouco dos nossos homens no Congresso Nacional. Não só os homens, mas também as
duas únicas mulheres que integram o grupo de 40 parlamentares evangélicos num
Congresso com 594 representantes da sociedade brasileira — a senadora Benedita da
Silva (PT-RJ) e a deputada Lídia Quinan (PMDB-GO). Além de constatarem que apenas
dois parlamentares não pertencem a partidos que dão sustentação ao governo FHC,
nossos jornalistas descobriram que nem todo depurado que diz "senhor, senhor"
entrará no reino dos céus. Entre os evangélicos, há um que já foi suspeito de
liderar pistoleiros no interior do Maranhão.
As ligações perigosas na política levam também ao Palácio Guanabara — sede do
governo do Estado do Rio de Janeiro — cujos ataques do chefe, Marcello Alencar,
aos dirigentes da Fábrica de Esperança podem influenciar os policiais que
investigam o caso da cocaína no maior projeto social do país. Como se não
bastasse o sequestro moral sofrido pelo reverendo Caio Fábio, os "robocops"
do governador estão à caça de provas de que há conivência entre a direção da
Fábrica e o tráfico de drogas. Um absurdo que só mesmo o governador, com a
sua habitual competência, seria capaz de imaginar.
Horas depois do episódio da Fábrica, Alencar já tinha investigado, julgado
e determinado a sentença. São culpados os responsáveis por um projeto que
faz o que o governo deveria fazer. A reação incompreensível do governador
deixou ao menos, uma coisa boa: pela primeira vez, evangélicos aderiram a
um ato público não religioso, pela cidadania. Uma ira santa em favor da
Fábrica de Esperança os levou ao Reage Rio que, mesmo com chuva, teve milhares
de manifestantes no centro da cidade.
Outro que reúne multidões é um dos maiores televangelistas de todos os tempos,
o pastor americano Jimmy Swaggart, que nos deu uma entrevista exclusiva, com a
condição de que não abordássemos o episódio de sua queda espiritual. Para amenizar
a edição - porque ninguém é de ferro - temos o depoimento do humorista Dedé
Santana e duas novas colunas - Clip Gospel, com Felippe Hernandes e a
versão literária do programa Pare e Pense, com o reverendo Caio Fábio.
A redação de VINDE lhe deseja que 96 seja um ano de vitórias e muita informação.
Aqueles que pensavam que a queda do Muro de Berlim e o esfacelamento do bloco comunista decretariam o fim das perseguições religiosas, demonstraram uma ingenuidade que não encontra justificativa sequer no Livro de Deus. Mesmo o mais positivo dos cristãos sabe que inquisições, torturas, resistências e afins são realidades que comporão o cenário da proclamação do Evangelho na Terra até a volta daquele que nos alertou sobre elas. Mais que isso: aprendeu com a História a astúcia da estratégia do inimigo e reconhece que, tanto quanto nos tempos da Cortina de Ferro, é tempo de mobilização espiritual, de intercessão por nações, regimes e povos que tentam calar a verdade que põe a nu suas mazelas. Eles ainda existem, e não são poucos.
Jorge A. Barros, editor-chefe da revista VINDE,
foi ao Peru e Colômbia para fazer reportagens sobre a perseguição à igreja naqueles países
Logo ali, no canto superior esquerdo da América do Sul, mais precisamente na Colômbia, os crentes estão sofrendo com a crueldade desta constatação. Enviamos até lá o editor-chefe de VINDE, Jorge Antonio Barros, que conheceu in loco o drama dos cristãos perseguidos na região de Urabá, onde cerca de 150 evangélicos, entre líderes, pastores e membros de congregações já foram assassinados por guerrilheiros de esquerda e grupos paramilitares de direita incomodados com o discurso pacificador. Com a ajuda da missão Portas Abertas que - está completando 40 anos - Jorge descobriu ex-guerrilheiros convertidos e registrou testemunhos de irmãos colombianos que viram a face da morte e o punho da intolerância de perto. Com uma mochila, uma câmara fotográfica e dois prêmios Esso de jornalismo nas costas, Jorge passou 20 horas em 13 vôos, durante uma semana, percorrendo Medellin, Bogotá e Turbo, na Colômbia; além de Lima e Acayucho, no Peru. Na bagagem, trouxe a reportagem exclusiva e já tem pronta para a próxima edição uma matéria sobre o mártir da igreja peruana, Romulo Sauñe, assassinado pelo Sendero Luminoso em 92.
Intolerância, aliás, parece ter-se tornado o mote deste fim de milênio. As atitudes de um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e suas consequências deixaram claro que nem o "país maravilhoso, sem vulcão nem terremoto", como costuma se gabar o povo brasileiro, está livre do furacão da guerra santa. Esta é outra lição que se repete à exaustão: quase todos os conflitos que começaram em nome da religião logo foram absorvidos pelos interesses políticos e muitos terminaram em tragédias. A genuína luta que devemos travar não está na dimensão da carne e do sangue, mas no âmbito espiritual. Por ignorar esta cristalina verdade bíblica, alguns dos que ostentam um discurso evangélico passaram a municiar o inimigo. É possível que um em cada dois crentes já tenha quebrado estátuas, rasgado figuras ou tocado fogo em quadros de santos ou orixás ao reconhecer que só o Senhor é digno de adoração. É um direito, assegurado pela Constituição, fazermos o que quisermos com o que nos pertence. O próprio bispo Sérgio Von Helde, pivô da polêmica que ocupou várias páginas e muitos minutos dos noticiários, poderia fazer a estátua de Maria Aparecida em pedacinhos. Mas nunca diante de uma câmera de televisão, num ato ostensivo que só serviu para criar dois tipos de manchete, ambos incondizentes com a verdade: os membros da Universal (e, por tabela, os evangélicos em geral) não respeitam os outros credos e a "maioria católica brasileira" foi uma vítima de ofensa religiosa. Como se não fosse ofensiva a instituição de um feriado em homenagem a um objeto de adoração exclusivo de uma religião.
Falando em religiosidade, é interessante perceber as formas pelas quais ela se manifesta. Quem assiste à apresentação de um cantor como o reverendo Al Green, uma das estrelas do Free Jazz Festival em sua versão 95, logo percebe os altos teores - sem qualquer referência ao tabaco que patrocina o evento, acreditem - da fé que ele abraçou. A mesma fé que transformou vidas como a de Anthony Garotinho, político fluminense que colocou Jesus no palanque de sua vida; que leva a bailarina Tatiana Glass a enxergar o esplendor e o poder do Criador nos gestos e movimentos mais simples; que impulsiona pessoas a dedicar tempo, dinheiro, suor e, se preciso, sangue para manter acesa a chama da esperança em Acari. Por isso, parabéns à Fábrica pelo seu primeiro aniversário e aos leitores pelo segundo número da revista VINDE. Um feliz natal a todos e até janeiro.