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sexta-feira, 1 de dezembro de 1995

Colômbia:
A Igreja Evangélica sob fogo cruzado

Cento e cinqüenta evangélicos de Urabá já foram vítimas de guerrilheiros e paramilitares em menos de um ano


Texto e fotos de Jorge Antonio Barros, enviado especial à Colômbia, via d'Ávila Tburs


Quem acha que o eventual pre-conceito religioso que se sofre no Brasil já é suficiente para ser dassificado como perseguição, deveria conhecer uma região chamada Urabá, ao norte da Colômbia, país vizinho ao nosso, ao noroeste da América do Sul. Ali, numa das portas do Caribe, a cerca de 1 mil quilômetros de Bogotá - a capital colombiana - a Igreja Evangélica sofre hoje uma das maiores perseguições do país, desde o início da nova escalada de violência. Em menos de um ano, já foram assassinados 150 evangélicos, entre líderes, pastores, membros e frequentadores de igrejas locais. Isso representa a terça parte do total de mortos em Urabá, vítimas da ação de grupos de extermínio, paramilitares, guerrilheiros, narcotraficantes, policiais e militares.

Do total de evangélicos mortos em Urabá, seis eram pastores. Um deles, Francisco Licona, da Igreja do Evangelho Quadrangular, foi decapitado, depois de seqüestrado em uma noite por um grupo armado, em pleno culto. Assustados, os fiéis só deixaram a igreja ao amanhecer. O corpo do pastor foi encontrado alguns metros adiante. Sem a cabeça. A execução foi revelada pela evangélica Amibel Garcia Cesar, num dos testemunhos sobre a violência, que marcam qualquer culto da Igreja Hosanna Casa de Oração, em Turbo, uma cidade na entrada do Golfo de Urabá.

GUERRILHEIROS CONVERTIDOS - Depois de sofrer calada, a Igreja Evangélica colombiana começa a reagir contra a violência, usando as próprias estratégias da subversão: um grupo evangélico infiltrou dois missionários na guerrilha com a missão de levar o Evangelho a todos os 55 mil guerrilheiros em ação no país. Duzentos deles já abandonaram as armas depois de se converter ao Evangelho (ver matéria na página 16). Em Urabá, a violência - cerca de 500 mortos em menos de um ano - ganhou proporções alarmantes, mesmo para um país historicamente marcado pela instabilidade política. Volta e meia, o nome da Colômbia chega ao noticiário internacional como um barril de pólvora (e cocaína) prestes a explodir. No início de outubro, uma bomba explodiu, de fato, num ônibus, em mais um dos atentados que viraram rotina naquele país.

A violência contra a igreja também vem crescendo a cada dia. Em junho deste ano, os missionários americanos Steve Welsh e Timothy Van Dike foram encontrados mortos a tiros, depois de terem sido seqüestrados no ano anterior por homens das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o mais antigo e numeroso grupo guerrilheiro colombiano.

MAIORIA É CATÓLICA
Nome oficial: República da Colômbia
Capital: Santa Fé de Bogotá
Nacionalidade: colombiana
Língua: espanhol (oficial)
População: 34 milhões (1994)
Religião: maioria católica, minoria evangélica (3 milhões) e judaica
Fronteira com o Brasil: 1.645 quilômetros
Data Nacional: 20/7 (Independência)
Moeda: peso
Fonte: Conferência Evangélica do Colômbia

Quatro dias depois de nosso repórter retornar da Colômbia, no dia 2 do mês passado, o país foi novamente sacudido pela violência: a organização terrorista "Dignidade para a Colômbia" assassinou em Bogotá o jornalista e ex-senador de oposição Álvaro Gomez Hurrado. A diferença desse episódio, que repercutiu em todo o mundo, para as mortes em Urabá é que naquela região a violência parece ter-se incorporado cruelmente à rotina.

Prova disso é como reage ao problema o jovem Jorge Ivan Seve Sanchez, de apenas 16 anos. Há um ano ele trabalha como zelador do cemitério de Turbo, como se fosse o porteiro de um conjunto habitacional na Baixada Fluminense, no Rio. "Todo dia chega aqui alguma vítima da violência; a gente acaba se acostumando", admite Jorge Sanchez, o zelador da morte.

