quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996

Universal reúne fiéis contra a Globo

Por Danielle Franco

Fotos de Pauty Araújo
Os fiéis da Universal tomaram a Cinelândia com faixas e cartazes

Abriga entre a Igreja Universal do Reino de Deus e a Rede Globo de Televisão teve mais um episódio no dia 6 de janeiro, quando os representantes da IURD organizaram uma manifestação em defesa do bispo Edir Macedo, que está sob investigação policial. Convocados a participar do 1° Encontro da Paz, milhares de fiéis da IURD se concentraram nas principais capitais do país. Na Cinelândia, centro do Rio, a manifestação reuniu pastores de várias denominações, embora nenhum líder nacional tenha comparecido.

Alguns dos mais exaltados incitavam o povo a pronunciar palavras de ordem contra a Rede Globo. Num momento de tensão, o bispo Romualdo pediu que os fiéis, munidos de pedrinhas de isopor, se dirigissem à câmera da Globo e imaginassem que estavam "derrubando Golias". A manifestação terminou às 18h com uma oração na qual se pediu "misericórdia para os inimigos".

Em São Paulo, a manifestação a favor do bispo Macedo reuniu 80 mil pessoas no Vale do Anhangabaú, segundo a Polícia Civil. O coordenador do evento, Mário Luiz de Souza, acredita ter contado com o apoio de todos os evangélicos do país: "Quem não se pronunciou a nosso favor também não acusou, ficou calado." Ficar calado, aliás, parecia ser a palavra de ordem. Quatro fiéis da Igreja Universal disseram que "não podiam falar nada". O padre Marco Antônio Janom, da Igreja Católica de Vila Formosa, diz não acreditar que a Igreja Universal ataque a católica: "O objetivo deles é falar de Jesus." O rabino da Congregação Israelita do Tucuruvi, Mário Najmanovich, afirma apoiar qualquer manifestação pela liberdade religiosa, e ataca: "Toda informação que a Rede Globo produz sobre judeus, ciganos e evangélicos é distorcida."

MANIFESTO - A postura da Igreja Universal tem motivado manifestações de entidades evangélicas internacionais. A Fraternidade Evangélica Latino-Americana, com sede em Buenos Aires, Argentina, que representa 60 milhões de cristãos evangélicos no continente, expediu um documento conjunto com a Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas da República Argentina (ACIERA). Na nota, a entidade declara "ser necessário deixar clara nossa posição frente a práticas estranhas à nossa fé", além de afirmar que a IURD não pertence a nenhuma das organizações signatárias do manifesto. Em outro trecho, a declaração afirma que repudia os métodos de proselitismo e arrecadação de fundos "que não estão de acordo com as normas bíblicas, a moral pública e as leis de cada país", acrescentando que é preocupante o uso abusivo da palavra seita, que vem sendo aplicada em referência aos evangélicos em geral e aos pentecostais em particular. "Do mesmo modo", prossegue o manifesto, "o uso do termo evangélico não pode ser aplicado a igrejas cujas doutrinas e práticas não condizem com o que os cristãos evangélicos aceitam como princípios derivados da Palavra de Deus". A declaração termina lembrando que esses fatos lamentáveis não são surpreendentes, pois foram anunciados pelo Senhor Jesus Cristo.

Colaborou Sandra Silva, de São Paulo.

Fotos de Pauty Araújo
O protesto levou às ruas membros de várias denominações evangélica

As diversas faces de um conflito

Briga Universal x Globo permite abordagens maniqueístas a uma questão complexa

A guerra entre as emissoras Globo e Record é apenas uma das vertentes da polêmica... que envolve a disputa pelo poder político nos sistemas de comunicação de massa

Nos filmes e novelas é muito fácil. O mocinho é o sujeito bacaninha, imaculado, cheio de boas intenções, geralmente bonito e elegante, enquanto o vilão é o calculista incapaz de um gesto altruístico e disposto a usar os mais sórdidos expedientes para alcançar seus objetivos. Na vida real, porém, a coisa é bem mais complicada, ainda que os veículos de comunicação brasileiros aparentemente se deixem influenciar pela tradição folhetinesca do país. A guerra que travam as Organizações Globo e a cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus demonstra esta tendência maniqueísta da mídia. Jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão posicionados dos dois lados procuram reduzi-la a uma mera rusga religiosa. Tal simplismo tem levado muitas pessoas, principalmente evangélicos, a fazer de Roberto Marinho e o bispo Edir Macedo anjos ou demônios ao sabor de novas denúncias recíprocas.

Há, pelo menos, meia dúzia de batalhas inventadas durante a discussão dos ataques da Globo e dos métodos da Universal. Nos programas de debates da Rede Record e nas rádios e jornais controlados pela IURD aduba-se o terreno do que é plantado nas igrejas da denominação: a TV Globo é a filial mais poderosa do inferno e, portanto, suas acusações nada mais são que investidas demoníacas para destruir a grande obra da Universal. Eventualmente, o reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, presidente da Associação Evangélica Brasileira - AEVB - é citado como cúmplice e pau mandado de Roberto Marinho. A conveniência desta abordagem é que da dispensa explicações sobre os métodos de arrecadação nas igrejas à base de intimidação, a aplicação do dinheiro, a filosofia do dá ou desce etc. O pastor e teólogo batista Ariovaldo Ramos não tem dúvida de que, em qualquer igreja que respeita os princípios básicos de disciplina, denúncias como as que foram feitas contra os principais líderes da IURD gerariam, no mínimo, inquéritos internos. "A imprensa aumentou, mas não inventou", lembra.

