Enquanto os cristãos do Ocidente têm vários tipos de traduções bíblicas à sua disposição,
milhões na índia não têm sequer o Novo Testamento.
Mas o ministério de literatura no país está avançando.
Foi aberta mais uma livraria na cidade de Bangalore, em julho passado.
Num país onde há pouquíssimo material evangélico à disposição,
esta é uma boa oportunidade para cristãos e futuros contatos com objetivos evangelísticos.
Islamismo para os negros
O islamismo é propagandeado como religião dos negros na Inglaterra
Em número crescente de afro-caribenhoss está se convertendo ao islamismo na Inglaterra.
Os negros sofrem com a carência econômica, a discriminação racial e as doenças sociais no país da rainha Elizabeth.
Lá, como em muitas outras partes da África e dos Estados Unidos,
o islamismo tem sido apresentado como a religião adequada aos negros,
em oposição ao cristianismo, que seria para os brancos.
CONFINS
PAQUISTÃO -Morte ou exílio é o título do novo livro publicado por Aftab Alexander Mughal,
que trata do caso de Rehmat e Salamat Mashi.
Menciona a escolha que os dois tiveram que fazer,
assim como muitos cristãos que têm sido acusados de blasfemar contra Maomé.
TURQUIA -Os cristãos armênios que permanecem na Turquia estão sofrendo perseguição.
Em virtude da crescente pressão. três cristãos sírios ortodoxos receberam asilo na Alemanha.
MARROCOS-Quatro cristãos marroquinos acusados de proselitismo e aprisionados em
Tanger foram libertados no dia 17 de agosto após protestos internacionais.
Um dos acusados. Mehedi Ksara, tem mais de 80 anos e está com a saúde bastante debilitada.
FILIPINAS -O grupo islâmico Abu Sayfat planeja saquear e destruir cidades cristãs como Dipolong e Liloy.
O mutirão no interior do Estado contou com o trabalho de dentistas voluntários
Festa no interior
O município de Valença (RJ) parou para ver o mutirão missionário organizado
no dia 18 de dezembro pelo grupo Amor por Missões, da Igreja Batista Monte Gerizim da Ilha do Governador,
no Rio, com o apoio da congregação instalada na cidade.
Na praça central da cidade foram montadas diversas barracas,
onde voluntários ofereciam serviços gratuitos de consulta médica e jurídica básica,
fluoretação em crianças e corte de cabelo.
Paralelamente, diversos grupos de evangelismo percorreram as ruas de Valença
distribuindo folhetos enquanto o público da cidade ouvia o grupo musical e
se divertia com o teatrinho infantil.
Genocídio no Sudão
Em função da campanha para o aniquilamento das tribos cristãs nubas,
vilarejos e plantações são queimados e casas saqueadas nas montanhas Núbia, no Sudão.
As pessoas são deixadas sem comida, água e roupas.
Homens e mulheres foram separados para não nascerem bebês nubas.
As forças do governo queimam igrejas e mesquitas,
pois descobriram que os muçulmanos nubas são solidários com os cristãos.
Crianças japonesas crescem em lares islâmicos e enfrentam preconceitos religiosos
Casar para converter
A comunidade islâmica no Japão,, um país tradicionalmente zen-budista,
é composta por imigrantes do Irã, Bangladesh, Paquistão e Malásia.
São homens que chegam ao país à procura de melhores condições de vida e de emprego.
Casam-se com japonesas que se convertem ao islamismo, pelo menos nominalmente.
As dificuldades dessas famílias transculturais são os conflitos gerados nos filhos
que são criados dentro do islamismo.
Assim enfrentam todo o tipo de preconceito.
Crise de identidade
É grave a ameaça que a comunidade cristã enfrenta no Irã.
As dificuldades econômicas têm forçado famílias inteiras a retornar ao islamismo.
A reação dos cristãos não tem sido consistente ou ativa ao lidar com o clamor
cristão do Irã e em outros países islâmicos.
Um oficial do Ministério do Exterior em Teerã anunciou ter recebido somente 197
cartas de protesto contra a morte do reverendo Mehdi Dibaj, em 1994.
Não foi uma reação significativa de solidariedade da parte dos cristãos do resto do mundo.
Se você tem notícias do campo missionário e quer divulgá-las,
envie um texto de oito a dez linhas (papel ofício, corpo 1 2)
com uma foto colorida de cada matéria para:
Revista VINDE - Rua Luis Leopoldo Fernandes Pinheiro,
604/102 andar - Niterói, RJ - CEP 24001-970,
aos cuidados de Marinês de Biasi.
Correio Missionário
Escreva para estes missionários brasileiros que têm dedicado seu tempo,
suor, saúde e recursos para levar o Evangelho a vários pontos do Brasil
e do mundo, oferecendo a eles uma palavra de incentivo e seu apoio.