AMEAÇA À FÉ - Apesar da precariedade das estatísticas na Colômbia - como na maioria dos países pobres - o depoimento de Sanchez bate com o número de mortos em Urabá. Ou seja: mais de um por dia.

Esse número torna-se ainda mais trágico quando se descobre a causa de mais de 20% dos homicídios: a opção de fé das vítimas. Os evangélicos estão sendo mortos basicamente por três motivos: por não aderir a quaisquer grupos armados, se opor à subversão e denunciar os rebeldes. A guerrilha costuma ser comandada por ex-padres que não toleram o imobilismo social da maioria dos evangélicos colombianos.

Depois de um longo silêncio, eles começaram a denunciar a perseguição.

Há três meses, a Conferência Evangélica da Colômbia - uma espécie dc AEVB colombiana - formou uma Comissão de Direitos Humanos que está aju-dando a destampar uma panela de pressão que estava prestes a ir pelos ares. "Os cristãos tinham muito medo, mas agora começam a falar", conta Ricardo Esquivia, um dos membros da Comissão de Direitos Humanos.

No final de outubro, as igrejas evangélicas de Turbo receberam a visita de membros daquela comissão e da Rede Agape - um projeto da Missão Portas Abertas, que visa amparar a igreja perseguida na América Latina. A Rede Ágape foi criada com três princípios básicos: investigação, oração e presença.

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Richard Tuna e Helmon Ocampo, da Rede Ágape, prestaram solidariedade ao pastor Gustavo (E), um dos líderes evangélicos da violenta região do Golfo de Urabá
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Uma das facções das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) deixa sua marca

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OS ALGOZES Na região de Urabá, as investigações da Rede Ágape levaram à descoberta de números dramáticos: além dos 150 evangélicos mortos, 16 fiéis foram violentadas e duas igrejas incendiadas, nas localidades de Changas e Rancho Amélia. Há também dezenas de desaparecidos. centenas de retirantes e igrejas abandonadas por seus pastores ameaçados de morte. Os casos, como o do pastor decapitado, são contados nos cultos como testemunhos de quem escapou. Fora da igreja, o silêncio é de ouro. O temor se justifica: ninguém consegue a mínima segurança para identificar os algozes. Os guerrilheiros se parecem com os narcotraficantes, que se parecem com os paramilitares ou parascos, que se parecem com os militares. Em comum, todos eles têm armas c muita vontade de usá-las. A igreja, então, fica no meio de um fogo cruzado.

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O cultivo de banana é a pricipal
atividade econômica da região de Urabá

O campo de batalha é Urabá, uma região de clima tropical, formada por oito municípios do Estado de Antioquia, na costa caribenha. Separada de Bogotá pela selva e por uma cordilheira, a região é considerada estratégica para o narcotráfico e a guerrilha, por ser uma das rotas do tráfico de armas e drogas, com saída para o Caribe. Responsável por boa parte da produção de bananas do país, Urabá é marcada por conflitos de terras - que resultam quase sempre em assassinatos de sindicalistas rurais - e por toda ordem de violações aos direitos humanos, de torturas a execuções sumárias. Um dos grupos mais temidos em Turbo se auto-intitula Comando Scorpion, uma facção das FARC, além dos grupos paramilitares liderados por Fidel Castaiio, o Limbo, ligado às ACCU (Autodefesas Camponesas da Colômbia e Urabá).

Os relatos de sobreviventes, nas igrejas de Turbo, são a prova mais contundente disso. A cozinheira Leida Denis, de 37 anos, perdeu o marido, Latino Lopez, assassinado na plantação de bananas. Ficou com seis filhos, sem ter para onde ir. Dionísio Benitez viu seu nome numa lista de pessoas marcadas para morrer. Conseguiu fugir. Bernardo Quinto lamenta que sua Igreja Presbiteriana tenha ficado reduzida a 68 membros. Mais de 300 fiéis abandonaram a igreja. O lavrador José Teheran viajava num ônibus, quando um grupo armado reteve o coletivo e executou sumariamente cinco passageiros escolhidos na hora.

