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sexta-feira, 1 de março de 1996

Muito além das nuvens

Professor de vôo livre enxerga a Terra do ângulo de Deus

Por Rogério Becil Nogueira

Fotos de arquivo pessoal

O cenário é maravilhoso do alto da montanha. Num belo dia de sol, temperatura agradável, vento NW (noroeste), intensidade moderada. Um, banho de cachoeira para refrescar, vou rumo à decolagem para a montagem de minha asa delta. Terminado, faço uma checagem de todos os itens de segurança e decolo para mais um vôo. Logo encontro uma térmica (corrente de ar ascendente) que me leva a 850m acima da montanha que tem 545m em relação ao pouso. A esta altura podia avistar cidades a mais de 80km. Após esta ascendente, parto para um planeio à procura de outra ascendente. Vôo mais 9km e encontro outra térmica que me leva a 1,6km em relação ao pouso, chegando a entubar (entrar na nuvem). Me guio pela bússola para não me perder. Saio dela maravilhado com o que meus olhos podem ver. Este ciclo repete-se algumas vezes. Depois de quase três horas, pouso tranqüilamente.

Este seria apenas mais um vôo de tantos outros feitos ao longo de quase 14 anos em que pratico vôo livre, esporte ao qual dediquei grande parte da minha vida, pois trabalho com instrução, vôos duplos, vendas de equipamentos e sou presidente da Associação Paulista de Vôo Livre. Mas tudo isso já não representava nada para mim, não preenchia o vazio que eu tinha em minha vida. Eu me perguntava: aonde eu vou chegar? E minha esposa e meus filhos, que vão ganhar com isso? Foi quando, após muitas crises e muito sofrimento, fui apresentado a um Deus vivo que me deu a cura e me salvou de todas as aflições.

Hoje, com um ano de conversão, tudo se fez novo. Tenho visto a mão de Deus trabalhando na minha vida e de toda minha familia. Minha esposa e filhos, irmão, irmã, cunhada e mãe estão em Cristo. Deus é a bússola da minha vida. É ele quem dirige cada passo, cada pensamento. Meus vôos ganharam nova vida. Agora, quando subo a montanha, já começo a me alegrar, pois estou indo para um momento meu a sós com Deus. A certeza de saber que, aonde quer que eu vá, a altura que eu estiver, Ele estará comigo.

Antes e durante cada vôo o estou consagrando a Deus, pedindo a cobertura do sangue de Jesus, sentindo seus anjos acampando ao meu redor, louvando seu santo nome, intercedendo por seus servos e pela sua Igreja em minha cidade, clamando por restauração, por edificação, para que caiam fortalezas e sofismas que impedem que vidas possam o adorar em espirito e em verdade. Em cada visão maravilhosa posso sentir sua presença ali, na criação da natureza, em ter-me dado habilidade e me capacitado para voar com asas como águia. Poucas pessoas já tiveram a oportunidade de voar. É bom saber que sou uma delas. Posso ser usado para ensinar outras pessoas, levá-las em vôos duplos e aproveitar as oportunidades de falar do Evangelho e de dar meu testemunho.

Um dia, a meu convite, levei meu pastor para fazer um vôo duplo. Ele gostou tanto que fez o curso e hoje também voa com paraglider, outra modalidade de vôo livre. Sendo assim, eu sou a ovelha que levou o pastor para o abismo. Tem sido muito bom, pois temos compartilhado com outros voadores, descoberto novos irmãos em Cristo e levado o Evangelho a todo tempo em todo lugar.


Rogério Becil Nogueira é presidente da Associação Paulista de Vôo Livre, instrutor de vôo livre e membro da Igreja Comunhão Cristã em Atibaia (SP).


Extraído Livre devoção. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 44 e 45, mar. 1996.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996

A fé sob as luzes do espetáculo

Cantora põe talento e espiritualidade lado a lado nos palcos

Por Telma Costa

Carlos Fernandes

Quando, aos 14 anos, clamei a Deus para que me fizesse ter minhas próprias experiências com Ele, que eu queria conhecê-lo não pelo que os livros ou os pastores diziam, mas pelo meu entendimento pessoal da verdade, não imaginei que a resposta viria tão imediata e diária. Desde então, eu não posso deixar de falar das coisas que tenho visto. O véu se rasgou diante de mim e pude olhar a vida com mais clareza e amor. Conseqüentemente, a barreira do preconceito, diariamente construída dentro da igreja, caiu. À medida que o amor ao próximo cresce, o preconceito diminui, e Cristo foi o exemplo vivo disto.

Que barato ver as coisas com a simplicidade que elas têm. A minha carreira tem servido para levar luz ao meio artístico, tão necessitado de uma palavra de amor, de conforto, de paz e esperança. No teatro, na televisão, num show ou numa aula de canto sempre se pode ser (verbo amplo e de ação). Alguns dos meus alunos brincam, dizendo que vão tirar férias do terapeuta e ficar só com minhas aulas de canto, que são uma terapia. Ouvi de um diretor da TV Globo, hoje um grande amigo: "Telma, você é a pessoa mais decente que já conheci." Deus seja louvado.

Em determinadas ocasiões tenho dado Bíblias de presente aos atores e cantores (ser missionária custa dinheiro) e tenho ouvido dessa turma coisas como "quero ter o seu Deus" ou "já tentei tudo na vida, só me resta falar com você". E lá se vão quatro horas de conversa numa mesa de restaurante. Nos meus shows pelo Brasil, no momento dos agradecimentos, faço referência aos apoiadores, pa-trocinadores, amigos e "ao meu Deus que me dá paz, aquela paz de verdade, porque só com ela a gente pode amar, se permitir ser amado, ter saúde e sucesso. A Ele toda a honra e toda a glória".

