terça-feira, 13 de fevereiro de 1996

A oração no pensamento de Walter Hilton

Por Reverendo Ricardo Barbosa de Souza

Carlos Fernandes

WALTER HILTON nasceu na terceira década do século 14, provavelmente em Yorkshire, Inglaterra, e morreu em 14 de março de 1396. Foi contemporâneo de João Wycliffe, o grande tradutor bíblico. Enquanto Wycliffe tornava-se um teólogo envolvido com questões de natureza política e civil, Hilton desenvolvia seu ministério, a princípio como leigo, ajudando grupos pequenos de pessoas. Não há nenhum indício de que tenha assumido alguma posição de destaque ou algum ministério mais público. Sua vida é praticamente desconhecida, a não ser pelos escritos e cartas que deixou, instruindo e orientando seus discípulos. Ele foi, como Evelyn Underhill apresenta, "uma destas figuras escondidas, destes amigos quietos e secretos de Deus, que nunca falharam com sua igreja".

Embora ele nunca tenha sido pastor de uma igreja local, todos os seus escritos têm um caráter pastoral e psicológico. O conteúdo dos seus escritos são bíblicos, cheios de sabedoria pastoral, penetrando nas questões mais profundas e secretas da alma humana. Um dos assuntos que marcam o pensamento de Walter Hilton é o da relação pessoal e íntima do homem com Deus. A oração, neste contexto, ocupa um espaço significativo nos seus escritos e cartas.

"Portanto, é verdade que a oração não é a causa da graça que o Senhor nos oferece, mas um canal através do qual a graça livremente flui para dentro da alma."

Para Hilton, a oração é, sobretudo, um caminho para a transformação da vida e compreensão da graça de Deus. Ele reage ao conceito mais comum da oração como sendo um instrumento de tornar conhecidas nossas necessidades diante de Deus. Ele afirma: "Oração é o meio mais proveitoso de se obter a pureza de coração, a erradicação do pecado e a receptividade das virtudes. Não devemos imaginar que o propósito da oração seja o de dizer a Deus o que precisamos, porque ele sabe muito bem quais são as nossas necessidades. Pelo contrário, o propósito da oração é o de nos tornar prontos e aptos para receber, como vasos limpos, a graça que nosso Senhor livremente nos dá".

Ele deixa claro que a pureza do coração não é uma condição para a graça de Deus, mas que o coração humano só experimenta de fato a graça quando é transformado e purificado pela experiência da oração. "Portanto, é verdade que a oração não é a causa da graça que o Senhor nos oferece, mas um canal através do qual a graça livremente flui para dentro da alma." A oração para Hilton é, em última análise, um encontro com a graça transformadora e perdoadora de Deus.

Diante disso, ele sugere que a oração não deve ser determinada pelos desejos momentâneos e circunstanciais do mundo. Pelo contrário, todo esforço deve ser orientado para que a nossa mente se desligue das coisas terrenas e perceba aquelas que são eternas. Isto não significa que a experiência da oração deva ser desconectada das realidades da vida, mas que seu foco não deve ser nós mesmos, nem as necessidades que o mundo nos impõe, mas Deus, Sua vontade e Seu reino.

Para Walter Hilton, o cristão deve procurar conhecer os desejos de sua alma para, a partir deles, definir a agenda de sua vida e da oração. Para ele, os desejos espirituais são definidos como "uma rejeição aos prazeres mundanos e carnais que residem no coração e um completo desejo pela alegria celeste e a eterna bênção da presença de Deus". Uma vez tendo estes desejos sinceramente definidos no coração, todo o nosso trabalho e toda a nossa oração devem começar e terminar neles. É neste sentido que o apóstolo Paulo fala em "buscar as coisas lá do alto" e "pensar nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra". Segundo o apóstolo, é lá que se encontra nossa vida em Cristo. É esta "vida oculta juntamente com Cristo" que devemos buscar no ato da oração. Desligar-se das coisas terrenas e mundanas e ligar-se nas eternas e celestes significa optar por aquilo que é próprio de Deus e colocar nele nossas paixões e desejos.