Por outro lado, quando a Globo mobiliza todo seu arsenal contra a Universal, mira em outros alvos. As manchetes do jornal e os noticiários da TV que levam o nome do grupo de Roberto Marinho vendem a idéia de que uma grande ameaça paira sobre a sociedade cristã - leia-se católica -brasileira. Quando colocam a função eclesiástica de Edir Macedo entre aspas, mas não usam o mesmo critério para identificar, por exemplo, o arcebispo do Rio, dom Eugênio Sales, as Organizações Globo e vários outros veículos bombardeiam sobre o povo a concepção de que Igreja, com i maiúsculo, só há uma, com sede no Vaticano. Os efeitos respingam em toda a sociedade evangélica brasileira, que acaba adotando um mote semelhante e enxergando os católicos como adversários.

DISPUTA POLÍTICA - O restante da grande imprensa aponta outra face da chamada "guerra santa": a disputa pelo poder político. Reportagens de revistas como Veja e IstoÉ chamam atenção para o rápido crescimento do sistema de comunicação da IURD que, se ainda é pequeno comparado à Globo, já é suficiente para garantir a publicidade da igreja e a projeção de seus aliados, particularmente os que ocupam cargos políticos. Se é verdade que, por ser dono da Globo, Roberto Marinho tem o país em suas mãos, a mais evidente ameaça a seu poder se chama Edir Macedo. Mas é ingenuidade intelectual limitar a briga ao âmbito político.

Muitos pastores preferem conjecturar a respeito de um quarto tipo de batalha, igualmente maniqueísta. São os que resumem o episódio à questão pessoal envolvendo o bispo Edir Macedo e o pastor dissidente Carlos Magno de Miranda. Neste círculo de discussão, eminentemente evangélico, os protagonistas alternam a condição de mocinhos e bandidos. Enquanto o bispo Macedo é classificado como "um homem ousado, responsável por uma grande obra", seu detrator é "o traidor ressentido por ter sido excluído da cúpula da IURD". Na mesma roda, os papéis podem se inverter. Há os que defendem o pastor Carlos Magno como "um exemplo de coragem nas denúncias", ao mesmo tempo que celebram o desprestígio do principal líder da Universal.

PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA - É possível identificar ainda outras duas formas maniqueístas de se enxergar o episódio. Uma delas, entre política e intelectual, coloca a elite brasileira, com a Globo como principal agente, organizada contra os evangélicos - explicação que só faz sentido quando os crentes, ao invés de se associarem aos interesses da classe dominante, procuram posicionar-se em favor dos oprimidos e sem voz, como orienta o livro de Provérbios, capítulo 31, versículos 8 e 9, o que nem sempre acontece. A outra, interessante na intenção, mas limitada na abrangência, identifica evangélicos pela postura, dividindo-os entre éticos ou não. De fato, é de uma miopia quase insana assimilar explicações pouco convincentes sobre a gana por dinheiro demonstrada pela cúpula da IURD nas imagens da fatídica fita de vídeo. Só que a questão não reside apenas na probidade - ou ausência dela - de quem freqüenta os templos. Em artigo publicado na edição de janeiro do jornal A Raiz, o bispo Tico Oscar, líder da Igreja de Nova Vida em São Paulo, lembra que a prioridade da Igreja, antes da necessidade de provar sua honestidade, é cumprir as determinações do Evangelho.

Além do simplismo, o reducionismo também afeta as análises que vêm sendo feitas sobre a guerra Globo x Universal. Muitos falam em perseguição religiosa, esquecendo que, pelo menos por enquanto, apenas um grupo está sob ataque direto. E seria pretensioso demais, inclusive no que diz respeito às práticas eclesiásticas, achar que a IURD representa toda a comunidade evangélica brasileira. Outros falam em perseguição diabólica, mas não lembram da farta munição que muitos crentes, famosos ou não, vêm fornecendo ao inimigo, seja na exploração da boa-fé de milhares ou nos escândalos locais, como adultérios e cheques sem fundo. "O que está havendo, para ser misericordioso, não é perseguição, mas muita imaturidade", afirma o pastor Ariovaldo Ramos. "A perseguição de fato dependerá muito do quanto de atenção, reflexão e arrependimento haverá em meio a isso tudo."

COMBINAÇÃO DE FATORES - A verdade é que cada linha de pensamento tem suas argumentações. Além da santidade que lhe é atribuída, a guerra que travam a Igreja Universal do Reino de Deus e as Organizações Globo é mais complexa, até porque uma análise menos apaixonada demonstra que há mais gente envolvida no conflito. É o resultado da soma de vários fatores, tanto os citados nesta matéria como outros que possam ainda estar por ser revelados, posto que, a cada dia, as partes diretamente envolvidas trazem à tona algo novo. Fato é - e a História comprova - que o Evangelho escandaliza sempre, seja quando é proclamado e vivido de forma genuína ou nas ocasiões em que é utilizado como fachada. No primeiro caso, porque incomoda quem não quer compromisso com o Reino de Deus. No segundo, porque a prática não condiz com o discurso. Nos dois, porque a sociedade sempre reage aos novos fenômenos. Se nem todos os fatos recentes favorecem a Igreja Evangélica brasileira, ao menos comprovam que ela não é mais ignorada.

terça-feira, 6 de fevereiro de 1996

O país dos bodes expiatórios

Por Délis Ortiz


A quebra do Banco Econômico resultou no escândalo da pasta cor-de-rosa

Tirar máscaras era a ordem no começo da década. A imprensa vendeu, o leitor comprou, o povo acreditou, o Primeiro Mundo aplaudiu. Despencou o presidente e veio o efeito dominó: CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para tudo - empreiteiras, anões do orçamento, bingo, só para lembrar algumas. Mandatos caçados, renúncias, entra em cena o Ministério Público e a Polícia Federal. Devassas, inquéritos e poucos julgamentos.

Tudo remexido, dá a sensação de que tudo mudou. Será? O processo de mudança foi apenas instalado. A delação continua frenética, às vezes irresponsável. Primeiro a calúnia, depois a confirmação ou não dos fatos. Sabe-se, não comprovar o crime nem sempre prova a inocência. Há um cheiro de hipocrisia no ar.

