sexta-feira, 5 de janeiro de 1996

Maria, sobrenome fé

Maria: "Deus me deu um filho"

Biblicamente falando, Maria é quase sinônimo de fé. Foi assim com a mulher escolhida para dar à luz a Cristo. Foi assim com Maria Madalena. E não poderia ser diferente com Maria José de Souza Castro, 28 anos, da Igreja Batista Monte Gerizim, na Ilha do Governador, no Rio. Seu testemunho de cura é uma belíssima história de esperança nas promessas de Deus.

Desde o fim de 94, a menstruação de Maria estava irregular e muito escura. Paralelamente, ela sentia dores sob a costela esquerda que se estendiam para a perna. "A médica insistia que eu não tinha nada", conta. Um exame realizado em agosto do ano passado, porém, apontou os problemas: um cisto na região extraovariana, presença de líquido no chamado saco de Douglas e uma lesão. Os resultados indicavam o risco de um câncer, e a cirurgia era inevitável.

No dia 9 de setembro, durante uma série de palestras na igreja, a irmã Simone, esposa do pastor Levi Corrêa, da Igreja Batista de Santo André, São Paulo, orava por M-aria quando o Espírito Santo revelou o problema de saúde. "Ela e o pastor oraram por mim na hora. Comecei a sentir uma espécie de fogo saindo da mão dela na minha barriga e algo como um óleo fresco derramado pela mão dele sobre minha cabeça", diz Maria.

Dez dias depois, Maria se submeteu a outro exame e, para surpresa da médica do laboratório, o cisto, a lesão e o líquido haviam desaparecido. "Minha ginecologista não acreditava que Deus havia me curado. Ela também disse que eu teria uma chance irrisória de engravidar, mas o Senhor completou a bênção. Estou grávida", conta feliz. Ela já está providenciando o enxoval.

Como nos tempos de Eli

Rosemary Ferreiro, com Antônio
e Gabriel, teve um órgão reconstituído

Impossível é uma palavra que, definitivamente, não faz parte do vocabulário divino. Que o diga Rosemary da Silva Ferreira, 36 anos, da Igreja Batista em Renovação Espiritual Nova Jerusalém, em Sampaio, subúrbio do Rio de Janeiro. Casada com o pastor Antônio Ferreira, 50, ela tem três filhos, mas um deles pela ação milagrosa de Deus, que reconstruiu um órgão amputado para confirmar sua promessa.

Há cerca de 14 anos, quando deu à luz Mariane - Rodrigo, o primogênito, tinha um ano na época -, Rosemary decidiu submeter-se a uma cirurgia para extrair as trompas, realizada no hospital Casa de Portugal pelo médico Aristauziro Ferreira. Por ser ainda muito jovem, receava uma terceira gravidez. Porém, arrependeu-se e pediu a Deus que lhe desse mais um filho. Cinco meses depois, numa reunião de oração, Deus revelou em visão a uma senhora o problema de Rosemary. Ainda mais, que iria restaurar seu corpo.

Guardando aquela palavra consigo, ela permaneceu firme em oração. Oito anos se passaram e nada aconteceu.

Durante um culto em sua igreja, Rosemary encontrou no primeiro capítulo do livro de Samuel uma palavra de incentivo no relato bíblico do momento em que o sacerdote Eli abençoava Ana. No fim do culto, o pastor de sua igreja chamou todos à frente para que recebessem oração. Sem conseguir chegar até lá, mas confiante na promessa, falou com Deus silenciosamente. "Naquele momento", conta, "eu senti a presença de Deus de forma tão gloriosa que não pude permanecer de pé". Caída, pediu a Deus que enviasse um dos pastores para impetrar a bênção sacerdotal sobre ela. O pastor Celester Paul, que visitava a igreja, viu Rosemary caída e impôs as mãos sobre sua cabeça. Depois da oração, Deus falou com Rosemary dizendo: "Assim como Ana, daqui a um ano". Exatamente doze meses depois, nascia Gabriel, o caçula da família.

Um pescador de artistas

Após se converter, o humorista Dedé Santana lança a rede do Evangelho no meio artístico

Carlos Fernandes

Fotos: Frederico Mendes

MAANFRIED SANT'ANNA diz que nasceu com um dom de Deus: o de ser um artista. Durante toda a sua vida, essa característica fez dele um dos homens mais populares do Brasil, reconhecido nas ruas e adorado pelas crianças. No entanto, dentro daquele palhaço, havia uma alma vazia e um coração triste, escondidos por trás da cara engraçada que fazia milhões de pessoas rirem. Somente há dois anos a imagem da alegria começou a corresponder à felicidade interior. Dessa união harmônica de corpo, alma e espírito, surgiu um novo Manfried, ou melhor, um novo Dedé Santana, ou, como ele agora se denomina, o Dedé de Deus. Essa história é contada no livro Dedé de Deus - Num vôo perdido, um tesouro encontrado, da editora MEI (Missão Evangélica Internacional), lançado no mês passado. Nele, Dedé revela os bastidores dos Trapalhões, a história de sua vida e os fatos que motivaram sua conversão. "Em minhas viagens pelo Brasil, as pessoas sempre se mostravam curiosas por conhecer minha história. Muitos pastores me incentivaram a lançar este livro, para tornar público o meu testemunho", conta Dedé.