Diana e Margaret Grasman
Apdo 1768, Hermosillo
Sonora, Mexico 8300
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P.O. Box 1037
3500 Limassol
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CEP 78580-000
Duzentos evangélicos estão presos injustamente, acusados de envolvimento com o terrorismo no Peru
Por Jorge Antonio Barros
Texto e fotos de Jorge Antonio Barros
enviado especial a Lima e Ayacucho, via d'Ávila Tours
Segundo estado mais pobre do Peru,
Ayacucho é o berço do Sendero Luminoso
MARCADO pela desigualdade social, o Peru vive, na surdina, outra cruel contradição em consequência
da luta ferrenha desencadeada pelo governo forte de Alberto Fujimori contra o terrorismo que devastou o país.
Enquanto a igreja evangélica, assim como a sociedade peruana, se vê tranquilizada pelos resultados da Dincote
(Direção Nacional de Combate ao Terrorismo), da Polícia Nacional Peruana, mofam nos cárceres do país nada menos
que 200 evangélicos, condenados injustamente a penas que variam de cinco a 30 anos, acusados de envolvimento com
o grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, um dos mais violentos que já surgiu na América Latina.
Arcangel Saurie escapou da emboscada que resultou
na morte do primo Rômulo e acabou sendo eleito
congressista no Peru
A contradição maior é que foi justamente o Sendero Luminoso que, na tarde de 5 de setembro de 1992, matou,
numa emboscada em Ayacucho, quatro evangélicos, entre eles o líder quéchua (povo indígena) Rômulo Saufie,
que virou um mártir da igreja evangélica peruana e tema do livro Ayacucho para Cristo, dos americanos W.
Terryn Whalin e Chris Woehr (ver matéria na página 32). Uma semana após a morte dos quatro de Ayacucho
(Rômulo; seu irmão, Ruben; o sobrinho Marco e o primo Josue), foi preso o líder e fundador do Sendero
Luminoso, professor Abimael Guzman, condenado a prisão perpétua. O governo Fujimori começava a dar o
xeque-mate numa disputa que resultou, ao longo de 15 anos, em mais de 20 mil mortos e um prejuízo de 22
milhões de dólares ao país.
SOBREVIVENTE - Único sobrevivente da emboscada do Sendero em Ayacucho, Arcangel Miguel Quicafia, 44 anos,
primo e amigo de infância de Rómulo Saufie, foi eleito congressista dois anos após o atentado. "A igreja
evangélica teve um papel muito importante no combate ao terrorismo no Peru", afirma Quicafia, que esteve
no Brasil em 1993 dando seu testemunho em várias igrejas evangélicas. "Só Deus sabe porque fui salvo das
balas do Sendero", conta Quicaria. Depois de eleito, ele não usa mais o primeiro nome. "Arcangel foi morto
com Rômulo", dramatiza.
Se a igreja foi mesmo uma das forças que freou o avanço do Sendero, como diz Quicafia, por que então mais
de 700 evangélicos já pararam atrás das grades, acusados de terrorismo? No afã de combater o terrorismo que
se instalou no país no início da década de 80, o governo forte de Fujimori decretou a lei do arrependimento,
que reduz a pena de militantes na guerrilha em troca da delação. Para se vingar de evangélicos com os quais
se confrontavam, os guerrilheiros forjaram denúncias envolvendo os religiosos. Um advogado que integrou a
comissão de direitos humanos do Conep (Concílio Nacional Evangélico do Peru) obteve informações de que guerrilheiros
do Sendero Luminoso chegaram ao requinte de esconder armas em igrejas para incriminar evangélicos.
A 3 mil metros, Ayacucho virou uma dos bases da ação do Sendero Luminoso
DENÚNCIAS FALSAS - As principais consequências dessas denúncias falsas foram processos sumários, julgados às
pressas em tribunais sem rosto e com provas inconsistentes. Um dos casos mais dramáticos é o do casal Juan
Carlos Chuchon Zea e Pelagia Salcedo Pizarro, membros da Assembléia de Deus, condenados injustamente a 30 anos de prisão.
Em 11 de dezembro de 1992, eles foram detidos em casa, num subúrbio de Lima, acusados de integrar o Socorro Popular,
organização de apoio ao Sendero. Sem a presença do ministério público, a polícia invadiu a casa de Chuchon, onde alegou
ter encontrado granadas, munição, explosivos e material de propaganda subversiva.
Chuchon e a mulher garantiram que o material foi plantado pela polícia, depois de serem submetidos a uma longa sessão
de torturas na presença dos dois filhos. Hoje, Chuchon e Pelagia estão, respectivamente, nas prisões de segurança máxima
de Yanamayo e Santa Mônica. A história do casal de evangélicos condenados injustamente é um símbolo da crueldade de que
tem sido vítima a igreja evangélica peruana. Nascidos em Ayacucho - onde também nasceu o Sendero Luminoso - eles deixaram
a cidade depois que vários parentes seus foram assassinados pelo Sendero. Deixaram sua cidade natal para escapar do grupo
terrorista. Mas acabaram sendo vítimas da repressão policial em Lima.