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Nas igrejas de Turbo, os cultos são marcados por testemunhos de órfãos, viúvas e evangélicos que escaparam das balas da gerrilha, dos paramilitares e até do Exército

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INTERCESSÃO - Apesar de ter mergulhado numa crise política desde que o presidente Ernesto Samper Pizzano foi acusado de ter recebido apoio financeiro do narcotráfico para sua campanha eleitoral, o governo colombiano está preocupado com Urabá. No final de outubro, o Conselho de Segurança da Colômbia se reuniu em Cartagena para discutir estratégias anti-violência na região. Uma das pro-postas é o pagamento de recompensas a quem denunciar orga-nizações criminosas. Enquanto o governo se esforça para resolver o problema, a igreja se mobiliza em torno de uma campanha pela paz em Urabá.

Uma das principais cidades de Urabá, Turbo, tem 118 mil habitantes e seu cenário lembra a Baixada Fluminense, no Rio, pelas ruas sem calçamento e a precária rede de esgoto. A cidade tem 11 igrejas. Numa delas, a do Centro Evangélico Getsêmani, da Associação de Igrejas Evangélicas do Caribe, o pastor Gustavo Echeverri Sepúlveda lidera o "Plano Nacional de Intercessão e Ação - Conquisteáxos o gigante de Urabá".

"Sim, irmãos, a morte passeia por Urabá, pela manhã, à tarde e à noite; sai ao nosso encontro como o gigante Golias nas veredas, caminhos, avenidas, nas ruas; nos fala através da imprensa, da televisão, através dos camponeses que são retirados de suas terras e através da insensibilidade de muitas pessoas que, apenas por medo, sequer se unem a nós pata dar uma palavra de consolo às viúvas e órfãos dessa violência", afirma o pastor Gustavo que não vê outra saída a não ser "entrar em guerra espiritual de oração". Precavido, ele não dá nomes aos inimigos.

"Nossa guerra não é contra paramilitares, nem guerrilheiros, nem mafiosos, senão contra principados e potestades, os governadores das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade nas regiões celestes de Urabá", prega o pastor. Urabá não dá lugar a heróis. Casado, quatro filhos, o pastor Gustavo admite que já pensou várias vezes em renunciar ao trabalho da igreja e deixar a região. Apesar disso, a Igreja Evangélica não está derrotada. "Seguimos perseverando com a ajuda do Senhor, mas necessitamos de aliados espirituais", assinala, apelando à intercessão de toda a Igreja Evangélica.

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Os fuzileiros guardam um dos acessos ao aeroporto de Turbo,
que está na rota do narcotráfico e do contrabando de armas,
atividades que estimulam a disputa pela estratégica região do Golfo de Urabá

A FACE DA VIOLÊNCIA
Assassinatos políticos de 78 a 93:
36 mil
Efetivo total das Forças Armadas:
139 mil
Polícia Nadonal:
150 mil
Paramilitares:
85 mil
- ACCU (Autodefesas Camponesas de Colômbia e Urubá)
- ADO (Autodefesa dos Trabalhadores) Guerrilheiros: 55 mil homens em 300 frentes por todo o país
- FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
- Faric (Forças Armadas Revolucionárias Indígenas da Colômbia)
- ELN (Exército de Libertação Nacional)
- União Camelista - EPL (Exército Popular de Libertação)
- Comando Escorpião (facção das FARC)
- Comando Guerrilheiro Simon Bolívar (coalizão de grupos)
- Colômbia Vive
- Frente Ricardo Franco
- Domingo Benkos Biojó (grupo negro)
- Jaime Bateman (facção do extinto M-19)
- Álvaro Ullcué Chocué (grupo indígena)
- Pátria Livre
- Quintín Lamé (indígena)
- Sendero Rojo (facção do peruano Sendero Luminoso)
Grupos legais acusados de violações de direitos humanos:
- Batalhão de Inteligência e Contra-inteligência do Exército
- Batalhões regulares do Exército e brigadas regionais como a III Brigada com sede em Cali; a IV Brigada de Medellin: a V Brigada de Bucaramanga; a VII Brigada de Villavicencio: e a IX Brigada de Neiva
-Brigada de Institutos Militares B-2 (Divisão de Inteligência do Exército)

