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sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996

Sérgio Manoel: Mais que vencedor

Por Marcelo Dutra

Campeão brasileiro com o Botafogo, Sérgio Manoel canta a vitória em Cristo

Carlos Fernandes
Vitorioso sobre o Santos, que o havia liberado,
Sérgio agora vai jogar no Japão

Mais que vencedor. É assim que Sérgio Manoel Júnior se sente. ídolo do Botafogo de Futebol e Regatas, e um dos principais jogadores do atual campeão brasileiro de futebol, Sérgio Manoel, embora não se considere um grande craque, se declara um atleta determinado e credita todo o seu sucesso a Deus, que segundo ele é quem lhe dá a vitória eterna. Aos 23 anos, já atuou no Santos - clube que ajudou a derrotar na final do campeonato brasileiro -, no Fluminense e na seleção brasileira. Casado com Andréia e pai de Mateus, de um ano, Sérgio Manoel está convertido ao Evangelho há cerca de dois anos, depois de uma experiência sobrenatural com Deus, na qual uma visão mudou definitivamente sua vida. Ele é um dos mais ativos participantes da missão Atletas de Cristo, grupo que reúne esportistas ao redor do mundo, cujo trabalho é responsável por todo o seu aprendizado e crescimento espiritual Com o passe negociado pelo Botafogo após a conquista do título brasileiro, Sérgio Manoel acaba de assinar um contrato com o Cerezo Osaka, do Japão. Mais um desafio na carreira desse paulista de Santos. Além de jogar futebol naquele país, Sérgio pretende proclamar a sua fé em Deus com a mesma coragem e determinação que marcam sua vida profissional. Em seu apartamento na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, pouco antes de viajar para Santos com a família, o ponta-esquerda Sérgio Manoel deu a seguinte entrevista à revista VINDE:

Depois de jogar pelo Santos Futebol Clube, como se sentiu derrotando esse time na final do campeonato nacional?

Eu me senti bem. Ganhar do Santos serviu para provar àquele clube que foi um erro terem deixado eu sair de lá. Eles não deram o meu real valor. Mas amém, porque se estivesse no Santos até hoje, eu teria sido vice. Nada acontece à toa.

Em algum instante do campeonato brasileiro você achou que o título estava perdido?

Em momento algum esta idéia passou pela minha cabeça, porém, em determinadas situações, cheguei a pensar assim: "Pôxa, Senhor, isso está impossível!" Lá no Mineirão, na semifinal, sofremos uma pressão muito grande do Cruzeiro e o resultado foi 1 x 1. Ali eu falei: 'Senhor, se tu não tomares a frente disso aqui, eu não vou agüentar." Eu sentia que o time estava cansado, estressado e desgastado fisicamente. Naquele momento, eu senti que se a equipe passasse daquela partida, ninguém iria tirar o caneco da gente. Na minha opinião, o Cruzeiro era a equipe mais experiente e, conseqüentemente, a que estava mais tarimbada para disputar uma grande final. Diante do Botafogo eles tinham uma superioridade muito grande, mas nós conseguimos passar por eles.

O Botafogo preferia que as finais fossem no Rio?

Sim, porque nós íamos jogar as duas partidas no Maracanã. No aspecto financeiro seria muito bom para nós. E, também a campanha do Reage Rio (movimento pacifista pela recuperação do Rio de Janeiro) ganharia força, porque o Rio ficaria em evidência.

Como você acompanhou o movimento Reage Rio?

O movimento deveria ser a nível da política também. Os políticos não fazem o que têm que fazer. Depois de eleitos, eles não cumprem nada. Eu não tenho esperança nenhuma no homem, principalmente no político. Só peço a Deus que tenha misericórdia das milhares de pessoas que estão na dependência desses homens aqui na terra. Quanto a nós, acho que criamos um cerco de proteção, porque se encararmos tudo o que vemos nas ruas, não vamos viver bem. Tanta miséria, tanta fome, tanta violência. Acho que os políticos deveriam fazer um trabalho mais consistente. Apenas um ato como esse não é suficiente. No final do ano que vem você vai me perguntar: e aí, valeu? Nós faremos um retrospecto e vamos descobrir que não valeu de nada. Ganhou, sim, a conscientização de todos, mas não vai sair da cabeça. O mais interessante são as atitudes. É difícil a gente pedir hoje uma ajuda. No Botafogo nós estamos pedindo ajuda para um garotinho que precisa fazer transplante de coração. Conseguimos levantar R$ 950 e o garoto precisa de R$ 18 mil

"Não tenho nenhuma esperança no homem, principalmente no político. Eles deveriam fazer um trabalho mais consistente"
Carlos Fernandes

Você diz que sempre ora antes de entrar em campo. Durante o campeonato brasileiro você manteve esse costume?

