sábado, 30 de março de 1996

Nos passos de Jesus

O reverendo Caio Fábio lota um jumbo para Israel com 380 pessoas de todo o Brasil

Jorge Antonio Barros

Fotos de Jorge Antonio Barros, enviado especial a Israel, via d'Ávila Tours

Os 300 neoperegrinos se reuniram no anfiteatro de
Cesaréia, às margens do mar Mediterrâneo, para ouvir
a pregação do reverendo Caio Fábio

Era o inicio de mais um Shabat, o dia de descanso sagrado para os judeus, em 19 de janeiro chuva fina, o ônibus de neoperegrinos brasileiros era um dos poucos a circular pela estrada em direção a Jerusalém, a capital eterna de Israel. Quando esse veículo, o primeiro dos oito ônibus do grupo de 380 turistas brasileiros, entrou pela primeira vez na cidade de David, o silêncio foi magicamente quebrado por um velho hino evangélico, cantado pela voz bem afinada de uma das passageiras. "Jerusalém, Jerusalém", entoou a professora Rosângela Leite, de Barra do Pirai (RJ). O ônibus todo se comoveu num pranto. Era a emoção de estar na cidade santa, onde Jesus viveu, pregou, morreu e ressuscitou dentre os mortos. Não há cristão que agüente. Nem judeu, nem muçulmano, porque a cidade é santa também para eles.

Rosângela, solista do
primeiro ônibus a
entrar em Jerusalém

Para seguir os passos de Jesus em Israel, os 380 neoperegrinos se inscreveram no Seminário Conhecendo a Terra de Deus e o Deus da Terra, organizado pela agência de viagens d'Ávila Tours e liderado pelo reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, presidente da Associação Evangélica Brasileira. Em janeiro do próximo ano, o pastor Caio completa 20 anos de peregrinação na Terra Santa, 15 dos quais levando grupos de brasileiros a uma viagem através da História, pelas páginas da Bíblia. Dessa vez, Caio bateu seu próprio recorde: praticamente lotou um Jumbo da Alitalia, que levou o grupo de neoperegrinos a Tel Aviv, com escala em Roma. E o momento não poderia ser melhor: Jerusalém está completando 3 mil anos de fundação.

CIDADE DE DAVID - Situada nas Colinas da Judéia, Jerusalém é a capital de Israel, a sede do governo e o centro histórico e espiritual do povo judeu, desde que o Rei David a fez capital de seu reino, no ano 1000 a.C. Em Jerusalém, David reinou por 33 anos, o número da idade em que Jesus deu a sua vida pela humanidade, na cidade de David. Jerusalém permaneceu como capital da dinastia de David por 400 anos até ser tomada pelos babilônios. Assim como Jesus, Jerusalém também ressuscitou. E quando Ele voltar vai - segundo a fé judaica - passar pela Porta Dourada, uma das oito portas de Jerusalém.

No Ano 70 d.C., Jerusalém e o Segundo Templo foram destruídos por Tito, comandante das forças romanas que exterminaram um milhão de judeus. Do Templo restou o que os judeus chamam de Muro Ocidental, o Muro das Lamentações, que é dividido em dois lados - o feminino e o masculino. Ali são realizadas diariamente cerimônias de bar-mitzva, a iniciação judaica dos meninos, aos 13 anos. As idish mama (típicas mães judias) ficam do lado de fora da área masculina, jogando balas para saudar o debut. No final do Shabat, centenas de pessoas deixam o local, retomando as atividades paralisadas de maneira radical pelos ortodoxos. Dia de delícias para os judeus, o Shabat é como um martírio para os turistas cristãos, loucos para ver aberto o comércio e a vida voltar ao normal. Quem não respeita o Shabat está sujeito a ser apedrejado, se for pego, por exemplo, dirigindo pelas ruas do bairro judeu. No Muro Ocidental, um ortodoxo, Yehuda Steinmetz, chegou ao ponto de se negar a escrever seu nome para o repórter porque faltavam alguns minutos para o fim do Shabat. Novaiorquino radicado em Israel, Yehuda se aproximou do reverendo Caio Fábio para pregar-lhe a fé judaica. Mas acabou sendo pregado. "Obrigado pela aula de Bíblia", disse o ortodoxo, diante da fluência do pastor.

O cartão-postal de Jerusalém, com a mesquita da cúpula dourada, é uma espinha na garganta dos judeus porque está no monte Moriá, na area do antigo templo judaico

Um lote pela Terra Santa

Empregada doméstica vende terreno e telefone para viajar

Desde a infância Felipa
Vieira sonhava conhecer Israel

Desde a infância, dona Felipa Vieira Campos, de 56 anos, alimentava um sonho que - confessa - tinha pouquíssimas chances de realizar: conhecer o lugar onde Jesus nasceu, em Belém da Judéia. Filha de uma família muito pobre, dona Felipa sequer sabia que a Terra Santa ficava tão longe de Goiânia (GO), onde foi criada desde a adolescência. "Eu não sabia que Jerusalém ficava em Israel", confessa, com uma santa ingenuidade, um olhar puro e intraduzível, entre tantos peregrinos orgulhosos de sua sabedoria bíblica. Dona Felipa não estava nem aí para geografia bíblica. Mas, como poucos, bebeu sedenta as palavras de fé sobre a Terra Prometida, transmitidas pelo reverendo Caio Fábio.

Membro da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia desde a juventude, dona Felipa trabalha como empregada doméstica há 42 anos no mesmo serviço. Como poucos também, ela soube dar valor à realização do velho sonho de infância. Para conhecer Israel, abriu mão de alguns bens adquiridos ao longo de anos de trabalho duro. Vendeu um lote de terra e uma das duas linhas telefônicas. "Já tenho minha casa (um apartamento na área nobre de Goiânia), lote eu compro outro: eu vi que era essa a hora de realizar meu sonho", diz dona Felipa que contou até com o apoio da filha de criação, Jocelita, de 19 anos. "Vai mesmo, mãe; não deixa para outro dia, não", incentivou a moça.

Telespectadora assídua do programa Pare & Pense, dona Felipa sentiu o coração bater forte quando assistiu as primeiras chamadas para a viagem a Israel. Sem o hábito de tirar férias, ela decidiu então reunir as economias, tirar o primeiro passaporte da vida e partir para a viagem dos seus sonhos. "Muita gente duvidou que eu conseguisse", admite, agradecendo a Deus pela bênção. E Deus agradece a fé de dona Felipa.

Do Monte das Oliveiras, se avista um dos
oito portões de Jerusalém, o Dourado,
por onde o Messias vai passar

Aproveitando para fazer gravações para o programa Pare & Pense, o reverendo Caio Fábio fez explanações bíblicas em oito locais ao ar livre, durante os nove dias de viagem por Israel. Nas noites, após o jantar, o pastor também transmitia a Palavra no Hyatt Regency, um cinco estrelas onde o grupo se hospedou. Por duas noites, falou como convidado especial o reverendo Samuel Doctorian, libanês naturalizado americano e diretor da Missão Terra Bíblica, com sede nos Estados Unidos. "É uma alegria estar aqui com esse grupo", disse Doctorian que pregou em Tiberíades, onde o grupo ficou três dias, no hotel Jordan River, às margens do Mar da Galiléia, na região onde Jesus fez milagres à vontade.