Fonte: Anistia Internacional e ex-guerrilheiros cristãos
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"Jesus é a resposta à violência"

Pastor garante que 200 guerrilheiros já entregaram as armas ao se converter

O pastor Helman Ocampo, colombiano de 41 anos —22 dos quais pregando a Palavra —, é o típico evangélico movido pela oração. Há 12 anos, enquanto orava, lhe veio à mente a seguinte pergunta: "Quem vai pregar para os índios colombianos?" Fundou, então, a missão Crisalinco (Cristo Salvando os Indígenas da Colômbia). Há três meses, novamente durante um momento de oração, perguntou a si mesmo: o que a Igreja Evangélica está fazendo pela paz na Colômbia, além de orar? Diante do imobilismo da igreja, o pastor Helman implantou o projeto Alternativas à Violência, com o objetivo de mostrar à sociedade colombiana que "Jesus é a resposta à violência".

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Fabio Lugo (C), ex-paramilitar, entre Juan Carlos e Ruben
Dario, ex-guerrilheiros convertidos na missão Crisalinco.
No passado estavam em lados opostos

A missão Crisalinco, então, ampliou sua ação evangelizadora. Hoje, se chama Cristo Salvando Grupos Marginais e Fora do Alcance da Igreja na Colômbia. Um desses alvos é a tribo dos guerrilheiros. Até o ano 2000, a Crisalinco pretende distribuir Novos Testamentos aos 55 mil guerrilheiros em ação no país. Para isso, já infiltrou dois missionários no meio da selva colombiana. pregando o Evangelho para os guerrilheiros. O pastor Helman Ocampo garante que cerca de 200 rebeldes já depuseram as armas depois de se converter.

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Ex-guerrilheiro do ELN, o missionário Roberto Londorio já
prega o Evangelho há mais de dez anos a antigos
companheiros de luta

Há três meses um grupo de 20 missionários está sendo preparado para levar a Palavra de Deus aos guerrilheiros. Seis deles são ex-rebeldes ou paramilitares como Fábio Lugo, que trabalhava para traficantes de drogas. A conversão de guerrilheiros é mais difícil do que se imagina. Apesar de não ter praia em Bogotá, onde fica sua sede, a missão Crisalinco vive como marisco, entre o mar e o rochedo. Os missionários costumam sofrer as conseqüências de estarem entre a guerrilha e o governo. Às vezes, são ameaçados de morte pelos guerrilheiros, enquanto o governo acena com a lei que pode levar à prisão quem mantiver qualquer tipo de contato com a guerrilha. "Dizer a verdade nesse país é um perigo", diz o pastor Helman que já foi advertido até mesmo por ex-guerrilheiros, recém-convertidos, ainda apegados aos companheiros da luta armada. "Alguns guerrilheiros estão aterrorizados_ com as conversões; eles acreditam que nosso trabalho pode desestabilizat a guerrilha", analisa o pastor Helman. De fato os testemunhos dc conversão são de cair o queixo de qualquer incrédulo. Um deles é o do ex-guerrilheiro de uma facção do Exército de Libertação Nacional, Juan Carlos, de 24 anos, que passou a metade de sua vida como rebelde, na luta armada. Há um ano e meio, o ex-especialista em explosivos se converteu depois de escapar milagrosamente de perder uma das pernas após pisar numa mina explosiva. Um grupo evangélico orou por Juan Carlos que não conseguiu permanecer por muito tempo na guerrilha. "Depois daquela oração, sempre que passava na porta de uma igreja sentia algo estranho, como um ímã me atraindo e meu fuzil ficava muito pesado", conta Juan Carlos, codinome Babyllo.

Consta que Juan Carlos já matou mais de 200 homens. Mas os guerrilheiros recém-convertidos pre-ferem não revelar detalhes de sua vida pregressa. Mesmo porque continuam cm risco permanente por serem considerados arquivos vivos. Um desses é Ruben Dario Gafian, de 38 anos, que integrou o mais temido grupo guerrilheiro do país - as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). "Ex-guerrilheiro, agora missionero (missionário)", diz em espanhol Ruben Dario, para desconversar sobre o passado.

