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terça-feira, 26 de março de 1996

A 'casa da moeda' da Bíblia

Nova gráfica da Sociedade Bíblica Brasileira já é a segunda do mundo,na publicação das Escrituras

POr Carlos Fernandes, de São Paulo (SP)

A gráfica é o maior empreendimento do gênero na América Latina, com capacidade para produzir 200 mil Bíblias completas por mês

Acasa da moeda de Deus. Assim pode er chamada á Gráfica da Bíblia, o maior empreendimento industrial voltado à produção das Escrituras Sagradas na América Latina, que pertence à Sociedade Bíblica do Brasil - SBB entidade responsável pela tradução, produção e distribuição de 75% das Bíblias utilizadas no Brasil. Se, para os evangélicos, a Bíblia representa seu mais precioso bem, a comparação faz sentido: afinal, é através das Escrituras que cristãos dos mais diversos grupos e confissões encontram sua maior identidade e têm o seu mais alto grau de valor.

Instalada em um centro empresarial no município de Barueri, a 22km de São Paulo, a Gráfica da Bíblia ocupa uma área de 10,5 mil m2, e está funcionando há apenas seis meses. Mas a sua produção já é tão grandiosa quanto suas instalações (ver quadro). A inauguração da gráfica representou a concretização de um antigo sonho da SBB, que era dispor de meios próprios para suprir a crescente demanda de Bíblias no país. "Nós tínhamos necessidade de uma gráfica própria", conta o reverendo presbiteriano Luiz Giraldi, de 62 anos, secretário-geral da SBB, "pois a distribuição cresceu muito e as gráficas nacionais não comportavam o volume de trabalho." Segundo Giraldi, nos últimos três anos a distribuição de Bíblias pela SBB duplicou, tornando viável o projeto.

A partir de 1993, foram lançadas campanhas de arrecadação de fundos em todo o país, além de contribuições e empréstimos que vieram do exterior, possibilitando a construção da gráfica. "O nosso principal objetivo aqui não é ter lucro, mas reduzir os custos para que o preço de cada Bíblia seja o mais baixo possível, acessível a todos", garante Giraldi. Além da comercialização, a SBB também promove a distribuição gratuita de Bíblias e porções das Escrituras em escolas, presídios, hospitais e comunidades carentes. "A distribuição da Bíblia é uma das coisas mais importantes que se faz neste país, pois a Palavra de Deus pode transformar a vida das pessoas e, como cristão, me sinto muito emocionado por participar deste projeto", conclui Giraldi.

VÔOS ALTOS - A tecnologia utilizada na Gráfica da SBB é das mais modernas destinadas a esse segmento em todo o mundo. "Estamos em primeiro lugar em termos de equipamento e estrutura para produção de Bíblias encadernadas", diz o engenheiro mecânico Celio Emerique, de 52 anos, que ocupa a gerência-geral do empreendimento. A SBB pertence ao grupo das Sociedades Bíblicas Unidas, que congrega 115 dessas entidades em todo o mundo. Dentre todas, a brasileira está em segundo lugar em produção e distribuição, atrás apenas da americana, de acordo com Emerique.

Atualmente, a Gráfica da Bíblia ainda não faz impressão, serviço que, por enquanto, ainda é terceirizado. Os principais investimentos têm sido dirigidos à parte de encadernação. "É no processo de encadernação que existe a maior carência de prestação de serviços no mercado", argumenta Emerique. "Por isso, temos dado mais ênfase a esta parte da produção." Dentro de dois anos, depois de completar sua capacidade de encadernação, a Gráfica pretende investir na impressão, alcançando autonomia em todas as etapas da produção. "Até porque", continua Emerique, "esta é outra área carente, pois no Brasil não existe ninguém especializado na impressão em papel-bíblia."

Giraldi: "Este projeto me emociona"

Mas na Gráfica da Bíblia não existe só tecnologia. Além do galpão fabril e das instalações administrativas, o moderno prédio tem sala de reuniões, refeitório, cozinha, berçário e ambulatório. A construção é moderna e arejada, possibilitando a entrada de luz natural e a visão de um jardim interno. Toda essa estrutura visa possibilitar uma produção cada vez maior das Escrituras. Quando todo o projeto estiver concluído, a Gráfica da Bíblia terá condições de distribuir 4 milhões de exemplares da Bíblia completa por ano, quantidade suficiente para suprir o mercado interno e atender também outros países da América Latina e nações africanas de língua portuguesa. Um projeto ambicioso, que pode fazer do Brasil o grande disseminador da Palavra de Deus no próximo século. "Queremos dar vôos cada vez mais altos", garante o reverendo Luiz Giraldi.