Os meninos celebram seu bar-mitzva no que restou do Segundo Templo

GALILÉIA - Com 36 mil habitantes, Tiberíades é um animado centro turístico à beira do Mar da Galiléia ou lago de Genesaré ou ainda Kineret - o maior de água doce de Israel, com oito quilômetros de largura por 21 quilômetros de comprimento. Em Tiberíades, o grupo liderado pelo pastor Caio viveu momentos de grande emoção, navegando pelo Mar da Galiléia, onde Jesus caminhou sobre as águas (Mateus 14:22), ou assistindo o batismo de mais de 40 pessoas no Rio Jordão, onde Jesus foi batizado por João Batista (Marcos 1: 9-11). O Jordão percorre, de Norte a Sul, 300 quilômetros até desaguar no Mar Morto.

Antes de partir de Jerusalém, o reverendo Caio fez um apelo para que os peregrinos fossem Forno gente simples da Galiléia. A travessia do Mar da Galiléia se confirmou como um dos momentos de maior comunhão de todo o grupo. Dentro do barco Lido 4, com capacidade para 450 pessoas, os peregrinos assistiram ao casamento da jornalista e missionária da Igreja do Evangelho Quadrangular Selma Maranha com o empresário Carlos Roberto Maranha. Há nove anos, eles não puderam se casar como queriam, em Presidente Médici (RO), onde moram com os três filhos.

Lua-de-mel em grupo

Pastor leva noiva para a Terra Santa

O pastor Marcos e a mulher, Ivani,
jantando no hotel Hyott, em Jerusalém

Acredite se quiser, mas a viagem para Israel teve até peregrinos em lua-de-mel. Quem viu Marcos Antônio Alves José e Ivani Vitória rindo à toa não podia imaginar que eles tinham motivo de sobra para se divertir. Casados uma semana antes em Goiânia (GO) - onde Marcos é pastor da Igreja Cristã Evangélica de Campinas, de Goiás - os pombinhos embarcaram no dia 18 de janeiro, curtindo nada menos que o primeira lua-de-mel em grupo da história da igreja evangélica brasileira. Amigo do reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, o pastor Marcos, de 36 anos, contava que deixou muito irmão de queixo caído em suo cidade: "Eles me perguntavam se o pastor Caio faria meu casamento, mas eu disse que ele faria melhor: estaria comigo na lua-de-mel", brincava Marcos, um dos mais divertidos do grupo de 40 pastores de diversas denominações, que estiveram na viagem.

Pastor desde os 21 anos de idade, pela primeira vez em Israel, Marcos Antônio observa que a viagem serviu muito como crescimento espiritual dele e dos sete membros de sua igreja, que o acompanharam na lua-de-mel. "Aprendi muito com o sermão do pastor Caio no Monte das Bem-aventuranças e com o batismo no Rio Jordão", observou o pastor que tinha no ônibus momentos de descontração e muita brincadeira. Mesmo depois de pegar uma gripe violenta, era visto quase sempre rindo, com a mulher. Mas quem não ri com dias de alegria e acolhedoras noites de núpcias em hotéis cinco estrelas? "Sem querer, demos inveja em muita gente", brincou Marcos.

Quarenta pessoas foram batizadas
no Rio Jordão

Representando os casais a bordo, receberam oração especial os anciãos Halley Jansen, de 85 anos, e Nilza Garcia Jansen, de 75, exemplos de cônjuges há mais de meio século. Solteiros, como o guia-chefe Daniel Cardoso Filho, 43 anos, de Niterói, também foram alvos do clamor dos peregrinos. Bastante animado, o grupo cantou louvores a Deus e músicas típicas judaicas, dançando ao melhor estilo eslavo. O louvor foi dirigido pelo músico Marcos Salomão, um dos diretores da Vinde (Visão Nacional de Evangelização).

Vítor e David testam a alta
densidade das águas do Mar Morto

Em Cafarnaum, as ruínas da casa de Pedro lembraram piadas sobre a sogra do apóstolo-pescador. Mas foi em Tabgha, na região de Magadã, perto do Mar da Galiléia, onde Jesus multiplicou os pães e peixes, que ocorreu um dos maiores milagres da viagem: quase ninguém entrou na loja do mosteiro. O frisson que ocorria toda vez que os neoperegrinos avistavam alguma loja aberta era tanto que levou o dublê de guia Ciro D'Araújo a cultivar a seguinte pérola: "O amor às lojinhas é a raiz de todos os atrasos". No mercado da Via Dolorosa, em Jerusalém, cada um provou como pôde seus dotes mercantis.

Para a maioria dos peregrinos, no entanto, o seminário foi uma excelente oportunidade de conhecer melhor a Terra de Deus e o Deus da Terra. "Cada vez que venho há mais novidades, assim como a própria Bíblia", diz a dona de casa Célia Moraes Mota, da Igreja Presbiteriana de São Caetano do Sul, em São Paulo, em sua terceira viagem a Jerusalém. Há cinco anos levando grupos a Israel, a diretora e organizadora da viagem, Dilma d'Ávila Ribeiro, confessa que organizar excursões à Terra Santa dá mais trabalho do que se imagina, "Mas meu trabalho tem também um sentido missionário", admite.

'Romário', o profeta do riso

Locutor gospel conquista os peregrinos da d'Ávila Tours

'Romário' não precisava
de força para fazer rir

Numa manhã chuvosa do mês passado, os turistas estrangeiros que lotavam o acesso à Basílica do Santo Sepulcro - o local onde os cristãos greco-ortodoxos garantem que Jesus foi sepultado, em Jerusalém - se assustaram com uma figura curiosa que parecia ter saído das páginas da Bíblia, só que vestido como um adolescente dos anos 90. "Raça de víboras, por que procurai aqui o corpo de Jesus?; ele ressuscitou", bradava o jovem profeta, de boné e óculos escuros. Era mais uma das brincadeiras que transformaram o paulista Claudemir Campos, de 29 anos, no 'profeta do riso' da excursão. O reverendo Caio Fábio bem havia dito que todo grupo tem seus engraçadinhos. Mas Claudemir superou a si próprio. Sobretudo quando imitava com maestria o jogador 'Romário' que acabou lhe rendendo o apelido e o maior índice de popularidade da viagem.

Coordenador e apresentador gospel da rádio evangélica Expressão FM, de São Paulo, Claudemir se tornava ainda mais pitoresco por viajar ao lado de um senhor reservado, sempre metido num sobretudo preto. O que pouca gente sabia é que o tal senhor é o pastor de Claudemir, Paulo José da Silva, presidente da Igreja Monte das Oliveiras, uma denominação pentecostal com sede em São Paulo. Outra surpresa: com aquele jeito gaiato de ser, Claudemir é nada menos que vice-presidente da igreja. "Ninguém acredita, né?", indagava Claudemir, meio sem graça. Mas seu ministério não poderia ser outro, além da evangelização de jovens. "Vejo a rádio evangélica como uma estratégia de mídia, que precisa romper com a linguagem da igreja", teorizava Claudemir, nos poucos momentos em que falava sério.