Juan Mallea, com o filho, virou bode expiatório
de grupos paramilitares
Outro evangélico, o taxista Juan Mallea, de 36 anos, também virou símbolo da luta da igreja contra
o autoritarismo no Peru. Preso com um guerrilheiro no banco de trás de seu táxi, Mallea foi acusado
de participar do massacre de La Cantuta, em que nove estudantes e um professor universitário desapareceram
em 1992. O governo queria transformá-lo num bode expiatório para esconder a ação de grupos paramilitares -
estes sim, responsáveis pelas mortes dos universitários. Mas o Conep, com apoio do movimento internacional
de direitos humanos, conseguiu provar a inocência de Mallea.
GUERRA SUJA - Assim como na Colômbia, a igreja evangélica peruana sobrevive entre as bombas do terrorismo e
os fuzis dos militares. A partir do massacre de Callqui, em que seis evangélicos foram executados por militares,
em 1984, a igreja perdeu as ilusões de que poderia estar a salvo nas mãos da repressão. O caso serviu também
para despertar entidades como o Conep, que existe há meio século, mas somente na última década começou a se
preocupar mais com a questão dos direitos humanos naquele país.
O governo Fujimori combateu o
terrorismo com uma propaganda violenta
O massacre de Callqui deixou marcas. "Cantem, cantem para não ouvir os tiros", diziam os oficiais para os
fiéis em pleno culto de onde foram tiradas as vítimas. A reportagem de VINDE localizou pelo menos um militar
que confessa alguns métodos da guerra suja no combate à guerrilha. Nascido em lar evangélico, o ex-sargento
Oscar Huarac Sanchez, 26 anos, serviu o Exército por dois anos na região de Ayacucho, no auge do Sendero
Luminoso. Ali testemunhou ações genocidas do Exército contra povoados onde os senderistas se refugiavam após
ações terroristas. Certa vez, ele conta, os oficiais enviaram helicópteros para bombardear um pequeno povoado
sem a menor confirmação de que lá se escondiam guerrilheiros. Ele revela também ter visto os soldados disputarem
quem era mais violento matando terroristas e tirando-lhes o coração a punhaladas.
Um temor nasceu no coração do sargento Huarac quando seus superiores determinaram que as tropas fizessem uma
operação pente fino nas igrejas evangélicas da região de Ayacucho em busca de provas de uma fantasiosa conexão
entre o Sendero e os cristãos. "Foi aí que pensei em deixar o Exército", lembra Huarac.
Curiosamente, "onde a violência foi mais dura houve o fenômeno da multiplicação de cristãos", conta o missionário
e cientista Pedro Hocking, coordenador da Rede Ágape no Peru. A Rede Ágape, vinculada à missão Portas Abertas,
atua em favor da igreja perseguida na América Latina. "A igreja peruana já aprendeu a fazer uma oração de guerra
contra principados e potestades que estão por trás da violência", diz Hocking. No final do ano passado, o Conep
lançou em todo o país a campanha de oração e solidariedade aos detidos injustamente por terrorismo.
O missionário Pedro Hocking diz ter provas de sobra do poder da oração. Ele lembra que, no auge da guerra, a
igreja conquistou uma coleção de testemunhos de "milagres de proteção" - armas que engasgavam e navalhas cujos
fios simplesmente não cortavam.
Sendero de mortes e trevas
Após a captura do líder Abimael Guzmán Reynoso, o presidente Gonzalo, houve um racha no Sendero Luminoso.
Um grupo concordou em se empenhar num acordo de paz com o governo peruano, enquanto outro optou por permanecer
na clandestinidade, prolongando a luta armada em direção do sonho de uma revolução maoísta. Este grupo - mais
intransigente é formado hoje por não mais do que 600 homens escondidos nas selvas peruanas, sob o comando do
ex-estrategista militar de Gusmán, Oscar Alberto Ramirez Durand, o camarada Feliciano, um homem de 42 anos
disposto a tudo para não se dar por derrotado. Filho do general de Brigada do Exército peruano Oscar Ramirez
Martinez - que o deserdou - o camarada Feliciano é hoje o homem mais procurado do país. Com o que restou do Sendero,
ele se movimenta a cavalo pelas selvas do Estado de Ayacucho, justamente onde nasceu o Sendero Luminoso.
Embora esteja reduzido à sua quarta parte, o Sendero Luminoso ainda representa um perigo para o governo peruano,
que enfrenta também ações do grupo menos radical MRT (Movimento Revolucionário Tupac Amaru). Temendo ser alvo de
algum atentado, o presidente Alberto Fujimori não se movimenta no país sem estar escoltado por forte esquema de
segurança. Foi assim na última semana de outubro do ano passado, quando ele esteve em visita a Ayacucho. Ali,
Fujimori admitiu que o poder judiciário é lento, mas vai revisar as penas de condenados injustamente por terrorismo.
A 800km de Lima, Ayacucho fica a cerca de 3 mil metros de altitude. É o local de origem do Sendero Luminoso, em 1980.
