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quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996

No pódio da fé

Curado de esclerose múltipla, Marcone de Sousa se tornou maratonista

Carlos Fernandes
Recuperado, Marcone (E) participou da São Silvestre, em São Paulo

Há quem pense que esclerose só atinge pessoas de idade avançada. Trata-se, na verdade, de um distúrbio neurológico, que se caracteriza pela destruição do revestimento em volta dos nervos no sistema nervoso central, em associação a uma resposta inflamatória. Na esclerose múltipla várias partes do corpo são afetadas. Tida como doença hereditária, a enfermidade não tem cura, segundo os médicos. Mas quando a medicina esgota todos os seus recursos, só há uma pessoa que pode dar solução. Jesus é um médico que não tem consultório, mas atende a qualquer hora, em qualquer lugar.

Marcone Conrado de Sousa é uma testemunha viva de que nada é impossível para Deus, nem mesmo esclerose múltipla. No dia 4 de novembro de 1985, ele acordou com formigamento nos braços e nas pernas e foi à Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo, em Coronel Fabriciano (MG), onde mora. Permaneceu uma semana internado e os médicos não conseguiram diagnosticar o seu problema. Transferido para o Hospital Felício Roxo, em Belo Horizonte, Marcone foi examinado por uma junta médica chefiada pelo neurologista Itamar Megda Cesarini.

Depois de 18 dias em observação, a equipe diagnosticou a esclerose múltipla. Sem solução, Marcone recebeu alta e voltou para Coronel Fabriciano, onde começaria uma corrida, "a maior maratona de toda a minha vida", como diz. A enfermidade tirou-lhe a coordenação motora e a visão esquerda, além de causar uma série de distúrbios mentais e jogá-lo numa cadeira de rodas. Convertido desde os 12 anos e membro da Igreja Evangélica Betânia, em Coronel Fabriciano, Marcone não conseguia compreender o plano de Deus. "Eu não entendia como um cristão podia ter uma doença daquelas. Comecei a me desesperar, até que alguém me mandou parar de perguntar o porquê e passar a perguntar para que", conta.

No final de novembro de 1985, quando voltou para casa, Marcone convenceu-se de que até o Natal voltaria a andar. No dia 24 de dezembro ele começou a dar os primeiros passos dentro de casa. Mesmo caindo e se machucando, não desanimou e logo passou a dar voltas ao redor da casa, depois no quarteirão e assim por diante. Procurou o doutor Itamar para saber se poderia fazer algum tipo de atividade física. Nem mesmo a resposta negativa do médico fez sua fé desfalecer. Não demorou muito e Marcone estava correndo de 20 a 30 quilômetros em dias alternados. As outras funções do seu corpo também começaram a se restabelecer. Não houve um culto específico, uma oração com imposição de mãos, apenas o exercício da fé. Sua confiança em Deus levou-o a lutar, a correr, a vencer. Marcone conta que se firmou na passagem bíblica da carta de Paulo aos efésios, capítulo 3, versículos 20 e 21: "Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém."

Hoje, aos 35 anos, ele é motorista particular, instrutor de auto-escola e atleta. Desde 1988, para surpresa dos médicos, Marcone está correndo e participou da corrida de São Silvestre de 1994. Mesmo sem vencer a prova, Marcone se tornou um herói da fé.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 1996

E o sucesso, o que é?

Por Alex Dias Ribeiro

James Hunt: depois do sucesso,
a decadência, o alcoolismo e a depressão

A bandeira quadriculada, agitada pelo diretor da prova, decretava o fim da classificação para o GP da Inglaterra de Fórmula 1 de 1977. Completei a volta de desaceleração e parei no box, o coração a mais de 150 batidas por minuto e a cabeça a mais de mil, de tanta raiva. Meu March 771 era tão ruim que fui dois segundos mais lento que a McLaren de James Hunt, o pole-position. Dentro da distância dos dois segundos que me separavam de Hunt, estavam outros 25 pilotos e fui eliminado da corrida. O sucesso se mede em milímetros ou em milésimos de segundo, mas a diferença que ele faz na vida de quem o alcança ou deixa de alcançá-lo é enorme em termos de resultado esportivo, econômico, promocional e de realização pessoal e profissional.