Os números da SBB

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Em 95, a SBB distribuiu 1,8 milhão de Bíblias
  • 1º lugar na produção de Escrituras no Brasil e na América Latina
  • 2º maior publicadora das Escrituras do mundo
  • 21 milhões de Bíblias completas distribuídas desde a fundação, em 1948
  • 1,8 milhão de Bíblias completas distribuídas em 1995
  • 200 mil Bíblias completas produzidas por mês
  • 157 milhões de porções e seleções das Escrituras distribuídas em 1994
  • 10,5 mil metros quadrados tem o terreno da Gráfica da Bíblia
  • 11 milhões de dólares é o custo total do projeto

Os operários da Palavra

Quando alguém abre sua Bíblia, nem imagina por quantas etapas de fabricação passou aquele livro antes de estar disponível para leituras, estudos e meditações. Para ficar pronta, com sua tradicional capa preta e páginas finas - ou outro dos inúmeros formatos e apresentações atuais, cada exemplar da Palavra de Deus passa pelas mãos de várias pessoas, que usam seus conhecimentos e esforço físico em muitas horas de trabalho operando equipamentos nas diversas fases de produção industrial. Eles são simples trabalhadores, peças de uma estrutura que objetiva a produtividade, mas o fruto de seu trabalho produz vida e transformação na existência de milhões de pessoas em todo o Brasil. São funcionários anônimos, cujos nomes não vão impressos na obra. Mas a tarefa é nobre.

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Neto: "É um privilégio fabricar Bíblias"

O paranaense José Rosa Neto, 38 anos, é operador da máquina de corte de capas na Gráfica da Bíblia. Convertido ao Evangelho há 9 anos, ele é evangelista da Igreja Mensagem do Amor de Deus, em São Paulo, e considera muito gratificante ser um dos cooperadores da obra de Deus. "Para mim, é um privilégio fazer parte de um grupo que fabrica Bíblias", conta José, "pois quem conhece seu conteúdo sabe da importância da Palavra de Deus." Ele acha que, com seu trabalho, contribui para que muitas vidas sejam transformadas. Na sua opinião, a salvação depende de Deus, mas cada crente deve fazer sua parte falando de Jesus, pois a fé depende de se ouvir a Palavra.

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Maria das Neves não é evangélica, mas gosta do que faz

José garante que procura evangelizar seus colegas de trabalho, pois, entre eles, há pessoas que não são evangélicas, como a baiana Maria das Neves Barbosa de Souza, que trabalha no setor de costura. Ela se sente contente por trabalhar ali. "Eu gosto bastante, acho bom porque trabalhar com a Palavra de Deus deixa a gente muito mais tranqüila." Ela diz que costuma ler a Bíblia, principalmente na hora do almoço. Maria das Neves é casada, tem 27 anos, mora em Itapevi e, embora não seja crente, dá uma definição bem evangélica para o trabalho que executa, costurando zíperes nas capas das Bíblias: "É muito importante trabalhar na Gráfica da Bíblia pelo fato de levar a Palavra para muitas pessoas que não a conhecem e mesmo aos que já conhecem."

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Trabalhar com a Bíblia trouxe Marcos de volta à fé cristã

RECONCILIAÇÃO - Mas há aqueles qui já foram tocados através do trabalho que executam. O almoxarife Marcos Rodrigues de Moraes se reconciliou com Cristo depois de se tornar funcionário da Gráfica da Bíblia. Filho de mãe evangélica, Marcos, paulista de 21 anos, havia se desviado da fé. "Depois disso", conta, "eu não achava solução para meus problemas, nada do que fazia dava certo." Ele tem certeza de que trabalhar em contato direto com a Palavra de Deus influenciou bastante sua decisão de voltar a ser crente. "Foi muito edificante para minha vida, pois passei a ter mais tempo de manusear a Bíblia, lê-la e receber sua mensagem", relata Marcos. Ele freqüenta a Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, e é prova viva de que, além de alcançar milhões de pessoas com sua produção, a Gráfica da Bíblia já deu frutos internos.


Extraído Brasil. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 26-28, mar. 1996.

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