Uma das sementes do Sendero foi, sem dúvida, a miséria e a desigualdade social que marcam o Peru. A capital do país,
Lima, tem hoje 50% da população vivendo em favelas. Ayacucho é o segundo Estado mais pobre do Peru. Sua renda per capita
não chega a um terço da média nacional, como diz o professor mexicano de Ciências Políticas e Sociais Jorge Castarieda,
autor do livro Utopia Desarmada, que conta a história dos grupos de esquerda na América Latina.
Nesse terreno fértil, o Sendero Luminoso transformou-se num dos mais violentos e intransigentes grupos armados da
esquerda latino-americana. Repórter da Unidade Investigativa do El Comercio, Miguel Ramirez lembra que a violência
do Sendero atingiu o auge em 1992, com a explosão de um carro-bomba num edifício da Rua Taram, no bairro de Miraflores,
onde vive a nata da sociedade limenha. A ação terrorista resultou em 15 mortes.
Os números da guerra anti-terror
Mortos: entre 20 mil e 30 mil, 735 deles evangélicos
Refugiados: 700 mil
Exilados: 300 mil pessoas deixaram país, em 91, no auge do terrorismo
Desaparecidos: 5 mil
Presos Políticos: 1 mil
Prejuízos: US$ 22 milhões
* Dados relativos aos últimos 15 anos
Os Saufie, uma saga de sangue
Josué Sautie sucedeu o irmão Rômulo (entre a irmã e a tia) à frente dos evangélicos quéchuas peruanos
Descendente do império inca, a família Saufie tem uma saga escrita com sangue. Três anos antes da morte
dos quatro de Ayacucho, entre eles o líder cristão quéchua Rômulo Saufie, foi assassinado o avô dele,
Justiniano Quicara. O ancião teve a língua cortada por integrantes do Sendero Luminoso, o mesmo grupo
que matou seus netos, curiosamente no mesmo local - Chalciqpampa, lugarejo nos andes a cerca de 151cm
de Ayacucho, no sudeste do Peru. A região é dominada pelos quéchuas, povo indígena que vive no Peru,
Bolívia e Equador.
Josué Sautie
Casado com a americana Donna Saufie, com quem teve quatro filhos, Rômulo Saufie era
conhecido por missionários de todo o mundo por sua liderança cristã entre os quéchuas peruanos. Ele se
tornou célebre ao concluir a tradução da Bíblia para a língua quéchua após 13 anos de trabalho, com a
ajuda do missionário presbiteriano Homer Emerson, já morto. Rômulo foi assassinado pelo Sendero pouco
depois de concluir o trabalho. "Quando terminar, quero levar a Palavra de Deus aos muçulmanos", dizia
Rômulo à mulher, Donna.
No dia 5 de setembro de 1992, Rômulo e seus parentes retornavam de um culto em
memória do avô, Justiniano. Na estrada dos Libertadores, que leva à Ayacucho, o grupo foi vítima da
emboscada do Sendero. Os guerrilheiros haviam incendiado cerca de 30 veículos que foram obrigados a parar.
Filha de missionários americanos que chegaram no Peru na década de 50, a viúva de Rômulo lembra que o país
vivia o auge da guerra promovida pelo Sendero. Por sua militância evangélica, Rômulo já havia recebido
ameaças do Sendero Luminoso.
O assassinato dos evangélicos quéchuas repercutiu como um estrondo entre as missões cristãs no mundo inteiro,
que imediatamente entraram em oração para que Deus desse um basta à ação terrorista no Peru. Por isso, Donna
não acredita que tenha sido simples coincidência a prisão do líder do Sendero, Abimael Guzmán. Uma semana depois
do assassinato, Guzmán foi pego e, logo depois, condenado à prisão perpétua. Quem não se lembra das imagens de
Guzmán enjaulado como uma fera, metido numa roupa listrada?
A prisão do líder e fundador do grupo maoísta nascido
nas salas de aula da Universidade de San Cristoban de Huamanga, em Ayacucho, foi o golpe de misericórdia no
Sendero. Aos poucos, o país supera o trauma do terrorismo, enquanto a igreja evangélica quéchua acaba de ganhar
um novo líder: Josue Saufie trotou uma vida confortável nos Estados Unidos como designer de jóias pela missão
de prosseguir o trabalho do irmão Rômulo no Peru. "O que mais importa hoje é fazer a obra de Deus. É ser rico
com Ele nos céus", garante Josue, um ex-delinquente que, por pouco, não ingressou no Sendero Luminoso. Nascido
em lar evangélico, se afastou da igreja até parar na cadeia, onde seria condenado a 15 anos. No dia em que planejava
fugir da prisão, teve uma visão em que um homem resplandescente lhe disse: "Todos os seus pecados estão perdoados.
Segue-me".