O reverendo Caio celebrou o
casamento de Carlos e Selma
A travessia do Mar da Galiléia foi
um dos momentos mais emocionantes da viagem

Com mais de 40 carimbos de Israel nos passaportes, o pastor Caio observa que cada viagem é uma experiência inédita, garantida pela diversidade dos grupos. Esse último se distinguiu pelo equilíbrio entre o siso e o sorriso. Mais uma vez o seminário atraiu gente de todo o Brasil. Rio e São Paulo disputaram o primeiro lugar, com 100 pessoas cada, seguidos por Goiás (46), Minas Gerais (41) e Distrito Federal (20), entre outros estados.

De gente simples como a empregada doméstica Felipa Vieira Campos - que vendeu até bens para adquirir seu bilhete - ao quarto político mais votada do país, Francisco Rossi, que disputou o governo do Estado de São Paulo, a maioria dos peregrinos estava no mesmo espírito. A comunhão de classes na viagem foi evidente em histórias como a da bancária Flávia Meire da Silva, do Bradesco de Bauru que, sem saber, viajava no mesmo ônibus de um dos vice-presidentes do banco, o pastor Ageo Silva.

TENTAÇÃO NO DESERTO - Embora tivesse 90% de evangélicos, o grupo era formado também por quem confessa outras religiões. "Chorei muito ao conhecer Jerusalém; não tinha a menor idéia de que fosse tão bom assim", admitiu Marisa Aparecida Capriotti, de Mello, católica praticante, de São Paulo. Impressionado com tudo o que viu ouviu, o comerciante Clóvis Escarabelin, de São Paulo, confessou que está prestes a se converter. Bem-aventurados os que, para aumentar sua fé, podem ver os lugares por onde Jesus andou, pregou, curou e abençoou. Em Jerusalém, a descida do Monte das Oliveiras terminou no Jardim do Getsêmane, onde Jesus foi preso depois de traído por Judas. Bem perto dali está o pináculo, de onde Jesus foi tentado pelo diabo a se jogar ao chão.

Os neoperegrinos também foram tentados a reclamar. As primeiras eleições palestinas, que confirmaram Yasser Arafat como o líder da Autoridade Palestina, no dia 20 de janeiro, prejudicaram um pouco a excursão. Como o dia foi marcado por tensão e conflitos entre árabes e judeus, no setor palestino, foi suspensa a ida 3 Igreja de Cristo, na Porta de Jaffa, na cidade velha. Mesmo assim foi possível conhecer, no setor palestino, Belém e Jericó.

Sete vidas em Israel

Aposentada retorna sempre que pode

Obédia: só falta conhecer o túmulo
dos patriarcas em Hebron

Filha de uma família com nada menos que 17 irmãos, a professora aposentada Obédia Dantas de Moraes, de 55 anos, nunca imaginou que viajasse além de Brasília para onde foi, ainda jovem, em busca de uma vida melhor. Nascida e criada num lar evangélico em Mossoró, no Rio Grande do Norte, ela levava uma vida comum até o dia em que decidiu buscar mais a presença de Deus. Em 1970, numa vigília em Brasília, Obédia recebeu de um jovem seminarista a mensagem de Deus que iria mudar sua vida. "O Espírito Santo me revelou que a irmã vai fazer uma longa viagem em vários países do mundo. E um plano de Deus para você; muitos serão abençoados e Deus será glorificado através do que Ele vai realizar na sua vida", afirmou José Sales, hoje pastor batista em Florianópolis (SC).

"Onde e quando?", indagou Obédia, curiosa. A resposta só veio 10 anos depois. Obédia confessa que já havia até esquecido a profecia, quando foi a primeira pessoa a se inscrever para participar do 14° Congresso da Aliança Batista Mundial, em Toronto, no Canadá. Em junho de 1980 embarcava para oito países. "Achei tudo maravilhoso, mas só Israel ficou no meu coração", lembra Obédia. E como ficou. Dezesseis anos depois, ela acaba de voltar à Terra Santa pela sétima vez e pela primeira com o grupo do reverendo Caio Fábio. "Essa foi uma das viagens mais equilibradas que já fiz a Israel: cultura, turismo e poder de Deus", testemunha Obédia que ainda não terminou sua peregrinação. Pretende voltar o mais breve possível. O momento mais emocionante nessas sete viagens - que já lhe renderam até o livro Tu és fiel, Senhor - ocorreu em 1990: Obédia foi batizada com o Espírito Santo no Cenáculo, onde foi realizada a última ceia de Cristo, em Jerusalém, no dia e hora do Pentecostes, a experiência espiritual que mudou a vida dos apóstolos.

De Jericó, se avista o Mosteiro de
São Jorge, no Monte da Tentação
Uma volta de camelo, em Jericó,
custa um dólar, que equivale a 3
shekels, a moeda israelense

Para entrar em Jericó, a caravana enfrentou alguma resistência por parte de soldados, alegando problemas de segurança. Mas o reverendo Samuel Doctorian levou a caravana a outro acesso, o grupo orou e passou pela barreira. De Jericó se avista o Mosteiro de São Jorge, construído pelos greco-ortodoxos no século V, no deserto da Judéia, próximo ao Monte da Tentação. Ali Jesus foi tentado pelo diabo depois de jejuar por 40 dias e 40 noites (Lucas 4, Marcos 1, Mateus 4). Na região existe hoje um restaurante chamado Tentação, onde se desfruta de boa cozinha árabe.

No deserto da Judéia, por onde João Batista pregava quando não comia gafanhotos, os neoperegrinos conheceram Qunrã, onde foram descobertos em 1947 os vestígios de uma comunidade de judeus essênios e os rolos sagrados que contêm a mais antiga cópia existente do livro de Isaías em hebraico e ainda legível. Depois da pregação do pastor Caio, pausa para um banho no Mar Morto, o ponto mais baixo do planeta, a 398 metros do nível do mar. É uma praia feita sob encomenda para quem não sabe nadar: é difícil mergulhar porque as suas águas têm o mais alto grau de sanilidade e densidade do mundo.

Mais de 200 peregrinos ajudaram a reflorestar Jerusalém plantando árvores.
A notícia saiu no Jerusalem Post

Jerusalém três vezes santa

Um ano após a fundação do Estado de Israel, ocorrida em 1948, Jerusalém foi dividida em duas partes, por muros de concreto e arame farpado, em conseqüência da reação dos vizinhos árabes. Durante 19 anos, a parte oriental foi anexada à Jordânia e a ocidental a Israel. Em 1967, Jerusalém foi reunificada com a vitória na Guerra dos Seis Dias e seus portões foram abertos a todas as religiões. E hoje a maior cidade de Israel, com cerca de 600 mil habitantes, e apresenta todos os estilos de vida e de religião. Em seu terceiro milênio, Jerusalém vive a excentricidade de ser uma cidade santa três vezes - para os judeus, muçulmanos e cristãos. Na Antigüidade, a cidade não tinha mais do que 50 mil habitantes, no máximo 250 mil durante as festividades. Do total de habitantes hoje, 406 mil são judeus, 146 mil são muçulmanos e apenas 15 mil são cristãos, sobretudo Breco-ortodoxos. A maior parte dos cristãos que vivem em Jerusalém descende de centenárias comunidades cristãs do período bizantino.