Quando o PC, do esquema que derrubou o Collor, jogou na cara de deputados e senadores que eles lhe faziam uma cobrança hipócrita, muitos perderam o fôlego. O crime era doações e sobras de campanha. PC pagou pelos restos milionários. No mérito, somos moralistas. E na prática? A lei eleitoral mudou. Na eleição passada, o preço da campanha ficou menor, não podia ter efeitos especiais na TV, cenas de comícios, de pobres e de consternação. As doações de campanha exigiam bônus - papéis com nome, endereço, CGC do doador e, é claro, o valor. Para driblar o negócio, teve até a vista grossa dos observadores oficiais. Muitos dos beneficiários eram os algozes dos corruptos do esquema PC. Agora é a pasta cor-de-rosa. Ingênua como a cor é a pretensão de pensar que ali tenha alguma novidade. Empresários, banqueiros e até multinacionais financiam campanhas. Quem nunca recebeu uma ajuda para a campanha? Mas ninguém cobrou uma CPI de doações. A razão, rabo preso. Cada qual com uma trave maior que outro no olho, como levar adiante as acusações?! A manobra foi desviar a atenção para o autor da denúncia. O bandido passa a ser quem vazou a notícia.

Todos erram, sejamos solidários. Esse é o raciocínio político. Mas, como tudo o que é feio exige castigo, há de existir um bode espiatório que paga por todos. A lei, na época das doações documentadas na pasta rosa, não proibia explicitamente as doações, por isso as atenções se concentraram na busca do responsável pelo vazamento da informação. Das centenas de suspeitos do Banco Central, um só culpado, um só punido - não fez nem recebeu doação, não é político: o malquisto interventor do Econômico (a pasta estava lá). Responsável pelo banco, se a pasta estava no banco, o culpado. Caso encerrado.

Eleições municipais à vista. Na convocação extra do Congresso, o ensaio do que vai ser a batalha por espaço, que se traduz em poder, melhor dizendo, dinheiro. Vem agora a fatura do apoio dado ao governo no ano passado: verbas para o município. Todo mundo quer garantir uma obrazinha, para o eleitor pensar que o político que ficou em Brasília luta pelo bem-estar da cidade que lhe deu votos. Se for para ajudar outro candidato, bem; se o próprio parlamentar for o candidato a prefeito, melhor ainda. O jogo de cena continua. Os aliados protestam, mas continuam fiéis. Querem FHC como cabo eleitoral. Contatos despretensiosos escondem a maratona em busca de financiadores de campanha. Passou a metade da década e a ordem de mudança foi esquecida. Tudo igual, e os sepulcros estão cada vez mais caiados.

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Délis Ortiz é jornalista, repórter de Política da Rede Globo de Televisão e membro da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília.

Próxima parada: Jerusalém

Mensageiro da CSN ganha viagem para Israel pela VINDE

Por Adriane Lopes

Pauty Araújo
Marcos Wesley, de São Gonçalo (RI), ganhou o concurso com apenas um cupom

Marcos Wesley da Silva Vargas, de 24 anos, morador de Brasilândia, em São Gonçalo (RJ) foi o vencedor do concurso VINDE leva você à Terra Santa que, em parceria com a agência de turismo D'Ávila Tours, fez uma promoção especial para comemorar a chegada da revista VINDE às bancas. O prêmio é uma viagem a Israel, justamente quando Jerusalém comemora 3 mil anos de fundação. O vencedor do sorteio, que aconteceu durante o programa Pare á Pense (exibido em 6 de janeiro, pela Rede Manchete de Televisão), trabalha como mensageiro da Companhia Siderúrgica Nacional, em Botafogo. Telespectador assíduo do programa Pare e Pense, Marcos, conhecido como Ninho, logo se tornou também leitor da revista VINDE, e elegeu como sua coluna predileta a VM Show, assinada por Benilton Maia. Faz sentido, porque Marcos tem uma banda de música, a Hora Nona, onde participam seu irmão Cláudio César e os amigos Davi e Elizelton. A banda foi criada em 92, mas, no momento, está parada por falta de baterista e guitarrista.

O sonho de Marcos Wesley, além de ver a banda de volta à ativa nas igrejas, concursos de músicas evangélicas e praças, é conhecer Israel e, por isso, não hesitou em preencher o cupom com muita fé. Ele é membro da Igreja Metodista Wesleyana no bairro do Rocha, em São Gonçalo, onde seu pai, Uziel Saturnino de Vargas, é presbítero. Nascido num lar cristão, Marcos Wesley afirma que teve várias experiências com Cristo durante sua vida. Sempre que tem oportunidade, fala de Jesus para os colegas de trabalho e vizinhos, pois acredita que sua missão é transmitir a verdade das Escrituras para as pessoas que não conhecem a Palavra de Deus. Segundo ele, a vitória no concurso VINDE leva você à Terra Santa assemelha-se à passagem bíblica de Gideão que, a mando de Deus, foi à guerra com 300 homens para que eles soubessem de onde vinha a vitória. Ele traça este paralelo ao confessar que mandou somente um cupom para concorrer à viagem. "A vitória veio de Deus", conclui. A viagem a Israel, no valor de US$ 2.400, está programada para julho e inclui 15 dias na Terra Santa, além de um país da Europa a ser decidido, com direito a hospedagem em hotéis de categoria turística superior, café da manhã, meia-pensão, guias turísticos, ingresso e um seguro completo de viagem. Emocionado, Marcos Wesley crê que não voltará o mesmo após a viagem, mas renovado pelo poder de Deus.

Franchising, a opção de novos negócios

Por Maurício Soares


Renato BittencourVArtware

Abrir o próprio negócio é, sem dúvida, o sonho de milhões de brasileiros. Há uma opção reservada exclusivamente para quem tem espírito empreendedor e capital disponível: o franchising. Muitos dos que hoje são prósperos empresários do ramo das franquias há bem pouco tempo engrossavam as fileiras dos dispensados das grandes empresas multinacionais ou do alto escalão do funcionalismo público.