Infelizmente, para muitos cristãos modernos, a oração transformou-se num instrumento de conquistas, de demonstração de poder, de definir, a partir das realidades mundanas e circunstanciais da existência humana, a agenda da nossa súplica. É difícil mudar este hábito. Preferimos receber as dádivas materiais como sendo as bênçãos de Deus do que termos nossas mentes e corações transformados em Cristo. Os nossos desejos são determinados muito mais pela propaganda e pelas nossas carências do que por Deus e a esperança da comunhão eterna com ele. É aqui que Hilton contribui para com a igreja moderna. É preciso olhar mais uma vez para dentro e reconhecer quais são os desejos que nos consomem. Eles irão determinar a pauta e o significado de nossas orações.

Como afirma Walter Hilton, o propósito da oração é o de obter a pureza de coração, a erradicação do pecado e a receptividade das virtudes. Em outras palavras, oramos para alcançar a santidade na medida em que Deus converte nossos caminhos e pensamentos aos seus caminhos e pensamentos. É através da oração que somos confrontados com o nosso próprio pecado e transformados pela graça de Deus. James Houston afirma que "muitos cristãos não oram porque não querem ser transformados". Por último, a oração torna o nosso coração receptivo à compreensão e à vivência das virtudes cristãs. Humildade, obediência, amor e perdão são algumas das virtudes que só podem ser compreendidas e vividas num ambiente marcado pela oração. Num contexto de extrema competitividade e busca por realização a partir das conquistas materiais, Hilton traz uma enorme contribuição ao resgate da oração como instrumento de crucificação, amizade e santificação. Sem dúvida, o que mais necessitamos hoje é resgatar no caráter do cristão a busca por santidade, a luta contra o pecado e a manifestação do fruto do Espírito.


O reverendo Ricardo Barbosa de Souza é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília (DF).

segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996

Humor

Carlos Fernandes

Quero lhe fazer apenas três perguntas:
Quem é você? De onde você veio e para onde você vai?
Sou Zé Pedreiro. Tô vindo da obra e vou pro meu barraco.

A fé sob as luzes do espetáculo

Cantora põe talento e espiritualidade lado a lado nos palcos

Por Telma Costa

Carlos Fernandes

Quando, aos 14 anos, clamei a Deus para que me fizesse ter minhas próprias experiências com Ele, que eu queria conhecê-lo não pelo que os livros ou os pastores diziam, mas pelo meu entendimento pessoal da verdade, não imaginei que a resposta viria tão imediata e diária. Desde então, eu não posso deixar de falar das coisas que tenho visto. O véu se rasgou diante de mim e pude olhar a vida com mais clareza e amor. Conseqüentemente, a barreira do preconceito, diariamente construída dentro da igreja, caiu. À medida que o amor ao próximo cresce, o preconceito diminui, e Cristo foi o exemplo vivo disto.

Que barato ver as coisas com a simplicidade que elas têm. A minha carreira tem servido para levar luz ao meio artístico, tão necessitado de uma palavra de amor, de conforto, de paz e esperança. No teatro, na televisão, num show ou numa aula de canto sempre se pode ser (verbo amplo e de ação). Alguns dos meus alunos brincam, dizendo que vão tirar férias do terapeuta e ficar só com minhas aulas de canto, que são uma terapia. Ouvi de um diretor da TV Globo, hoje um grande amigo: "Telma, você é a pessoa mais decente que já conheci." Deus seja louvado.

Em determinadas ocasiões tenho dado Bíblias de presente aos atores e cantores (ser missionária custa dinheiro) e tenho ouvido dessa turma coisas como "quero ter o seu Deus" ou "já tentei tudo na vida, só me resta falar com você". E lá se vão quatro horas de conversa numa mesa de restaurante. Nos meus shows pelo Brasil, no momento dos agradecimentos, faço referência aos apoiadores, pa-trocinadores, amigos e "ao meu Deus que me dá paz, aquela paz de verdade, porque só com ela a gente pode amar, se permitir ser amado, ter saúde e sucesso. A Ele toda a honra e toda a glória".