Os judeus foram proibidos de entrar em Jerusalém, exceto num só dia do ano, quando podiam chorar a destruição do templo. A cidade depois ficou quatro séculos sob o domínio árabe, de 636 a 1099, quando foi resgatada para a cristandade pelos cruzados. A Terra Santa esteve ainda sob o domínio mameluco e, em seguida, otomano. Em 1917, as forças britânicas entraram em Jerusalém, derrotando o império otomano. Por todo esse período, Jerusalém nunca foi capital daqueles domínios.

A Via Dolorosa e suas 14 estações
levam ao Calvário de Jesus
Do Segundo Templo, em maquete, só
restou o Muro Ocidental, também
conhecido como o das Lamentações,
o local mais sagrado para os judeus
Junto à fonte de Harode, Gideõo separou
seus 300 homens para lutar contra os midianitas

Israel tem 3.500 sítios arqueológicos que contam milhares de anos de história do povo judeu. Alguns dos manuscritos do Mar Morto foram vistos pelo grupo no Santuário do Livro, no Museu de Israel. Foi visitado também o museu Iad Vashem, um centro de pesquisa e documentação do holocausto, o extermínio de seis milhões de judeus pelo nazismo. Além dos museus, o grupo conheceu os belíssimos vitrais de Marc Chagal, na sinagoga do Hospital Hadassa, em Jerusalém, e mais de 200 peregrinos deixaram sua marca em Israel: plantaram uma árvore e viraram, com o pastor Caio, notícia do Jerusalém Post.

HISTÓRIA VIVA - Jerusalém é um museu histórico ao vivo. Ao final do século IV, com a conversão do imperador Constantino ao cristianismo (313), a mãe dele, Helena, determinou a construção de igrejas nos lugares santos cristãos de Jerusalém, Belém e Galiléia, e mosteiros foram fundados em muitas partes do país. A basílica do Santo Sepulcro - onde a maioria das tradições cristãs crêem que Jesus foi sepultado - foi a primeira dessas construções. Os direitos de custódia das várias igrejas cristãs sobre os lugares santos de Jerusalém foram definidos durante o século XIX e ainda hoje são respeitados. De onde Jesus subiu aos céus, existe hoje a Capela da Ascensão; onde Pedro negou a Jesus existe hoje a Igreja de São Pedro do Galicantu, em Jerusalém.

O túmulo de Jesus, no Jardim
da Tumba, é um local especialmente
reverenciado pelos evangélicos

Os evangélicos, em geral, valorizam mesmo é a Jerusalém celestial. Isso ficou claro na Basílica da Anunciação, em Nazaré, onde Jesus viveu até os 30 anos, a 131 quilômetros de Jerusalém. Diante de tanta imagem de Maria, na igreja de Nazaré, alguém do grupo soltou um "tá amarrado" que, no jargão evangélico, significa "esconjuro". "A anunciação é de Jesus, mas a glória fica para Maria, né?", protestou a professora universitária Denise Nascimento, de Belo Horizonte. Protestos à parte, ninguém deixou de visitar a igreja de Caná da Galiléia, onde Jesus realizou seu primeiro milagre - a água virou vinho.

Livres dos monumentos construídos por mãos de homem, os peregrinos descobriram a força de lugares como o Monte das Bem-aventuranças, na Galiléia, onde Jesus fez o famoso sermão da montanha. Ali, o reverendo Caio Fábio convidou os 20 pastores a orarem pelos que buscam as bem-aventuranças, as maneiras mais simples de se alcançar a felicidade.

Um dos momentos de maior devoção, no entanto, foi a santa ceia - a comunhão do pão e do cálice - no lugar que os evangélicos preservam como sendo o da ressurreição de Jesus, o Jardim da Tumba. "Foi o que mais me emocionou nessa viagem; ali tive a sensação gostosa de uma saudade não doída de Jesus", disse Rosângela, a solista do ônibus. "Chorei, mas de felicidade por saber que um dia O verei face a face", afirmou.

No dia seguinte, livre, um grupo foi a Massadas e o outro visitou Emaús. Massadas foi a fortaleza que serviu de refúgio à última resistência judaica ao cerco dos romanos. No ano de 73 a. C. cerca de 1 mil judeus, homens, mulheres e crianças, se mataram para não se entregarem vivos ao inimigo. Foi aí que o diretor jurídico da Vinde, Ernan Andrada, trocou as bolas. Andrada disse que preferiu conhecer Emaús para relembrar uma velha canção cristã: "Fica comigo esta noite e não se arrependerás". Na verdade, ele queria dizer "Fica, Senhor; já se faz tarde". A história já entrou para o anedotário cristão.

No Monte das Bem-aventuranças, em Tiberíades, o reverendo Caio Fábio reuniu os 20 pastores
que participaram da viagem para orarem juntos pelos peregrinos


Extraído Terra Santa. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 12-20, mar. 1996.

sexta-feira, 29 de março de 1996

Violência atinge crianças no Sudão

Por Marinês de Biasi

Meninas correm risco de violência por causa da omissão do governo sudanês

Um relato das Nações Unidas dá conta do aumento do número de torturas, seqüestros e estupros no Sudão realizados por forças de segurança do governo. Crianças são violentadas e doadas a sudaneses ricos para serem escravas. Meninas servem de concubinas de soldados. As doações internacionais de comidas, roupas e remédios são usadas para forçar o povo a se converter ter ao islamismo.

Milagre da multiplicação

Igreja no Uzbequistão: 3 mil membros

Igrejas evangélicas estão se espalhando nas repúblicas islâmicas centrais da Ásia. A igreja do Uzbequistão, fundada há 4 anos, tem 3 mil membros e já inaugurou 55 congregações. Cerca de 800 pessoas participam dos cultos matutinos, que acontecem diariamente. Estima-se que metade dos novos crentes seja formada por ex-muçulmanos.

Mártires filipinos

Dois líderes cristãos foram assassinados nas Filipinas em janeiro, na cidade de Jolo. Juanito Hapalla, comerciante de 57 anos, foi executado com um tiro na cabeça quando se dirigia à sua loja, no dia 19 daquele mês. O pastor Severino Bagtasos, de 30 anos, foi brutalmente assassinado enquanto fazia a leitura bíblica no culto dominical do dia 21 por um homem que se aproximou do púlpito e desferiu dois tiros à queima-roupa na cabeça. Os dois mártires eram líderes da Aliança Cristã e Missionária de Igrejas, uma das maiores denominações cristãs das Filipinas. Segundo a Missão Portas Abertas, que divulgou os crimes, as causas dos assassinatos estão sendo investigadas, mas há suspeitas de que tenham sido praticados por fundamentalistas islâmicos.