Integrante do grupo de humoristas de maior sucesso no Brasil - Os Trapalhões - Dedé Santana diz que sua conversão foi devida a uma série de acontecimentos, principalmente porque Deus o livrou da morte: "Infelizmente, eu vim a Deus pela dor. Eu estava mal, no hospital. Eu tenho certeza de que fui salvo da morte por Jesus". Mas essa experiência foi apenas o clímax de muitas outras que fizeram parte de sua vida, que ele agora entende terem sido um plano divino para salvá-lo. "Eu resisti muito aos chamados de Deus, porque eu achava que ele não ia me perdoar, pois eu era um grande pecador", relata Dedé, que enumera entre seus pecados o fato de ser muito mulherengo, "um péssimo marido", como diz. Segundo Dedé, a sua conversão causou surpresa entre seus amigos e colegas artistas: "Eles diziam: mas logo o Dedé, não é possível..." E ele próprio reconhece que há algum tempo isso lhe pareceria impossível: "Se me falavam em crente, em pastor, eu corria".

O Dedé de Deus - que, na época, era apenas o Manfried - praticamente nasceu no palco, pois sua família era formada por artistas de circo. Nascido em São Gonçalo (RJ) há 58 anos — "por coincidência, pois nosso circo estava ali" —, ele fez seu primeiro papel com três meses de idade, como o filho de uma escrava, interpretada pela sua própria mãe. Sua infância e juventude passaram-se nos palcos e picadeiros, com pouco dinheiro e muito trabalho. Foi palhaço, trapezista, atuou no globo da morte. Mais tarde, e já em parceria com Renato Aragão, que é seu amigo desde "mil, novecentos e antigamente", formou a dupla Dedé e Didi, e atuaram em programas como Um, dois, feijão com arroz, da TV Excelsior, Vídeo Alegre, Os Legionários e finalmente Os Adoráveis Trapalhões, em 1965, juntamente com Ted Boy Marino, Vanuza, Ivon Curi e Walderley Cardoso. A formação do quarteto definitivo (com Mussum e Zacarias) só aconteceu mais tarde, depois de 1972.

CARREIRA DE SUCESSO - Os Trapalhões marcaram gerações de telespectadores com seu programa. Dedé conta casos de adultos que se aproximam dele com filhos no colo e dizem que sempre foram seus fãs, e que seus filhos também o são. O grupo realizou milhares de shows, 37 filmes - muitos deles recordes de bilheteria no Brasil - 16 discos (três deles premiados com o Disco de Ouro) e incontáveis programas de TV. "Sempre fomos campeões de audiência", relembra o Trapalhão. Com seu humorismo no estilo pastelão, atravessaram as fronteiras e atuaram na América Latina, Estados Unidos, Europa e África. Dedé Santana recorda com carinho dos companheiros Zacarias e Mussum, já falecidos: "O cômico nato do grupo era o Mussum. Ele era um comediante perfeito. Eu e o Renato sabemos a arte de fazer rir, com expressões, caretas e truques. O Mussum não, ele era engraçado mesmo. Já o Zacarias era um ator, porque ele compunha um tipo, ele era diferente. Quando ele desfazia o personagem, era outra pessoa"

Nos velhos e bons tempos, com Renato Aragão, Zacharias e Mussum, o humorista agora lança o livro Dedé de Deus, com seu testemunho

