Os fiéis da Universal tomaram a Cinelândia com faixas e cartazes
Abriga entre a Igreja Universal do Reino de Deus e a Rede Globo de Televisão teve mais um episódio no dia 6 de janeiro,
quando os representantes da IURD organizaram uma manifestação em defesa do bispo Edir Macedo, que está sob investigação policial.
Convocados a participar do 1° Encontro da Paz, milhares de fiéis da IURD se concentraram nas principais capitais do país.
Na Cinelândia, centro do Rio, a manifestação reuniu pastores de várias denominações, embora nenhum líder nacional tenha comparecido.
Alguns dos mais exaltados incitavam o povo a pronunciar palavras de ordem contra a Rede Globo.
Num momento de tensão, o bispo Romualdo pediu que os fiéis, munidos de pedrinhas de isopor, se dirigissem à câmera da Globo e imaginassem que estavam "derrubando Golias".
A manifestação terminou às 18h com uma oração na qual se pediu "misericórdia para os inimigos".
Em São Paulo, a manifestação a favor do bispo Macedo reuniu 80 mil pessoas no Vale do Anhangabaú, segundo a Polícia Civil.
O coordenador do evento, Mário Luiz de Souza, acredita ter contado com o apoio de todos os evangélicos do país:
"Quem não se pronunciou a nosso favor também não acusou, ficou calado." Ficar calado, aliás, parecia ser a palavra de ordem.
Quatro fiéis da Igreja Universal disseram que "não podiam falar nada".
O padre Marco Antônio Janom, da Igreja Católica de Vila Formosa, diz não acreditar que a Igreja Universal ataque a católica: "O objetivo deles é falar de Jesus."
O rabino da Congregação Israelita do Tucuruvi, Mário Najmanovich, afirma apoiar qualquer manifestação pela liberdade religiosa, e ataca:
"Toda informação que a Rede Globo produz sobre judeus, ciganos e evangélicos é distorcida."
MANIFESTO - A postura da Igreja Universal tem motivado manifestações de entidades evangélicas internacionais.
A Fraternidade Evangélica Latino-Americana, com sede em Buenos Aires, Argentina, que representa 60 milhões de cristãos evangélicos no continente,
expediu um documento conjunto com a Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da República Argentina (ACIERA).
Na nota, a entidade declara "ser necessário deixar clara nossa posição frente a práticas estranhas à nossa fé",
além de afirmar que a IURD não pertence a nenhuma das organizações signatárias do manifesto.
Em outro trecho, a declaração afirma que repudia os métodos de proselitismo e arrecadação de fundos "que não estão de acordo com as normas bíblicas,
a moral pública e as leis de cada país", acrescentando que é preocupante o uso abusivo da palavra seita,
que vem sendo aplicada em referência aos evangélicos em geral e aos pentecostais em particular.
"Do mesmo modo", prossegue o manifesto, "o uso do termo evangélico não pode ser aplicado a igrejas cujas doutrinas e práticas não condizem
com o que os cristãos evangélicos aceitam como princípios derivados da Palavra de Deus".
A declaração termina lembrando que esses fatos lamentáveis não são surpreendentes, pois foram anunciados pelo Senhor Jesus Cristo.
Colaborou Sandra Silva, de São Paulo.
O protesto levou às ruas membros de várias denominações evangélica
Vídeo revela que, de evangélica, a Igreja Universal só tem o povo
Por Carlos Fernandes *
Os bispos Macedo, Gonçalves e Von Helde, e o deputado Laprovita protagonizam as cenas do vídeo secreto da cúpula da Universal
No século 18, um expediente utilizado para ludibriar a fiscalização portuguesa e contrabandear ouro era escondê-lo em imagens
sacras de madeira. Daí o surgimento da expressão santos do pau oco, comparação ideal para representar a cúpula da Igreja Universal
do Reino de Deus, embora tenha sido rejeitada pelo próprio Edir Macedo. O vídeo divulgado às vésperas do Natal pelo pastor
dissidente Carlos Magno de Miranda, descontados os exageros da mídia, serviu para evidenciar o buraco negro de idolatria ao
dinheiro e arrogância dos líderes da denominação, ocultado pelo discurso pasteurizado dos cultos. Flagrados com a mão na massa
pela câmera indiscreta — numa das sequências, comportam-se como hienas em volta de uma pilha de dinheiro —, os pastores e bispos
da Universal resolveram adotar a desfaçatez como antídoto aos efeitos causados pelas imagens que chocaram o Brasil, envergonhando
a comunidade evangélica do país.
"MONTAGEM" — Macedo não nega a autenticidade das cenas. Ao público interno, porém, os pastores da Universal alegam que o
vídeo foi montado. Macedo, porém, ressalta que os protagonistas eram jovens e imaturos na época. "Eu tinha até cabelo", ironizou
o bispo. Filmadas há cerca de seis anos por Magno — que rompeu com a IURD em 1991 — as imagens mostram alguns líderes da igreja
em momentos de lazer em Angra dos Reis (RJ) e num hotel de Israel, além de mostrá-los dançando em uma vigília ao ar livre.