Uma coisa tenho aprendido: nada acontece por acaso. As vezes, os acontecimentos parecem peças isoladas, mas o futuro dirá sempre o porquê de cada um deles. Uma vez eu estava no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, assistindo a um quarteto alemão, que cantava num espaço mínimo à frente da cortina. Olhei para eles, olhei para o teto, a platéia, as paredes, e desejei muito, com todo o meu coração, estar ali naquele palco algum dia. Um ano depois, lá estava eu, com o palco inteiro só para mim, acompanhada de uma orquestra de mais de 70 instrumentos. No ensaio, entrei naquele espaço vazio, platéia vazia, e orei agradecendo a Deus por ter atendido ao meu secreto desejo.

Ainda criança, um professor deu um conselho em classe, que me acompanharia para sempre: "Quando escolher sua profissão, não pense se ela já está saturada no mercado, se é difícil. Escolha aquela onde está o seu coração. Se fizer isso, será bom no que faz e terá trabalho." Busco me aperfeiçoar a cada dia, mas de uma coisa estou certa: é cantando e representando que está o meu amor, meu prazer. E a certeza de que eu não poderia estar em melhor lugar do que aquele em que aproveito a doação dos talentos de Deus.


Telma Costa é atriz, cantora e membro da Igreja Batista de Itacuruçá (Ri).

domingo, 11 de fevereiro de 1996

Take Six, jazz a capella


O grupo americano Take Six apresenta um estilo inovador dentro do cenário da música gospel

Por Felippe Hernandes (Tid)

Fotos Divulgação

Não dá para negar: os músicos do grupo americano Take Six criaram novas tendências dentro da música gospel. E o que é melhor: ao criarem novos sons, encontraram melodias diferentes para se louvar e falar das coisas maravilhosas que Deus pode realizar na vida do homem. Competência é o que não falta a essa turma.

Afinal, a banda muda sua música quando bem entende e sempre muda para o jeito que a gente gosta. Há sete anos na estrada da gospel music, os rapazes do Take Six podem hoje desfrutar da credibilidade quanto à qualidade de seu trabalho. No início, a banda chamava-se Alliance, nome que teve de ser mudado, pois já pertencia a um outro grupo. Mesmo assim, o nome serviu para fundar um novo rótulo, chamado Warner Alliance, da Warner Records. De lá para cá, essa trajetória conta com apresentações em festivais de jazz, clássico, cinema, tevês e alguns álbuns.

A música feita pelo Take Six é bem aceita por todo o mundo e, é claro, principalmente pelos nativos da tribo gospel. Alvin Vinny Chea, um dos integrantes do grupo, diz que no início eles tinham medo de encarar a carreira musical, pois a formação deles "era bastante limitada". Mas, com o tempo, aprenderam que "o homem tem se apaixonado pela ligação entre a melodia, as vozes, o espírito, e a forma como esses elementos resultam em sinfonia". Eles entendem que esta sensibilidade musical não é privilégio dos cristãos. E talvez seja por isso que também conseguem espaço para apresentar sua arte em todo lugar.

O mais importante é que essa rapaziada sabe que o maior desafio é manter o fogo aceso para Deus, mesmo tendo de enfrentar as luzes da ribalta. "Mas conhecemos o mundo secular e vemos o quanto é vazio. Ninguém quer admitir que não tem a resposta para os mistérios da vida", avalia Chea, salientando que o Take Six tem a resposta através da oração e da Palavra de Deus.

Take Six é formado por Alvin Chea, Claude Mcknight, Dave Thomas, Mark Kibble, Vinnie e Les Pierce, mas um detalhe muito significativo é que eles costumam dizer que a banda não é deles, mas de Deus. Por nutrir essa postura em relação a Deus é que Chea fica chateado com a atitude de certas igrejas com os menos afortunados, como jovens perdidos e mães solteiras. Segundo ele, há pessoas na igreja que nunca tiveram a chance de falar abertamente sobre seus traumas. "Agem como se a Palavra de Libertação fosse para os outros, e não para si, mas, lá no fundo, estão sofrendo muita dor. Meu coração quebra por tais pessoas. Temos a obrigação de ajudá-las", afirma o músico. E olha que Chea tem conhecimento de causa quando diz que "ninguém pode dizer que é a única pessoa que sofre tribulações".