IGREJA EM CRESCIMENTO
Nome oficial: Peru
Capital: Lima
Nacionalidade: peruana
Idioma: aimará, espanhol e quéchua (oficiais)
População: 22,9 milhões (1994)
Religião: maioria católica e cerca de 8% de evangélicos
Cento e cinqüenta evangélicos de Urabá já foram vítimas de guerrilheiros e paramilitares em menos de um ano
Texto e fotos de Jorge Antonio Barros, enviado especial à Colômbia, via d'Ávila Tburs
Quem acha que o eventual pre-conceito religioso que se sofre no Brasil já é suficiente para ser dassificado como perseguição, deveria conhecer uma região chamada Urabá, ao norte da Colômbia, país vizinho ao nosso, ao noroeste da América do Sul. Ali, numa das portas do Caribe, a cerca de 1 mil quilômetros de Bogotá - a capital colombiana - a Igreja Evangélica sofre hoje uma das maiores perseguições do país, desde o início da nova escalada de violência. Em menos de um ano, já foram assassinados 150 evangélicos, entre líderes, pastores, membros e frequentadores de igrejas locais. Isso representa a terça parte do total de mortos em Urabá, vítimas da ação de grupos de extermínio, paramilitares, guerrilheiros, narcotraficantes, policiais e militares.
Do total de evangélicos mortos em Urabá, seis eram pastores. Um deles, Francisco Licona, da Igreja do Evangelho Quadrangular, foi decapitado, depois de seqüestrado em uma noite por um grupo armado, em pleno culto. Assustados, os fiéis só deixaram a igreja ao amanhecer. O corpo do pastor foi encontrado alguns metros adiante. Sem a cabeça. A execução foi revelada pela evangélica Amibel Garcia Cesar, num dos testemunhos sobre a violência, que marcam qualquer culto da Igreja Hosanna Casa de Oração, em Turbo, uma cidade na entrada do Golfo de Urabá.
GUERRILHEIROS CONVERTIDOS - Depois de sofrer calada, a Igreja Evangélica colombiana começa a reagir contra a violência, usando as próprias estratégias da subversão: um grupo evangélico infiltrou dois missionários na guerrilha com a missão de levar o Evangelho a todos os 55 mil guerrilheiros em ação no país. Duzentos deles já abandonaram as armas depois de se converter ao Evangelho (ver matéria na página 16). Em Urabá, a violência - cerca de 500 mortos em menos de um ano - ganhou proporções alarmantes, mesmo para um país historicamente marcado pela instabilidade política. Volta e meia, o nome da Colômbia chega ao noticiário internacional como um barril de pólvora (e cocaína) prestes a explodir. No início de outubro, uma bomba explodiu, de fato, num ônibus, em mais um dos atentados que viraram rotina naquele país.
A violência contra a igreja também vem crescendo a cada dia. Em junho deste ano, os missionários americanos Steve Welsh e Timothy Van Dike foram encontrados mortos a tiros, depois de terem sido seqüestrados no ano anterior por homens das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o mais antigo e numeroso grupo guerrilheiro colombiano.
MAIORIA É CATÓLICA Nome oficial: República da Colômbia
Capital: Santa Fé de Bogotá
Nacionalidade: colombiana
Língua: espanhol (oficial)
População: 34 milhões (1994)
Religião: maioria católica, minoria evangélica (3 milhões) e judaica
Fronteira com o Brasil: 1.645 quilômetros
Data Nacional: 20/7 (Independência)
Moeda: peso
Fonte: Conferência Evangélica do Colômbia
Quatro dias depois de nosso repórter retornar da Colômbia, no dia 2 do mês passado, o país foi novamente sacudido pela violência: a organização terrorista "Dignidade para a Colômbia" assassinou em Bogotá o jornalista e ex-senador de oposição Álvaro Gomez Hurrado. A diferença desse episódio, que repercutiu em todo o mundo, para as mortes em Urabá é que naquela região a violência parece ter-se incorporado cruelmente à rotina.
Prova disso é como reage ao problema o jovem Jorge Ivan Seve Sanchez, de apenas 16 anos. Há um ano ele trabalha como zelador do cemitério de Turbo, como se fosse o porteiro de um conjunto habitacional na Baixada Fluminense, no Rio. "Todo dia chega aqui alguma vítima da violência; a gente acaba se acostumando", admite Jorge Sanchez, o zelador da morte.
AMEAÇA À FÉ - Apesar da precariedade das estatísticas na Colômbia - como na maioria dos países pobres - o depoimento de Sanchez bate com o número de mortos em Urabá. Ou seja: mais de um por dia.
Esse número torna-se ainda mais trágico quando se descobre a causa de mais de 20% dos homicídios: a opção de fé das vítimas. Os evangélicos estão sendo mortos basicamente por três motivos: por não aderir a quaisquer grupos armados, se opor à subversão e denunciar os rebeldes. A guerrilha costuma ser comandada por ex-padres que não toleram o imobilismo social da maioria dos evangélicos colombianos.
Depois de um longo silêncio, eles começaram a denunciar a perseguição.
Há três meses, a Conferência Evangélica da Colômbia - uma espécie dc AEVB colombiana - formou uma Comissão de Direitos Humanos que está aju-dando a destampar uma panela de pressão que estava prestes a ir pelos ares. "Os cristãos tinham muito medo, mas agora começam a falar", conta Ricardo Esquivia, um dos membros da Comissão de Direitos Humanos.