Às vezes oro durante o jogo. Deus não especifica a forma como a gente tem de orar, nem as palavras, a hora, o local, nada. Então eu tenho a liberdade de orar onde estiver. Oro antes, durante e, principalmente, depois do jogo, seja qual for o resultado, porque eu já sou mais que vencedor. Aprendi que a minha maior vitória é conseguir espaço para levar a Palavra de Deus.

Você ora até quando o juiz faz uma besteira?

Eu levei muita bronca no início do ano porque andava irritado com a arbitragem. Resmungava, reclamava muito, gesticulava. Hoje estou mais ponderado. Eu também xingo. Em determinados momentos é difícil controlar. Mas depois a gente pede perdão, reconhece que está errado. Muitas vezes procuro sair fora da provocação, mas tudo tem limite. No jogo da decisão, por exemplo, o Marquinhos Capixaba me catucava, dando trombadas por trás o tempo todo, e teve um momento em que eu falei: se você quiser graça, nós vamos ter graça agora. Então ele parou e ficou tranqüilo o resto do jogo. O adversário tem que saber que eu sou evangélico, mas dentro de campo sou um jogador de futebol. Quando tiver de fazer uma falta, eu vou e faço, mas nunca com a intenção de quebrar a perna do companheiro, ou dar uma cotovelada na boca de um jogador. Agora, na oração, eu nunca oro para vencer. Eu acho que isso não é certo, porque nos outros clubes também temos irmãos.

O que você pede a Deus quando ora?

Peço que ele me proteja, que eu não tenha contusão, e que seja possível, depois do jogo, falar da Palavra para alguém. Minha oração é sempre baseada nisso, nunca na vitória, ou para que eu seja o melhor em campo.

Você pediu a Deus para fazer o gol do título?

Pedi para fazer um gol na final. Com isso eu teria espaço para falar da Palavra. Eu dizia: toda a honra e toda a glória pertencem a Jesus, não a mim. Se eu fiz algo, foi graças a Deus. Se eu sou perfeito, se tenho dois olhos, enxergo, ando e tenho saúde, é por causa Dele. Se eu não tive contusão durante o campeonato inteiro foi porque Jesus estava ao meu lado. E foi ele que me deu a oportunidade de estar ali, porque eu não sou merecedor. O nome de Deus tem que ser exaltado mais que qualquer outra coisa, não o meu.

Você se considera um jogador muito bom?

Eu sou um jogador normal, médio. Não consigo me ver ainda como jogador de seleção. Vejo o futebol dos outros jogadores e acho que eles têm mais potencial. No entanto: por onde eu passo, estou em destaque. Acho que o segredo é minha perseverança, não sou nenhum cracaço.

A que você atribui seu sucesso?

A Deus. Ele está me sustentando. Penso que o Senhor tem um ministério a me dar, para que eu possa retribuir tudo o que Ele tem feito por mim. O que eu fiz ainda não foi suficiente para agradecer a Deus tudo o que ele tem me dado. Eu não sou merecedor de tantas coisas. Para mim, isso é um mistério.

Qual foi o melhor momento da sua carreira?

Foi ter chegado à seleção brasileira.

Mais do que ter sido campeão pelo Botafogo?

Sim, porque ser campeão brasileiro é uma conquista coletiva, enquanto chegar à seleção foi uma conquista individual. Nessa hora fui muito abençoado por Deus. Só pude dizer: "Senhor, essa benção é só tua."

"Acho que não é certo orar para vencer um jogo porque nos outros times também tem irmãos na fé"
Carlos Fernandes

Como foi sua experiência de conversão?