Outro testemunho marcante é do missionário Roberto José Londofio, de 41 anos, que se converteu há mais de 10 anos. Na adolescência, caiu do curso secundário em Cali diretamente numa frente guerrilheira do ELN, onde combateu por mais de uma década até chegar ao comando de um dos grupos. Um dia, num povoado do estado de Baile, viu um grupo de evangélicos fazendo um culto na praça. Atraído pela beleza de uma das evangélicas, pensou em raptá-la para as montanhas, mas algo o levou a uma estranha comoção. No dia seguinte, armado até os dentes, entrou na Igreja Evangélica, dando um susto na pequena congregação: "Quero ser batizado", disse ao pastor, enquanto os membros da igreja tremiam de medo diante do rebelde, cabeludo, barbudo e fortemente armado. O pastor resistiu. "Primeiro, você precisa deixar sua arma e se entregar a Cristo", desafiou o sacerdote. Chorando, Londofio entregou as armas. Três dias depois de ter sido batizado nas águas, foi batizado com o Espírito Santo.

Uma economia baseada na droga

A Colômbia é o maior fornecedor de cloridrato de cocaína do mundo, segundo o relatório da Estratégia Internacional de Controle de Narcóticos do Departamento de Estado Americano, publicado no ano passado. Mais de 14 pontos concentram, no interior daquele país, os laboratórios de processamento da pasta-base da cocaína, que vai se transformar na droga mais consumida hoje no Primeiro Mundo. Mais de 80% da cocaína consumida nos Estados Unidos, por exemplo, sai diretamente da Colômbia.

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O narcotráfico lava dinheiro em prédios
como o que pertenceu a Escobar

De acordo com estimativas da DEA (Agência Americana de Repressão às Drogas), só o Cartel de Cali exporta anualmente 700 toneladas de cocaina, cinco toneladas de heroína e cinco mil de maconha. As Nações Unidas estimam que o negócio ilegal da droga totalize entre 3% a 13% do PIB (Produto Interno Bruto) da Colômbia. Isso representa algo em torno de 1,5 a 2 bilhões de dólares, por ano, segundo reportagem sobre a Economia das Drogas, publicada em setembro pela revista americana U.S./Latin Trade.

Os narcotraficantes lavam dinheiro na compra de imóveis e propriedades rurais. A estimativa é dc que 30% das fazendas colombianas estão nas mãos do narcotráfico.

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A prisão onde ficou Pablo Escobar,
em Medellin, foi totalmente depredada

Na zona rural da Colômbia, a guerrilha costuma taxar 20% da produção de folhas de cocaína, a título de proteção dos lavradores e processadores da droga, que atuam nos laboratórios dandestinos. Um missionário que atua na região do Rio Guaviare conta que há lavradores de cocaína que se convertem e abandonam o negócio, mas de nunca viu um grande narcotraficante aceitar o Evangelho. Os intermediários da droga costumam ganhar até 45 vezes mais o que pagam aos lavradores.

No rastro desse negócio altamente lucrativo, que envolve representantes dos poderes econômico e político, milhares de pessoas foram mortas, entre 1988 e 1993, durante a guerra do narcotráfico, em Medellin. Desde 1991, a Polícia Nacional da Colômbia já perdeu mais de 3 mil de seus 150 mil homens, vítimas de ações do narcotráfico. Jornalistas, autoridades e até juízes foram assassinados pelo movimento que ficou conhecido como narcoterrorismo.

Após a morte do chefe do Cartel de Medellin, Pablo Escobar - um ano e meio depois de escapar da prisão - a paz voltou a reinar em Medellin, cidade de 1,5 milhão de habitantes. Agora, a tranqüilidade só é quebrada por uma ou outra blirz da polícia e do Exército, à caça do quarto homem do Cartel dc Cali, Hemer Pacho Herrera, ainda em liberdade. Com dima de montanha e muito verde, a 1 mil 800 metros do nível do mar, Medellin é uma cidade bem aprazível para toda a sua fama de drogas e sangue.

Do enviado especial a Bogotá e Medellin

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Extraído Perseguição. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1995, a. 1, ed. 2, p. 12-14, dez. 1995.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...