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quarta-feira, 3 de janeiro de 1996

A reação da fé

Evangélicos participam da passeata que parou o Rio

Fotos: Frederico Mendes

A passeata foi uma festa da cidadania e reuniu evangélicos, personalidades e representantes da sociedade civil

Foi um milagre. Pela primeira vez na história da Igreja Evangélica brasileira, cidadãos batistas, presbiterianos, da Assembléia de Deus e dezenas de outras denominações se engajaram num movimento cívico de massa em que o objetivo não era o evangelismo. Pelo menos 3 mil evangélicos participaram da caminhada Reage Rio, no dia 28 de novembro do ano passado, junto com uma multidão de cariocas que foram para a avenida Rio Branco pedir paz para o Rio de Janeiro. Organizados em alas, como as demais entidades presentes (de estudantes, aposentados, negros e mulheres, entre outras), os evangélicos se destacaram pela criatividade e pela euforia dos gritos de guerra, como "o nosso general é Cristo".

Moradores do complexo de Acari formavam o bloco de apoio à Fábrica de Esperança portando faixas com sugestivos dizeres: "O sonho de Deus não pode virar pó"; "Nós confiamos na Fábrica de Esperança", avisos claros de que não aceitam as acusações do governador do estado, Marcello Alencar, de que a Fábrica é posto de estoque de drogas. Logo atrás, estudantes e funcionários do Seminário de Teologia Batista do Sul, alunos do Colégio Batista e membros da Igreja Batista Itacuruçá, na Tijuca, traziam bandeiras, faixas e camisetas com o slogan "Se chover amor, o Rio vai transbordar de paz". Choveu foi água. Das 14h45 às 16h50, a cidade ficou debaixo de um dilúvio pra Noé nenhum botar defeito.

O pastor e professor Silvino Neto, diretor do curso de Educação do Seminário, que organizou a participação da instituição na passeata, acredita que "está na hora de os evangélicos começarem a exercitar cidadania". A seminarista Denaise Mello acrescenta: "Nós não fazemos parte do mundo, mas estamos nele. As pessoas precisam da gente".

A paz em Cristo, proclamada pelo bloco dos cristãos, quase foi abalada, por volta das 19h, quando um bando de funkeiros se infiltrou no grupo e, com ameaças e brigas, por pouco não promove uma dispersão dos evangélicos. Alguns, assustados, deixaram a avenida. A maioria não arredou pé e ainda revidou, gritando frases de apoio à Fábrica de Esperança.

SEM PARANÓIA - Membros e pastores da Igreja Evangélica Maranata levaram a faixa "Permanecem a fé, a Fábrica de Esperança e o amor". O pastor Sílvio Passos, da Maranata de Duque de Caxias — tradicional cenário da violência do Grande Rio — é convicto defensor da participação evangélica em atos públicos. "É nossa obrigação buscar a paz para a nossa cidade, pois nós também estamos insatisfeitos. As balas perdidas também atingem as cabeças dos nossos filhos", diz. Ele acha que o cristão não pode viver em paranóia: "Somos cidadãos do céu, mas também brasileiros. Ir para a rua é demonstrar que estamos interessados em requerer das autoridades que façam jus aos votos que demos a elas".

Pequeno, mas muito animado, um grupo de jovens da Igreja Universal do Reino de Deus se uniu aos irmãos da Maranata. Eles vieram de Duque de Caxias e se identificavam pela camiseta com os dizeres "Uma nova geração sem drogas". Se inspirados pelo fato de um dos organizadores do evento ser o pastor presbiteriano Caio Fábio D'Araújo Filho, se movidos simplesmente pela ira santa contra a violência do Rio de Janeiro, o fato é que os evangélicos cariocas botaram o bloco na rua para dizer, alto e em bom som, a que vieram, reagiram e ultrapassaram os portões dos templos.

Revista Vinde - Edição 3

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