As cenas mais fortes mostram Macedo, de camiseta, ensinando táticas agressivas de arrecadação de dinheiro nas igrejas.
Referindo-se aos frequentadores da Universal, Macedo brada na fita: "Se quiser ajudar, amém. Se não quiser, Deus vai mandar
outra pessoa para ajudar, amém! Se quiser ajudar, amém; se não quiser, que se dane. Ou dá, ou desce!", concluiu.
"Poucas vezes a prática religiosa se afastou tanto da Bíblia para se aproximar tanto do Código Penal"
Editorial do Jornal do Brasil (27.12.95)
Segundo as denúncias do pastor Carlos Magno, o bispo Macedo não é apenas bom de táticas de arrecadação. Magno apresentou
fitas gravadas com telefonemas dados por Macedo, nos quais ele incentiva a mulher do pastor dissidente a abandoná-lo.
Exatamente como ocorreu com o pastor corrupto Dom Mariel, interpretado por Edson Celulari, na polêmica minissérie Decadência,
exibida em setembro do ano passado. A arte imitou a vida ou a Rede Globo já dispunha de informações sobre o telefonema de Macedo?
Em outro take, o bispo aparece rodeado por outros pastores após um culto na IURD de Nova York, contando uma pilha de dólares
arrecadados. Focalizado pela câmera, Macedo sorri faz uma careta grotesca enquanto manipula o dinheiro. O mesmo cinismo que
demonstraram na fita ao se referirem aos membros da igreja voltou a ser exibido na tentativa de justificar o injustificável.
O líder máximo da IURD enche a boca ao afirmar que não tem motivo nenhum para retratação. "Pedir perdão por que? De uma coisa
que não existe mais, brincadeiras que aconteceram há dez anos e que já foram lavadas com o sangue de Jesus?", indagou Macedo
em tom arrogante, em entrevista dada à rádio FM 105, controlada pela igreja. Procurando minimizar as imagens explícitas,
Edir Macedo invoca os vilões de praxe — a Globo e o diabo, os inimigos da Universal — em sua velha cantilena de perseguido
pelo sistema, ao assegurar que não está envergonhado com as notícias "que estão saindo por aí". "Se tivemos algumas falhas",
prossegue Macedo, "nós a tivemos diante de Deus, mas já está resolvido, este débito foi pago há muito tempo".
O bispo Edir Macedo, numa careta nada
sagrada, conta nos fundos da congregação
de Nova York os dólares que ensina seus
pastores a arrecadar nos cultos da igreja
O vídeo foi ostensivamente exibido pela Rede Globo em seus telejornais. Numa. aparente tentativa de liquidar a Universal, sua
velha desafeta, a emissora da família Marinho cometeu alguns exageros, como dizer que os pastores dançavam ao som de um forró
nordestino — na verdade, a música que os embalava era do Rebanhão, um conjunto evangélico. Além disso, o passeio de lancha e
caiaque em Angra, assim como as brincadeiras na praia, representam momentos de descontração que seria de um rigor espartano
censurar. Outra cena, interpretada pela Globo como em flagrante de promiscuidade mostra o bispo Honorilton Gonçalves (apresentador
do programa 25a. Hora, exibido pela Rede Record) sendo acariciado por trás, ao mesmo tempo em que ameaça arriar as calças.
Se não é promíscua, a cena é ao menos inadequada para um sacerdote.
AS CONSEQÜÊNCIAS — Além do horror da opinião pública, Macedo e seus comandados podem colher frutos mais amargos da
exposição via satélite das vísceras da Universal. O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, afirmou que o bispo
poderá ser enquadrado por crime de estelionato e que a igreja sofrerá uma devassa jamais vista. O procurador Antonio Carlos
Biscaia anunciou que iria solicitar ao Ministério Público uma investigação sobre as atividades da IURD. O corregedor-geral
da Câmara dos Deputados, Beto Mansur, prometeu analisar o envolvimento de deputados com eventuais irregularidades cometidas
pela igreja ou seus líderes. Um deles, Laprovita Vieira, aparece no vídeo sendo entrevistado pelo bispo Gonçalves, que em
tom de brincadeira pergunta como o parlamentar adquiriu uma indústria em Duque de Caxias: "O seu Vieira, foi pelo Caixa Um
ou pelo Caixa Dois?".
A Universal elegeu seis deputados federais em 1994, entre eles Laprovita — no segundo mandato — uma
espécie de administrador dos negócios da igreja, agora ameaçado de ser cassado por falta de decoro.
