sexta-feira, 1 de dezembro de 1995

Um voto de confiança em Deus

Garotinho conta como escapou da morte e aceitou o Evangelho

Por Carlos Fernandes

Fotos de Frederico Mendes

Chico Ferreira/ Editora Três

O que poderia ter sido uma tragédia acabou trazendo salvação. Anthony Garotinho encontrou-se com Cristo após ver a morte de perto e, no leito do hospital, elegeu-o como Senhor de sua vida. No auge da campanha eleitoral para o governo do Estado do Rio, Garotinho dirigia-se para Volta Redonda (RJ), onde faria um importante comício, quando o Tempra em que viajava foi fechado na via Dutra, saiu da estrada e capotou três vezes. A violência do impacto foi tão grande que o arremessou pelo vidro traseiro do carro.

O acidente não poderia ter vindo em pior hora, pois precisamente naqueles dias - corria o mês de setembro de 1994 - o Ibope anunciava o empate técnico entre Garotinho, que concorria pelo PDT, e o candidato do PSDB, Marcello Alencar.

No hospital da Companhia Siderúrgica Nacional - para onde foi removido pelos Anjos do Asfalto, um grupo de paramédicos do Rio - foi constatada fratura múltipla do braço direito. Durante a cirurgia, que durou cinco horas, Garotinho recebeu uma placa de platina, dez parafusos e enxerto ósseo. A intervenção foi bem-sucedida, mas a situação parecia representar o fim de suas pretensões eleitoriais: "O médico me disse que eu ficaria impossibilitado de fazer campanha naquele primeiro turno, e estávamos a poucos dias da eleição. Além do braço imobilizado, eu não poderia caminhar direito pelo menos por 15 dias, porque me tiraram uma lasca do osso ilíaco para recompor o osso do braço", lembra Garotinho. "Embora entendesse que eu vivia um momento importante da minha vida, o doutor foi sincero e falou que eu deveria dar graças a Deus por estar vivo pois, pelo estado do carro, a tragédia deveria ter sido bem pior".

O calvário de Garotinho começou numa sexta-feira. Internado no hospital da CSN, ele estava completamente incapacitado. Não andava e nem tomava banho sozinho, justamente no momento mais crucial de sua vida política, com grandes chances de tornar-se governador do Rio de Janeiro. "Naqueles dias, eu estava muito feliz com o resultado das pesquisas, que me colocavam junto ao primeiro colocado", lembra. Na época, chegou-se a suspeitar de um atentado político, mas a hipótese não foi investigada. Seguiu-se um sábado angustiante, que de passou, sob efeito de analgésicos, acompanhado da mulher, Rosinha. noite, fez uma refeição leve, e dormiu.

Chico Ferreira/ Editora Três
O programa Show do Garotinho, na Rádio Tupi, é campeão de audiência

DEUS FALOU COMIGO - Foi então que aconteceu o inesperado. Por volta das três horas da madrugada de domingo, Garotinho acordou e, naquele momento, começou a ver o acidente passar na sua frente, como num filme colorido. Desperto do sono, viu todo o acidente acontecer novamente. Na hora em que ocorreu a capotagem, ele estava dando uma entrevista pelo celular, fato de que não se lembrava. "Aquela visão não era uma lembrança, pois eu não tinha percebido o acidente", afirma. A experiência foi tão intensa que Garotinho começou a chorar: "Sem que ninguém me falasse nada, caí num choro compulsivo. Chorava, chorava, chorava, e aí comecei a dizer para minha esposa que Deus estava falando comigo". Diante do espanto da companheira, relatou que estava sentindo uma coisa quente dentro de si, e sabia que era Deus falando ao seu coração. Garotinho relembra aqueles instantes com eloquência: "Eu estava sentindo uma alegria, uma coisa dentro de mim, me tocando, não sabia explicar, e continuava chorando muito".

O barulho atraiu a enfermeira, e, diante dela, Garotinho continuou afirmando que Deus falava com ele. Para espanto das duas, levantou-se do leito e caminhou sozinho até o banheiro, apoiando-se normalmente sobre a perna operada. Só então elas perceberam que não era um delírio. Totalmente lúcido e alegre, não parava de afirmar que Deus falava com ele, quando uma outra enfermeira disse que o pai dela era evangélico. "Ele é pastor? Preciso falar com um pastor", interrompeu Garotinho. Esse senhor, membro da Assembléia de Deus, foi chamado ao quarto e disse que aquilo era uma providência de Deus que, através do Espírito Santo, estava lhe mostrando que deveria lembrar-se dele, e colocá-lo acima de tudo em sua vida, até mesmo seus desejos e realizações. Ecoas palavras foram ratificadas pelo pastor Nilson Dimarzio, da Igreja Batista Central de Volta Redonda, que soube da experiência de Garotinho e foi ao hospital dizer-lhe que ele deveria ser batizado.

Chico Ferreira/ Editora Três
Garotinho recebe 30 mil cartas por mês

Nesse instante, de começou a viver um dilema: muito embora soubesse que sua experiência era real e diferente de tudo que já sentira — materialista, fora integrante do PCB e não praticava nenhuma religião —, ficou com medo de que a atitude de aceitar o batismo pudesse ser interpretada como uma tentativa de obter votos dos evangélicos. Dessa forma, resolveu esperar um momento mais apropriado para tornar pública sua fé. Depois das eleições, em que foi derrotado por uma margem de apenas 3% dos votos, passou algum tempo lendo, se preparando e procurando um ambiente para si. Conheceu o reverendo Caio Fábio que, após um período de preparação, batizou-o em 30 de julho deste ano.