Olhando para a vida dos atletas, artistas e políticos de sucesso, pode-se defini-los como vencedores, donos de muita grana, aqueles que têm a cara na TV, uma ou mais mulheres bonitas, dirigem carro último tipo, dão autógrafos, são estrelas. Se você observar a falta de um sorriso sincero no rosto dos que alcançaram todo o sucesso e a glória do mundo, vai perceber que eles não conseguiram a tal da felicidade que esperavam. Muito pelo contrário, o sucesso custou-lhes a perda da privacidade, aflição de espírito, medo e desconfiança de tudo e todos.

A PERSPECTIVA DIVINA - Pedro pregou um sermão poderoso no Dia de Pentecostes e ganhou 3 mil para o time de Cristo. Estêvão pregou um sermão muito parecido e morreu soterrado pelas 3 mil pedradas que ganhou. Qual dos dois teve sucesso? Sucesso para Deus é cumprirmos a vocação histórica que Ele nos deu. É executarmos uma missão intransferível no Seu reino. Tem mais a ver com fidelidade do que com performance.

O sucesso do mundo glorifica o homem que o alcança. O divino glorifica e engrandece somente a Deus. Todo o sucesso que não glorifica a Deus é de origem humana, mundana ou diabólica, aconteça ele num campo de futebol ou dentro de uma igreja. Na busca do sucesso que o mundo oferece, todos querem chegar ao topo da carreira. Para alcançá-lo, muitos não hesitam em pisar na cabeça dos concorrentes ou passá-los para trás. Mas o caminho do sucesso divino é uma escada que desce. Jesus trocou o trono pela cruz, o cetro pela toalha e ensinou como chegar ao sucesso através do serviço, e não do poder. "Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos" (Marcos 9.33). "Humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte" (1 Pedro 5.6). "Todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lucas 14.11).

A pequena diferença de dois segundos que me separava de James Hunt em 1977 ficou muito grande quando ele se tornou campeão do mundial e ou tudo o que o mundo podia lhe oferecer. Hoje a diferença é maior ainda. Depois do sucesso, vieram a decadência, a frustração, a depressão, o alcoolismo e as drogas. O coração de Hunt não agüentou o tranco e parou de bater aos quarenta e poucos anos. Sucesso é mais a recompensa do fiel do que a conquista do esforçado. De que adianta subir ao pódio sem ter a certeza de que Deus conduziu o processo de alcançá-lo?


Alex Dias Ribeiro é diretor executivo nacional dos Atletas de Cristo.

sexta-feira, 1 de dezembro de 1995

Deus é juiz, mas será que apita o jogo?

Atletas de Cristo enfrentam o dilema de orar ou não pela vitória em campo

Por Carlos Fernandes

Após a final da Copa, nos Estados Unidos os jogadores da Seleção Brasileira se reuniram
no meio do campo, num só espírito, e agradeceram a Deus a vitória contra a Itália

Quando o juiz apita e a bola começa a rolar, são 11 contra 11, certo? Nem sempre. No futebol, assim como em tantas outras atividades, cada um leva consigo a sua fé, a sua superstição, a sua esperança. Ninguém quer entrar em campo sozinho. Cada um procura urna fininha extra. Já se disse até que se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria sempre empatado. Exageros à parte, a verdade é que, quando o assunto é futebol, cada um se garante como pode. Tem jogador que se benze, outros beijam medalhinha, alguns acendem velas e até mesmo aqueles mais céticos de vez em quando se pegam com alguma coisa, digamos, sobrenatural. Todos os caminhos levam ao gol; é o vale-tudo pela vitória.