Além disso, a Secretaria da Receita Federal vai levantar informações sobre as declarações do imposto
de renda de Edir Macedo, da cúpula da Universal e da Rede Record, de propriedade da igreja. Por outro
lado, como consequência imediata das revelações da fita, vários membros da igreja estão dispostos a
reaver os bens doados à IURD, inclusive através da Justiça.
PROFECIA — Entre os evangélicos, o episódio causou mal-estar, mas poucos líderes se manifestaram.
O presidente da Associação Evangélica Brasileira (AEVB), reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, foi sucinto:
"As cenas falam por si mesmas; é um espetáculo grotesco e deprimente; a fita mostra a violação de princípios
cristãos e fere frontalmente o evangelho". O presidente da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais
do Brasil, pastor Paulo Leite, declarou-se "triste com o lamentável episódio". Ele diz que muitos evangélicos
já esperavam por isso devido à ênfase dada pela Universal ao dinheiro, "sempre pedindo e pedindo".
O presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, reverendo Guilhermino Cunha, disse que
vê com profunda perplexidade os acontecimentos que envolveram a Igreja Universal. Para ele, "os fatos falam
por si e sofrerão os julgamentos de Deus e da opinião pública." Já o pastor Enéas Tognini, um dos líderes da
Convenção Batista Nacional, afirmou que é preciso analisar melhor o fato, mas que não viu nada demais, alegando
que "a fita já tem dez anos". O pastor Tubo Barros, presidente da Convenção Fraternal das Assembléias de Deus
do Rio de Janeiro, preferiu o silêncio: "Não quero dizer nada, nem contra nem a favor".
Todos estes acontecimentos acabaram conferindo um tom profético ao pronunciamento da Associação Evangélica
Brasileira, divulgado em setembro do ano passado, no qual a entidade criticava as práticas da Universal como
sendo contrárias à legítima fé evangélica, além de constituírem objeto de frequentes constrangimentos e
vergonha para o povo evangélico como um todo. A AEVB conseguiu, ao menos, isolar a Universal das outras
igrejas evangélicas. O pastor Carlos Magno, estopim de todo o escândalo, afirmou à imprensa que tem ainda
outras denúncias sobre a Igreja Universal do Reino de Deus, e que pretende apresentá-las à Polícia Federal.
A crise está aberta.
* Colaboraram Adriane Lopes e Marcelo Dutra
Magno: 'Esquema PC favoreceu Macedo'
O pastor dissidente Carlos Magno promete
fazer novas e contundentes denúncias
contra o grupo de Macedo
A Igreja Universal contou com a participação do esquema PC de tráfico de influência na aquisição
da Rede Record, em 1990. A revelação foi feita à revista VINDE pelo pastor Carlos Magno de Miranda,
dissidente da igreja de Edir Macedo e principal estopim do escândalo trazido à tona em reportagem
exclusiva da revista IstoÉ e, depois pela rede Globo. Segundo Carlos Magno, o ex-presidente
Fernando Collor, afastado do poder por acusação de corrupção, em 1992, determinou a PC Farias que
intercedesse pessoalmente junto aos antigos proprietários da Rede Record — Silvio Santos e Paulo
Machado de Carvalho Filho — , para facilitar a aquisição daquela emissora pela IURD. O pagamento
dos 45 milhões de dólares — preço da emissora — foi facilitado mediante a garantia, por parte de PC,
de que Collor era sócio da Universal na transação. O empenho do presidente em beneficiar a Universal
é justificável: Magno relatou que, durante a campanha eleitoral de 1989, o bispo Macedo fez um acordo
com o então candidato Collor, pelo qual se comprometia a induzir o povo da Universal a votar no
caçador de marajás em troca de favores do governo federal. Todo fiel da Universal lembra que, durante
os cultos daquela época, Lula era chamado de diabo pelos pastores da igreja.
Em entrevista ao repórter Marcelo Dutra, Magno garantiu que não revelou o conteúdo das fitas anteriormente
porque "não houve interesse da imprensa em divulgá-las". Ele assegurou ainda que a Rede Globo não lhe
ofereceu nada em troca da divulgação da fita e que sua única motivação é "revelar a verdade". Em 1990,
um inquérito foi aberto na Polícia Federal para apurar se Macedo era estelionatário, com base nas denúncias
de Magno. Contudo, Magno alega que não pôde prosseguir devido a ameaças da cúpula da Universal dois dias
antes da acareação. Desde então, Magno garante que "vinha aguardando o interesse de alguém" para retomar
o assunto.
A hora da autocrítica
Por Ariovaldo Ramos
Grotesco, humilhante, vergonhoso! Foram expressões como estas que vieram aos lábios de muitos ao assistirem
as cenas que a Rede Globo levou ao ar, no Jornal Nacional, sobre a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus).
É triste ver o Evangelho misturado com aquilo que vimos e ouvimos.