O político Anthony. Garotinho acha que sua conversão deu-lhe uma visão diferente das questões que sempre o acompanharam. O fato de ter se tornado crente mostrou-lhe uma face nova da vida: "Eu sempre fui um cara combativo, envolvendo-me com lutas sociais, com vontade de fazer as coisas. Ficava angustiado porque não encontrava respostas definitivas para as lutas políticas. Continuo produtivo e atuando politicamente, mas perdi aquela angústia". Na sua opinião, os lados material e espiritual caminham em direções opostas, pois "quanto mais se avança espiritualmente, mais a gente se desprende das coisas materiais". O ex-materialista encontrou em Deus esse despojamenro.

COMPREENSIVO E HUMANO Garotinho passou a ler a Bíblia com outros olhos. Embora já conhecesse o Evangelho através das leituras diárias que fez durante anos para seu avô que não podia ler, foi somente após sua experiência com Deus que começou realmente a entendê-la "com o coração, e não somente pela leitura". Nas Escrituras, começou a descobrir a luta de um povo com o qual se identificou: "Desde o início, esse povo buscava a terra prometida, a justiça. Era um povo que queria respeito à lei e lutava pela liberdade; um povo que queria o fim da opressão e clamava por pão. A partir desse conhecimento, eu passei a ver a minha luta política como uma missão dentro de um caráter evangélico e social".

Chico Ferreira/ Editora Três
A mulher de Garotinho, Rosinha, afirma que,
depois de convertido, seu marido ficou mais humano,
compreensivo e confiante de que vale a pena viver

Aos 35 anos de idade e tendo em seu currículo um mandato de deputado estadual e a prefeitura de Campos, município do norte fluminense onde nasceu, Garotinho iniciou-se no rádio ainda bastante novo (daí a alcunha Garotinho, que incorporou ao nome). Aos 15 anos, já participava do movimento estudantil e foi eleito para a Assembléia Legislativa com 25 anos. Iniciou sua administração em Campos aos 27, e depois foi secretário de estado no governo Brizola. Segundo diz, sua trajetória foi como um meteoro, "fazia 300 mil coisas ao mesmo tempo". Sua esposa confirma que ele era muito agitado e "se atirava nas coisas de qualquer jeito", mas que depois que se converteu passou a ter um objetivo maior em sua vida, que o faz pensar e agir com mais equilíbrio. Rosinha acrescenta que Garotinho continua tendo as mesmas atividades de antes. "mas acreditando mais, com mais certeza de que a vida vai dar certo e de que vale a pena viver". Casada há 14 anos, ela diz que agora tem um marido mais compreensivo e humano. Garotinho está freqüentando a Comunidade Evangélica da Zona Sul, e, sempre que pode. realiza cultos domésticos.

Chico Ferreira/ Editora Três

O quase governador Anthony Garotinho vive em uma ampla casa numa sossegada rua do bairro do Cosme Velho, zona sul do Rio, cercada de verde por todos os lados. No térreo da Casa funcionam suas empresas, que fazem distribuição de produtos, edição de livros, jornais e publicidade, além de cuidar do seu programa Show do Garotinho, que vai ao ar pela Rádio Tupi. O programa é campeão de audiência no seu horário, atingindo, de acordo com as pesquisas, cerca de 400 mil ouvintes por minuto. Segundo Garotinho, o programa recebe cerca de 30 mil canas por mês. Os números elevados também estão presentes em sua vida pessoal: São sete filhos, sendo três adotivos. Garotinho está sempre cercado de pessoas, sejam empregados ou colaboradores. No entanto, apesar do espaço. não tem animais de estimação: "Só crio gente", diz, rindo.

E como ele avalia o governo de Marcello Alencar. que o derrotou no segundo turno? "Segundo penso, é muito mais fácil destruir do que construir. Ele venceu a eleição com o discurso de destruir o que havia sido feito no governo anteriorm como os Cieps e a Universidade do Norte Fluminense", dispara. Embora ressalte que torce, como cidadão do Rio de Janeiro, para que o atual governo acerte. E afirma, convicto: "Eu não preciso do fracasso dele para ser governador amanhã", sinalizando claramente que pretende ocupar o Palácio Guanabara a partir de 1999.

Para quem começou tão cedo na política, esperar mais três anos não deve ser tão difícil.



Visão Nacional


Vicom inaugura novas franquias

O sistema de franquias facilita a montagem de lojas da rede Vinde

Chico Ferreira/ Editora Três

As As cidades de Recife (PE) e Campos (RJ) ficaram mais abençoadas em outubro. A Vinde Comunicações inaugurou uma livraria Vinde em cada metrópole, através do sistema de franquias. Agora são onze lojas espalhadas pelo Brasil, e não vai ficar por aí. Está prevista para breve a inaguração de mais duas livrarias, em João Pessoa (PB) e Ribeirão Preto (SP). Atualmente, há mais de 80 pessoas interessadas em participar do sistema. A Vinde Comunicações oferece toda a assessoria nas áreas de Marketing, compra e venda, finanças e montagem da loja. Se você pretende se cadastrar ou quer mais informações, ligue para (021) 625-6852 é fale com Elivânia Lima.

