quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996

Universal reúne fiéis contra a Globo

Por Danielle Franco

Fotos de Pauty Araújo
Os fiéis da Universal tomaram a Cinelândia com faixas e cartazes

Abriga entre a Igreja Universal do Reino de Deus e a Rede Globo de Televisão teve mais um episódio no dia 6 de janeiro, quando os representantes da IURD organizaram uma manifestação em defesa do bispo Edir Macedo, que está sob investigação policial. Convocados a participar do 1° Encontro da Paz, milhares de fiéis da IURD se concentraram nas principais capitais do país. Na Cinelândia, centro do Rio, a manifestação reuniu pastores de várias denominações, embora nenhum líder nacional tenha comparecido.

Alguns dos mais exaltados incitavam o povo a pronunciar palavras de ordem contra a Rede Globo. Num momento de tensão, o bispo Romualdo pediu que os fiéis, munidos de pedrinhas de isopor, se dirigissem à câmera da Globo e imaginassem que estavam "derrubando Golias". A manifestação terminou às 18h com uma oração na qual se pediu "misericórdia para os inimigos".

Em São Paulo, a manifestação a favor do bispo Macedo reuniu 80 mil pessoas no Vale do Anhangabaú, segundo a Polícia Civil. O coordenador do evento, Mário Luiz de Souza, acredita ter contado com o apoio de todos os evangélicos do país: "Quem não se pronunciou a nosso favor também não acusou, ficou calado." Ficar calado, aliás, parecia ser a palavra de ordem. Quatro fiéis da Igreja Universal disseram que "não podiam falar nada". O padre Marco Antônio Janom, da Igreja Católica de Vila Formosa, diz não acreditar que a Igreja Universal ataque a católica: "O objetivo deles é falar de Jesus." O rabino da Congregação Israelita do Tucuruvi, Mário Najmanovich, afirma apoiar qualquer manifestação pela liberdade religiosa, e ataca: "Toda informação que a Rede Globo produz sobre judeus, ciganos e evangélicos é distorcida."

MANIFESTO - A postura da Igreja Universal tem motivado manifestações de entidades evangélicas internacionais. A Fraternidade Evangélica Latino-Americana, com sede em Buenos Aires, Argentina, que representa 60 milhões de cristãos evangélicos no continente, expediu um documento conjunto com a Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da República Argentina (ACIERA). Na nota, a entidade declara "ser necessário deixar clara nossa posição frente a práticas estranhas à nossa fé", além de afirmar que a IURD não pertence a nenhuma das organizações signatárias do manifesto. Em outro trecho, a declaração afirma que repudia os métodos de proselitismo e arrecadação de fundos "que não estão de acordo com as normas bíblicas, a moral pública e as leis de cada país", acrescentando que é preocupante o uso abusivo da palavra seita, que vem sendo aplicada em referência aos evangélicos em geral e aos pentecostais em particular. "Do mesmo modo", prossegue o manifesto, "o uso do termo evangélico não pode ser aplicado a igrejas cujas doutrinas e práticas não condizem com o que os cristãos evangélicos aceitam como princípios derivados da Palavra de Deus". A declaração termina lembrando que esses fatos lamentáveis não são surpreendentes, pois foram anunciados pelo Senhor Jesus Cristo.

Colaborou Sandra Silva, de São Paulo.

Fotos de Pauty Araújo
O protesto levou às ruas membros de várias denominações evangélica

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