Mostrando postagens com marcador emilio gargalo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador emilio gargalo. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 1 de dezembro de 1995

Os teimosos preços que sobem

Por Emílio Gargalo


Chico Ferreira/ Editora Três
Não há plano que segure os preços altos,
que afugentam a freguesia dos restaurantes

Todo mundo percebe que a maioria dos preços não tem subido desde a implantação do real. Mas alguns preços não querem ajudar e sobem de forma assustadora. Esse é o caso de cabeleireiro, restaurante, médico, engraxate, lava-rápido, estacionamento e outros que o leitor conhece bem.

Por quê? Basicamente porque há produtos facilmente substituíveis e outros que, ou não se pode substituir, ou a substituição só se dá a médio e longo prazo. Se o preço da margarina sobe, a gente compra manteiga. Se a manteiga sobe, pode-se trocá-la por geléia. E, se todos subirem ao mesmo tempo, alguém importa os três e os preços têm que baixar. Isso vale para automóveis, balas, arroz, bicicletas, em suma, qualquer produto que se possa substituir rapidamente ou se possa importar para fazer concorrência.

Para os serviços, isso é praticamente impossível no curto prazo. Como substituir o seu médico de confiança, de tantos anos, que dobrou o preço da consulta? Isto exigiria uma longa pesquisa, e pode ser que a gente abra mão de um luxo qualquer para manter aquele médico. E os restaurantes? Levaram os preços para as nuvens. Só que, com isso, tornaram o seu negócio tão rentável que muitos outros se interessarão em abrir restaurantes. Mas isso demora. Construir casa, decorar, encontrar cozinheiros, garçons, gerente etc. Talvez alguns meses entre o momento em que se percebeu que a atividade pode ser altamente lucrativa, tomar a decisão e implementar o negócio.

Porém, ao longo do tempo, outros restaurantes surgirão e aqueles primeiros terão que baixar os preços para recuperar os fregueses. Outra alternativa, no caso dos restaurantes, quando os preços sobem muito, é parar de frequentá-los. Lentamente, os fregueses vão percebendo os preços muito altoe e simplesmente reduzem ou eliminam as idas a restaurantes. Com a redução no faturarnento, os restaurantes começam a fazer promoções do tipo mulher acompanhada não paga, cardápio executivo de segunda a sexta, etc.

Portanto, há que se substituir os substituíveis e usar em escala mínima os serviços que não se pode substituir, esperando que, ao longo do tempo, voltem ao normal.

Isso é normal nos processos de estabilização de economias altamente inflacionárias, e foi observado em todos os países que lograram a estabilização.

Top
Emílio Gargalo é bacharel em Economia pela PUC-SP e sócio-diretor da MCM Consultores Associados S. C Ltda.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...