Sempre com uma mensagem de vida e esperança, o Take Six encontrou e tem apresentado o caminho da bonança contra as ondas de tribulações a que todos nós estamos sujeitos. Sem falar do caminho do sucesso no melhor estilo jazzístico do vocal a capella.


Esta coluna é produzida pela Fundação Renascer. Correspondências para Felippe Hernandes, Avenida Lins de Vasconcelos, 1310 - São Paulo, SP - CEP 01538-001

Um papel para valer

Para o ator Felipe Folgosi,trabalhar nas novelas é como uma missão

Por Stela Bastos

Fotos: Frederico Mendes

Carlos Fernandes
Felipe faz parte da Associação de
Funcionários Cristãos da Rede Globo

Cena 1: Felipe lê os capítulos da semana e vê a cena em que o cigano Wladimir, seu personagem na novela das oito, está na praia vendendo os cobertores das sete feiticeiras.

Cena 2: Felipe se aconselha com o pastor da sua igreja e sai em paz.

Cena 3: Não se sabe por que nem até quando, mas a gravação da cena foi suspensa.

Essa não é uma seqüência da novela Explode Coração, exibida pela Rede Globo de Televisão. É apenas uma pequena sinopse de um dos episódios da vida real de Felipe Folgosi, 21 anaS, um ator bonito, tranqüilo, saudável e, com certeza, um dos mais bem sucedidos de sua geração. À primeira vista, Felipe pode parecer apenas mais um jovem galã de novelas, que sonha com o sucesso: Mas, por trás da bela estampa de paulista bem nascido, existe um cristão fervoroso, cada vez mais disposto a submeter-se à vontade de Deus.

Orando e se aconselhando com os pastores de sua igreja, Felipe estreou na TV como o jovem drogado Júlio, da minissérie Sex Appeal em 1992. Em seguida, fez o paranormal do bem Alef, na novela Olho no Olho. Depois gravou um episódio do programa Você Decide e agora faz parte do polêmico núcleo dos ciganos de Explode Coração, interpretando Wladimir. A sua atuação na TV abriu-lhe, ainda, as portas do teatro profissional. Felipe já atuou ao lado de Othon Bastos, Jayme Periard e Edwin Luisi, em Meus Queridos Canalhas, com direção de Gracindo Junior, e fez o Elicano, da peça Péricles, de Shakespeare, dirigida por Ulysses Cruz.

BUSCANDO O CAMINHO - É difícil escolher o início da conversa com Felipe. Como começou a carreira ou quando se converteu? As histórias se misturam e revelam que, desde muito cedo, Felipe procurava tudo o que tem hoje. Como a maioria das pessoas que optam por essa. profissão, aos 14 anos, ele já demonstrava o gosto pela arte dramática, fazendo teatro infantil na escola. E assim como o trabalho de ator tem raiz na adolescência, ele lembra que, também nessa época, tinha o hábito de acompanhar a mãe em todos os tipos de evento ou reunião de cunho religioso. "Nós estávamos em busca de alguma coisa. Fizemos curso de meditação, tarei, yoga, entramos no espiritismo, umbanda, consultamos cartomante, búzios... Qualquer coisa que indicasse um caminho, a gente ia", lembra. Até que, em 89, fazendo compras de Natal na sofisticada Rua Oscar Freire, em São Paulo, eles encontraram "o caminho", como ele diz, através do diretor de teatro Tomás Gomide, antigo amigo de sua mãe, então convertido à fé evangélica. Conversa vai, conversa vem, ela contou que ia ser submetida a uma cirurgia cardíaca para tentar se livrar de um problema de calcificação na válvula minai e Tomás não fez por menos. "Eu achei estranhíssimo", confessa Felipe, explicando que "ele perguntou se ela cria em Jesus e orou pela cura dela ali mesmo, dentro da loja". Os novos exames confirmaram a cura.