Em 89 eu tive o primeiro contato com a Palavra de Deus, através do César Sampaio. Nós jogávamos no Santos. Na época, o César e outro jogador, o Davi, ergueram a bandeira do Evangelho e foram adiante. Foi quando ouvi falar dos Atletas de Cristo e comecei a colocar a Bíblia como meu livro de cabeceira. Mas o impacto inicial da mensagem de Deus foi em 93. Fui pego de surpresa. Eu estava na concentração do Santos e escutei o Sérgio, o Darci e o goleiro Gomes conversando sobre igreja. Todos eram evangélicos, o Gomes, inclusive, era pastor. Aquilo ficou, na minha cabeça, deixei de lado a revista que estava lendo e perguntei que conversa era aquela.

E o que eles responderam?

Disseram que o Gomes estava na igreja dirigindo cultos e me convidaram para ir a um. Eu me interessei na mesma hora. Cheguei em casa e falei com a minha esposa: "Olha, baixinha, tem uma reunião na igreja lá em São Vicente e eu vou. Vamos?". Ela não era cristã, bebia e fumava, mas concordou. No caminho quase bati com o carro, avancei sinal vermelho, não enxergava nada. O inimigo de nossas almas tentou de tudo para nos impedir. Na igreja prestamos atenção na oração, no culto. Eu estava absolutamente gelado, não sentia nada. O pessoal louvando, agradecendo, até minha esposa estava chorando. Mas o meu coração parecia de pedra. O Gomes se aproximou e falou comigo, ou melhor, foi o Espírito Santo. O pastor Gomes foi só um canal. Ele apontou pra mim e disse: "Não duvides de mim, porque esta noite mesmo eu te terei em prova." Nessa hora eu pensei: "Por que ele está me dizendo isso?"

Quais foram as conseqüências disso?

Eu fui embora com a minha esposa. Quando chegamos da igreja fomos dormir. No meio da madrugada, porém, eu comecei a ter uma visão. Acordei de madrugada e vi que o teto do quarto começou a clarear. Fechei os olhos e quando abri novamente havia dois anjos. Um veio na minha orelha direita e falou pra eu orar e pedir tudo o que quisesse. Comecei a orar e pedir como nunca. Eu vivia problemas de casamento, estava numa fase de depressão, no fundo do poço mesmo. Não tinha paz nem vontade. Nessa época eu tinha muitas dificuldades jogando lá em Santos. Viera do Rio", onde havia jogado uma temporada excelente no Fluminense. O meu passe era do Santos, que me pegou de volta e me encostou na reserva. Eu não treinava com os titulares. A minha situação era de desespero. Neste período morava na casa da minha sogra e passava por uma tribulação muito grande. Se não fosse a misericórdia de Deus, não sei onde minha vida estaria hoje. Nesse momento orei por todos os meus problemas, toda aquela situação em que me encontrava. Eu não conseguia me mexer, só olhar e orar, tendo aquela visão maravilhosa de um portão de bronze, enorme, aquela claridade, os anjos. Os cabelos deles eram encaracolados, vestiam-se de branco, tinham asas e voavam. Acho que tinham uns dois metros de altura e eu fiquei ali, me deliciando com aquilo.

E sua mulher também viu algo?

Eu tentei acordá-la, mas só consegui me mexer quando a visão se foi e ficou tudo escuro novamente. Então acordei minha esposa. Fomos para a cozinha, e eu consegui falar-lhe da visão. Ela começou a chorar. O mais incrível foi que Deus mostrou que estava me escolhendo para que eu fosse servo dele. No dia seguinte procurei o Gomes para contar a visão. Ele me fez esperar até o final do treino. Eu falava que tinha de lhe contar uma coisa, mas ele me dava as costas de propósito, dizendo: "Tenha calma, depois a gente conversa." Quando acabou o treino fui para o vestiário, tomei banho e fiquei esperando. O Gomes foi o último a sair. Quando finalmente me deu atenção disse: "Não fala nada, aconteceu isso, isso..." E me contou tudo que eu tinha visto no quarto. Aí não tinha mais como fugir, não havia mais saída. Eu disse: "Me entrego, estou aqui Jesus, me faz nascer de novo."