Entre todos os setores econômicos, existe um no Brasil que não pode se queixar da crise, e este é o do franchising. Há poucos anos instalado no país, o franchising cresceu tanto que já elevou o Brasil à condição de forte concorrente com a França na briga pelo terceiro lugar no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão. O crescente interesse no país por este setor é notado através do número de filiações à ABF (Associação Brasileira de Franchising), que fornece toda a assessoria aos interessados em ingressar no mercado, seja como franqueador ou como franqueado, estes últimos chegando atualmente a 700 empresas.

Todo e qualquer empreendedor deverá tomar enormes cuidados quando optar por lançar-se em seu próprio negócio. O índice de empresas que não conseguem sobreviver no setor passou de 5% para 12% ao ano, não somente por causa da crise econômica e da recessão, mas em função de uma visão míope dos que entram no negócio, esperando ganhar rios de dinheiro em pouco tempo e com o mínimo de esforço. No último ano, cerca de 110 franqueadores faliram, levando consigo cerca de 250 franqueados. A experiência nos faz alertar quanto aos riscos do negócio, mas também estimula o crescimento e o aperfeiçoamento das técnicas em cada nova franquia que surge.

Há, sem dúvida, uma grande empolgação com o mercado de franchising no país. Analisando os dados relativos ao crescimento do setor nos últimos anos, esta reação é até bastante aceitável. As empresas que atuam na área foram responsáveis por um faturamento 30% acima do esperado em 1994. Em setembro daquele ano, já extremamente otimista pelo desempenho do Plano Real, calculava-se uma receita de US$ 6,1 bilhões para o ano, mas o fechamento de dados preliminares já aponta para um volume de US$ 8 bilhões, com 23,5 mil unidades gerando 200 mil empregos. Mas, como tudo na vida, devemos analisar criteriosamente os prós e contras desta nova empreitada, tanto do ponto de vista do franqueado como do franqueador, pois o conceito de parceria total deve ser a principal característica entre os envolvidos no processo. Dentro do mercado das franquias, o setor que mais cresceu foi o de alimentação, destacan-do-se as lojas de fast food. No entanto, este também foi o segundo setor onde mais ocorreu fechamento de pontos de venda.

Analisando o mercado de livrarias evangélicas, encontra-mos alguns franqueadores, tais como CPAD, Juerp e Vinde. Podemos nos deter no exemplo da Vinde Comunicações, que atua no mercado há três anos, possuindo doze franquias em funcionamento. Dentro do planejamento da Vinde Comunicações está a expansão para 20 franquias ainda no primeiro semestre de 1996. A seleção, como em toda franquia, é extremamente rigorosa e dura de três a seis meses até a abertura da livraria. Atualmente, existem cerca de 120 pessoas interessadas em fazer parte do processo de franchising.


Mauricio Soares é gerente de marketing da editora Vicom (Vinde Comunicações) e integra o conselho editorial de VINDE.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 1996

Olha os crentes aí, gente!

Evangélicos usam os dias de folia para falar de Jesus de modo original e eficiente

Por Carlos Fernandes

O bloco Unidos na Videira desfilo no centro do Rio de Janeiro, marcando a presença dos evangélicos no carnaval

Carnaval, tô fora. Assim reage a maioria maciça dos evangélicos quando vai chegando fevereiro e a festa de momo começa a ocupar todos os espaços. É um verdadeiro massacre na televisão, rádio, jornais e pelas ruas de qualquer cidade. Durante mais de um mês, só se fala e respira carnaval. As escolas de samba são as grandes atrações, blocos de rua começam a se mobilizar, os clubes promovem grandes bailes, incontáveis litros de bebidas alcoólicas são consumidos e as roupas começam a ficar mais curtas - e isso quando há roupas. O entusiasmo do povo cresce na medida inversa da disposição que os evangélicos têm quando o assunto é a festa profana. Em vez de fantasias, os crentes preparam suas malas para sumir por uma semana. Quando não viajam com a família, eles fogem para os tradicionais retiros de carnaval, onde o isolamento é completo e o clima é de Semana Santa. São verdadeiras ilhas onde não se assiste TV, não se liga rádio e carnaval é assunto proibido. No lugar do paticumbum, só se canta louvores, e o único enredo que dá samba é aquele contado na Bíblia. Quem não gosta de samba pode ser, afinal, um bom sujeito: além dos ruins da cabeça e dos doentes do pé, milhões de evangélicos poderiam ser incluídos na musiquinha.

Mas nem todos os evangélicos são atingidos pelo efeito convento. Muitas igrejas e vários grupos cristãos resolveram atender ao ide de Jesus e evangelizar os foliões - afinal, por trás da fantasia também bate um coração que muitas vezes está angustiado e deprimido. De uns dez anos para cá, os evangélicos têm marcado sua presença no carnaval em vários pontos do Brasil. É o que fazem cristãos como os da Comunidade Evangélica da Zona Sul, no Rio de Janeiro. Há nove anos, motivados pela noção de que o carnaval é uma tremenda oportunidade para o evangelismo, eles têm ido para as ruas, e até criaram o bloco carnavalesco Unidos na Videira, integrado pelos membros daquela igreja. Fantasiados com uma espécie de manto branco, com uma cruz bordada em ambos os lados, os passistas evoluem cantando músicas de louvor a Deus com ritmos bem movimentados. São mais de 800 crentes puxados pelo trio elétrico da Comunidade, o primeiro veículo do gênero usado por uma igreja evangélica. Eles desfilam pela Avenida Rio Branco - um dos principais pontos do carnaval de rua do Rio - e por alguns bairros, e a cada 100 metros percorridos, param e pregam o Evangelho, usando a potência de som do trio elétrico. O pastor Marco Antônio Peixoto, da Comunidade, diz que a ideia é mostrar a cara da igreja: "Por muitos anos, a igreja esteve acovardada entre quatro paredes, fugindo de sua responsabilidade de evangelizar e proclamar o Reino de Deus. Não podemos nos desculpar, afirmando que o carnaval é do diabo, e que, como cristãos, não podemos nos misturar. Nosso papel como igreja é ser sal da terra e luz do mundo", argumenta. Ele garante que o trabalho tem grande alcance, pois depois do carnaval muitas pessoas procuram a igreja relatando que foram contagiadas pela alegria e paz demonstradas pelo grupo. "Já houve o caso de uma senhora que estava prestes a se jogar do 15° andar de um prédio. Ouviu a Palavra de Deus e desceu, chorando, para nos pedir que orássemos por ela", lembra o pastor Marco. Este ano, a expectativa é de que o Unidos na Videira vá para a rua com mil integrantes, dizendo que o importante é não apenas quatro dias de alegria, mas uma vida de alegria com Jesus Cristo, conforme diz o lema do bloco.