Carlos Fernandes
Carlos Fernandes
Felipe contracena com Stela Freitas, sua mãe na
novela Explode Coração, e com Ricardo Macchi e
Stênío Garcia, seus parentes ciganos

Testemunhas do milagre que p4s um ponto final no sofrimento da mãe, Felipe e sua família nunca mais foram os mesmos. Apesar de seus pais viverem separados, já houve várias conversões de um lado e de outro. "Paralelamente, os parentes da minha mãe e alguns do meu pai também foram se convertendo", diz ele, sorridente. Seu irmão, de 27 anos, também é evangélico. E o pai "já se abriu; só falta ir para a igreja", segundo Felipe. Quando todas essas maravilhas aconteceram, ele já havia participado de outras montagens amadoras no colégio, tinha feito vários comerciais para a TV, em São Paulo, e era aluno do curso de teatro de Celia Helena, devidamente autorizado e incentivado pelos pais. "Sempre fui muito bem na escola, por isso minha mãe não viu problema nenhum", comenta. Mas, a partir daí, decidiu que era melhor colocar as coisas numa nova perspectiva. Trancou o curso e começou a orar incessantemente, pedindo a Deus que respondesse sobre suas opções profissionais. E foi justamente nesse período, que de define como "parada para pensar", em 1992, que Felipe Folgosi foi chamado para fazer o teste da Globo, candidato a interpretar Júlio, na minissérie SceAppeal O papel marcou sua estréia na TV, aos 17 anos.

"SEM COBERTURA, NÃO DÁ" - Felipe não tem dúvida de que só foi escolhido porque Deus quis: "Eu era um entre muitos atores, fiz um teste só e logo que acabei o diretor Ricardo Waddington me disse que eu poderia dormir tranqüilo. Eu sei que Deus tem seus propósitos", conclui, confiante. Mas isso não quer dizer que ele tenha ilusões a respeito da profissão, das características próprias de seu trabalho, do meio artístico, e das freqüentes recaídas que qualquer pessoa pode ter, se não estiver atenta à comunhão com o Senhor. Felipe sentiu na pele as conseqüências de levar a vida "sem cobertura", como diz, quando foi escalado para fazer um dos protagonistas da novela Olho no Olho, de Antônio Calmon, cuja trama se baseava numa espécie de guerra do bem contra o mal através dos poderes paranormais de dois jovens. Felipe fazia o paranormal do bem e o ator Nico Puig, seu amigo pessoal, o suposto adversário. O contexto é fictício e não vem ao caso, mas assim como alguns atores e pessoas da equipe se sentiram gravemente afetados por uma atmosfera espiritual negativa nos bastidores da novela, Felipe também não tem as melhores recordações desta época. "Foi um momento muito importante da minha carreira, artisticamente falando", recorda, "afinal, eu era um protagonista; mas fiquei muito tempo aqui no Rio, morando sozinho, longe da minha família, sem ir à igreja e sem cobertura. Foi pela misericórdia mesmo", admite, com a expressão de quem já cresceu na fé.

CENAS DE BEIJO - É fato, porém, que um ator crente, jovem, bonito e assediado pelas gatinhas de todo o Brasil dificilmente escaparia da curiosidade geral: E essa história de ficar beijando as atrizes? Não tem uma hora em que as coisas se confundem? Afinal de contas, há muitos coleguinhas de trabalho que acabam se envolvendo durante a novela. Mas Felipe não perde a pose para responder sobre as supostas vantagens de seu ofício. E aproveita para fazer uma interessante comparação: "As pessoas têm preconceitos contra a igreja e o cristianismo", argumenta, "mas os cristãos também não podem cair nesse erro, por falta de informação. É claro que há pessoas que se relacionam amorosamente no meio artístico, assim como há casais de namorados em bancos, hospitais, enfim, em quaisquer locais de trabalho. O beijo é técnico, na hora você não está nem vendo a pessoa direito, não é um momento propício a nada", assegura o ator. Ele acha que algumas pessoas se aproximam afetivamente, muito mais pela convivência do dia-a-dia do que por qualquer outro motivo. "Aí, é claro, uma cena romântica pode acabar ajudando", admite, lembrando ainda que a diferença está na repercussão que a mídia proporciona aos namoros de pessoas famosas, como os atores.