CONFINS

UGANDA - Este país tornou-se alvo da campanha de islamização realizada pelo governo sudanês, e o seu crescimento é comprovado através da construção de mesquitas, escolas, orfanatos, apoio à saúde e ajuda a trabalhos de desenvolvimento social.

SENEGAL - O crescimento da igreja se dá em ritmo lento por causa da escassez de missionários. Os crentes senegaleses ainda são imaturos na fé.

EGITO - Ibrahim Sharaf el-Din, recém-convertido ao cristianismo, foi libertado da prisão, mas terminantemente proibido de deixar o Egito para retornar ao seu país natal, o Quênia.

INDONÉSIA - O governo interrompeu a expedição de vistos para a entrada de missionários cristãos, numa clara estratégia de bloqueio aos trabalhos de evangelismo.

Evangelho se aprende na escola

As crianças de Camaruã recebem
educação e assistência espiritual

Na comunidade de Camaruã, no interior do Amazonas, há apenas uma escola, sem instalações luxuosas ou equipamentos modernos. Mas as crianças que lá estudam recebem um ensinamento muito especial. A missionária Elizabeth Silveira da Silva trabalha como professora e evangelista na região, onde ainda discípula novos crentes. A tarefa é difícil, pois a comunidade local é pobre. A comissão de missões da Igreja Batista Monte Gerizim, do Rio, passou a apoiar este trabalho no fim do ano passado.

Missionárias para muçulmanas

Homens não podem evangelizar mulheres

Cinqüenta por cento dos muçulmanos não alcançados pelo Evangelho no mundo são compostos por mulheres. Diversas restrições políticas, culturais e religiosas tornam quase impossível para os homens cristãos compartilhar o Evangelho de Jesus Cristo com elas. Tais esforços são mal interpretados pelas sociedades patriarcais do Oriente. A solução está nas próprias mulheres cristãs do mundo, que podem levar a Palavra de Deus às muçulmanas.

Perseguição explicita

A perseguição religiosa no Nepal é descrita na constituição do país. Longe de proteger os direitos básicos de adoração segundo a consciência de cada um, a carta magna, elaborada em 7962, nega-os explicitamente. Estão previstas pesadas penalidades para quem tenta romper com a religião tradicional da comunidade hindu ou para quem pretende converter pessoas ao cristianismo, islamismo ou qualquer outra religião.

Se você tem notícias do campo missionário e quer divulgá-las, envie um texto de oito a dez linhas (papel ofício, corpo 12) com uma foto colorida de cada matéria para:
REVISTA VINDE -
Rua Luis Leopoldo Femandes Pinheiro, 604/102 andar -Niterói, RJ - CEP 24001-970, aos cuidados de Marinês de Biasi.


Maria Inês Noronha

Correio Missionário

Escreva para estes missionários brasileiros que têm dedicado seu tempo, suor, saúde e recursos para levar o Evangelho a vários pontos do Brasil e do mundo, oferecendo a eles uma palavra de incentivo e seu apoio.


Pastor José Carlos e Raquel Silva
Tribo Kayabi - Alem
Caixa postal 6101
CEP 70749-970
Brasília, DF

Izidora Bussinger
Apec - Evangelismo de crianças
Caixa postal 13025
CEP 88010-974
Florianópolis, SC

Affonso e Jussara Cortijo
Ianomamis
Caixa postal 142
CEP 69301-970
Boa Vista, RR

Nivaldo e Carmem Nassif Missões urbanas - Cena
Rua Albino Tesserolli, 129
Santa Felicidade
CEP 82015-210
Curitiba, PR

Gideilda Maria dos Santos e Ivoneide Sobral da Silva
B. P. A-158 - Thies
Senegal - África

A mística que atrai os cristãos

Jorge Antonio Barros

Fotos de Jorge Antonio Barros, enviado especial a Israel, via d'Ávila Tours

Dilma, da d'Ávila Tours (com a bandeira) organiza excursões a Israel há seis anos

Brasileiros de todos os estados e de diversas denominações estão embarcando em número cada vez maior rumo ao cenário dos acontecimentos tão carinhosamente lidos e relidos na Bíblia. O pastor Adail Carvalho Sandoval, 59 anos, da Igreja Presbiteriana de Brasília (DF), que irá a Israel pela terceira vez em maio deste ano, levando 40 pessoas, acredita que a onda de peregrinação pelas terras bíblicas se deve à fascinação que todo evangélico tem pelos lugares onde se passaram os acontecimentos narrados nas Escrituras. O importante para ele "não é andar por onde Cristo andou, mas sim aprender como Ele andou".

O enfoque na pessoa de Jesus também motiva as excursões organizadas pelo pastor Neemias Marien, 61, dissidente da denominação presbiteriana que preside a independente Igreja Presbiteriana Unida em Copacabana (RJ). Marien foi o pioneiro nessa peregrinação, iniciada em 1971, após sua participação no programa Show sem limite, apresentado por J. Silvestre na extinta TV Tupi, em que respondia questões sobre a Bíblia. Preparando-se para fazer em setembro sua 25ª viagem, o pastor Marien revela que a maioria de peregrinos de suas caravanas é de pessoas não-evangélicas, principalmente católicas. Defendendo uma "mentalidade pluralista e ecumênica", ele diz que quer "evocar nos participantes um compromisso com Jesus, sem adesão aos guetos denominacionais". Hoje, após escrever os livros que defendem idéias pouco evangélicas, dificilmente o pastor Neemias conseguiria inspirar evangélicos a viajar com ele.

Já o pastor Ameliano Malta, 34, da Igreja Batista de Barra do Riacho (ES), se preocupa em levar os não-convertidos a uma decisão. Eles vão a Israel motivados pela curiosidade em relação à História, acredita o pastor, mas "quando vêem a realidade dos relatos bíblicos, têm as suas vidas transformadas" e são batizados no rio Jordão. A maior alegria de Ameliano é perceber, na visita ao Vaticano, a mudança no comportamento dos católicos nominais em relação aos dogmas da Igreja Romana. Para o pastor José Linaldo, 48, da Igreja Batista Central do Recife (PE), isto acontece porque o marco de todo cristão deve ser Israel. "Quando estudamos escatologia; tudo aponta Israel como relógio de Deus", diz, destacando que o objetivo de seu grupo, chamado Beit Shalom (Casa da Paz), é discipular pastores e líderes religiosos e políticos do Nordeste nos acontecimentos que apontam para a vinda de Jesus. Linaldo acredita que o boom de evangélicos na Terra Santa tem a ver com a chamada missionária que os brasileiros estão recebendo de Deus. "O Brasil vai se tornar o celeiro missionário mundial do próximo milênio", acredita.