ABRE-ALAS EVANGÉLICO - Há outros crentes que botam o bloco na rua São os membros do Projeto Vida Nova de Irajá, subúrbio do Rio, que há quatro anos levam sua mensagem às ruas durante o carnaval de modo original e bem-humorado: é o bloco Cara de Leão, que tem bateria, alas, fantasias e até samba-enredo (ver quadro). A coisa é tão organizada que a Riotur (órgão da prefeitura responsável pelo carnaval) chega a enviar ofícios aos responsáveis pelo bloco, solicitando sua participação nos desfiles populares.

"Todas as vezes que saímos, conseguimos atrair a atenção de muita gente", garante o pastor Ezequiel Teixeira, presidente do Projeto Vida Nova. Ele conta que o Cara de Leão surgiu a partir de uma revelação dada por Deus, segundo a qual a igreja não deveria mais sair da cidade para retiros durante o carnaval. Para ele, "a igreja tem que marcar sua presença". O nome do bloco foi inspirado numa mensagem de Deus ao pastor Ezequiel, e faz alusão ao Leão de Judá - uma das figuras pelas quais Jesus é chamado na Bíblia. "Devemos ser a imagem e semelhança de Jesus, por isso temos que ter a cara desse Leão", afirma o pastor Ezequiel. Para ele, a igreja tem a obrigação de pregar o Evangelho nos dias de folia, pois "Ele oferece uma alegria muito maior que a do carnaval". Contudo, o trabalho não tem nada de festa. Os organizadores exigem dedicação e consagração de quem vai participar. "É um trabalho sério, que envolve batalha espiritual e libertação", assegura o pastor Ezequiel. "Nós nos apropriamos de algumas táticas do inimigo; estamos matando o diabo com as armas dele", conta o pastor, admitindo que a idéia é muito controvertida e tem sofrido críticas, sobretudo de setores mais conservadores. "Mas isso não importa; queremos mesmo é chocar, causar impacto", dispara.

Luiza foi sambista e hoje desfila como porta-bandeira de bloco evangélico

Blocos evangélicos têm até hino-enredo

CANTO DE VITÓRIA
Autores: Ricardo e Cristina Santos

Ecoou um canto de vitória
É o povo do Senhor
Que veio contar uma história
Deus criou o universo
O céu, a terra e o mar
Criou o homem à sua imagem e semelhança
Fez com ele uma aliança
E o seu nome era Adão
Mas o pecado entrou nessa história
E rompeu o elo de Deus com a criação
O mal se espalhou
Gerou morte e destruição
Mas havia um plano de salvação
Seu Filho enviou Ôô-ôô

Morreu numa cruz
Mas ressuscitou
Ôô-ôô
E à minha vida trouxe luz
E o seu nome poderoso é Jesus
E hoje, nesses quatro dias
Você veste a fantasia
Fingindo ter alegria
Mas não é realilade,
Viemos mostrar
O que é ter
Alegria de verdade
Só em Jesus há gozo
Há paz, há alegria permanente
Abre o teu coração
Esse é o recado
Do bloco Cara de Leão


Os integrantes do bloco Cara de Leão capricham na maquiagem

Apesar da polêmica, o Cara de Leão saúda o povo e pede passagem. O bloco é dividido em várias alas. A frente, vêm as crianças - a igreja do amanhã -, seguidas pela ala da simpatia, integrada pelos jovens. Depois, seguem o trio elétrico e a bateria, que no último carnaval saiu com 80 instrumentos. "É uma bateria da pesada", empolga-se o pastor Ezequiel.

Em seguida vem a ala dos libertos, onde as pessoas desfilam sorridentes e com roupas alegres. Segue-se a ala dos oprimidos, cujos integrantes, com expressões fechadas e rebolando muito, trazem nas roupas palavras como "vícios", "feitiçaria", "prostituição" etc. É nessa ala que se desenvolve uma representação, com uma pessoa vestida de demônio que persegue os oprimidos, enquanto outra, fantasiada de anjo, tenta salvá-las. Quando um deles é salvo, passa por uma porta, carregada por outros dois anjos, e se torna um liberto, trocando a roupa e mudando de ala. Os que não escapam do demônio constituem a sombria ala dos perdidos, que fecha o desfile com personagens maltrapilhos, mutilados e desesperados.

Enquanto o bloco evolui, a porta-bandeira Luiza Cristina Barreto distribui sua simpatia. Convertida há quatro anos, ela vibra com o trabalho desenvolvido pela sua igreja: "Nós, evangélicos, é que temos alegria com liberdade", exulta. Ela sabe do que está falando, pois durante muitos anos participou do carnaval do outro lado, pois foi passista da escola de samba União da Ilha, que desfila no primeiro grupo das agremiações carioca. Para Luiza, é preciso que os evangélicos estejam presentes e falando de Jesus durante o carnaval: "Temos que mostrar para as pessoas o que é a liberdade que Ele nos oferece", afirma. Seu marido, o médico Pedro Barreto, de 44 anos, faz coro. Ele foi integrante da diretoria da União da Ilha, até se converter e abandonar o carnaval - "uma festa profana, onde Satanás manda", segundo ele. Na sua opinião, a atuação dos crentes é importante para desfazer o estereótipo de que nas igrejas não existe alegria. "Mas é preciso agir com critério", adverte, "pois, se nos propomos a evangelizar no carnaval, precisamos ter objetivos claros e saber nosso papel naquele contexto, porque o trabalho é sério", garante.