Carlos Fernandes
Na novela, Felipe amo Leandro Leal (D), mas namora Roberto índio do Brasil, irmã de Patrick Alenco

Como um deles, Felipe sabe que está na mira das lentes e bastante vulnerável a tais situações. Mas nunca pensou em abrir mão da carreira por conta disso. Quando foi escalado para fazer o cigano, assumiu a mesma conduta que sempre seguiu: orou muito e se aconselhou com o pastor Esteves, da Igreja Renascer, de São Paulo, onde congrega. "Até agora, graças a Deus, não tive nenhuma cena de ler mão, nem cartas, nem fazendo adoração a nada", diz, aliviado. Mas, se for preciso, Felipe tem consciência de que estará agindo como intérprete de uma trama. Na sua visão, o mais importante é estar fora dos muros da Igreja, pregando o amor de Cristo. "Deus precisa da gente em todos os lugares; acho muito bom que a igreja esteja mudando a sua estratégia de evangelismo. Jesus não andava entre pecadores? Se nós não falarmos para este povo, quem vai falar?", indaga Felipe.

FALANDO DE JESUS - Sentindo-se incluído neste chamado, ele acha que está fazendo o que deve: "Todo mundo sabe que sou cristão e tenho tido oportunidade de falar do amor de Jesus para muitas pessoas", ele diz. Felipe procura crescer como ator mas também deixa evidente a preocupação em evoluir como servo de Deus. "Já fui mais ansioso, mas hoje sei que é muito mais valioso dar um bom testemunho e ficar tranqüilo para aproveitar as aberturas, sem obrigação. Mas é claro que eu tenho as minhas estratégias: já orei com muitos companheiros do trabalho, e lhes dei bíblias e livros evagélicos", conta Felipe, sem traços de vaidade. Ao contrário. Felipe deve dar trabalho às meninas com tanto equilíbrio. Ele confessa que já namorou mais de uma atriz, mas descobriu que não vai ser feliz em "jugo desigual", ou seja, namorando uma menina que não seja também sua irmã em Cristo, e está calmo, esperando sua varoa chegar. Apesar das inúmeras jovens evangélicas que dizem estar orando por Felipe - numa desculpa para paquerá-lo, ele tem uma certeza: "Oração nunca é de-mais, e adoro quando oram por mim."

sábado, 10 de fevereiro de 1996

VM Show


Resgatado dos abismos da loucura

Por Benilton Maia

Fotos Divulgação
Nova vida de Paulinho Makuko é mais dançante



A trajetória de perdição de Paulinho Makuko não difere das histórias de dezenas de jovens da geração Woodstock, que buscavam no sexo, drogas e rock'n'roll o escape para suas debilidades emocionais. Como a maioria, estava condenado à loucura ou à morte por overdose. Mas o fim de Paulinho Makuko foi radicalmente diferente. Aos 14 anos ingressou no mundo das drogas, para suportar a morte de seus pais. Apaixonado por música, montou um estúdio de som e fez parte da banda Abismos. Aos 16 anos, passou a pegar drogas pesadas, parou em cana e daí foi para o hospital de doentes mentais. Em São Paulo, foi convidado para integrar a então recém-formada Katsbarnéa e no natal de 1989 Paulinho aceitou a Jesus. Transformado, acaba de lançar seu segundo trabalho solo, em que mescla dance com rap, fiink e afins. Uma celebração ao novo nascimento.

