segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996

A fé sob as luzes do espetáculo

Cantora põe talento e espiritualidade lado a lado nos palcos

Por Telma Costa

Carlos Fernandes

Quando, aos 14 anos, clamei a Deus para que me fizesse ter minhas próprias experiências com Ele, que eu queria conhecê-lo não pelo que os livros ou os pastores diziam, mas pelo meu entendimento pessoal da verdade, não imaginei que a resposta viria tão imediata e diária. Desde então, eu não posso deixar de falar das coisas que tenho visto. O véu se rasgou diante de mim e pude olhar a vida com mais clareza e amor. Conseqüentemente, a barreira do preconceito, diariamente construída dentro da igreja, caiu. À medida que o amor ao próximo cresce, o preconceito diminui, e Cristo foi o exemplo vivo disto.

Que barato ver as coisas com a simplicidade que elas têm. A minha carreira tem servido para levar luz ao meio artístico, tão necessitado de uma palavra de amor, de conforto, de paz e esperança. No teatro, na televisão, num show ou numa aula de canto sempre se pode ser (verbo amplo e de ação). Alguns dos meus alunos brincam, dizendo que vão tirar férias do terapeuta e ficar só com minhas aulas de canto, que são uma terapia. Ouvi de um diretor da TV Globo, hoje um grande amigo: "Telma, você é a pessoa mais decente que já conheci." Deus seja louvado.

Em determinadas ocasiões tenho dado Bíblias de presente aos atores e cantores (ser missionária custa dinheiro) e tenho ouvido dessa turma coisas como "quero ter o seu Deus" ou "já tentei tudo na vida, só me resta falar com você". E lá se vão quatro horas de conversa numa mesa de restaurante. Nos meus shows pelo Brasil, no momento dos agradecimentos, faço referência aos apoiadores, pa-trocinadores, amigos e "ao meu Deus que me dá paz, aquela paz de verdade, porque só com ela a gente pode amar, se permitir ser amado, ter saúde e sucesso. A Ele toda a honra e toda a glória".

Uma coisa tenho aprendido: nada acontece por acaso. As vezes, os acontecimentos parecem peças isoladas, mas o futuro dirá sempre o porquê de cada um deles. Uma vez eu estava no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, assistindo a um quarteto alemão, que cantava num espaço mínimo à frente da cortina. Olhei para eles, olhei para o teto, a platéia, as paredes, e desejei muito, com todo o meu coração, estar ali naquele palco algum dia. Um ano depois, lá estava eu, com o palco inteiro só para mim, acompanhada de uma orquestra de mais de 70 instrumentos. No ensaio, entrei naquele espaço vazio, platéia vazia, e orei agradecendo a Deus por ter atendido ao meu secreto desejo.

Ainda criança, um professor deu um conselho em classe, que me acompanharia para sempre: "Quando escolher sua profissão, não pense se ela já está saturada no mercado, se é difícil. Escolha aquela onde está o seu coração. Se fizer isso, será bom no que faz e terá trabalho." Busco me aperfeiçoar a cada dia, mas de uma coisa estou certa: é cantando e representando que está o meu amor, meu prazer. E a certeza de que eu não poderia estar em melhor lugar do que aquele em que aproveito a doação dos talentos de Deus.


Telma Costa é atriz, cantora e membro da Igreja Batista de Itacuruçá (Ri).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...