Evangélicos da Globo dão show de bênçãos

Chico Ferreira/ Editora Três

Cerca de dois mil funcionários da Rede Globo de Televisão se reuniram no dia 11 de outubro na Comunidade Evangélica da Zona Sul, no Flamengo, Rio, para o 2° Encontro dos Evangélicos da emissora. O ator Felipe Folgosi, convertido há cinco anos, apresentou o evento, que contou com a participação dos cantores Josué Rodrigues, João Marcos, Nill - ex-integrante do grupo Dominó -, Ane, Aline Barros e Grupo Hagios. Um dos destaques foi o testemunho da apresentadora Mara Maravilha, ao relatar sua recente experiência com Cristo. Houve apresentação de um filme sobre o trabalho dos funcionários da Globo na Favela do Cantagalo e de um coral de crianças da comunidade. O pregador foi o reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, presidente da Associação Evangélica Brasileira.

Jimmy Swaggart retorna ao Maracanã

Chico Ferreira/ Editora Três
Swaggart veio o convite do Assembléia
de Deus de Madureira - Rio de Janeiro

Depois de oito anos, Jimmy Swaggart voltou ao estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, onde realizou, no dia 4 de novembro, a cruzada Brasil: ainda há esperança. Foi a terceira vinda ao Brasil do evangelista americano. Ao contrário de 1987, quando cerca de 80 mil pessoas foram ao estádio para ver e ouvir pessoalmente Swaggart - então no auge da fama como televangelista -, desta vez o estádio não recebeu sequer a metade desse público. A cruzada teve início por volta das 16h com a apresentação de cantores evangélicos, como Denise Cerqueira, Shirley Carvalhaes e Mattos Nascimento, e de um coral de cinco mil vozes, formado por integrantes da Assembléia de Deus, além da palavra de saudação de algumas lideranças evangélicas - incluindo o pastor Manuel Ferreira, responsável pela realização da cruzada. A programação, extensa e cansativa, fez com que o pastor Jimmy Swaggart iniciasse a mensagem às 19h30, quando muitas pessoas já tinham ido embora.

Feira do Livro Evangélico faz sucesso no Rio

Chico Ferreira/ Editora Três
Feira da Abec, escritores premiados

Pela primeira vez no Rio de Janeiro, a 5a. Feira Nacional do Livro Evangélico foi realizada em outubro, no Maracanãzinho. Com a presença de várias editoras cristãs, a feira teve entrega de prêmios, palestras, shows, autógrafos, lançamentos nos campos literário e fonográfico, além de artigos alternativos.

O pastor Júlio Andrade Ferreira, 83 anos, foi premiado pela Associação Brasileira dos Editores Cristãos (Abec) como a Personalidade Literária de 1995. Nascido em Minas Gerais, o escritor dirigiu vários institutos cristãos e é conhecido como o historiador da Igreja Presbiteriana no Brasil. Sua principal obra é Conheça sua Bíblia, editada em espanhol.

A Trindade e o amor na teologia de Ricardo de São Victor

Por Ricardo Barbosa de Souza

Carlos Fernandes

Trindade, embora ocupe lugar de estaque e importância na doutrina cristã, encontra pouca ou quase nenhuma relevância para a experiência cristã. Para a grande maioria dos cristãos, a Trindade não tem praticamente nada a dizer sobre o dia-a-dia da vida. Na verdade, ela só interessa aos teólogos e filósofos que se deliciam com a especulação de temas absolutamente irrelevantes para o cotidiano da experiência humana. No entanto, a Trindade revela não apenas a natureza do Deus cristão, mas também seu caráter. A partir da Trindade é que podemos concluir que o Deus que a Bíblia revela é, essencialmente, um Deus relacional. Ao revelar-se como Pai, Filho e Espírito Santo, Deus mostra não apenas suas ações na história da salvação do homem como também revela sua natureza afetiva, fraterna e relacional. Deus é uma amizade eterna, onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo gozam da mais intensa e perfeita comunhão de amor e reciprocidade.

Um dos pensadores da história da igreja, que refletiu e trouxe uma grande contribuição ao desenvolvimento do aspecto relacional da Trindade, foi Ricardo de São Victor (? -1173). Ele explorou o amor humano através de uma análise psicológica das relações interpessoais e conduiu que a pessoa é mais humana e mais próxima de Deus quando transcende a si mesma em amor por outra pessoa. Fundamentalmente, para ele, a experiência humana de amor tem suas raízes no mistério da Trindade. Para Ricardo, não há nada mais perfeito do que a caridade (caridade como expressão concreta de amor para com o próximo). Portanto, se Deus possui a plenitude de tudo que é bom e perfeito, ele possui a plenitude da caridade. Se Deus é a perfeição do amor, o homem, sendo criado conforme a imagem de Deus, deve refletir esta perfeição ao máximo possível. Crescer na experiência do amor e da caridade é crescer em direção à imagem de Deus e tornar-se mais unido a ele. É baseado nesta experiência de amor compartilhado que Ricardo conclui que não pode haver uma só pessoa em Deus, pois o exercício do amor exige mais do que uma pessoa. Onde existe apenas uma pessoa, não existe caridade. Daí, sua conclusão lógica de que, se Deus é amor, não pode existir solitariamente, não pode ser um Deus uno.

Ricardo reconhece a necessidade de haver mais do que uma pessoa em Deus. Para ele, um Deus que não tem alguém com igual dignidade com quem possa compartilhar plenamente seu amor não pode ser um Deus plenamente realizado. Ele se expressa assim: "Temos aprendido que, naquele supremo e totalmente perfeito bem, existe a plenitude e a perfeição de toda a bondade. No entanto, onde existe a plenitude de toda a bondade, não pode faltar a caridade. Porque nada é melhor do que a caridade. No entanto, ninguém pode dizer que tem caridade baseado apenas no amor que tem para consigo. Torna-se necessário que o amor seja direcionado para uma outra pessoa para que seja caridade. Por isso, onde não existe a pluralidade de pessoas não pode existir a caridade. Mas você pode dizer que, mesmo que houvesse uma só pessoa na Divindade, ainda assim ele teria caridade para com a sua criação. De fato, o Senhor tem. Mas certamente ele não poderia expressar a caridade suprema para com a pessoa criada porque, se Ele amasse supremamenre alguém que não pudesse ser supremamente amado, a caridade seria imperfeita".