A volta do 'bispo do amor'

Arquivo pesoal
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Quem volta ao mercado fonográfico evangélico é o cantor Renato Suhett com o CD Milagre, lançado pela MK Publicitá. Ele já estava sem gravar há mais de três anos, desde os seus tempos de bispo do amor na Igreja Universal. Este é o seu primeiro trabalho fora da Line Records, sua última gravadora. com a qual lançou grandes sucessos. Milagre tem 15 faixas sendo nove de autoria do próprio cantor, que compôs a música Tua graça em parceria com sua esposa Lúcia. Vale a pena conferir a volta do bispo e cantor Renato Suhett.


Pastor Adonias canta para salvar

Ao ouvir Adonias com sua voz a la Tim Maia, as comparações são inevitáveis. Felizmente, ele não tem a pretensão de ser o cover evangélico desse artista. Pastor e cantor, Adonias trabalha com jovens há 23 anos, tendo começado na evangelização e recuperação de toxicômanos da então recém-criada Comunidade S8. A música sempre foi sua aliada na pregação do Evangelho. Apesar da voz potente, Adonias levou tempo para concretizar o projeto de produzir um álbum. Hoje, ele continua evangelizando jovens e seu ministério conta com várias congregações na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Ele também dá total assistência ao grupo de pagode Podes Crer, do qual é diretor e empresário. Em dezembro foi lançado Esse nome vale, em que se encontram blues, acid jazz, balada, rap e algo próximo ao black gospel. Vale a pena conferir.


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O outro lado de Dana Key

Dana Key é sinônimo de trabalho integral, total e irrestrito. Ele se multiplica nas atividades de cantor, composit guitarrista, produtor, escritor, ativista e ainda manteve durante anos a banda de rock cristão DeGarmo&Key, em dupla com o amigo de infância Eddie DeGarmo. Após sua sétima indicação para o Grammy, eles se lançaram em uma turné de grande sucesso, a Acoustic Cafe. Embora em meio à excelente fase, no início de 1995 foi anunciado o cancelamento das atividades da primeira banda evangélica a entrar na MTV americana. A atenção de Dana Key está agora voltada para seu novo álbum solo (Pari of the mistery, ForeFront/95), que dá destaque ao violão acústico. "Vi neste novo álbum uma chance de explorar um outro lado de minha personalidade musical", constata Dana, que neste trabalho revela o seu amadurecimento Teológico e profissional.


DROPS


Aline Barros foi vista de novo ao lado de Xuxa. Dessa vez, durante o especial de natal da apresentadora conhecida como "rainha dos baixinhos". Ela cantou uma das faixas do último disco de Xuxa, chamada Luz no meu caminho, ao lado da própria.

Kadoshi, que já é um xodó dos evangélicos, começa a ser reconhecida popularmente. Em dezembro a banda gravou a mensagem de natal da Liderança Capitalização do SBT. É, mais uma vez, a qualidade dos músicos evangélicos sendo reconhecida.

Arquivo pesoal
Divulgação

Serene & Pearl (foto) cantam desde pequenas. As duas últimas filhas de uma família de seis irmãs nascidas na Nova Zelândia nunca imaginaram fazer sucesso nos EUA e no mundo. As vozes de Serene & Pearl causam no público um singular e profundo efeito. No entanto, elas têm uma convicção: "Não queremos ser consumidas pela carreira, que é um ministério. Deus tem nos permitido compartilhar nossa experiência espiritual com as pessoas, e atingi-las de modo positivo."

Kevin, Hoi Poloi, Guardian e Bride premiaram os participantes do 5º SOS Gospel Festival com super-apresentações. As bandas nacionais também fizeram bonito. O festival durou três dias e merece nota 10. Parabéns à equipe da Fundação Renascer.