Mas quando o jogador é servo do Senhor, como é que fica? É lícito orar a Deus, pedindo a vitória para seu time ou Ele não se envolve em jogo? A bola é igual para todos ou procura mais os pés de quem busca ao Senhor? Na campanha do tetra, os Atletas de Cristo que integravam a seleção brasileira usaram e abusaram da oração na decisão contra a Itália. Quem não se lembra do Jorginho clamando a Deus no grande círculo durante a disputa de pênaltis? Ou do gesto histórico de Taffarel apontando para o alto depois que Roberto Baggio, budista, deu o título ao Brasil, chutando sua cobrança para fora?

A verdade é que os crentes, quando entram em campo, não dispensam a oração. Sérgio Manoel, ponta-esquerda do Botafogo, convertido há dois anos, diz que a concentração não é completa se Deus não estiver atuando, e que até mesmo no intervalo dos jogos já ouviu sua voz. Quanto a orar pedindo a vitória, ele assegura que só ora para que "seja feita a vontade de Deus". O lateral Cássio, do Fluminense, diz que, se uma vitória vier a glorificar o nome de Jesus, ele a concede. Apesar de seu time não ter sido considerado um dos favoritos ao título do atual campeonato brasileiro, venceu o primeiro turno e já está nas semifinais. Cássio confessa: "No fundo do coração, pedi a Deus que a classificação viesse para nós". E lá vai o Flu disputar o título.

Fábio, Cássio, Sérgio Manuel, pastor Zick e Tinho
participam da reunião dos Atletas de Cristo

Embora os jogadores cristãos sejam um pouco reticentes em admitir que oram a Deus para ganhar jogos, alguns acham que têm o direito de clamar pela vitória. Ivan, ex-zagueiro do Vasco, que também atuou pelo Santa Cruz e pelo Náutico de Recife, já orou dessa maneira. E relata o caso de uma semifinal entre Vasco e Botafogo, que naquela época contava com Baltazar, servo do Senhor como ele: "A imprensa divulgou o jogo como o confronto entre o artilheiro e o zagueiro de Deus", lembra: E nessa situação, quem foi abençoado com a vitória? "Não sei o motivo, mas dessa vez Deus atendeu a minha oração e o Vasco venceu por 2 a 1". Opinião diferente tem Amauri Knevitz, que durante 15 anos atuou como zagueiro do Inter-RS, Atlético-PR, Vitória-BA e outros clubes. Para ele, o atleta cristão não tem o direito de pedir a vitória. Por isso nunca orou assim. Ele acredita na dedicação do atleta, na sua preparação adequada, e somente depois de atendidas essas necessidades é licito rogar a Deus, mas "para que Ele aja segundo o seu propósito". Knevitz dá uma meia trava no atleta que apela para a oração: "Deus é amor, e pode abençoar determinadas situações, mas nem sempre o que pedimos é da sua vontade".

Pedir que a vontade de Deus seja feita parece ser a oração que todo jogador crente faz antes de pisar o gramado. Mas, por trás desse jargão evangélico, se esconde o desejo de cada coração: a vitória de seu time.

E há quem ore, pedindo que Deus afaste a bola de si: o goleiro. Afinal, não é fácil ocupar a ingrata posição que o folclore do futebol consagrou como aquela onde nem grama nasce. É preciso orar com um olho fechado e o outro aberto. E rogar para que na sua rede não caiam peixes. Trata-se da verdadeira antítese de Pedro. O goleiro Fábio Mala, do América do Rio, não sabe até que ponto é cerro ou errado pedir a vitória em oração, e prefere orar para que, independente do resultado, não saia de campo frustrado. No caso de confronto com um irmão em Cristo, Fábio acredita que nesse caso Deus abençoa os dois, mas dá a vitória àquele que der mais glória e honra ao Seu nome. Contudo, reconhece que já saiu de campo frustrado com Deus, após um jogo perdido devido a uma falha sua. "Mais tarde, o Senhor me fez entender que precisava mexer comigo para mostrar certas coisas, pois eu estava muito sapato alto, precisava cair um pouquinho". Essa é uma prova de que, Fábio (Américo do Rio) oro só para não ficar Frustrado além de mulas, Deus também pode usar frangos para falar aos seus servos.