Divulgação, Jocum
Dois evangelistas da Jocum
falam de Jesus para um carnavalesco

"O impacto que nosso trabalho causa nos espectadores é enorme", conta o pastor Ezequiel. Enquanto o bloco desfila, outros membros da igreja vão em volta distribuindo folhetos, conversando e orando pelas pessoas. Geralmente, os membros da Comunidade Evangélica de Honório Gurgel e de Oswaldo Cruz -que também têm um bloco, o Boca do Leão - se unem ao pessoal do Projeto e fazem um grande desfile com mais de mil pessoas, saindo três dias durante o carnaval. Eles podem não ter muito samba no pé, mas certamente trazem a mensagem do Evangelho na ponta da língua.

DESTRONANDO MOMO - Há evangélicos que vão um pouco além. Atuam no coração do carnaval carioca: a Passarela do Samba, onde ocorrem os desfiles das grandes escolas de samba, evento de repercussão internacional. São os evangelistas da Jocum (Jovens com uma missão), uma agência missionária que marca sua presença nos grandes eventos populares do Rio de Janeiro, como o réveillon, shows de música e o carnaval. Desde 1987, a Jocum realiza o Impacto de Carnaval, com evangelismo intensivo na Avenida Presidente Vargas, onde as escolas se concentram para entrar na Passarela do Samba. O trabalho é bastante planejado, com reuniões preparatórias, e, local para alojamento e muita oração. Os participantes só voltam para casa depois do carnaval. Sérgio Tenório, 33 anos, é o diretor de evangelismo da Jocum e responsável pela organização. Para ele, é fundamental que os evangélicos estejam presentes no carnaval, pois tudo de ruim acontece nesses dias: "O Rio fica um caos, entregue à prostituição, ocorrem muitos crimes e violência. Tudo é permitido. Como os crentes podem se omitir num momento desses?", indaga. "O prefeito entrega a cidade ao rei momo. É preciso que os evangélicos estejam presentes para se opor e marcar a presença do Rei Jesus", afirma, convicto, Sérgio.

Membro da Assembléia de Deus, Sérgio é contra a realização de retiros de carnaval pelas igrejas evangélicas -costuma percorrer várias delas falando do trabalho que realiza e tentando conquistar pessoas para participar. Segundo ele, no carnaval do ano passado, a Jocum levou para a rua cerca de 270 evangelistas. Os participantes têm tarefas bem definidas: enquanto um grupo de apoio distribui folhetos, outro faz discipulado (conversam e orientam as pessoas que querem se converter ao Evangelho) e há uma equipe de intercessão que fica orando pelo sucesso do trabalho. A Jocum leva um trailer, onde médicos, enfermeiros e atendentes -todos evangélicos - ficam a postos para prestar primeiros socorros, já que há muitos casos de alcoolismo, overdose e brigas.

Bené, que trocou a cuíca pela Bíblia: "O carnaval não é de Deus"

A principal atividade, porém, é artística. A Jocum leva dezenas de atores, sendo alguns até estrangeiros, que se revezam em um palco improvisado no monumento a Zumbi dos Palmares e apresentam peças e pantomimas com histórias evangelísticas. Eles atuam maquiados e com trajes coloridos, e conseguem atrair a atenção de muita gente. Sérgio Tenório conta que no ano passado, mais de 150 pessoas foram alcançadas, cadastradas e encaminhadas a diversas igrejas evangélicas. A quem quiser participar do próximo Impacto de Carnaval, a Jocum se coloca à disposição para dar todas as informações e treinamento necessários. Basta ligar para os telefones (021) 776-1378 e 776-3002. Eles desenvolvem trabalhos semelhantes em vários estados brasileiros, como Bahia, Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais. Nesses lugares, assim como no Rio, os evangelistas da Jocum levam a mensagem do Evangelho para milhares de pessoas que buscam alegria e diversão nos dias de folia.

Jesus, o maior destaque

Cosme, ex-passista da Mangueira,
tornou-se pregador do Evangelho

Se há muitos evangélicos que vão para a rua no carnaval, existem também aqueles que fizeram o caminho inverso: da folia para a igreja. Sambistas e carnavalescos têm abandonado as fantasias e os batuques para agarrarem a Bíblia e aderirem ao enredo de Jesus. Foi o que fez Benedito Benjamim Filho, de 52 anos, 10 dos quais convertido ao Evangelho. Conhecido nacionalmente como Bené da Cuíca, Benedito fez sucesso no carnaval carioca e foi integrante de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio, a Unidos dn Tijuca René, como até hoje ainda é chamado, começou no samba quando era criança, foi passista, ritmista e diretor de harmonia, dedicando 38 anos de sua vida ao carnaval. Seu estilo próprio de tocar cuíca lhe valeu inúmeros títulos, entre eles o de cidadão samba em 1985 e 86.

Nesses dois anos, estabeleceu um verdadeiro recorde: atravessou a Passarela do Samba nada menos que 248 vezes, em todas as escolas de samba e blocos de todas as categorias, sempre mostrando uma felicidade que não possuía: "Eu esbanjava uma alegria apenas aparente, pois por dentro era vazio e angustiado': lembra Bené. Ele se converteu na Igreja Universal do Reino de Deus, onde foi levado em busca de cura para um problema de coluna. "Eu fiei completamente curado", lembra, "e mais tarde entendi que o carnaval não é uma coisa de Deus': Desde então, ele abandonou todo o sucesso e badalações para tornar-se obreiro daquela igreja. Bené apóia atividades evangelísticas no carnaval pois entende que é preciso levar a Palavra às pessoas que estão lá, mas ressalta que "é preciso estar preparado e agir para a glória de Deus". De vez em quando, ele promove reuniões de evangelização e até usa sua cuíca em algumas músicas de louvor a Deus.