No final de outubro, as igrejas evangélicas de Turbo receberam a visita de membros daquela comissão e da Rede Agape - um projeto da Missão Portas Abertas, que visa amparar a igreja perseguida na América Latina. A Rede Ágape foi criada com três princípios básicos: investigação, oração e presença.
Richard Tuna e Helmon Ocampo, da Rede Ágape, prestaram solidariedade ao pastor Gustavo (E), um dos líderes evangélicos da violenta região do Golfo de Urabá
Uma das facções das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) deixa sua marca
OS ALGOZES Na região de Urabá, as investigações da Rede Ágape levaram à descoberta de números dramáticos: além dos 150 evangélicos mortos, 16 fiéis foram violentadas e duas igrejas incendiadas, nas localidades de Changas e Rancho Amélia. Há também dezenas de desaparecidos. centenas de retirantes e igrejas abandonadas por seus pastores ameaçados de morte. Os casos, como o do pastor decapitado, são contados nos cultos como testemunhos de quem escapou. Fora da igreja, o silêncio é de ouro. O temor se justifica: ninguém consegue a mínima segurança para identificar os algozes. Os guerrilheiros se parecem com os narcotraficantes, que se parecem com os paramilitares ou parascos, que se parecem com os militares. Em comum, todos eles têm armas c muita vontade de usá-las. A igreja, então, fica no meio de um fogo cruzado.
O cultivo de banana é a pricipal atividade econômica da região de Urabá
O campo de batalha é Urabá, uma região de clima tropical, formada por oito municípios do Estado de Antioquia, na costa caribenha. Separada de Bogotá pela selva e por uma cordilheira, a região é considerada estratégica para o narcotráfico e a guerrilha, por ser uma das rotas do tráfico de armas e drogas, com saída para o Caribe. Responsável por boa parte da produção de bananas do país, Urabá é marcada por conflitos de terras - que resultam quase sempre em assassinatos de sindicalistas rurais - e por toda ordem de violações aos direitos humanos, de torturas a execuções
sumárias. Um dos grupos mais temidos em Turbo se auto-intitula Comando Scorpion, uma facção das FARC, além dos grupos paramilitares liderados por Fidel Castaiio, o Limbo, ligado às ACCU (Autodefesas Camponesas da Colômbia e Urabá).
Os relatos de sobreviventes, nas igrejas de Turbo, são a prova mais contundente disso. A cozinheira Leida Denis, de 37 anos, perdeu o marido, Latino Lopez, assassinado na plantação de bananas. Ficou com seis filhos, sem ter para onde ir. Dionísio Benitez viu seu nome numa lista de pessoas marcadas para morrer. Conseguiu fugir. Bernardo Quinto lamenta que sua Igreja Presbiteriana tenha ficado reduzida a 68 membros. Mais de 300 fiéis abandonaram a igreja. O lavrador José Teheran viajava num ônibus, quando um grupo armado reteve o coletivo e executou sumariamente cinco passageiros escolhidos na hora.
Nas igrejas de Turbo, os cultos são marcados por testemunhos de órfãos,
viúvas e evangélicos que escaparam das balas da gerrilha, dos paramilitares e até do Exército
INTERCESSÃO - Apesar de ter mergulhado numa crise política desde que o presidente Ernesto Samper Pizzano foi acusado de ter recebido apoio financeiro do narcotráfico para sua campanha eleitoral, o governo colombiano está preocupado com Urabá. No final de outubro, o Conselho de Segurança da Colômbia se reuniu em Cartagena para discutir estratégias anti-violência na região. Uma das pro-postas é o pagamento de recompensas a quem denunciar orga-nizações criminosas. Enquanto o governo se esforça para resolver o problema, a igreja se mobiliza em torno de uma campanha pela paz em Urabá.
Uma das principais cidades de Urabá, Turbo, tem 118 mil habitantes e seu cenário lembra a Baixada Fluminense, no Rio, pelas ruas sem calçamento e a precária rede de esgoto. A cidade tem 11 igrejas. Numa delas, a do Centro Evangélico Getsêmani, da Associação de Igrejas Evangélicas do Caribe, o pastor Gustavo Echeverri Sepúlveda lidera o "Plano Nacional de Intercessão e Ação - Conquisteáxos o gigante de Urabá".
"Sim, irmãos, a morte passeia por Urabá, pela manhã, à tarde e à noite; sai ao nosso encontro como o gigante Golias nas veredas, caminhos, avenidas, nas ruas; nos fala através da imprensa, da televisão, através dos camponeses que são retirados de suas terras e através da insensibilidade de muitas pessoas que, apenas por medo, sequer se unem a nós pata dar uma palavra de consolo às viúvas e órfãos dessa violência", afirma o pastor Gustavo que não vê outra saída a não ser "entrar em guerra espiritual de oração". Precavido, ele não dá nomes aos inimigos.