"Crescer na experiência da caridade e crescer em direção à imagem de Deus e tornar-se mais unido a ele."

Para Ricardo de São Victor, Deus é amor porque subsiste numa pluralidade de pessoas. Mesmo antes que houvesse mundo criado, Deus já existia como um Deus de amor. As relações de amizade e reciprocidade existem desde toda a eternidade em Deus. Ao nos criar segundo sua imagem e semelhança, Deus nos cria para amar e ser amados. Ele afirma que, a partir da Trindade, "não há nada mais glorioso, nada mais magnificente, do que desejar não ter nada que não possa ser compartilhado". Para ele, o significado da pessoa humana só pode ser compreendido a partir das relações de amizade e amor que construímos.

Aqui já podemos perceber a relevância deste tema para a vida. Para o homem moderno, o significado de ser pessoa, de ser alguém, está intimamente relacionado com as realizações profissionais e suas conquistas sociais. O homem é o que é por causa daquilo que possui. Se não possuirmos aquilo que a sociedade reconhece como essencial para a vida, não somos ninguém. No pensamento de Ricardo de São Victor, baseado na natureza trinitária de Deus, o homem encontra sua identidade pessoal nas relações de amizade e amor que constrói com Deus e seu semelhante. Jesus, ao definir qual é o maior de todos os mandamentos, disse que é "amar a Deus de todo o coração e alma, e ao próximo como a si mesmo". A natureza fundamental da experiência espiritual cristã é a amizade que nasce do encontro com o Deus de amor.

A Trindade nos livra do egoísmo e da vida autocentrada para uma experiência de amizade e amor com Deus e o próximo. E, a partir dela, nos encontramos como pessoas, não nas conquistas profissionais e sociais, mas nas relações de afeto e comunhão. O grande desafio da espiritualidade cristã é o de encontrar na Trindade os Fundamentos para nossa experiência de amor e amizade.

Gostaria de terminar citando C. S. Lewis: "Não existe investimento seguro. Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa e seu coração irá certamente ser espremido e, possivelmente, partido. Se quiser ter a ceteza de mantê-lo intato, não deve dá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Evite todos os envolvimentos, feche-o com segurança no esquife ou no caixão do seu egoísmo. Mas nesse esquife - seguro, sombrio, imóvel, sufocante - ele irá mudar. Não será quebrado, mas se tornará inquebrável, impenetrável, irredimível. O único lugar fora do céu onde você pode manter-se perfeitamente seguro contra todos os perigos e perturbações do amor é o inferno".


Ricardo Barbosa de Souza é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília (DF).

Boa Leitura

Carlos Fernandes

A Graça de Deus X O Mito do Super-Homem
Caio Fábio D'Araújo Filho
Editora: Vinde Comunicações
59 páginas
3a. Edição - 1995

Vivendo debaixo da graça de Deus, o cristão está livre de decepções pessoais ou dificuldades financeiras? As dores e os sofrimentos que nos sobrevêm são frutos de pecado? A conversão ao cristianismo nos dá poderes sobrenaturais para destruir todos os nossos problemas? A partir das experiências vividas pelo apóstolo Paulo, o autor oferece uma perspectiva lúcida sobre essas e outras questões, mostrando que a plenitude da graça de Deus pode ser experimentada na concretude da nossa humanidade. Este livro é intenso e profundo na abordagem de questões comportamentais e psicológicas em relação à vivência diária da fé. Premiado na 5a. Feira do Livro Evangélico, na Categoria Vida Cristã. À venda nas livrarias evangélicas e na Livraria Curió.

Compre no Estante Virtual

Carlos Fernandes

Café com Deus
Ruben Pirola Filho
Editora: Vida
106 páginas
3a. Edição - 1995

Café com Deus é um guia devocional para pessoas que não dispõem de muito tempo, sendo um verdadeiro fast food espiritual. De leitura rápida, nem por isso é desprovido de conteúdo. Rubinho - como assina o autor - é professor de história em quadrinhos e designer gráfico da Universidade Federal de Uberlândia (MG). Sua obra reflete seu compromisso cristão, carregado de um bom humor que confronta o leitor consigo mesmo, fazendo-o parar e pensar, através de uma identificação com situações corriqueiras da vida diária e com os questionamentos básicos da fé cristã. Ganhador do prêmio ABEC, este é o primeiro título de um autor que promete. À venda nas livrarias evangélicas.

Compre no Estante Virtual

Carlos Fernandes

Paredes do meu Coração
Bruce e Barbara Thompson
Editora: Betânia
224 páginas
1a. Edição - 1994

Mais um título premiado, Paredes do meu Coração vem atender a uma necessidade primordial do homem e da mulher do nosso século, percebida quando o ser humano levanta paredes de autodefesa em tomo do coração, no sentido de reduzir as possibilidades de ser ferido novamente. A leitura é simples e agradável, repleta de aplicações práticas, criando uma interação emocional, com a finalidade de conduzir a um diagnóstico do problema. As sugestões apresentadas ajudam o leitor a derrubar suas paredes, auxiliando-o a lidar com os traumas, frustrações e a insegurança provocada por esta prisão interior. Os autores sugerem também como reconstruir de maneira sadia estes muros necessários ao ajuste emocional, baseados nos prumos de Deus, a fim de que cada um possa seguir nos caminhos que conduzem à firmeza e à estabilidade. À venda nas livrarias evangélicas.