Outro que abandonou as quadras pelo chamado de Jesus foi Cosme do Nascimento, um dos melhores passistas que a famosa escola de samba Mangueira já teve. No seu caso, esse chamado foi literal No carnaval de 1984, ele estava se preparando para desfilar quando houve um assassinato de um jovem ao seu lado. Enquanto o rapaz agonizava, Cosme ouviu uma voz que lhe dizia: "Saia daqui que este não é o seu lugar!': Ele saiu correndo, abandonando o desfile para nunca mais retornar ao carnaval após dedicar-se por mais de 20 anos à festa de Momo. Hoje, aos 38 anos de idade, ele é o vice-pastor da Missão Batista Nacional Ebenézer. Cosme acha fundamental levar o Evangelho aos sambistas: "Tem gente que está lá precisando ouvir a mensagem de Jesus", diz Cosme.

Esta motivação o tem levado a evangelizar outros sambistas, como José Carlos - o Canhão Tá Lá -, Lilico e Pedro Paulo, neto de Dona Zica, uma das matriarcas da Mangueira, que já se converteram e também evangelizam o reduto da verde-e-rosa. Para esse tipo de evangélico, a verdadeira harmonia está mesmo em Jesus.

Joselito Abadia [D] do Grupo Discipuluz, evangelizando em pleno Eixão da Folia, em Brasília: "Jesus é a alegria permanente" Divulgação] Jocum

CARNAVAL DA CAPITAL - Mesmo no desanimado carnaval candango os crentes descobriram meios de evangelizar. Em Brasília, os integrantes do grupo Discipuluz falam de Jesus em pleno Eixão da Folia, onde ocorre a maioria dos festejos carnavalescos da capital. A atividade já é realizada há seis anos e é semelhante àquela desenvolvida pela Jocum, com evangelismo através de peças teatrais e pantomimas, nas quais atores contam histórias que levam a mensagem da salvação em Cristo, enquanto um outro grupo distribui folhetos e tenta atrair a atenção dos foliões e das pessoas que passam pelo local. A Mocidade para Cristo (MPC), de Brasília, colabora na organização dessas atividades. Richard Werner, da MPC, um dos responsáveis pelo trabalho, estima que cerca de 150 pessoas se converteram no carnaval do ano passado. A maioria dos componentes do grupo Discipuluz pertence à Igreja de Cristo naquela cidade. Um deles, Joselito Abadia, resume a motivação do grupo em evangelizar os carnavalescos: "Nós queremos que as pessoas reflitam sobre seus atos, de maneira que percebam a necessidade de buscar Jesus, como forma de alegria permanente."

Durante o carnaval, a Jocum leva atores para evangelizar na rua
Em Brasília, evangélicos encenam pantomimas nos dias de carnaval (Mocidade para Cristo)

AGUA VIVA NA PRAIA - Em Arraial do Cabo, município do Estado do Rio, um grupo de evangélicos encontrou uma forma muito original para falar de Jesus. No carnaval, aquela cidade recebe milhares de turistas, que vão em busca das praias limpas e badaladas da Região dos Lagos. De olho na grande quantidade de pessoas, e se aproveitando do calor intenso, os membros da igreja Missão Evangélica da Paz tiveram a idéia de montar a Barraca da Agua Viva, em plena Praia Grande, a maior da cidade e que atrai uma multidão de banhistas. A coisa funciona assim: a barraca é montada na sexta-feira de carnaval e até a quarta-feira de cinzas oferece água geladinha de graça. Dentro, cerca de 50 crentes ficam a postos para puxar conversa e falar de Jesus. O pastor Sérgio Octavio Félix, da Missão, conta que o trabalho dá certo: "As pessoas vêm, pedem água e têm curiosidade de saber por que fazemos isso, sem cobrar nada. Então, nós aproveitamos a oportunidade e as evangelizamos, dizendo que Jesus é a fonte da verdadeira água da vida", relata. Segundo o pastor Sérgio, já houve casos de banhistas que pediram oração e aceitaram a Jesus como cristo salvador dentro da barraca: "Muitas pessoas que vêm brincar no carnaval aqui", continua Sérgio, "são desviadas de igrejas evangélicas e se reconciliam com Cristo por intermédio desse ministério", assegura o líder dos evangelistas da areia. Assim, a Barraca da Água Viva constitui-se num oásis de salvação para muita gente. O lema do trabalho não poderia ser mais sugestivo: "Quem tem sede, venha, e quem quiser receba de graça a água da vida", conforme diz a Bíblia no livro de Apocalipse capitulo 22 versículo 17.

Retiros são a opção tradicional

Uma das maiores tradições dos evangélicos é a realização de retiros durante o carnaval. Em todo o Brasil, igrejas de todas as denominações organizam esses eventos que unem comunhão, estudos bíblicos, oração e diversão. Combatidos por grupos que vêem no carnaval uma oportunidade rara de evangelização, e por isso criticam a fuga da igreja durante os dias de folia, os retiros são defendidos por aqueles que acham que os crentes, sobretudo os mais jovens, devem ser afastados das influências malignas que a festa da carne representa. Outro argumento muito utilizado pelos organizadores de retiros é o de que a igreja precisa de momentos onde possa, longe da agitação do dia-a-dia, promover um contato mais íntimo entre seus membros, além de oferecer oportunidades de lazer e de uma busca mais profunda de comunhão com Deus. Para quem concorda com esse pensamento, uma boa opção é participar do retiro que a Fundação Renascer vai realizar em ltapecirica da Serra, no interior de São Paulo. No ano passado, cerca de mil pessoas participaram da programação, que envolve cultos de ministração e louvor pela manhã e à noite. Durante a tarde, há momentos de brincadeiras e lazer - o local dispõe de piscina e quadras de esportes. A inscrição custa R$ 50, dando direito a hospedagem e refeições, e pode ser feita pelo telefone (011) 277-4688.