POR DENTRO, TRISTEZA - Apesar de todo o sucesso e fama, Dedé Santana não era um homem feliz. Embora tenha sido criado em um lar católico, com o tempo foi perdendo o sentimento religioso: "Eu me tornei apenas mais um católico nominal", admite. Já adulto, teve envolvimentos com cartomancia, Kardecismo e Umbanda. Contudo, foram experiências passageiras, como conta: "Eu não ficava mais de seis meses praticando uma religião, nunca fui adepto de nenhuma". Renato Aragão costumava dizer que ele era ateu. "E era verdade", confirma. As pessoas que conheciam na intimidade o quarteto costumavam dizer que Dedé era o mais mal-humorado, e que com o tempo passou a se tornar esquivo, fugindo dos fãs, ao contrário dos companheiros. Embora tivesse conseguido uma confortável condição financeira, sentia um vazio interior e uma falta de perspectivas para sua vida pessoal que o levavam constantemente à angústia. Mais de uma vez chegou a pensar em suicídio, mas logo percebeu que não teria coragem de praticá-lo. Chegou a procurar a morte, frequentando lugares perigosos e dominados pela marginalidade no Rio de Janeiro, mas o máximo que conseguiu foi ser reconhecido e admirado pelos bandidos... As ingratidões que sofreu ao longo da vida também o entristeciam. Dedé Santana relembra com amargura esses momentos: "Sempre procurei ajudar as pessoas, colaborar com quem precisasse do meu auxílio, mas não era reconhecido por isso, pelo contrário, outras pessoas recebiam os elogios pelas coisas que eu fazia". O humorista dava lugar, então, a um homem solitário e deprimido.

'TOQUES' DE JESUS - Dedé Santana diz que sua conversão deve-se a uma série de acontecimentos aparentemente inusitados, como uma senhora que ofereceu-lhe uma Bíblia em um sinal, um pastor que o perseguia falando de Jesus em Angola, na África, uma camareira da Rede Globo que orava por ele e uma menininha que, no enterro de Mussum, se aproximou e falou-lhe que, durante seus programas, colocava a mão na TV e orava por ele. Em uma viagem de avião, uma passageira disse-lhe que Deus o amava, embora ele houvesse se esquecido dele. "Foi tanta gente que falou de Jesus para mim, que eu nem sei", ele conta. No episódio de sua internação, um grupo de pastores, acompanhados por seu filho. Áttila Sant'anna, foi até seu quarto, para orar por ele. Dedé diz que foi uma surpresa, "pois até então eu não sabia que meu filho havia se convertido". A sua doença foi amplamente noticiada em todo o Brasil, e muitos artistas chegaram a dizer que ele estava à morte. No dia seguinte à oração, uma série de exames foi realizada e nenhum sinal da doença foi encontrado. Alguns dias depois. Dedé teve alta, após ser considerado completamente curado. No entanto, nem assim ele decidiu seguir o Evangelho: "Mesmo depois que Jesus curou-me no hospital, eu ainda resisti, na minha ignorância na fé", diz. A sua decisão só ocorreu em uma reunião da Adhonep (Associação dos Homens de Negócio do Evangelho Pleno), há dois anos, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Dedé Santana, ex-farrista contumaz,
agora é membro da Assembléia de Deus, no Rio.

LEVANDO A PALAVRA - A partir da sua conversão. Dedé Santana entendeu que deveria usar seu talento para levar o Evangelho. "Se Deus me escolheu no meio artístico", acredita, "ele quer que eu fique lá". Ele garante que tem conciliado muito bem as atividades profissionais com a sua fé. O humorista tem certeza de que sua missão é levar o Evangelho, à sua maneira, a todo o Brasil. Dedé realiza trabalhos evangelísticos em todo o país -em um deles. em Belo Horizonte, chegou a reunir mais de cem mil pessoas. Além disso, tem participado de eventos, shows, campanhas beneficentes e trabalhos comunitários, sempre fazendo piadas e brincadeiras: "Quando subo um morro, por exemplo, chego dizendo que vou brincar com as crianças. Depois de muitas palhaçadas, sinto-me à vontade com as pessoas. e aí começo a falar de Jesus", relata. O fato de ter-se tornado evangélico não o impede de envolver-se em projetos artísticos. Ainda tem um ano e meio de contrato com a Rede Globo, que prevêem a realização de dois especiais para esta emissora. Além disso, os Trapalhões pretendem fazer mais um filme, com a participação de Xuxa. Ele garante que continua fazendo muito sucesso: "Em Portugal. por exemplo, o nosso programa é muito conhecido, está há mais de um ano em primeiro lugar na audiência. Lá, os Trapalhões estão no auge da fama", conta, sem esconder a satisfação.

Dedé tem viajado muito, embora já tenha recusado diversos convites para sair do Brasil. A Beto Carreiro, que convidou-o a ir para Las Vegas, e a Renato Aragão, que queria levá-lo para Miami, deu a mesma resposta: "Tenho que ficar no Brasil, para falar do Homem que me salvou da morte no leito do hospital". Ele tem se empenhado em evangelizar seus colegas de profissão - é o criador e presidente da Asac, Associação dos Artistas de Cristo, entidade que conta com a participação. entre outros, de Jece Valadão. Nil (ex-integrante do grupo Dominó) e Wagner Montes, e que tem o objetivo de divulgar o Evangelho entre a classe, além de auxiliar artistas inativos em dificuldades financeiras. "Já contei minha experiência com Deus para o Tony Ramos, o Rômulo Arantes e o Kadu Moliterno. e todos eles se interessaram pela mensagem", testemunha o Dedé de Deus. acrescentando que "quando eu falo para os meus colegas atores que há muitos crentes orando por eles, ficam admirados".