Compre no Estante Virtual

Carlos Fernandes

A Revolta das Canetas
Mauro Clark
Editora: Mundo Cristão
124 páginas
1a. Edição - 1994

Mauro Clark foi premiado como autor revelação em 1994 pelo título A Revolta das Canetas. Nesta obra, ele usa os fatos do seu cotidiano familiar e social para mostrar que a fé na existência de um Deus vivo e presente não carece de argumentos apologéticos, mas de um simples abrir de olhos para as coisas simples da vida. Valendo-se da fantasia que confere vida às canetas, o livro aborda fatos reais, com aplicações espirituais. Uma gaveta cheia de canetas, a compra de um carro, uma partida de pingue-pongue, o corpo sonolento de uma menina e, de repente, Deus se faz presente. A Revolta das Canetas é um livro que abre a mente e o coração do leitor para que uma revolução espiritual possa acontecerem sua vida. Mauro Clark é engenheiro civil e escreve a coluna semanal Falando ao Coração, no jornal Diário do Nordeste, em Fortaleza.

Compre no Estante Virtual

Deus é juiz, mas será que apita o jogo?

Atletas de Cristo enfrentam o dilema de orar ou não pela vitória em campo

Por Carlos Fernandes

Após a final da Copa, nos Estados Unidos os jogadores da Seleção Brasileira se reuniram
no meio do campo, num só espírito, e agradeceram a Deus a vitória contra a Itália

Quando o juiz apita e a bola começa a rolar, são 11 contra 11, certo? Nem sempre. No futebol, assim como em tantas outras atividades, cada um leva consigo a sua fé, a sua superstição, a sua esperança. Ninguém quer entrar em campo sozinho. Cada um procura urna fininha extra. Já se disse até que se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria sempre empatado. Exageros à parte, a verdade é que, quando o assunto é futebol, cada um se garante como pode. Tem jogador que se benze, outros beijam medalhinha, alguns acendem velas e até mesmo aqueles mais céticos de vez em quando se pegam com alguma coisa, digamos, sobrenatural. Todos os caminhos levam ao gol; é o vale-tudo pela vitória.

Mas quando o jogador é servo do Senhor, como é que fica? É lícito orar a Deus, pedindo a vitória para seu time ou Ele não se envolve em jogo? A bola é igual para todos ou procura mais os pés de quem busca ao Senhor? Na campanha do tetra, os Atletas de Cristo que integravam a seleção brasileira usaram e abusaram da oração na decisão contra a Itália. Quem não se lembra do Jorginho clamando a Deus no grande círculo durante a disputa de pênaltis? Ou do gesto histórico de Taffarel apontando para o alto depois que Roberto Baggio, budista, deu o título ao Brasil, chutando sua cobrança para fora?

A verdade é que os crentes, quando entram em campo, não dispensam a oração. Sérgio Manoel, ponta-esquerda do Botafogo, convertido há dois anos, diz que a concentração não é completa se Deus não estiver atuando, e que até mesmo no intervalo dos jogos já ouviu sua voz. Quanto a orar pedindo a vitória, ele assegura que só ora para que "seja feita a vontade de Deus". O lateral Cássio, do Fluminense, diz que, se uma vitória vier a glorificar o nome de Jesus, ele a concede. Apesar de seu time não ter sido considerado um dos favoritos ao título do atual campeonato brasileiro, venceu o primeiro turno e já está nas semifinais. Cássio confessa: "No fundo do coração, pedi a Deus que a classificação viesse para nós". E lá vai o Flu disputar o título.

Fábio, Cássio, Sérgio Manuel, pastor Zick e Tinho
participam da reunião dos Atletas de Cristo

Embora os jogadores cristãos sejam um pouco reticentes em admitir que oram a Deus para ganhar jogos, alguns acham que têm o direito de clamar pela vitória. Ivan, ex-zagueiro do Vasco, que também atuou pelo Santa Cruz e pelo Náutico de Recife, já orou dessa maneira. E relata o caso de uma semifinal entre Vasco e Botafogo, que naquela época contava com Baltazar, servo do Senhor como ele: "A imprensa divulgou o jogo como o confronto entre o artilheiro e o zagueiro de Deus", lembra: E nessa situação, quem foi abençoado com a vitória? "Não sei o motivo, mas dessa vez Deus atendeu a minha oração e o Vasco venceu por 2 a 1". Opinião diferente tem Amauri Knevitz, que durante 15 anos atuou como zagueiro do Inter-RS, Atlético-PR, Vitória-BA e outros clubes. Para ele, o atleta cristão não tem o direito de pedir a vitória. Por isso nunca orou assim. Ele acredita na dedicação do atleta, na sua preparação adequada, e somente depois de atendidas essas necessidades é licito rogar a Deus, mas "para que Ele aja segundo o seu propósito". Knevitz dá uma meia trava no atleta que apela para a oração: "Deus é amor, e pode abençoar determinadas situações, mas nem sempre o que pedimos é da sua vontade".

Pedir que a vontade de Deus seja feita parece ser a oração que todo jogador crente faz antes de pisar o gramado. Mas, por trás desse jargão evangélico, se esconde o desejo de cada coração: a vitória de seu time.