Diante desse quadro, creio que há algumas coisas que o povo evangélico deve esperar e instar para que aconteçam:
primeiro, que a IURD venha a público explicar-se e/ou pedir perdão; segundo, que a IURD faça autocrítica,
repense sua teologia e metodologia e mude; terceiro, que as acusações de envolvimento com o narcotráfico e
sonegação sejam criteriosa e desapaixonadamente investigadas pelas autoridades competentes, de modo a estabelecer
a verdade dos fatos.
Em contrapartida, há outras coisas a que o povo evangélico não pode assistir passivamente: primeiro, tentativas
de pura perseguição religiosa, como a esboçada pelo vereador Miguel Colassuono (presidente da Câmara Municipal
de São Paulo), ao declarar, segundo a Folha de São Paulo, que poderia emitir decretos que levassem ao fechamento
dos templos da IURD e/ou cancelar a isenção do IPTU para os mesmos; segundo, a tentativa de alguns setores da
mídia de julgar a IURD — como declarou a AEVB em seu manifesto, "a mídia não tem o direito de arbitrar sobre a
fé de ninguém"; terceiro, a tentativa de enquadrar como crime de estelionato o fato de os pastores da IURD
desafiarem os seus fiéis a demonstrar sua fé através das contribuições — apesar de não concordarmos nem com sua
teologia nem com sua metolologia, temos que admitir que esta questão é teológica e não criminal. O Estado não tem
competência para arbitrar sobre isto.
Finalmente, temos que, a exemplo do que vi o pastor Ary Velloso (Igreja Batista do Morumbi) fazer no domingo
posterior à divulgação da fita de vídeo, orar pelos líderes da IURD e pelos seus fiéis: para que estes não
percam a fé e aqueles tenham seus olhos abertos e vejam que pastor tem que ter postura e que a pregação e a
contextualização têm limites teológicos e éticos. E assim, mudem para o bem da causa evangélica, para a saúde
de seu povoe para a glória de Jesus.
Pastor Ariovaldo Ramos, formado em Teologia pela Faculdde, Metodista Livre, é diretor editorial de VINDE
Chute na estátua da "santa" atinge evangélicos por tabela
Por Omar de Souza
A imagem da discórdia, reproduzida à exaustão pela mídia nacional
Um ato de intolerância religiosa foi suficiente para deflagrar uma guerra religiosa que nada tem de santa.
Na madrugada do dia 12 de outubro, o bispo Sérgio Von Helde, da Igreja Universal do Reino de Deus,
chutou a estátua de Maria Aparecida, padroeira católica, diante das câmeras da TV Record.
Os golpes dados pelo bispo podem não ter sido suficientemente fortes para quebrar a imagem,
mas produziram uma cadeia de efeitos indiretos que colocaram os evangélicos em situação constrangedora.
Como, por exemplo, o bispo Renato Suhett, recém-saído da Igreja Universal,
que tenta alugar um local para realizar os cultos da igreja que pretende abrir, e só encontra respostas negativas.
E, mais: a Igreja Católica capitalizou as repercussões do episódio a seu favor na tentativa de recuperar o prestígio que vem perdendo no país.
Era tudo o que a mídia afinada com as lideranças católicas precisava.
No mesmo dia 12 de outubro, o Jornal Nacional, da Globo,
mostrou as cenas do programa em que o bispo Von Helde desafiava uma estátua da santa
a mover-se enquanto dava leves golpes com o pé na base da imagem.
No dia seguinte, vários jornais estamparam na capa a reprodução da imagem da TV.
O teor das matérias era sempre o mesmo, sugerindo que a maioria católica brasileira
teria se sentido agredida pelos ataques à figura de Aparecida.
Diversos líderes religiosos foram consultados, mas o destaque invariavelmente ia para os bispos católicos.
Todos falavam do "insulto à padroeira", porém nenhum deles questionava a imposição de um feriado nacional
exclusivamente católico num país onde, pelo menos no texto da Constituição, não há religião oficial.
INQUÉRITO - Enquanto religiosos católicos, como dom Aloísio Lorsheider, cardeal-arcebispo de Aparecida, e dom Eugênio Sales, do RR,
apontavam o "fanatismo" do pastor da Universal, a igreja comandada pelo bispo Edir Macedo enfrentava problemas em diversas frentes.
O presidente Fernando Henrique Cardoso reprovou a "manifestação de intolerância",
ainda que se tenha calado quanto ao apedrejamento de um templo da Universal no bairro de Olaria,
subúrbio do Rio, e a invasão de outra igreja, em Brasília, por um grupo de manifestantes supostamente católicos, que agrediu os fiéis.
Von Helde - que, comenta-se, vai publicar um livro sobre o episódio - foi convocado a depor em inquérito instaurado pelo delegado do 27° Distrito Policial,
no bairro do Aeroporto, em São Paulo, acusado de vilipêndio a objeto de culto.
