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quinta-feira, 11 de abril de 1996

Que milagre o repórter tem?

Adolfo Cruz conta como fez uma entrevista exclusiva com Carmem Miranda

Adolfo Cruz

Divulgação
Pouco antes de morrer, Carmem Miranda resistiu, mas deu uma entrevista exclusiva a Adolfo

Em 50 anos de jornalismo, entrevistei artistas como Charlton Heston, Bob Hope, Tony Curtis, Kirk Douglas, Erro! Flyn, Maurice Chevalier, John Wayne, Natalie Wood e Gene Kelly. No entanto, jamais superei em repercussão a reportagem que fiz com Carmem Miranda, cantora da música popular brasileira e estrela de Hollywood. Tive oportunidade de entrevistá-la em sua bela casa em Bervely Hills, na Califórnia. Como repórter foi, sem dúvida, o momento mais significativo de minha carreira.

Chateada com uma reportagem publicada na extinta revista O Cruzeiro, Carmem Miranda não dava entrevistas há 14 anos à imprensa brasileira. Por isso, cheguei bastante receoso à casa de Carmem. Depois de ver toda aquela parafernália - um gravador daqueles enormes com transformador e tudo, bastante usado naqueles anos 50 - ela foi taxativa: "Pode desligar tudo; não dou mais entrevista para o Brasil." Deu o assunto por encerrado, enquanto eu desapareci na poltrona, murchei repentinamente. Num canto da sala, Carmem ficou pensativa, diante de um quadro.

Naqueles momentos de extremo desconforto, recorri a Deus. Com minha pequenina fé, aguardei. Carmem, então, veio em minha direção, bateu no meu ombro e disse: "Você volta feliz para o Brasil, se eu lhe der a entrevista?" "Claro", respondi imediatamente, já vibrando. Gravamos então quase meia hora de entrevista, com Carmem alegre e bem falante. Melhor resultado não poderia obter: a entrevista exclusiva foi um marco do programa Cinelándia Matinal, que apresentei por 26 anos na Rádio Nacional.

A entrevista em Beverly Hills foi também a última concedida por Carmem Miranda. Trinta dias após a morte da cantora, publiquei a entrevista na íntegra na revista Manchete. Na época, cedi até trechos da entrevista à Voz da América, serviço radiofônico norte-americano, em português. Também ofereci, várias vezes, partes da entrevista a diversas emissoras de rádio, sem cobrar um tostão. Até porque a entrevista foi um presente dos céus, de um valor que cada vez mais se fortalece histórica, emocional e espiritualmente. Foi a vitória de um profissional ainda jovem, em situação difícil.

Mas a bênção não parou por ali. Ainda hoje, 40 anos após a morte de Carmem Miranda, a entrevista exclusiva é lembrada com carinho. Agora mesmo recebi do Museu Carmem Miranda, no Rio, um bonito troféu. Nesse museu há uma réplica do escritório de Carmem Miranda, em Los Angeles e trechos da entrevista são exibidos aos visitantes.

Como não poderia deixar de ser, ainda sou grato a Deus por essa vitória. Não avaliamos como, ao longo de nossa existência, perdemos muitas oportunidades de exercitarmos nossa fé. Claro que, pelos anos a fora, minha fé tem se multiplicado, em diferentes momentos, quando fui respondido por Deus. A fé em Deus, em nosso salvador Jesus Cristo e no Espírito Santo, é muito importante. Conquistamos a paz, a despeito de nossas lutas e imperfeições e podemos sentir em sua plenitude o amor e a misericórdia infinita. Ainda estamos aprendendo a usar o poder da fé. Para o que crê tudo é possível. E sem fé, como diz Hebreus 11, versículo 6, é impossível agradar a Deus.


Adolfo Cruz é radialista, homem de televisão e membro da lgreja Presbiteriana Bethesda, no Rio.


Extraído Entrevista. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 6, p. 33, abr. 1996.

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