E há quem ore, pedindo que Deus afaste a bola de si: o goleiro. Afinal, não é fácil ocupar a ingrata posição que o folclore do futebol consagrou como aquela onde nem grama nasce. É preciso orar com um olho fechado e o outro aberto. E rogar para que na sua rede não caiam peixes. Trata-se da verdadeira antítese de Pedro. O goleiro Fábio Mala, do América do Rio, não sabe até que ponto é cerro ou errado pedir a vitória em oração, e prefere orar para que, independente do resultado, não saia de campo frustrado. No caso de confronto com um irmão em Cristo, Fábio acredita que nesse caso Deus abençoa os dois, mas dá a vitória àquele que der mais glória e honra ao Seu nome. Contudo, reconhece que já saiu de campo frustrado com Deus, após um jogo perdido devido a uma falha sua. "Mais tarde, o Senhor me fez entender que precisava mexer comigo para mostrar certas coisas, pois eu estava muito sapato alto, precisava cair um pouquinho". Essa é uma prova de que, Fábio (Américo do Rio) oro só para não ficar Frustrado além de mulas, Deus também pode usar frangos para falar aos seus servos.

Fábio (América do Rio) ora só para
não ficar frustado

Vinícius, do Bangu, goleiro convertido há quatro anos, ora para que seja bem-sucedido e não haja contusões, além de que - adivinhe - seja feita a vontade de Deus, é claro! Para ele, Jesus, além de mestre, também pode ser técnico: em uma excursão ao México, foi colocado no banco e não vacilou - rogou que Deus fizesse justiça e ele entrasse em campo. Não deu outra: entrou no segundo tempo, seu time ainda virou o jogo e saiu com a vitória!

Para Alex Dias Ribeiro, diretor executivo do grupo Atletas de Cristo, Deus é capaz de intervir no resultado de uma partida para influir na história de seus filhos, mas ressalta que os critérios pertencem a Ele. "'Deus não é tolo de entrar em um resultado por uma questão fútil". comenta. F. acrescenta, bem-humorado: "O atleta cristão não deve orar para vencer, pois se Deus é por nós, quem será contra nós? Seria até covardia!"

Afinal, a oração ganha jogo ou não? Não sabemos se Deus de vez em quando calça chuteiras e dá uma força aos seus filhos dentro das quatro linhas. Mas em uma coisa todos eles concordam: é muito melhor entrar em campo com Ele.



A noite do embaixador

Al Green encanta a plateia brasileira com sua música e espiritualidade

Por Benilton Maia

Fotos de Frederico Mendes

Carismático, Al Green mostrou
um repertório variado na
apresentação do Free Jazz

Na noite de 17 de outubro de 1995, abertura da décima versão do Free Jazz Festival, o palco do Metropolitan, no Rio, maior casa de shows do Brasil, se transformou em altar. Durante pouco mais de uma hora, o pastor, cantor e compositor americano Al Green mostrou ao público que boa música se aprende na escola... dominical. Alternando baladas, souls e gospels, o ministro-artista encantou a plateia com seu carisma e testemunho de fé. É a primeira vez que Green - ou, como gosta de ser chamado, reverendo - se apresentou no Brasil. Sua participação era uma das mais aguardadas para esta edição do festival, que acabou se rendendo ao pop. Mas, como todo bom cantor negro norte-americano, ele tem suas raízes no gospel.

Aos nove anos, Albert Greene (seu nome verdadeiro) já excursionava com o pai, o baixista Robert Greene, cristão conservador, integrando os Green Brothers. Pensando que tudo o que lhe atraía estava fora da igreja e era proibido por ela, decidiu formar o grupo Al Green & The Creacions, mudado depois para Al Green & The Sou1 Mates. Na época de sua primeira gravação, a canção Back up traia (1967), alcançou o Top 5 das paradas de R&B (rythm'n'blues). Empolgado com o sucesso, excursionou de Chicago a Bacon Rouge, apresentando-se em pequenas casas noturnas. Nessas andanças conheceu Willie Mitchell, em 1969. O amigo passou a produzir suas novas gravações e a compor em parceria algumas canções que se tornariam clássicas, como Tired of being alam, de 1971. Depois de vários discos de ouro entre 1971 e 1974, Green passa a ser chamado embaixador do amor por interpretar canções que pregam o romantismo, entre das Let's say together - regravada em 93 pelo grupo de hip-hop cristão ETW -,I'm still in love with you e Look what you've done for me.

Durante o show, o cantor e pastor
norte-americano falou várias vezes
do Evangelho

No apogeu da fama, porém, ele repensa seu relacionamento com Deus. Há quem diga que a queda que quase lhe custou a vida também contribuiu para a decisão de dedicar-se totalmente à música evangélica. O primeiro álbum desta nova e inesperada fase é The Lord will make my way, sucesso de crítica e vencedor de um prêmio Grammy em 1982. Nesta época, ele já havia se tornado pastor do Full Gospel Tabernacle (Tabernáculo do Evangelho Pleno) em Memphis, Tenessee. Em 1985, sai He is the light, marcando o retorno da parceria com Mitchell. Um sucesso. Em 1987, lança Soul Survivor pela A&M Records, repetindo mais uma vez o sucesso. É deste álbum a música Everything is gonna be allright.

Em 1992 , Green grava pela gravadora evangélica Word o disco Love is Reality, em que acrescenta mais R&B ao seu trabalho marcado por um balanço moderno aliado ao seu sofisticado gospel tradicional. Além dos sucessos como cantor cristão, o reverendo também trabalha junto ao mercado secular, e seu nome tem figurado em diversos créditos de filmes. Ele compôs, ao lado de Annie Lennox, o hit Put a little love in your heart, tema do filme Os fantasmas se divertem. Fez temas também para Corina, uma babá perfeita e Um tira da pesada 3.