O pastor Paulo Cesar Brito, da Igreja Missionária Evangélica Maranata, do Rio, tem objetivos mais singelos nas excursões que organiza. Na sua opinião, a viagem proporciona aos evangélicos uma experiência gratificante e carregada de emoção. Em maio, Paulo Brito pretende conduzir 50 pessoas à Terra Santa, e antecipa que a viagem será belíssima. "Estaremos em plena primavera, com campos floridos e paisagens maravilhosas", empolga-se. O pastor Mauro Israel, 46, da 1ª Igreja Batista em São Gonçalo (RJ), que está organizando sua primeira caravana para julho, alerta para o risco da mistificação do lugar, em que podem incorrer alguns dos neoperegrinos. "O Evangelho não se restringe àquela terra", lembra. Na viagem que fez ano passado, ele pôde avaliar conceitos que tinha sobre hábitos e lugares e, deste modo, quebrar os tabus da sua imaginação. "Deus pode reeditar na minha vida os mesmos milagres que realizou entre aquelas pessoas", esclarece.

Flávia, a moça do Bradesco
Quando os Gersons se encontram pela paz
Alípio Gusmão, com a mulher e a filha Renata
O sul-matogrossense Jesus Gutierre
dando uma de palestino
O reverendo Caio Fábio se reúne
com alguns de seus amigos
O pára-quedista Halpern com um grupo de mineiros
Renata e David: olhares em Cafarnaum
D. Leila e o marido, pastor Ageo,
da igreja de Vila Iara
Alda Cristina mostra com quantos
camelos se faz uma jornada
Dois judeus da pesada: o guia Hugo e Sami
operador da d'Ávila Tours
O reverendo Caio e a mulher, Alda:
romantismo no Jardim da Tumba
Os filhos do reverendo Caio, Lucas e David,
num momento de relax
O único japonês do grupo, Kazuaki Kuwano,
e a mulher, Junka Obara
Dr. Ernan Andrada e família
Em Jericó, a guia Smyrna e Ciro D'Araújo
trocaram o ônibus pelo camelo
Daniel, o guia-chefe, com o pastor
Caio no Monte Scopus
A juíza Neusa Dantas em seu lugar
preferido: o Monte das Oliveiras
A cantora lírica Lavra Bartoli
e o marido, Júlio, na igreja de São Pedro
O diretor da Central Vinde de Produções,
Edvaldo Grado, e o câmera Jerry Muniz

quinta-feira, 28 de março de 1996

Novidade

Pagode 'pra God'

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Razão de Viver: na cadência do Evangelho

O grupo de pagode Razão de Viver, que só canta pra God, está fazendo o maior sucesso em Belo Horizonte (MG). Com apenas 1 ano, o trabalho dessa turma foi homenageado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte com a Comenda do Mérito Artístico Rômulo Paes. Os integrantes do grupo estão bem afinados com o objetivo: fazer missões. E eles não escolhem lugar para se apresentar. De favelas a teatros, cantam com a mesma devoção e conseguem levantar fundos para o envio de missionários ao exterior, inclusive Rússia e Inglaterra. Os ensaios são realizados na pedreira Prado Lopes, em BH, onde muitas das pessoas que param para assistir não resistem ao apelo do grupo para terem uma experiência com Jesus Cristo.


Usina de craques

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Os meninos do Projeto Vida trocam as ruas pelo futebol

A Igreja Batista da Usina, Zona Norte do Rio, realiza um trabalho interessante: o Projeto Vida, uma escolinha de futebol amador para a garotada de 3 a 17 anos. Funcionando desde julho do ano passado e liderada pelo ex-jogador Jorge Luiz Rodrigues, que já atuou no Botafogo e no Bangu, a escola conta hoje com 42 alunos, a maioria do morro do Borel. Além das atividades físicas, os alunos participam de palestras e aconselhamentos. Atletas de Cristo, como Jocimar e Tinho, já apareceram para conversar com os jovens. Jorge diz que o resultado tem sido muito bom: os pais dos alunos estão gostando de ver seus filhos fora das ruas. Ele agora procura pessoas ou entidades dispostas a ajudar no trabalho. "Não dispomos de espaço nem recursos próprios", explica. Não há limite de vagas e quem quiser participar ou ajudar deve entrar em contato pelo telefone (021) 236-3594.


Drogas, tô fora!

A Comunidade Batista Shalom, de Belo Horizonte (MG), está com uma atividade legal: o Desafio Jovem Shalom. O trabalho consiste na recuperação de jovens viciados em drogas e álcool. Funcionando há cerca de 5 anos, o Desafio compreende duas etapas: uma na sede, no bairro Barreiro de Baixo, região metropolitana de Belo Horizonte, onde os jovens passam três meses em acompanhamento espiritual e clínico; a outra no Acampamento Shekinah. O Desafio pretende ampliar seus trabalhos até Boston, EUA.


Calor Capixaba

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Vitória (ES) teve o verão mais quente da temporada. Cristo Vida Verão, evento musical que rolou durante o mês de janeiro nas areias da Praia da Costa, foi o maior sucesso. Carlinhos Félix, Banda & Voz, Expressão Musical, Raízes e Semear deram um show na arena montada na areia da praia, que reuniu cerca de 8 mil pessoas nos fins de semana capixabas. O evento faz parte da programação anual de verão da Igreja Batista de Praia da Costa. Quem perdeu, não fique triste: ano que vem tem mais.


Se os jovens e adolescentes de sua igreja estão realizando algum projeto legal ou programando um evento especial, envie um texto com as principais informações, telefone para contato e duas fotos coloridas e nítidas para nós: Redação da revista VINDE - Rua Luiz Leopoldo Fernandes Pinheiro, 604/7Y andar, Niterói - RJ, CEP 24.030-122.

Agenda: Março 1996

Evangelho na ponta da língua

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Missionários brasileiros
vão evangelinir na Inglaterra

A Missão Transcultural - Treinamento Transcultural e Lingüístico - vai preparar um grupo para participar do projeto Missão Inglaterra 96. Durante o mês de julho, Birmingham, a duas horas de Londres, se transformará no quartel-general de duas equipes. Os participantes farão curso intensivo de inglês - o Speak for Jesus -, além de trabalhos de evangelização e passeios. Maria Leonardo, coordenadora geral da missão, diz que o objetivo é treinar missionários no campo europeu. O custo é de R$ 1.830,00 por pessoa e inclui passagens, hospedagem e alimentação. A saída está prevista para o dia 30 de junho, de São Paulo. Mais informações pelo telefone (031) 487-1402 ou na Missão Transcultural, Rua Guruá, 365, Belo Horizonte (MG) - CEP 31050-610.


Administração do Reino

Carlos Fernandes
Administração e recursos humanos
são temas de Congresso em Goiânia

O Ministério Asas de Socorro, de Goiânia (GO), está promovendo, de 19 a 21 de março, em Águas de Lindóia (SP), o seminário Ferramentas para líderes, sob o tema Administração. O objetivo é auxiliar o desenvolvimento da liderança evangélica. Na pauta, assuntos como administração de marketing, qualidade, administração financeira e contabilidade, mantenedores e recursos humanos. Haverá também palestras sobre informática, levantamento de fundos, sinergia e outros. Maiores informações pelos tels. (062) 314-1133 ou 314-1450.