VOCÊ É O JUIZ

Esta é o sua chance de eleger os melhores. Daqui a dois meses divulgaremos o resultado dessa eleição. Sua opinião é importante. Copie os itens abaixo, escreva ao lado os melhores candidatos de cada categoria, coloque em um envelope e envie para: Revista VINDE - Coluna VM Show Caixa postal 100.084 24001-970 - Niterói, RJ

  1. Melhor cantor nacional
  2. Melhor cantor internacional
  3. Melhor cantora nacional
  4. Melhor cantora internacional
  5. Melhor banda de rock nacional
  6. Melhor banda de rock internacional
  7. Melhor banda pop nacional
  8. Melhor banda pop internacional
  9. Banda revelação nacional
  10. Banda revelação internacional
  11. Melhor disco pop nacional
  12. Melhor disco pop internacional
  13. Melhor disco rock nacional
  14. Melhor disco rock internacional
  15. Melhor música pop nacional
  16. Melhor música pop internacional
  17. Melhor música de louvor e adoração (nacional/versão)
  18. Melhor show do ano
  19. Banda de melhor performance ao vivo (nacional)
  20. Dois melhores videoclipes internacionais

América sem preconceito

Os artistas cristãos americanos criaram fórmulas para driblar a resistência à mensagem do Evangelho e provar que é possível dar testemunho cristão mesmo quando se está na indústria musical secular. Há quem torça o nariz, mas a verdade é que esse elenco tem chamado a atenção do público e das grandes gravadoras pela força e qualidade da música cristã, até então vista com desdém e preconceito.

Por Benilton Maia

Durante o Hollywood Rock,
Whitney Houstou pregou o Evangelho

GLORIA GAYNOR - Diva da era disco, converteu-se no auge da fama. A carreira tomou novo impulso com o filme Priscilla, a Rainha do Deserto, do qual / ruiu survive (Eu vou sobreviver) foi tema. Em novembro de 1995, esteve no Brasil cantando no Metropolitan, no Rio. No programa Hebe falou sobre sua conversão.

AL GREEN - O rei dos falsetes da soul music agora é reverendo e canta para os crentes de sua congregação em Memphis, no Tennessee, EUA. Mas também faz delirar públicos nada religiosos, como os do último Free Jazz Festival no Rio, com sua abençoadíssima musicalidade. Ele mescla músicas românticas com o melhor do black gospel.

TRINERE - A rainha do funk melody esteve no primeiro semestre de 1995 no Brasil fazendo shows com o DJ Malboro e participando do programa Xuxa Park. Em entrevista à imprensa, falou sobre sua conversão e dedarou que não vai abandonar o título e nem a carreira. Mas anuncia: incluirá músicas cristãs nos próximos trabalhos.

WHITNEY HOUSTON - Re-aproximou-se de Jesus após problemas no casamento e com um fã psicopata. Tem adicionado músicas evangélicas aos últimos discos. Desde 1991 faz backing vocais para Bebe & Cece Winans, artistas gospel. Em seu show no Hollywood Rock, no Rio, cantou dois números de gospel e professou seu amor e fé em Jesus Cristo.

Gloria Gaynor: a diva das discotecas esteve no Rio

RICK SKAGGS - Ao lado da mulher, apresenta-se junto de vários artistas da country music. Em 93 excursionou com sua banda pela Rússia, onde entrou como artista popular. Na ocasião, visitou colégios e internatos e pregou o Evangelho para ex-comunistas. Em um show na Praça Vermelha, em Moscou, cantou Amazing Grace para uma grande multidão.

STRYPPER - De aparência bizarra e som pesado, chocaram crentes e influenciaram headbangers na década de 80. Fizeram megashows nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Japão. O grupo se desfez em 1992. No Brasil, ficaram famosos quando a canção evangélica I believe in you (Creio em você) virou tema de novela da Globo.

AMY GRANT - Assinou contrato com a A&M Records em 1991 para divulgação de seus trabalhos no mercado popular, mas continua vinculada ao selo evangélico Myrrh. Como saldo de seu primeiro álbum pela A&M, Heart in motion, mais de 5 milhões de cópias vendidas. Hoje, Grant tem a carreira dividida entre o mercado evangélico e o secular.

MICHAEL W. SMITH - Já dividia com Amy Grani o título de artista preferido do público jovem cristão quando foi lançado no mercado secular sob o selo da RCA. Sua música passa uma mensagem com valores e princípios cristãos sobre amizade, amor e pressões da vida. A Bompastor é responsável pelos álbuns de Smith no Brasil.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...