Grupo distribui alimentos e prega para desassistidos da capital cearense

Num ato de fé, Norma Disney Soares Freitas, 60 anos, desafiou o pastor Helnir Cortez, da Igreja Presbiteriana de Aldeota, e as circunstâncias. Ela é a coordenadora do projeto Sopão do Amor que, todas as segundas-feiras, alimenta os "irmãos caídos" em Fortaleza (CE) com dois caldeirões de feijão, macarrão, batata e carne. Esta senhora alegre e bem-disposta não se intimidou com o sombrio diagnóstico de câncer no seio e, na ânsia de servir ao próximo, instou com Deus para que a curasse. Hoje, Norma e os outros integrantes do Sopão distribuem um pouco de solidariedade a desabrigados da cidade.
Há quase três anos, quando assistiu a uma reportagem sobre o projeto Atitude e Solidariedade, que distribui sopa aos mendigos de Niterói (RJ), no programa Pare & Pense, Norma decidiu fazer algo parecido em Fortaleza. Comunicou a idéia ao seu pastor, mas, na ocasião, descobriu que tinha um quisto no seio esquerdo. Na mesa de cirurgia, soube que câncer maligno, felizmente extirpado a tempo. Impossibilitada de se movimentar - ela é canhota -, teve que adiar o sonho, mas seu coração ardia. "A miséria no Nordeste é muito grande. Você anda pelas ruas quase chutando as pessoas, de tantas que há espalhadas pelas calçadas. São famílias inteiras, com crianças muito pequenas, dormindo em cima de papelões", diz.

A lenta recuperação da cirurgia impacientou Norma, que apelou ao pastor que lhe cedesse a cozinha industrial da igreja. Ele alegou que ela deveria primeiro voltar a movimentar o braço. "Orei a Deus e falei que, se eu conseguisse mexer o braço, dedicaria a minha vida ao Sopáo do Amor. Imediatamente levantei o braço em atitude de louvor a Deus e recuperei toda a mobilidade", relata. Exultante, comunicou a intercenção de Deus ao pastor, que levou o assunto à executiva da igreja. Os voluntários começaram a surgir. "Primeiro uma senhora da igreja veio cozinhar. Em seguida, meu filho Bruno, 25, também quis colaborar na distribuição. O Luís Armando, da cantina, cedeu a caminhonete. Os mercadinhos doavam os legumes", relembra. Depois de nove meses, os donos dos mercadinhos descobriram que o trabalho era realizado por evangélicos e pararam de doar os legumes. Já envolvidos, os membros da igreja assumiram o ministério. As bênçãos, conta Norma, começaram a transbordar. "Uma jovem muito problemática teve um encontro com Cristo e mudou seu comportamento com a família depois que participou da distribuição da sopa", comemora.
O ponto alto do Sopão do Amor, no entanto, não é a comida. A equipe, hoje composta de 15 pessoas, primeiro fala sobre Jesus e ou com os mendigos. Só depois faz pequenos curativos, distribui cobertores, roupas, medicamentos e, claro, o alimento: a sopa, um pão e um copo de água gelada. "O meu sonho é ter um albergue para dar banho, colocar redes para eles dormirem e levá-los sara a igreja", confessa Norma, que já. exporta know-how. "Depois que o programa Aqui Agora, do SBT, nos filmou, uma irmã batista se interessou e está levando o projeto para a igreja dela", orgulha-se.
Extraído Crente que faz. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 51, mar. 1996.