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sábado, 6 de abril de 1996

Fofocas santas e outras versões

Por Reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho

Carlos Fernandes
Eduardo Reis inspirado no clássico Gossips, do ilustrador americano Norman Rockwell

Quando, em 1988, decidi passar dois anos nos Estados Unidos estudando, após 15 anos de ministério ininterrupto no Brasil, muitas pessoas, inclusive amigos, especularam - e concluíram - que eu estava saindo de vez do país. Diziam que iria fundar uma organização minha, chamada Caio Fábio Ministries. Minha esposa e eu ouvíamos aquilo tudo e ríamos à distância. Por vezes, desmentimos o boato. Mas percebemos que não adiantava. Somente o tempo provaria o contrário. Tentamos desdizer as notícias porque muitas pessoas estavam profundamente magoadas comigo, dizendo que estava "traindo o Brasil" com aquela mudança. Bem, fomos, voltamos e provamos, com os fatos, o nível do nosso compromisso com a igreja e com o país.

Agora, em 1996, a boataria está correndo solta novamente. As versões são as seguintes:

  • "O reverendo Caio ficou magoado com vários amigos que não se posicionaram explicitamente ao seu lado quando trouxe a público assuntos relacionados à Igreja Universal e, por isso, está se mudando do Brasil."
  • E mais:
  • "O episódio da cocaína encontrada nas dependências da Fábrica de Esperança e as denúncias feitas pelo revererendo Caio de que o governador do Rio estava mal intencionado e usava o episódio politicamente gerou uma onda de ameaças e perseguições sobre ele e sua família. Ao ponto de terem que sair do Brasil."

O que há de verdadeiro e de falso em tudo isto? Ora, cada uma das versões acima tem um pouco de verdade e de engano. Comecemos com a verdade. Não tenho como negar que me entrisceteu imensamente a postura indecisa, ambígua, neutra, cega ou infiel de algumas pessoas no episódio da confrontação que a Associação Evangélica Brasileira (Aevb) fez em relação aos métodos, doutrinas e comportamento dos líderes da Igreja Universal. Niguém fica feliz ao ouvir pessoas que o beijam, afirmam amizade e andam ao seu lado dizerem que sabem que você está certo, mas não querem se queimar. Ou ainda, ao ouvi-las dizer que dependiam de alguns favores da IURD e, por isso, não se manifestariam ou o fariam do lado de lá. Eu via, entretanto, que a maioria estava ao nosso lado, ainda que, muitas vezes, trate-se de uma maioria quieta e excessivamente discreta. Mas isto é tudo. Eu me senti mal algumas vezes, mas toquei a vida adiante.

E mais: aquilo me ajudou a ver quem realmente tem postura e coragem dentro da igreja. Quem é amigo da verdade e quem apenas faz política fraternal sem compromisso. Mas eu jamais sairia do Brasil por esta razão. Não sou menino, nem homem do tipo impressionável. Deus me fez razoavelmente forte e capaz de absorver pancadas sem baixar a cabeça. Especialmente quando minha consciência me diz que estou fazendo a coisa certa.

"Ninguém fica feliz ao ouvir pessoas que o beijam, afirmam amizade e andam ao seu lado dizerem que sabem que você está certo, mas não querem se queimar"

Também é verdade que o incidente envolvendo a Fábrica de Esperança me trouxe imensas tristezas. Afinal, ninguém gosta de ver um governante sair dando tiros a esmo, atingindo você e seu trabalho, sem que haja qualquer motivo para tal atitude. Além disso, ninguém aprecia também descobrir que seu telefone está grampeado e que seu carro está sendo seguido. Da mesma forma, ninguém deixa de sofrer ao perceber que há grupos (civis ou militares) tentando usar a situação para seqüestrá-lo emocionalmente, através de constantes e veladas ameaças telefônicas. Claro que não gostei. Mas isto também é tudo. Jamais decidiria sair do Brasil por isso. Não sou do tipo que foge. Sempre que pressionado, meu primeiro impulso é encarar a ameaça. Sou assim desde pequeno. Faz parte de minha natureza e da minha criação. Além do que, caso tais ameaças — que, graças ao Senhor, logo acabaram — me fizessem procurar um lugar seguro para minha família, não mudaria para os Estados Unidos, mas para Curitiba. Lá é gostoso, seguro, próximo e muito mais simples para a mudança.

O que está acontecendo é que a Vinde e a Vicom (Vinde Comunicações) estão abrindo uma base nos Estados Unidos, e minha esposa estará lá, nessa base na Flórida, até dezembro de 1996, a fim de estabelecê-la. Como não posso me imaginar longe da família, ficarei dez dias lá e dez aqui, durante o ano todo, ininterruptamente.

Como você pode ver, a mentira tem a ver com as motivações que teriam nos levado a decidir por esta mundança. Só que a decisão por criar a base já vinha sendo processada desde julho de 1995. Portanto, anteriormente à questão da IURD, em setembro, e ao episódio da Fábrica de Esperança, em novembro. De fato, quando ocorreu o incidente na Fábrica, minha esposa estava na Flórida, fazendo levantamento de tudo o que seria necessário para a implantação daquela base ministerial.

Então o que fica de tudo isso? Fica a certeza de quem, em 1996, vamos estar expandindo nossas atividades para a América Latina, tendo Miami como base. E mais: realizaremos eventos para hispânicos e brasileiros nos EUA e veicularemos o programa de televisão Pare & Pense em redes de TV a cabo daquele país. Fica também a verdade quanto à minha presença lá e cá, durante o ano. E ainda: fica a informação de que ninguém vai perceber diferença alguma nos ministérios que a Vinde e eu realizamos. Ao contrário, caso perceba alguma diferença, será porque realizaremos mais coisas no Brasil em 1996.

O que passar disso vem do maligno. Nós, entretanto, somos da Verdade e da Luz.


Extraído Entrevista. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 6, p. 22-23, abr. 1996.

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