O Brasil lê com a Vicom

Duas novas livrarias Vinde serão inauguradas em março. As lojas, ambas contando com a assessoria do sistema de franquias da Vinde Comunicações, ficam em João Pessoa (PB) e São Paulo (SP). Ainda estão previstas as inaugurações de livrarias em Cabo Frio (RJ, abril) e Cuiabá (MT, maio). A Vicom também está abrindo vagas para colportores (revendedores em igrejas e seminários) de todo o país. Os interessados devem enviar cópias da carteira de identidade, CPF e comprovante de residência, carta de apresentação do pastor da igreja a que pertence e duas fotos 3x4 para: Vinde Comunicações, Travessa Dr. Pereira Faustino, 10, Fonseca, Niterói, RJ, CEP 24.120-040, Wallace Corrêa.


Femininas Gerais

Carlos Fernandes
A comunidade Shalom organizará
congresso de mulheres em Minas

De 8 a 10 de março, sempre às 19h30, a Comunidade Batista Shalom, de Belo Horizonte (MG), estará realizando o 110 Uniféminas - Congresso de Mulheres Shalom. O evento vai acontecer no Pavilhão da Fé, na rua Souza Magalhães, 203, Barreiro, sob o tema Mulheres cheias do Espírito Santo, fundamentadas, edificando, trabalhando e implantando a plenitude do Reino de Deus. Entrada franca.


A 'cara' dos batistas

A Igreja Batista do Méier, no Rio de Janeiro (RJ), estará sediando o Congresso de identidade denominacional, nos dias 11 a 16 de março. O evento reunirá pastores e lideres que vão discutir o valor da denominação batista no meio evangélico. Entre os temas, destaque para A pregação que fortalece a identidade denominacional e Identidade denominacional versus fenômenos neo-pentecostais, entre outros. Maiores informações pelo telefone (021) 284-0988.



Extraído Agenda. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 64, mar. 1996.

terça-feira, 26 de março de 1996

A 'casa da moeda' da Bíblia

Nova gráfica da Sociedade Bíblica Brasileira já é a segunda do mundo,na publicação das Escrituras

POr Carlos Fernandes, de São Paulo (SP)

A gráfica é o maior empreendimento do gênero na América Latina, com capacidade para produzir 200 mil Bíblias completas por mês

Acasa da moeda de Deus. Assim pode er chamada á Gráfica da Bíblia, o maior empreendimento industrial voltado à produção das Escrituras Sagradas na América Latina, que pertence à Sociedade Bíblica do Brasil - SBB entidade responsável pela tradução, produção e distribuição de 75% das Bíblias utilizadas no Brasil. Se, para os evangélicos, a Bíblia representa seu mais precioso bem, a comparação faz sentido: afinal, é através das Escrituras que cristãos dos mais diversos grupos e confissões encontram sua maior identidade e têm o seu mais alto grau de valor.

Instalada em um centro empresarial no município de Barueri, a 22km de São Paulo, a Gráfica da Bíblia ocupa uma área de 10,5 mil m2, e está funcionando há apenas seis meses. Mas a sua produção já é tão grandiosa quanto suas instalações (ver quadro). A inauguração da gráfica representou a concretização de um antigo sonho da SBB, que era dispor de meios próprios para suprir a crescente demanda de Bíblias no país. "Nós tínhamos necessidade de uma gráfica própria", conta o reverendo presbiteriano Luiz Giraldi, de 62 anos, secretário-geral da SBB, "pois a distribuição cresceu muito e as gráficas nacionais não comportavam o volume de trabalho." Segundo Giraldi, nos últimos três anos a distribuição de Bíblias pela SBB duplicou, tornando viável o projeto.

A partir de 1993, foram lançadas campanhas de arrecadação de fundos em todo o país, além de contribuições e empréstimos que vieram do exterior, possibilitando a construção da gráfica. "O nosso principal objetivo aqui não é ter lucro, mas reduzir os custos para que o preço de cada Bíblia seja o mais baixo possível, acessível a todos", garante Giraldi. Além da comercialização, a SBB também promove a distribuição gratuita de Bíblias e porções das Escrituras em escolas, presídios, hospitais e comunidades carentes. "A distribuição da Bíblia é uma das coisas mais importantes que se faz neste país, pois a Palavra de Deus pode transformar a vida das pessoas e, como cristão, me sinto muito emocionado por participar deste projeto", conclui Giraldi.

VÔOS ALTOS - A tecnologia utilizada na Gráfica da SBB é das mais modernas destinadas a esse segmento em todo o mundo. "Estamos em primeiro lugar em termos de equipamento e estrutura para produção de Bíblias encadernadas", diz o engenheiro mecânico Celio Emerique, de 52 anos, que ocupa a gerência-geral do empreendimento. A SBB pertence ao grupo das Sociedades Bíblicas Unidas, que congrega 115 dessas entidades em todo o mundo. Dentre todas, a brasileira está em segundo lugar em produção e distribuição, atrás apenas da americana, de acordo com Emerique.

Atualmente, a Gráfica da Bíblia ainda não faz impressão, serviço que, por enquanto, ainda é terceirizado. Os principais investimentos têm sido dirigidos à parte de encadernação. "É no processo de encadernação que existe a maior carência de prestação de serviços no mercado", argumenta Emerique. "Por isso, temos dado mais ênfase a esta parte da produção." Dentro de dois anos, depois de completar sua capacidade de encadernação, a Gráfica pretende investir na impressão, alcançando autonomia em todas as etapas da produção. "Até porque", continua Emerique, "esta é outra área carente, pois no Brasil não existe ninguém especializado na impressão em papel-bíblia."

Giraldi: "Este projeto me emociona"

Mas na Gráfica da Bíblia não existe só tecnologia. Além do galpão fabril e das instalações administrativas, o moderno prédio tem sala de reuniões, refeitório, cozinha, berçário e ambulatório. A construção é moderna e arejada, possibilitando a entrada de luz natural e a visão de um jardim interno. Toda essa estrutura visa possibilitar uma produção cada vez maior das Escrituras. Quando todo o projeto estiver concluído, a Gráfica da Bíblia terá condições de distribuir 4 milhões de exemplares da Bíblia completa por ano, quantidade suficiente para suprir o mercado interno e atender também outros países da América Latina e nações africanas de língua portuguesa. Um projeto ambicioso, que pode fazer do Brasil o grande disseminador da Palavra de Deus no próximo século. "Queremos dar vôos cada vez mais altos", garante o reverendo Luiz Giraldi.

Os números da SBB

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Em 95, a SBB distribuiu 1,8 milhão de Bíblias
  • 1º lugar na produção de Escrituras no Brasil e na América Latina
  • 2º maior publicadora das Escrituras do mundo
  • 21 milhões de Bíblias completas distribuídas desde a fundação, em 1948
  • 1,8 milhão de Bíblias completas distribuídas em 1995
  • 200 mil Bíblias completas produzidas por mês
  • 157 milhões de porções e seleções das Escrituras distribuídas em 1994
  • 10,5 mil metros quadrados tem o terreno da Gráfica da Bíblia
  • 11 milhões de dólares é o custo total do projeto

Os operários da Palavra

Quando alguém abre sua Bíblia, nem imagina por quantas etapas de fabricação passou aquele livro antes de estar disponível para leituras, estudos e meditações. Para ficar pronta, com sua tradicional capa preta e páginas finas - ou outro dos inúmeros formatos e apresentações atuais, cada exemplar da Palavra de Deus passa pelas mãos de várias pessoas, que usam seus conhecimentos e esforço físico em muitas horas de trabalho operando equipamentos nas diversas fases de produção industrial. Eles são simples trabalhadores, peças de uma estrutura que objetiva a produtividade, mas o fruto de seu trabalho produz vida e transformação na existência de milhões de pessoas em todo o Brasil. São funcionários anônimos, cujos nomes não vão impressos na obra. Mas a tarefa é nobre.