Green quer hoje compartilhar sua mensagem de amor além dos portões da igreja em Memphis. Ele canta para a mulher amada e para Deus com o mesmo fervor. Ano passado foi lançado no Brasil (e ignorado pelas rádios) o álbum Don't look back, produzido por Arthur Baker e Fine Young Canibais. Quem garimpa e encontra algum exemplar deste CD não se arrepende pelo esforço. Al Green acaba de gravar Your heart is in your hand, produzido por Narada Michael Walden e lançado este mês nos EUA.

Crítica / Al Green **

Por Omar de Souza

Quem foi ao Metropolitan na noite de 17 de outubro de 1995 para assistir a um show do artista Al Green saiu satisfeito. Aqueles, porém, que pretendiam ouvir o pastor Al Green voltaram para casa com uma suave sensação de quero mais. Não que o cantor profissional inibisse o reverendo. Pelo contrário, os dois conviviam no palco com muita harmonia. Os nomes Deus e Jesus foram mencionados inúmeras vezes, do início ao fim da apresentação. Mas faltou mais daquilo que Green sabe fazer de melhor: interpretar, do fundo da alma, souls e gospels genuínos. O repertório, evidentemente preparado para agradar os fás do cantor, evidenciou tanto os sucessos dos anos 70 que suas melhores canções - as de adoração e louvor - ficaram em segundo plano. Aliás, era também nas músicas religiosas que a competente banda brilhava mais.

O que faltou de gospel, o reverendo compensou com carisma e estilo cênico. Sem abusar de seus famosos agudos em falsete, ele preencheu todos os espaços da casa de espetáculos projetando a potente voz, quase dispensando o microfone. As caminhadas entre as mesas da plateia também serviram para envolver todo o público no balanço de sua música. Resta a curiosidade: será que os cultos no Full Gospel Tabenacle são tão bons e animados quanto o show de Green?


• ruim; * regular; ** bom; *** ótimo

A conciliação entre púlpito e palco

4 Perguntas Al Green

O senhor grava canções românticas e evangélicas com diferentes ritmos e gêneros. Há algum tipo de diferenciação entre a música religiosa e a popular?

Sim, há uma diferença muito grande entre música gospel e música popular ou profana. Em ambas são abordados dois tipos de amor bem distintos. Uma coisa é falar sobre o amor de um rapaz por uma garota, tipo "te amo, baby, quero te beijar e abraçar", e outra é falar do amor entre o Criador e o homem. Contudo, rodo tipo de amor vem do Criador. Há quinze anos atrás, eu não poderia fazer esta afirmação porque eu ainda não tinha racionalizado isso no começo de minha dedicação a Cristo. Mas hoje posso gravar e falar sobre o amor em suas diferentes formas. Ambas as formas de amor nos são dadas pelo Criador, apesar de serem distintas. Eu me considero uma espécie de (gesticula como se abrisse parênteses) embaixador do amor. E isso não é apenas um aspecto de minha vida, mas algo que norteia todo o meu viver. Eu gostaria que esse maravilhoso amor de Deus tomasse conta do mundo todo. Então, eu quero falar desse amor.

"Deus quer que todos conheçam seu amor.
Por isso, me sustento nas posições onde
posso compartilhar, de alguma formo, esse
amor commuitas pessoas."

Seu repertório é composto apenas de gospel music?

Não, meu show consiste de músicas como Let's say together, Call me, Love is Reality, Amazing grace, enfim, as músicas que contêm todos os elementos que falam das coisas que eu penso e acredito. O show é longo, por isso posso apresentar um número grande e variado de músicas.

Como o senhor concilia a vida de pastor com a de artista?

Consigo conciliar as duas coisas porque Deus é amor. Ele quer que todos conheçam este amor, por isso me sustenta nessas posições onde posso, de alguma forma, compartilhar seu amor com muitas pessoas. Críticas sempre existirão, seja por um motivo ou outro. Certamente gravo para diferentes segmentos musicais. Porém, em última análise, todo tipo de amor vem do Criador, certo? Então, eu canto sobre todo tipo de amor que nos foi dado por Deus. E, apesar das críticas, eu sei que este amor de Deus me ajuda a superar todo tipo de barreira. O amor sempre prevalecerá.

Voltando no tempo, qual foi sua motivação para deixar os Green Brothers e seguir sua carreira?

Fui expulso do grupo por meu pai (risos). Ele me surpreendeu mais de uma vez ouvindo músicas que não eram bem-vindas em minha casa, como Jack Wilson, James Brown, Wilson Piccket. Então, me expulsou de casa. Depois disso, eu me associei a três músicos que tocavam musica pop e passei a seguir por um bom tempo nesse caminho somente.



Coluna da Georgiana Guinle


Garota-propaganda do Evangelho

Maria Inês Noronha
Neide Aparecida fez a cabeça no jantar da Adhonep

Ela sempre sentiu o cheiro do sucesso incensar o altar de sua vida. Ganhou mais de 50 prêmios que a consagraram como a mais popular garota-propaganda da TV brasileira. Quem não se lembra do famoso bordão "Perucas Lady, tá?", enquanto a bela Neide Aparecida se desmanchava em olhares de diva, ondulando cada palavra com seus loopings capilares? Mas foi Jesus quem fez, de fato, a cabeça de Neide, e imprimiu um novo lay-out à sua alma. Este doce e inusitado encontro foi num jantar da Adhonep (Associação dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno), entidade que reúne executivos e empresários cristãos. "Nunca vou esquecer. A gente chega lá como um pássaro de bico quebrado e, de repente, vem aquela revoada de colibris nos envolvendo com suas asas de amor." Neide chegou a ter umas experiências religiosas fazendo promessas e ajoelhando para a quase xará, Maria Aparecida - Cidinha, para os íntimos. Mas agora, recém-batizada com o Espírito Santo, ela não só conhece a cruz de Cristo como o Cristo da cruz.