Você tem frequentado qual igreja?

A Igreja Batista, no Centro do Rio, próxima à Candelária. Ali tem reuniões para os Atletas de Cristo, já que a gente não tem sede.

Qual a importância do ministério Atletas de Cristo para você?

Quando eu estava precisando de uma força, vinha sempre alguém dos Atletas de Cristo trazer uma Palavra, uma carta. Às vezes eu estava cheio de problemas e esse ministério me sustentava. Se eu consegui aprender alguma coisa e crescer espiritualmente, foi graças aos Atletas de Cristo.

Como você encara o fato de ser um ídolo popular?

Vejo como um espaço que Deus está me proporcionando. Ser ídolo de um clube como o Botafogo, que tem uma torcida muito grande, me dá condições de falar a Palavra Dele e essa Palavra, como uma flecha, vai cair certinho no coração do amigo que está ouvindo.

"Recebi uma profecia que se confirmou com a visão de anjos. Os cabelos deles eram encaracolados, vestiam-se de branco, tinham asas e voavam"
Carlos Fernandes

O que mudou na sua vida profissional depois que você se converteu?

Ultrapassei todos os objetivos. Seleção, sucesso no Botafogo, reconhecimento individual. Saí da posição de jogador promessa em 93, e hoje sou uma realidade, sou respeitado. A situação financeira sem dúvida mudou muito, pois posso levar uma vida de bom nível e dar conforto à minha família. O que mais chama a atenção na minha vida profissional é que desde que eu aceitei Jesus não houve mais contusão séria na minha carreira. Sei que Ele está me olhando e isso não vai me acontecer.

Como seus companheiros de clube vêem a sua fé?

A partir do momento em que assumi, levantei a bandeira do Evangelho e comecei a levar a Palavra, o pessoal passou a respeitar. Eu acho que eles não respeitam é aquele que fica em cima do muro.

Eles se interessam pela palavra de fé que você transmite?

Quando ficávamos sem receber salário alguns companheiros me perguntaram: "Pôxa Sérgio, você está feliz e duro. Nós não recebemos nada e você está feliz?" E eu respondia que essa felicidade, essa paz que eu tenho é de Deus. Já aproveitava e soltava a Palavra. Com essa atitude eu acabava por chamar a atenção deles.

Como você evangeliza os seus companheiros do Botafogo?

A maneira sempre é a mesma: cultos antes dos jogos. Também convido os companheiros para visitar igrejas, mas o mais importante é o meu testemunho, através da minha vida e conduta.

Que jogador já recebeu essa mensagem?

O principal fruto foi o Gottardo (zagueiro do Botafogo). Vê-lo convertido foi uma vitória muito grande, porque ele era muito cabeça-dura. Ele é inteligente, tem uma personalidade muito forte, e foi difícil falar da Palavra pra ele. Mas a semente ficou dentro do seu coração e várias vezes ele me perguntava alguma coisa. Eu acho que a minha conduta foi importante, pois não sou perfeito, sou cheio de defeitos, mas Deus me honrou e eu não caí. Hoje, sua esposa e dois irmãos dele são convertidos também. Eu sei que o Gottardo orou muito por eles.

No início do campeonato, a imprensa divulgou que houve uma rixa entre você e o Túlio. Como você conseguiu superar esse desentendimento? Você o perdoou?

Posso garantir que houve perdão da minha parte. Nesse caso com o Túlio, teve uma hora em que eu achei que estava no limite. Nós não conversamos sobre as matérias que saíram nos jornais, mas eu o procurei para saber o que realmente estava acontecendo. Ele disse que não havia nada e que ele estava com a gente, e isso me bastou.

Quais são seus planos para o futuro?

Meu passe foi vendido ao Cerezo Osaka, um grande clube no Japão. Espero ficar por lá dois ou três anos. É um desafio, mas acho que vou me adaptar rápido. Não pretendo apenas jogar futebol, mas falar do amor de Deus também. Onde quer que eu vá essa mensagem explode no meu coração, e eu pretendo continuar evangelizando. Para o futuro só sei que Deus tem uma missão específica para mim, não sei qual, mas creio nisso.

Revista Vinde - Edição 3

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