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Neto: "É um privilégio fabricar Bíblias"

O paranaense José Rosa Neto, 38 anos, é operador da máquina de corte de capas na Gráfica da Bíblia. Convertido ao Evangelho há 9 anos, ele é evangelista da Igreja Mensagem do Amor de Deus, em São Paulo, e considera muito gratificante ser um dos cooperadores da obra de Deus. "Para mim, é um privilégio fazer parte de um grupo que fabrica Bíblias", conta José, "pois quem conhece seu conteúdo sabe da importância da Palavra de Deus." Ele acha que, com seu trabalho, contribui para que muitas vidas sejam transformadas. Na sua opinião, a salvação depende de Deus, mas cada crente deve fazer sua parte falando de Jesus, pois a fé depende de se ouvir a Palavra.

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Maria das Neves não é evangélica, mas gosta do que faz

José garante que procura evangelizar seus colegas de trabalho, pois, entre eles, há pessoas que não são evangélicas, como a baiana Maria das Neves Barbosa de Souza, que trabalha no setor de costura. Ela se sente contente por trabalhar ali. "Eu gosto bastante, acho bom porque trabalhar com a Palavra de Deus deixa a gente muito mais tranqüila." Ela diz que costuma ler a Bíblia, principalmente na hora do almoço. Maria das Neves é casada, tem 27 anos, mora em Itapevi e, embora não seja crente, dá uma definição bem evangélica para o trabalho que executa, costurando zíperes nas capas das Bíblias: "É muito importante trabalhar na Gráfica da Bíblia pelo fato de levar a Palavra para muitas pessoas que não a conhecem e mesmo aos que já conhecem."

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Trabalhar com a Bíblia trouxe Marcos de volta à fé cristã

RECONCILIAÇÃO - Mas há aqueles qui já foram tocados através do trabalho que executam. O almoxarife Marcos Rodrigues de Moraes se reconciliou com Cristo depois de se tornar funcionário da Gráfica da Bíblia. Filho de mãe evangélica, Marcos, paulista de 21 anos, havia se desviado da fé. "Depois disso", conta, "eu não achava solução para meus problemas, nada do que fazia dava certo." Ele tem certeza de que trabalhar em contato direto com a Palavra de Deus influenciou bastante sua decisão de voltar a ser crente. "Foi muito edificante para minha vida, pois passei a ter mais tempo de manusear a Bíblia, lê-la e receber sua mensagem", relata Marcos. Ele freqüenta a Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, e é prova viva de que, além de alcançar milhões de pessoas com sua produção, a Gráfica da Bíblia já deu frutos internos.


Extraído Brasil. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 26-28, mar. 1996.

segunda-feira, 25 de março de 1996

Dupla tendência diante da missão

Por Pastor Oswaldo Prado

Retornando para São Paulo depois de exaustiva viagem pelo Nordeste do país, busquei na leitura de um dos jornais da região um motivo para passar o tempo e atualizar as informações. Chamou-me a atenção um editorial, cujo título - Sem Fronteiras - levou-me para aquilo que mais amo e sirvo: a teologia da missão. O articulista, dom Luciano Mendes, dirigente da CNBB, escrevia sobre a necessidade da evangelização dos povos em todo o mundo. Mais do que isso, afirmava categoricamente que a natureza da igreja cristã é ser missionária. Caso contrário, dizia, ela deixa de ser igreja.

Ao terminar a leitura, questionei-me sobre as razões pelas quais o cristianismo ainda caminha vagarosamente em algumas regiões do planeta e mesmo do nosso país. Teriam razão os que apregoam ser a fé cristã um bom motivo de crença tão somente para os ocidentais? Ou ainda, seria a mensagem de Cristo inadaptável a certas culturas?

Imagino estarmos hoje diante de uma dupla tendência, que tem ofuscado e comprometido o cumprimento da missão da igreja. A primeira tem a ver com uma teologia que fala e trata de Deus, mas que o destrona para torná-lo nosso serviçal. Um antropocentrismo levado às últimas conseqüências. O fato da redenção ter-se concretizado no âmbito da vida humana como alvo do amor de Deus poderia levar o ser humano a uma atitude de querer viver seu relacionamento de fé exdusivamente em volta de si? A missão da igreja acontece em toda a sua plenitude quando os que foram impactados pela presença de Cristo passam a viver em direção a seu semelhante. Não se trata apenas de uma atitude de abnegação e renúncia, mas da compreensão de que fomos chamados para ser bênção para todos os seres humanos.

"Conservamos um ar de provincianismo no que se refere à necessidade cie uma visão mais abrangente da missão. E uma tendência que beira a xenofobia."

Nota-se também em nossos dias a presença muitas vezes velada, mas de conseqüências visíveis, de um sentimento avesso a tudo aquilo que diga respeito à presença missionária em culturas distintas da nossa. Um etnocentrismo sem sentido. Herdeiros de um Evangelho que nos foi trazido por pessoas que souberam romper os seus próprios limites, ainda conservamos um certo ar de provincianismo no que se refere à necessidade de uma visão mais abrangente da missão. Ronda-nos uma tendência que beira a xenofobia. A proposta de Jesus aos discípulos foi de que o Evangelho não só alcançasse o lugar onde estavam, mas que também se espalhasse por todas as nações da terra.

Miscigenado através de tantas culturas, posso ver em nosso país o modelo ideal daquilo que podemos extrair do mandato bíblico: a missão para todos os povos. A possibilidade da evangelização das mais variadas etnias que vivem em solo brasileiro deveria nos desafiar. Sabe-se de segmentos sociais caracteristicamente transcultu cais presentes em nosso país. Ao lado disto, outros deverão ser alcançados pelo rompimento dos nossos limites geográficos. Sempre priorizando os grupos humanos ainda desprovidos de quais-quer influências libertadoras provenientes do Evangelho.

Até onde a visão da missão continuará comprometida por uma incompreensível tendência para privilegiar apenas alguns, estejam eles próximos ou não de nós? Rompamos com uma perspectiva reducionista da missão da igreja e ampliemos os horizontes. O real objetivo de uma igreja é cumprir sua missão: resgatar o ser humano integralmente, sem preferências de raça, língua ou cultura. Os próximos anos mostrarão se isto será uma realidade.


Oswaldo Prado é pastor presbiteriano, secretário especial de Missões da AEVB, diretor da missão Avante e coordenador do Movimento AD 2000.


Extraído Opinião. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 66, mar. 1996.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...