Globo 1

Frederico Mendes
Felipe Folgosi comandou
o encontro

Estampando uma camiseta com o slogan "Globo e você. Com Jesus Cristo, tudo a ver", o ator Felipe Folgosi desempenhou um dos papéis mais importantes da sua carreira: o de mestre de cerimônias do Segundo Encontro dos Funcionários Evangélicos da TV Globo, dia 11 de outubro, no Rio. Como bom cristão, Felipe atendeu prontamente ao convite dos coordenadores do evento, chegou cedo, transitou tranquilamente entre os convidados e mostrou que, quando é para falar do amor de Cristo, o texto está na ponta da língua e no fundo do coração. Ao final do culto, Felipe -um dos galãs da novela das oito, Explode Coração - comentou sorridente "Foi tudo uma bênção."


Globo 2

Frederico Mendes
Mara falou de Jesus no
evento da Globo

Surpresa mesmo foi ver a cantora e apresentadora Mara Maravilha falan-do de sua experiência com o Pai no encontro de funcionários da Globo. A baianinha, que gravou recentemente a famosa -canção em que o rei Roberto Carlos procura se dirigir ao verdadeiro Rei, contou que foi abordada por uma missionária da Fundação Renascer, em São Paulo. Desde então, reconheceu que precisava mudar. "Eu estava falando com Jesus, mas de costas pra ele", disse Mara, que ficou - me perdoem o trocadilho - maravilhada com a alegria do ambiente e lamentou ter que sair mais cedo, antes de ouvir a mensagem do reverendo Caio Fábio.

A verdadeira libertação

Frederico Mendes
Hugo Boff se aproximou do Evangelho lendo o livro de um padre

O Holy Ghost atua de formas fantásticas. Até a tradução de um livro pode levar à salvação em Cristo Assim aconteceu com o professor Hugo Boff irmão do ex-frei Leonardo Boff. Há cerca de 12 anos ele começou a traduzir o livro Beber no Próprio Poço, do padre peruano Gustavo Gutierrez, baseado nos princípios da Teologia da Libertação. O professor, que até então não praticava nenhuma religião, foi levado a conhecer a Bíblia através de citações do livro, e logo a leitura da Palavra, levou-o à conversão. Boff, de 45 anos, leciona Economia na Fundacão Getúlio Vargas e é secretário e professor da Escola Bíblica Dominical da Igreja Batista de Botafogo. Sua experiência comprova que, realmente, A Palavra liberta!

Refrigério sob o calor do secador

Frederico Mendes
Rita Barella sentiu o poder de
Deus num salão de cabeleireiro

Calor na cabeça, refrigério na alma. Foi debaixo de um secador de cabelos que Rita Barefla, 38 anos, proprietária da cadeia de lojas Mr. Kid, recebeu o incessante orvalhar do Espírito Santo. Sua alma se deleitou num fluir incontrolável de paz e alegria. "Pude perceber uma fronteira no meu espírito, separando a água física da água espiritual, podendo distingui-la do calor do secador e da umidade do creme. Foi uma sensação gloriosa."

Até então, a empresária só tinha incursionado pela créme de la créme do esoterismo desnatado. Muitas vezes, no quarto, presenciou fogs espirituais demoníacos. Chegava a enxergar espíritos malignos que tinham uma aparência de quem jamais seria top model da Revlon. No meio da crise, Rita testemunhou o poder de Deus em reuniões na sua casa, quando o Espírito Santo falou que ia fazer um resgate total na sua vida. "O processo continuou, a luta gerou Mesmo no deserto, a alegria sobrenatural do Senhor sempre me acompanhou." Mais uma surpresa para quem gosta de kirchenerizar a ação de Deus. Jesus, até no secador, secou a dor arrebatadora de uma vida preciosa.

SHEKINADAS

Farta distribuição

Mais uma vez assistimos ao toma-lá-dá-cá que já virou rotina cm Brasília. Interessado em aprovar seus projetos, o governo distribuiu cargos para parlamentares e vantagens para os agro-deputados endividados. Vale tudo para conseguir as famigeradas reformas da Constituição. Ou seriam deformas?

Jesus na praia

Frederico Mendes

O prefeito do Rio, Cesar Maia, não sabe o que quer. Já anunciou tantas atrações para a praia na virada do ano que parece até que o reveillon dura uma semana. Já se falou com Beatles, os três tenores, o Prince, Zeffirelli Montserrat Caballet. Bem que ele podia chamar Jesus Cristo e deixar os crentes ocuparem o espaço para evangelizar nos postos, como faziam todos os anos antes dele assumir a prefeitura.

Ar Efeito

Ano que vem tem eleições para prefeito e vereador. Prepare-se para ver a sua igreja ser invadida pelos candidatos evangélicos que, depois de eleitos, nunca mais dão as caras, como se tivessem sido arrebatados. Nem o céu é o limite para eles. A gente só volta a saber dessa turma depois de quatro anos - isso quando eles não se metem em alguma maracutaia e saem nos jornais envergonhando o Evangelho. Abre o olho, irmão.



Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...