A TV Record, comprada pela Igreja Universal; passou a perder anunciantes e profissionais,
inclusive o jornalista Chico Pinheiro, editor-chefe do Jornal da Record.
Os donos de cinemas e teatros no Rio se recusam a alugar as salas para a realização dos cultos da igreja do bispo Renato Suhett,
alegando que os evangélicos são "incitadores à agressividade".
A crise levou o bispo Edir Macedo a colocar sua voz no ar para desculpar-se com os católicos,
a esta altura falando pretensiosamente sobre a possibilidade de "perdoar" seus detratores.
O pastor Ronaldo Didini, que defendeu a atitude do colega no programa 25ª Hora,
foi afastado e enviado para a África do Sul.
O chute do bispo prejudicou, por tabela, a comunidade evangélica brasileira que,
mesmo compartilhando o repúdio à adoração de imagens de escultura, não concordou com o ato de intolerância.
A cúpula católica, por sua vez, contabilizou os golpes do bispo Von Helde como lucro.
Há muito tempo não se via tanto espaço dedicado à igreja romana,
a mesma que nunca protestou contra um grupo musical paulista chamado Devotos de Nossa Senhora Aparecida,
cujo repertório é pródigo em palavrões e baixarias.
A Rede Vida de televisão, controlada pelo clero católico,
enxergou na polêmica uma grande oportunidade de pleitear mais verbas e aumentar sua área de alcance,
no sentido de "combater as seitas evangélicas".
Extraído Intolerância. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1995, a. 1, ed. 2, p. 48, abr. 1995.
"Macedo perdeu o controle da Universal"
O bispo do amor revela por que deixou a Igreja do Reino de Deus
Por Jorge Antonio Barros
Apesar de ter sido líder da Igreja Universal por três anos e vivido sob o mesmo teto que o líder máximo,
bispo Edir Macedo, o bispo e cantor gospel Renato Suhett, 34 anos, garante desconhecer qualquer irregularidade administrativa ou financeira na denominação evangélica que, hoje, mais provoca escândalos, no país. Justamente por seu estilo light, dedicado apenas ao povo de Deus, sem falar em política ou constranger ninguém a fazer doações à igreja, Suhett acredita que foi discriminado por seus próprios pares a ponto de ser enviado pelo bispo Macedo como missionário da Universal nos Estados Unidos.
Ali, acompanhado da mulher, a produtora de modas Lúcia, Suhett viveu por dois anos uma espécie de exílio involuntário. Durante esse tempo era impedido de vir ao Brasil até mesmo para ver a família. Quando a igreja que ele findava começava a crescer, ouvia do bispo Macedo o seguinte conselho: 'É hora de mudar de templo para você não ficar orgulhoso' o que Deus falava a Macedo, porém, não era a mesma palavra que ouvia Suhett, triste por ter deixado de gravar suas músicas.
Movido por "divergências doutrinárias", Suba: decidiu há três meses desobedecer o antigo líder e amigo. Voltou ao Brasil com a mulher e praticamente a roupa do corpo. "Não tenho nem uma bicicleta'; garante. Agora só quer voltar a gravar (lança seu disco este mês) e implantar a Igreja do Senhor Jesus Cristo, o nome mais simples que poderia dar à denominação que poderá causar um dos maiores rachas já sofridos pela Universal. Ao final de seu programa Tarde Amiga, transmitido diariamente pela rádio Brasil AM, Suhett deu a seguinte entrevista à VINDE:
O bispo Renato Suhett morou três anos com o bispo Macedo, em São Paulo.
Qual a maior crise que a Igreja Evangélica atravessa hoje no Brasil?
A questão doutrinária. Nós temos um fundamento, que é o Senhor Jesus. A doutrina é o terreno. É óbvio que precisa haver o terreno sobre o fundamento. Tem que ter os dois, mas o fundamento é o mais importante. Por causa das doutrinas estão colocando separações. As igrejas estão se separando não somente entre si, mas estão se separando dos ímpios. E aí, onde está o amor? Os ímpios são colocados para serem salvos. Se você se nega a estar com eles, quem é que vai 'pregar para eles'? Pedro não queria comer com os ímpios na frente de Tiago, e Paulo o repreendeu cara a cara. Nós estamos na mesma maré.
E qual é a pior crise da Igreja Universal?
A inércia. Os bispos que comandam igreja têm uma certa liberdade de agir, alguns seguem por uma vertente mais acirrada, aguerrida, que atingiu seu ápice com o bispo Sérgio Von Helde, cuja maneira de pregar é agressiva. O episódio da santa foi a "confirmação da mentalidade de que Deus está no meio deles e fora dali não conta com mais ninguém. Nem todos os pastores pensar assim. O povo não pensa assim. Há uni divisão.
O episódio da santa caracterizou uma perda de controle do bispo Macedo?
Sim. Penso que o Von Helde não avisou ao bispo com antecedência sobre o que pretendia fazer.