Uma coisa tenho aprendido: nada acontece por acaso. As vezes, os acontecimentos parecem peças isoladas, mas o futuro dirá sempre o porquê de cada um deles. Uma vez eu estava no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, assistindo a um quarteto alemão, que cantava num espaço mínimo à frente da cortina. Olhei para eles, olhei para o teto, a platéia, as paredes, e desejei muito, com todo o meu coração, estar ali naquele palco algum dia. Um ano depois, lá estava eu, com o palco inteiro só para mim, acompanhada de uma orquestra de mais de 70 instrumentos. No ensaio, entrei naquele espaço vazio, platéia vazia, e orei agradecendo a Deus por ter atendido ao meu secreto desejo.

Ainda criança, um professor deu um conselho em classe, que me acompanharia para sempre: "Quando escolher sua profissão, não pense se ela já está saturada no mercado, se é difícil. Escolha aquela onde está o seu coração. Se fizer isso, será bom no que faz e terá trabalho." Busco me aperfeiçoar a cada dia, mas de uma coisa estou certa: é cantando e representando que está o meu amor, meu prazer. E a certeza de que eu não poderia estar em melhor lugar do que aquele em que aproveito a doação dos talentos de Deus.


Telma Costa é atriz, cantora e membro da Igreja Batista de Itacuruçá (Ri).

quarta-feira, 3 de janeiro de 1996

A arte da comunhão

Artista plástico descobre em sua obra um instrumento do Espirito Santo

Por Vilmar Madruga

Vai longe o tempo em que a imagem do artista estava ligada à daquele sujeito esquisicão, de hábitos e temperamentos singulares a diferenciá-lo dos humildes mortais. Não menos distante está a ideia romântica do pintor de rua, boina de lado, tendo no fundó a Torre Eiffel ou a Catedral de Notre Dame. A velocidade dos meios de comunicação, a interatividade via Internet e a própria perplexidade do homem diante do momento histórico em que vive vieram alterar o conceito do que seja produzir arte em nossos dias, assim como a postura de quem a produz e consome.

Está mais dificil entender ou levar arte para casa hoje. Ela não quer mais ser um produto para combinar com o sofá, ou com o tom da madeira dos móveis da sala. Estas questões passaram a me interessar desde que, depois de uma noite inteira de embate com uma grande tela, experimentei um enorme vazio após sua conclusão. Senti que qualquer pessoa com uma habilidade média e um certo domínio técnico poderia realizar tão bem ou melhor a obra que acabara de produzir. Faltava um sopro para que ela fosse algo realmente importante, senão para mudar alguém, pelo menos para mudar a mim mesmo.

Ao contrário da maioria das outras vezes, saí do estúdio experimentando um grande desconforto. Só mais tarde entendi que Deus havia preparado aquela noite para me falar profundamente. Desde então, não há nada no meu trabalho que não passe antes pela vontade do Pai. A arte adquiriu um novo significado para mim.

Por quatro anos coordenei as oficinas de arte do Instituto Penal Vieira Ferreira Netto, em Niterói onde, através da arte, pude ver o Espírito Santo ganhar espaço naquelas vidas amarguradas e aparentemente sem saída. Foram reunidos mais de 100 trabalhos produzidos pelos detentos na mostra A Cor do Cárcere, no Museu Histórico do Rio de Janeiro.

Meu trabalho também cresceria na direção de um simbolismo cristão. É daquela época uma caixa de vidro preta forrada de espelhos, com areia no fundo, onde repousam cinco pães de cerâmica. Doei a peça para a Vinde e fiquei feliz com a interatividade que o reverendo Caio Fábio propunha àqueles que a encontrassem em seu gabinete, quando perguntavam o que significavam aqueles cinco pãezinhos dentro de uma caixa de espelhos. O pastor pedia que o interlocutor se pusesse de joelhos para ver a obra. Sob o efeito dos espelhos, os pães pareciam se multiplicar infinitamente sobre um deserto. O reverendo Caio, então, realçava o conceito da obra: "Para ver milagres é preciso estar de joelhos".

Num outro trabalho desta época, uma mancha de sangue escorre sobre duas telas totarnente brancas, onde se pode ler, apenas no relevo da tinta, a passagem de Isaías 61. Foi maravilhoso tornar explícita, na minha pintura, a revolução conceitual que Deus começava a fazer na minha vida. Finalmente, o vazio é preenchido pelo Espírito do Senhor Deus, pregando boas novas, proclamando aos cativos a verdadeira liberdade. Aquela que homem nenhum pode dar ou tirar.

Atualmente estou trabalhando a questão do sacrifício. Numa de minhas telas, uma grande área é coberta de barro vermelho, numa alusão à criação e ao sangue derramado na cruz. No canto esquerdo, uma tela totalmente branca ostenta uma coroa impregnada da ferrugem deixada por um punhado de pregos. Meu trabalho tem crescido dentro do tempo e da estratégia que Deus tem para a minha vida. Depois de desejar, durante muito tempo, um atelier onde eu pudesse negociar minha produção, livre da ganância e do autoritarismo do mercado artístico, vejo-me há três anos em minha própria galeria de arte, em Búzios, na badalada Rua das Pedras. Ali, de minha porta, posso ler escrito na fachada da simpática igrejinha da Assembléia de Deus logo em frente: "Eu sou a Porta".


Vilmar Madruga é artista plástico e diretor da Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...