Fábio (América do Rio) ora só para
não ficar frustado

Vinícius, do Bangu, goleiro convertido há quatro anos, ora para que seja bem-sucedido e não haja contusões, além de que - adivinhe - seja feita a vontade de Deus, é claro! Para ele, Jesus, além de mestre, também pode ser técnico: em uma excursão ao México, foi colocado no banco e não vacilou - rogou que Deus fizesse justiça e ele entrasse em campo. Não deu outra: entrou no segundo tempo, seu time ainda virou o jogo e saiu com a vitória!

Para Alex Dias Ribeiro, diretor executivo do grupo Atletas de Cristo, Deus é capaz de intervir no resultado de uma partida para influir na história de seus filhos, mas ressalta que os critérios pertencem a Ele. "'Deus não é tolo de entrar em um resultado por uma questão fútil". comenta. F. acrescenta, bem-humorado: "O atleta cristão não deve orar para vencer, pois se Deus é por nós, quem será contra nós? Seria até covardia!"

Afinal, a oração ganha jogo ou não? Não sabemos se Deus de vez em quando calça chuteiras e dá uma força aos seus filhos dentro das quatro linhas. Mas em uma coisa todos eles concordam: é muito melhor entrar em campo com Ele.



O placar indigesto da violência nos estádios

As brigas entre torcidas de futebol têm sido cada vez mais freqüentes no país e tomaram-se alvos da oração dos Atletas de Cristo

Por Alex Dias Ribeiro

Paus, garrafas e bombas rolavam na arquibancada com mais intensidade que a bola no gramado, em outubro de 1994. O número de vítimas fatais aumentava a cada fim de semana. Alguma coisa precisava ser feita.

Crendo que o cristão só pode exercer sua função de sal da Terra e luz do mundo fora das quatro paredes de sua igreja, os Atletas de Cristo resolveram arregaçar as mangas e pôr em campo uma campanha pela paz nos estádios. Entendíamos que ninguém melhor que os seguidores do Príncipe da Paz estava credenciado a falar de paz. Começamos então a trabalhar.

"Adversários, sim. Inimigos, nunca" era nosso slogan. Criamos faixas, cartazes, folhetos, filme para a TV, spots de rádio, faixas para os jogadores carregarem ao entrar em campo. Organizamos debates sobre a violência, participação em programas de televisão, manifestações públicas em que os atletas pregariam a paz às suas torcidas organizadas e até o jogo pela paz.

Este era o roteiro do comercial que seria veiculado na TV:

  • Sete mortos nos últimos meses (Gilmar, do São Paulo).
  • Este é o placar da violência (Marcelinho, do Corinthians).
  • Vamos virar este jogo (Cleber, do Palmeiras).
  • Diga "não" à violência, a próxima vítima pode ser você.

Mas não conseguimos o patrocínio para colocar a campanha no ar. O homem de marketing da empresa, que tinha o cacife para bancá-la, chegou a sugerir que alguns dos atletas eram encrenqueiros demais, para falar de paz. Nossa campanha acabou no fundo do baú das muitas boas idéias que não conseguimos viabilizar por falta de dinheiro.

Um ano depois, fizemos uma vaquinha para produzir e publicar, pelo menos, o cartaz como encane no jornal dos Atletas de Cristo. Mas não pudemos aproveitar o fotolito do ano anterior. Tivemos que alterar o texto. O número de mortos tinha subido de sete para 17. Dezessete a zero para a violência é o que eu chamo de placar indigesto.


Alex Dias Ribeiro é diretor executivo nacional dos Atletas de Cristo.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...