Apesar dessa crise, a Universal é a Igreja Pentecostal que mais cresce no Brasil. Como o senhor explica essa contradição: uma igreja em crise e em crescimento?
O crescimento da Igreja Universal é questionável. Na liderança se dizia que a igreja tem uma porta aberta na frente e outra atrás, bem maior. Ela traz as pessoas pelos meios de comunicação, mas muita gente também sai para outras igrejas. A Universal tem funcionado como um pronto-socorro, que dá injeção para o doente, cura e alivia no momento. Mas tratamento de recuperação tem que ser feito pela Palavra e isso falta na igreja. Falta doutrina de amor, do Evangelho.
Qual a consequência mais negativa do chute na imagem da santa para os evangélicos?
A gente tenta abrir uma igreja nova e encontra barreira, porque os donos de cinemas e teatros não querem alugá-los para nenhum evangélico. Eles nos vêem como incitadores à agressividade. Estou tentando abrir uma igreja desde o início de outubro. O pastor Manuel Ferreira, da Assembléia de Deus de Madureira, teve dificuldades terríveis para alugar o Maracanã [para a cruzada do pastor Jimmy Swaggart], mesmo depois que já estava tudo certo. O Juizado de Menores quis impedir o culto. Levaram três dias em luta para liberar o que já estava liberado. Com isso, a Igreja Católica cresceu, o gigante adormecido despertou e se beneficiou. O tiro saiu pela culatra.
Em que outra ocasião o tiro saiu pela culatra?
Sempre que a igreja foi para a rua ou para a imprensa pedir justiça. Toda vez que tentou defender o bispo Macedo, ou qualquer pastor, ou qualquer doutrina, ou falou contra o Espiritismo. Tudo isso era antipático. A justiça pertence a Deus. Quando o homem quer fazer justiça, faz fumaça. Mas a fumaça vai para o vento e o tiro, para trás.
Como os evangélicos se posicionam sobre o episódio da santa?
Em sua maioria, são contra aquela atitude. Acham que foi um ato impensado. Porém, a IURD procurou manifestar na televisão que os evangélicos estariam divididos, uns a favor, outros contra. Qualquer pessoa de bom senso é contra.
"O bispo Edir Macedo pode pensar em ter um presidente da República da igreja dele. Mas ele se candidatar, de jeito nenhum"
A Igreja Católica, por outro lado, disse que não sabe se vai perdoar. A atitude cristã não deveria ser o de perdoar o bispo Von Helde?
A Igreja Católica também se faz de vítima. A IURD pega o episódio e se diz perseguida, mas ela afrontou. A Igreja Católica se diz ofendida, quer tirar partido. É partidária, cínica, falsa. Não precisa levar chute para se revelar.
Na prática, em que esse episódio afetou a Universal?
Houve queda do número de membros da Universal. Eles podem ter voltado para a Igreja Católica ou, decepcionados, podem não querer mais estar em igreja nenhuma. Dou graças a Deus por ter saído antes deste episódio, porque, se eu saísse agora seria chamado de covarde.
Como foi a sua saída?
Depois de pensar e orar eu falei com o bispo Macedo pelo telefone. Eu lhe disse que havia uma divergência doutrinária no meu coração, que a igreja estava se tornando muito agressiva, partindo para um lado muito legalista. O povo não estava feliz e eu tampouco. Expliquei que sairia bem, sem nenhuma crise pessoal. Reiterei que os direitos autorais sobre meus discos eram da igreja. Os quatro LPs, mais dois discos em espanhol. Alguns outros pastores saíram da igreja pedindo indenização, dinheiro, até chantageando. Fiz a minha obrigação de servir a Deus.
Como ele reagiu?
Ele disse que eu estava errado por pensar que havia uma predisposição da liderança contra mim. Eu comentei: "Olha, bispo, eu tenho sido muito pressionado. Isso não parte do senhor, não?" Ele foi bastante tratável, queria conversar, mas era uma decisão do meu coração com Deus.
Quando o senhor começou a pensar em sair da Igreja Universal?
Há um ano eu comecei a sentir que as nossas diferenças eram muito grandes, mas eu tentei contornar, achando que eu é que estava errado. As diferenças foram aumentando.
Houve uma gota d'água paro o senhor tomar essa decisão?
Não. Foi uma coisa progressiva. Fui vendo a escassez do amor, que começa na relação entre pastor e membros, depois entre os próprios membros e cada um dos obreiros. pastores e bispos, entre eles mesmos. Quando a gente vê que é uma voz seca, tem que tomar uma atitude: ou fica como voz no deserto, ou sai. Eu estava sendo objeto de chacota, de gozação, porque era "bispo do amor". Não sei por que colocaram essa oposição.
O senhor acha que houve uma conspiração dos outros bispos contra o senhor?
