Curado de esclerose múltipla, Marcone de Sousa se tornou maratonista

Há quem pense que esclerose só atinge pessoas de idade avançada. Trata-se, na verdade, de um distúrbio neurológico, que se caracteriza pela destruição do revestimento em volta dos nervos no sistema nervoso central, em associação a uma resposta inflamatória. Na esclerose múltipla várias partes do corpo são afetadas. Tida como doença hereditária, a enfermidade não tem cura, segundo os médicos. Mas quando a medicina esgota todos os seus recursos, só há uma pessoa que pode dar solução. Jesus é um médico que não tem consultório, mas atende a qualquer hora, em qualquer lugar.
Marcone Conrado de Sousa é uma testemunha viva de que nada é impossível para Deus, nem mesmo esclerose múltipla. No dia 4 de novembro de 1985, ele acordou com formigamento nos braços e nas pernas e foi à Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo, em Coronel Fabriciano (MG), onde mora. Permaneceu uma semana internado e os médicos não conseguiram diagnosticar o seu problema. Transferido para o Hospital Felício Roxo, em Belo Horizonte, Marcone foi examinado por uma junta médica chefiada pelo neurologista Itamar Megda Cesarini.
Depois de 18 dias em observação, a equipe diagnosticou a esclerose múltipla. Sem solução, Marcone recebeu alta e voltou para Coronel Fabriciano, onde começaria uma corrida, "a maior maratona de toda a minha vida", como diz. A enfermidade tirou-lhe a coordenação motora e a visão esquerda, além de causar uma série de distúrbios mentais e jogá-lo numa cadeira de rodas. Convertido desde os 12 anos e membro da Igreja Evangélica Betânia, em Coronel Fabriciano, Marcone não conseguia compreender o plano de Deus. "Eu não entendia como um cristão podia ter uma doença daquelas. Comecei a me desesperar, até que alguém me mandou parar de perguntar o porquê e passar a perguntar para que", conta.
No final de novembro de 1985, quando voltou para casa, Marcone convenceu-se de que até o Natal voltaria a andar. No dia 24 de dezembro ele começou a dar os primeiros passos dentro de casa. Mesmo caindo e se machucando, não desanimou e logo passou a dar voltas ao redor da casa, depois no quarteirão e assim por diante. Procurou o doutor Itamar para saber se poderia fazer algum tipo de atividade física. Nem mesmo a resposta negativa do médico fez sua fé desfalecer. Não demorou muito e Marcone estava correndo de 20 a 30 quilômetros em dias alternados. As outras funções do seu corpo também começaram a se restabelecer. Não houve um culto específico, uma oração com imposição de mãos, apenas o exercício da fé. Sua confiança em Deus levou-o a lutar, a correr, a vencer. Marcone conta que se firmou na passagem bíblica da carta de Paulo aos efésios, capítulo 3, versículos 20 e 21: "Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém."
Hoje, aos 35 anos, ele é motorista particular, instrutor de auto-escola e atleta. Desde 1988, para surpresa dos médicos, Marcone está correndo e participou da corrida de São Silvestre de 1994. Mesmo sem vencer a prova, Marcone se tornou um herói da fé.