"Nossa guerra não é contra paramilitares, nem guerrilheiros, nem mafiosos, senão contra principados e potestades, os governadores das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade nas regiões celestes de Urabá", prega o pastor. Urabá não dá lugar a heróis. Casado, quatro filhos, o pastor Gustavo admite que já pensou várias vezes em renunciar ao trabalho da igreja e deixar a região. Apesar disso, a Igreja Evangélica não está derrotada. "Seguimos perseverando com a ajuda do Senhor, mas necessitamos de aliados espirituais", assinala, apelando à intercessão de toda a Igreja Evangélica.
Os fuzileiros guardam um dos acessos ao aeroporto de Turbo,
que está na rota do narcotráfico e do contrabando de armas,
atividades que estimulam a disputa pela estratégica região do Golfo de Urabá
A FACE DA VIOLÊNCIA Assassinatos políticos de 78 a 93:
36 mil
Efetivo total das Forças Armadas: 139 mil
Polícia Nadonal: 150 mil
Paramilitares: 85 mil
- ACCU (Autodefesas Camponesas de Colômbia e Urubá)
- ADO (Autodefesa dos Trabalhadores) Guerrilheiros: 55 mil homens em 300 frentes por todo o país
- FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
- Faric (Forças Armadas Revolucionárias Indígenas da Colômbia)
- ELN (Exército de Libertação Nacional)
- União Camelista - EPL (Exército Popular de Libertação)
- Comando Escorpião (facção das FARC)
- Comando Guerrilheiro Simon Bolívar (coalizão de grupos)
- Colômbia Vive
- Frente Ricardo Franco
- Domingo Benkos Biojó (grupo negro)
- Jaime Bateman (facção do extinto M-19)
- Álvaro Ullcué Chocué (grupo indígena)
- Pátria Livre
- Quintín Lamé (indígena)
- Sendero Rojo (facção do peruano Sendero Luminoso)
Grupos legais acusados de violações de direitos humanos: - Batalhão de Inteligência e Contra-inteligência do Exército
- Batalhões regulares do Exército e brigadas regionais como a III Brigada com sede em Cali; a IV Brigada de Medellin: a V Brigada de Bucaramanga; a VII Brigada de Villavicencio: e a IX Brigada de Neiva
-Brigada de Institutos Militares B-2 (Divisão de Inteligência do Exército)
Fonte: Anistia Internacional e ex-guerrilheiros cristãos
Pastor garante que 200 guerrilheiros já entregaram as armas ao se converter
O pastor Helman Ocampo, colombiano de 41 anos —22 dos quais pregando a Palavra —, é o típico evangélico movido pela oração. Há 12 anos, enquanto orava, lhe veio à mente a seguinte pergunta: "Quem vai pregar para os índios colombianos?" Fundou, então, a missão Crisalinco (Cristo Salvando os Indígenas da Colômbia). Há três meses, novamente durante um momento de oração, perguntou a si mesmo: o que a Igreja Evangélica está fazendo pela paz na Colômbia, além de orar? Diante do imobilismo da igreja, o pastor Helman implantou o projeto Alternativas à Violência, com o objetivo de mostrar à sociedade colombiana que "Jesus é a resposta à violência".
Fabio Lugo (C), ex-paramilitar, entre Juan Carlos e Ruben
Dario, ex-guerrilheiros convertidos na missão Crisalinco.
No passado estavam em lados opostos
A missão Crisalinco, então, ampliou sua ação evangelizadora. Hoje, se chama Cristo Salvando Grupos Marginais e Fora do Alcance da Igreja na Colômbia. Um desses alvos é a tribo dos guerrilheiros. Até o ano 2000, a Crisalinco pretende distribuir Novos Testamentos aos 55 mil guerrilheiros em ação no país. Para isso, já infiltrou dois missionários no meio da selva colombiana. pregando o Evangelho para os guerrilheiros. O pastor Helman Ocampo garante que cerca de 200 rebeldes já depuseram as armas depois de se converter.
Ex-guerrilheiro do ELN, o missionário Roberto Londorio já
prega o Evangelho há mais de dez anos a antigos
companheiros de luta
Há três meses um grupo de 20 missionários está sendo preparado para levar a Palavra de Deus aos guerrilheiros. Seis deles são ex-rebeldes ou paramilitares como Fábio Lugo, que trabalhava para traficantes de drogas. A conversão de guerrilheiros é mais difícil do que se imagina. Apesar de não ter praia em Bogotá, onde fica sua sede, a missão Crisalinco vive como marisco, entre o mar e o rochedo. Os missionários costumam sofrer as conseqüências de estarem entre a guerrilha e o governo. Às vezes, são ameaçados de morte pelos guerrilheiros, enquanto o governo acena com a lei que pode levar à prisão quem mantiver qualquer tipo de contato com a guerrilha. "Dizer a verdade nesse país é um perigo", diz o pastor Helman que já foi advertido até mesmo por ex-guerrilheiros, recém-convertidos, ainda apegados aos companheiros da luta armada. "Alguns guerrilheiros estão aterrorizados_ com as conversões; eles acreditam que nosso trabalho pode desestabilizat a guerrilha", analisa o pastor Helman. De fato os testemunhos dc conversão são de cair o queixo de qualquer incrédulo. Um deles é o do ex-guerrilheiro de uma facção do Exército de Libertação Nacional, Juan Carlos, de 24 anos, que passou a metade de sua vida como rebelde, na luta armada. Há um ano e meio, o ex-especialista em explosivos se converteu depois de escapar milagrosamente de perder uma das pernas após pisar numa mina explosiva. Um grupo evangélico orou por Juan Carlos que não conseguiu permanecer por muito tempo na guerrilha. "Depois daquela oração, sempre que passava na porta de uma igreja sentia algo estranho, como um ímã me atraindo e meu fuzil ficava muito pesado", conta Juan Carlos, codinome Babyllo.