Não. Isso traz a ideia de que eles sentaram para conversar a respeito. Eu fui bispo do Brasil e esse ergo exerce um tremendo poder sobre o trabalho da igreja. Eu fiquei no lugar do bispo Macedo, durante quase três anos. Houve um desejo de mostrar ao bispo que aquele meu trabalho baseado no amor, na graça de Deus, na Palavra não surtia efeito. Não houve uma conspiração, mas uma predisposição.
Há uma estratégia da Universal para a ocupação de cargos políticos?
Existe uma estratégia política de colocar candidatos da igreja para defendê-la, ajudá-la a crescer sem nenhuma barreira.
Só para a Igreja Universal, ou para os evangélicos como um todo?
Para a Universal. Esporadicamente, um ou outro pode ter essa abertura, como o Aldir Cabral, secretário de Trabalho e Ação Social do Estado do Rio de Janeiro, um homem que fala pelas outras denominações por decisão dele. Mas a igreja elege candidatos para trabalhar para ela, não está pensando em ninguém.
O bispo Macedo já pensou em se candidatar a um cargo político?
Se pensasse a esposa dele seria a primeira a se opor. Ele pode pensar em ter um presidente da República da igreja dele. Mas ele se candidatar, de jeito nenhum.
Existem candidatos que se aproveitam dos votos da Universal?
Os candidatos são escolhidos dentro da igreja. Não há como um candidato vir de fora para se aproveitar.
O senhor conviveu muito tempo com o bispo Macedo, morou na mesma casa que ele. Durante esse período em que a Igreja Universal cresceu, ganhou dimensões internacionais, o poder subiu à cabeça dele?
Era isso que ele colocava, referindo-se a mim. A Igreja Universal no Brasil cresceu e alcançou dinamismo durante o meu bispado. Eu falo isso sem medo, sem risco de estar exagerando, errando ou me auto-elogiando. É fato, nós abríamos cerca de dez igrejas por semana em São Paulo, fazendo discípulos. Brasília começou a crescer, Minas e Curitiba cresceram razoavelmente. Na medida em que ele falou que poderia subir à minha cabeça, sendo eu bispo do Brasil e ele bispo mundial, acredito que o poder possa ter subido à cabeça dele sim. Existe uma megalomania na IURD, que o bispo Macedo tem também, de achar que a igreja é maior do que o é de fato. Na última campanha política lançou um candidato ao senado. Se ela tivesse esse suposto número de membros, teria eleito o senador.
"O crescimento da Igreja Universal é questionável. Na liderança se dizia que a igreja tem uma porta aberta na frente e outra atrás, bem maior"
A Igreja Universal parece sofrer de uma certa paranoia de perseguição. Ela sofre perseguição?
Nunca vi a igreja como a "pobrezinha perseguida". As vezes sofre perseguições como consequência do que ela mesma aprontou. Se você mexe com casa de abelha, a abelha vai persegui-lo. Se você reclama por estar sendo perseguido, causa comoção popular, mas não corresponde à realidade.
Com que intenção a Igreja Universal comprou a Rede Record?
Até hoje eu não sei. A Record serviu como ponto de discórdia dentro e fora da igreja. Quando o bispo comprou a Record eu ainda era pastor no Rio de Janeiro. Não participei das transações. Mas pensei que a Record havia sido comprada para pregar o Evangelho, para ser uma TV cristã. Hoje ela é uma nau perdida no oceano da TV brasileira, porque quando você a quer evangélica, você a tem mais secular; quando a quer secular, ela parece evangélica. É uma TV sem identidade.
Na época, os jornais denunciaram que ela fora adquirida com dinheiro do exterior. O senhor viu alguma coisa sobre isso?
Vi nos jornais, mas por dentro, não. Como ela poderia receber ajuda do exterior?
O dinheiro teria sido mandado antes para o exterior, e retornado para a compra da emissora?
Eu não poderia dizer nem sim nem não. A igreja não tem nenhuma fonte de renda no exterior. Veja bem, quando não respondo a essas perguntas, é porque eu não sei mesmo. Posso parecer cínico, mas não é não. Quando eu morava com o bispo, eu coloquei bem claro que não queria me envolver com problemas econômicos. Então foi feita uma divisão: outra pessoa se encarregaria das finanças da igreja e eu me ficaria com a parte espiritual.
Quem se encarregava da outra parte?
O deputado federal Ademir Laprovita Vieira, um homem de confiança, um ancião da igreja.
Ele sabe tudo sobre a Igreja Universal?
Ele é um deputado da Universal, é o presidente de honra e de fato. Cuidava da parte econômica. Eu ficava na parte espiritual, me esquivava quando tinha reuniões administrativas, coisa de advogados. Sou arredio, não entendo e faço questão de não entender. Talvez seja um erro meu.
Segundo a Associação Evangélica Brasileira, os métodos de arrecadação da IURD são agressivos e levam muita gente ao constrangimento. Como o senhor vê isso?