A Igreja Missionária Unida, de Maringá (PR), promove seu retiro de carnaval em uma fazenda perto da cidade de Mauá, naquele Estado. E o acampamento Agua Viva, construído pelo pastor Donald Mattson, dos EUA, que estará presente dirigindo o encontro, cujo tema será "Qual a sua atitude?" Uma das atrações é a Noite no Oriente, com trajes típicos e comidas japonesas. Há 180 vagas, e os acampantes participarão de gincanas e brincadeiras entre equipes. Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone (044) 262-2522, e a taxa de R$ 80 pode ser paga em duas vezes.

Em Brasília, a Conjuban (Convenção da Juventude Batista Nacional) promove um retiro para cerca de mil de seus membros. Será em Luziânia, e o tema para estudos será "Importa renascer", ministrado pelos pastores Hidekazu Takayama e Henrique Bonfim, entre outros. Os momentos de louvor deverão ser um dos pontos altos do retiro, pois serão dirigidos por Asaph Borba. O preço é bem convidativo: R$ 40, com direito a alimentação e hospedagem. Os interessados devem ligar para (061) 567-1384. Outra boa opção para jovens de 16 a 30 anos é o retiro do Ministério Palavra da Vida, em Atibaia (SP). São duzentas vagas disponíveis para o evento, cuja programa inclui evangelismo e consagração. Os acampantes serão divididos em grupos de interesses e participarão de estudos bíblicos e cultões, além de reuniões sociais. As inscrições podem ser feitas pelo telefone (011) 487-1377, e a taxa é de R$ 150. Pode parecer meio salgado, mas quem já foi lá garante que o serviço e as refeições são de primeira. E só escolher para onde ir e passar quatro dias bem longe dos agitos do carnaval.

Nos retiros, os evangélicos têm momentos de confraternização, lazer e comunhão com Deus

Epístola do Leitor


Edição 3

Informação séria
"Tive a alegria de verificar o ótimo trabalho feito pela equipe da VINDE na elaboração, confecção e divulgação desta revista, que deve representar toda a massa evangélica deste país tão carente de informações sérias, seguras e imparciais sobre tudo o que ocorre no Brasil e no mundo."
Joaquim M. Neto - São Paulo (SP)

Políticos desmascarados
"O episódio da apreensão de cocaína na Fábrica de Esperança serviu para desmascarar alguns políticos que, na época de eleição, procuram os evangélicos apenas para angariar votos. Meu apoio ao reverendo Caio Fábio, reconhecidamente um dos homens mais atuantes na causa do Evangelho pelo seu trabalho junto àquela comunidade."
Washington Fazolato Barbosa - Duque de Caxias (RJ)

Apoio à Fábrica
"Minha solidariedade ao pastor Caio Fábio neste momento em que o mal tenta prejudicar seu trabalho brilhante em prol dos pobres deserdados da sorte material. Pessoas possuídas de interesses apenas políticos tentam enlamear a vida e a obra desse promotor do bem-estar humano, usando a mentira, a calúnia, a aleivosidade e o prestígio político momentâneo de que são detentores. Saibam, porém, estes políticos, que a mentira tem perna curta."
Francisco de Assis Quiorato - Maceió (AL)

Sem demagogia
"Gostaria de ver os grandes temas nacionais - como reforma agrária, reforma administrativa etc. - sendo discutidos na revista por profissionais de reconhecida capacidade, sob o ponto de vista bíblico. Cristãos e não cristãos cansados de demagogia poderão optar pela VINDE."
Luis Carlos Porto - Belo Horizonte (MG)

Amor à igreja
"Como católica, minha alma ficou abalada com os disparates do pastor da seita Betesda em criticar a igreja que o próprio Cristo fundou na terra (...) Não basta ser doutor em lei ou ser mestre de uma teologia deturpada separatista que não enxerga no irmão de crença ou ideologia diferente a busca incessante do Deus único (...) O senhor Ricardo Gondim diz que encontrou a salvação, mas se decepcionou com sua própria igreja (...) Caro pastor Ricardo, peço-lhe que nunca mais diga a ninguém que foi católico, pois isso ofende homens de consciência limpa, como os irmãos da minha comunidade (...)"
Izabel Cristina Araújo - Natal (RN)

Resposta do pastor Ricardo Gondim

"Minhas críticas não foram endereçadas à Igreja Católica, e sim ao tipo de catolicismo que eu vivia, meramente nominal. O fato de Cristo ter findado ou não uma igreja não a impede de adoecer, apostatar e, inclusive, tornar-se 'sinagoga de Satanás' -aconselho a leitora a ler as cartas do Apocalipse às sete igrejas. Se em algum momento meus posicionamentos parecem ácidos na análise comportamental da igreja - católica ou evangélica -, é porque eu amo a igreja de Jesus, estou me dando por ela e quero vê-la alicerçada na Bíblia, pura e perfeita perante o seu Senhor."

Respeito
"Os católicos acusam os evangélicos de não respeitaram a mãe de Jesus. Nós a respeitamos porque ela foi mãe do Salvador na terra, mas não é mãe dele nos céus. Em todo o Novo Testamento, não há referência de que Maria seja nossa intercessora junto ao Pai. Jesus não passou procuração para sua mãe."
Maria Helena Magalhães - Rio de Janeiro (RJ)

Parabéns
"Quero parabenizá-los pelo lançamento da revista VINDE que, já no primeiro número, mostrou que veio para ficar e é realmente mais um meio usado pelo Senhor para a expansão do seu Evangelho."
Eloísa dos Santos - Juiz de Fora (MG)

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Extraído Epístola do Leitor. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1995, a. 1, ed. 4, p. 11, jan. 1996.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...