Consta que Juan Carlos já matou mais de 200 homens. Mas os guerrilheiros recém-convertidos pre-ferem não revelar detalhes de sua vida pregressa. Mesmo porque continuam cm risco permanente por serem considerados arquivos vivos. Um desses é Ruben Dario Gafian, de 38 anos, que integrou o mais temido grupo guerrilheiro do país - as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). "Ex-guerrilheiro, agora missionero (missionário)", diz em espanhol Ruben Dario, para desconversar sobre o passado.
Outro testemunho marcante é do missionário Roberto José Londofio, de 41 anos, que se converteu há mais de 10 anos. Na adolescência, caiu do curso secundário em Cali diretamente numa frente guerrilheira do ELN, onde combateu por mais de uma década até chegar ao comando de um dos grupos. Um dia, num povoado do estado de Baile, viu um grupo de evangélicos fazendo um culto na praça. Atraído pela beleza de uma das evangélicas, pensou em raptá-la para as montanhas, mas algo o levou a uma estranha comoção. No dia seguinte, armado até os dentes, entrou na Igreja Evangélica, dando um susto na pequena congregação: "Quero ser batizado", disse ao pastor, enquanto os membros da igreja tremiam de medo diante do rebelde, cabeludo, barbudo e fortemente armado. O pastor resistiu. "Primeiro, você precisa deixar sua arma e se entregar a Cristo", desafiou o sacerdote. Chorando, Londofio entregou as armas. Três dias depois de ter sido batizado nas águas, foi batizado com o Espírito Santo.
Uma economia baseada na droga
A Colômbia é o maior fornecedor de cloridrato de cocaína do mundo, segundo o relatório da Estratégia Internacional de Controle de Narcóticos do Departamento de Estado Americano, publicado no ano passado. Mais de 14 pontos concentram, no interior daquele país, os laboratórios de processamento da pasta-base da cocaína, que vai se transformar na droga mais consumida hoje no Primeiro Mundo. Mais de 80% da cocaína consumida nos Estados Unidos, por exemplo, sai diretamente da Colômbia.
O narcotráfico lava dinheiro em prédios como o que pertenceu a Escobar
De acordo com estimativas da DEA (Agência Americana de Repressão às Drogas), só o Cartel de Cali exporta anualmente 700 toneladas de cocaina, cinco toneladas de heroína e cinco mil de maconha. As Nações Unidas estimam que o negócio ilegal da droga totalize entre 3% a 13% do PIB (Produto Interno Bruto) da Colômbia. Isso representa algo em torno de 1,5 a 2 bilhões de dólares, por ano, segundo reportagem sobre a Economia das Drogas, publicada em setembro pela revista americana U.S./Latin Trade.
Os narcotraficantes lavam dinheiro na compra de imóveis e propriedades rurais. A estimativa é dc que 30% das fazendas colombianas estão nas mãos do narcotráfico.
A prisão onde ficou Pablo Escobar, em Medellin, foi totalmente depredada
Na zona rural da Colômbia, a guerrilha costuma taxar 20% da produção de folhas de cocaína, a título de proteção dos lavradores e processadores da droga, que atuam nos laboratórios dandestinos. Um missionário que atua na região do Rio Guaviare conta que há lavradores de cocaína que se convertem e abandonam o negócio, mas de nunca viu um grande narcotraficante aceitar o Evangelho. Os intermediários da droga costumam ganhar até 45 vezes mais o que pagam aos lavradores.
No rastro desse negócio altamente lucrativo, que envolve representantes dos poderes econômico e político, milhares de pessoas foram mortas, entre 1988 e 1993, durante a guerra do narcotráfico, em Medellin. Desde 1991, a Polícia Nacional da Colômbia já perdeu mais de 3 mil de seus 150 mil homens, vítimas de ações do narcotráfico. Jornalistas, autoridades e até juízes foram assassinados pelo movimento que ficou conhecido como narcoterrorismo.
Após a morte do chefe do Cartel de Medellin, Pablo Escobar - um ano e meio depois de escapar da prisão - a paz voltou a reinar em Medellin, cidade de 1,5 milhão de habitantes. Agora, a tranqüilidade só é quebrada por uma ou outra blirz da polícia e do Exército, à caça do quarto homem do Cartel dc Cali, Hemer Pacho Herrera, ainda em liberdade. Com dima de montanha e muito verde, a 1 mil 800 metros do nível do mar, Medellin é uma cidade bem aprazível para toda a sua fama de drogas e sangue.