Se eu digo que a igreja está dentro de uma vertente agressiva e hiperlegalista, isso pressupõe que vai se pedir oferta com esse espírito, que caracteriza a maneira de pregar, de tratar os membros, os obreiros, de falar na rádio, de agir na televisão. Obviamente, a maneira agressiva de pedir oferta faz aumentar o poder econômico da igreja.
O dinheiro é bem aplicado na pregação do Evangelho?
A Record e muitas rádios foram compradas. Penso que o dinheiro era aplicado nisso. Nunca vi riqueza de pastores, bispos, sujeitos comprando carros, ou propriedades. O dinheiro é aplicado dentro da igreja, se bem ou mal, não sei.
Que o senhor saiba, então, ninguém usava o dinheiro em benefício próprio?
Eu nunca vi. O pastor da IURD não tem nada. Uma vez fui à rádio El-Shaddai dar uma entrevista. Eles pensavam que eu era milionário porque era bispo da IURD. E Deus sabe que eu saí sem um tostão. Eu não tenho uma bicicleta.
Mas durante um certo tempo o bispo Macedo era apresentado pela imprensa como dono de automóveis importados...
Ele tinha um Mercedes em nome dele. Pegaram esse carro. Na confusão entrou o carro e tudo. Os carros que usávamos eram de propriedade da igreja, penso que os dos bispos também, mas não posso afirmar.
No período em que o senhor conviveu com ele, como era a vida dele, seus atos?
Normais, de uma pessoa simples. Nós tocávamos violão, fizemos duas músicas juntos.
Não havia nenhum luxo pessoal?
Não mesmo. Ah. uma coisa que ele gosta é de carro importado. Ele usava esses carros e permitia que nós os usássemos também. Mas nunca o vi preso a nada de luxo.
"Nunca vi riqueza de pastores ou bispos. Os direitos autorais dos discos são doados à !URD. O dinheiro é aplicado dentro da igreja. O pastor não tem nada"
Como Macedo reagia às acusações feitas pela imprensa e pela sociedade?
Ficava triste ou nervoso, principalmente pelo modo como as coisas chegavam até ele. O bispo não compra jornal, nem ouve rádio ou vê televisão. Geralmente as notícias chegam a ele através de informantes, que quase nunca dizem a coisa como ela é. Há pessoas que ficam se solidarizando com ele para tirar proveito. O pessoal falava: "Olha, nós estamos contigo". Vinha um advogado e falava: "Eles se levantaram, mas eu já fiz algo contra eles". E o bispo acreditava.
O bispo Macedo é um homem que anda só?
Ele anda com a esposa ou com a filha. Gosta de estar sempre junto de um ou dois pastores. É uma pessoa normal. Não andava com guarda-costas, mas parece que agora tem.
Quando o bispo Von Helde foi indiciado, houve um tumulto causado por homens armados que o acompanhavam. A Universal tem seguranças armados?
No meu tempo não tinha segurança armado. Perto da igreja do Brás, em São Paulo, ocorreram vários roubos de carros.
Foi pedida proteção à polícia, que dava uma olhada. Mas segurança pessoal, nunca. A coisa não chegou a este nível.
Agora, aumentou o perigo ou a paranoia.
Por que o bispo Macedo controla e comanda a igreja de fora do Brasil?
No meu tempo, eu era bispo do Brasil justamente para ele não ter esse trabalho. Ele estava com a visão de comandar a igreja universalmente, de abrir trabalhos no exterior. Ele mora em Nova Iorque, mas mantém o pessoal controlado, faz mudanças. Quando eu não servia mais dentro daquela estratégia. fui tirado.
Qual foi a emoção de retornar ao Brasil e se desligar da igreja na qual tinha criado raízes?
Não deu tempo de sentir essa emoção ainda. Eu me sinto feliz, não por ter me desligado da igreja, mas por estar fazendo algo que Deus a cada dia confirma no meu coração.
Se o senhor tivesse hoje a oportunidade de encontrar-se com o bispo Macedo, o que diria a ele?
O que eu já falei: que ele deveria trazer de volta, dentro dele, aquele homem que saiu da Igreja Nova Vida. As raízes dele são muito boas. Quando ele prega a inspiração do amor, a palavra de Jesus, é muito bacana. Eu tenho respeito por ele, sempre foi meu amigo, mas, a gente ouve comentários, fica sabendo que as pessoas não podem mais se aproximar da gente. Outros, que eram amigos, deixaram de ligar. Virei persona non grata. Saí da IURD para pregar o que eu sempre preguei, o amor. a palavra e a graça de Deus.
O senhor está querendo dizer que a IURD se desviou da graça de Deus?
Ela se desviou da graça.
Extraído Entrevista com Renato Suhett. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1995, a. 1, ed. 2, p. 6-10, dez. 1995.