Dedé Santana frequenta a Assembléia de Deus, mas não diz em qual congregação: "Se eu falar, a igreja lota e há muito tumulto, pois as pessoas às vezes confundem o irmão com o artista". Além de Áttila, Dedé tem mais seis filhos, sendo que o mais novo, Marcos, tem apenas um ano. "É uma criança linda, de cabelos pretos e olhos azuis", derrete-se o humorista. Sua esposa, Cristiane, confirma que Dedé é um homem que demonstra com suas atitudes que leva uma nova vida: "Ele é maravilhoso, um ótimo pai, um excelente marido, carinhoso comigo e atencioso com os filhos. Dedé realmente tem Jesus no coração", atesta a companheira do artista. O ex-farrista confirma: "Meu negócio, agora, é viver para minha família".

Suas diversas atividades não o impedem, contudo, de dedicar-se a falar de Cristo para os artistas com os quais convive. Para ele, "só um artista pode evangelizar outro artista de modo mais eficaz, pois é preciso ter tato. sensibilidade e saber falar de um jeito próprio". Para os que consideram o meio artístico muito podre, ele dá um recado: "São pessoas que precisam ser evangelizadas como quaisquer outras. Os crentes e os pastores costumam abandonar essa classe". O Dedé de Deus tem um argumento pessoal para estimular a evangelização dos atores: "A primeira vez que falaram de Jesus para mim, eu ouvi".

Liberdade, Legalismo ou licenciosidade?

Por George R. Foster

CHARLES WESLEY descreveu a nossa liberdade em Cristo na letra do grandioso hino And Can it Be?

"Desejoso a esperar o meu espírito aprisionado
Acorrentado no pecado e na natureza noturna.
Teus olhos difundiram luz
Eu acordei, a prisão flamejou com a luz.
As minhas cadeias caíram.
Meu coração estava livre,
Eu me levantei, fui em frente e te segui"

Liberdade para seguir Jesus, que maravilha! Porém, como os gálatas do período do Novo Testamento, hoje muitos cristãos que uma vez experimentaram a liberdade através da graça salvadora de Cristo já não vivem mais nesta liberdade. Eles perderam a paz, a felicidade e a certeza que chegara às suas vidas com a conversão e caíram em aprisionamento do legalismo auto-justificativo ou da licenciosidade auto-indulgente.

Alguns são manipulados por líderes que se esquecem da graça e impõem leis de sistema, fórmulas e exercícios espirituais designados a guiar os seus seguidores no reino da vida. Geralmente, estas leis são distorções ou más aplicações das Escrituras, prescritas por homens e mulheres com sede de poder, cuja necessidade de autoridade impele-os a ditar o que os cristãos devem fazer, ver, ouvir, sentir, experimentar, praticar, preferir e até pensar. A lista de "não pode" geralmente é muito maior do que a lista de "pode".

Talvez o problema não seja tanto que os cristãos obedeçam a tais regulamentos - eles são relativamente inofensivos se meramente seguidos como guias de comportamento -, mas muitos vão além disso. Eles confiam nessas imposições como a fonte de crescimento, justiça e espiritualidade. Eles se tornam orgulhosos delas, dependentes e escravizados por elas. Outros reagem a esse tipo de manipulação, mas vão para o extremo oposto, insistindo que a liberdade significa fazer o que quisermos, sem nenhuma consideração pela vontade de Deus, o senhorio de Cristo ou o bem-estar dos outros. Da mesma forma, se não colocarmos os desejos sob o controle de Deus, eles vão nos controlar e nos escravizar.

Paulo escreveu para os gálatas a respeito dos extremos do legalismo e da licenciosidade, e os advertiu a trilhar o caminho da liberdade. Preste bastante atenção a estes dois importantes versículos: "Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão" (Gálatas 5.1). "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém, não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor" (Gálatas 5.13).

Escolha o caminho que você seguirá - Paulo mostrou para os galaras que Deus tinha posto à frente deles um caminho de liberdade para seguir, evitando, por um lado, os extremos do legalismo e, por outro, a licenciosidade. Há um caminho de liberdade no Espírito Santo que conduz à vitória. Também há caminhos paralelos, na carne, que levam à derrota.

Liberdade quer dizer que somos perdoados pelos nossos pecados e libertos da penalidade e daquela formação de hábitos destrutivos do pecado. Ela traz espontaneidade e autenticidade à..nossa caminhada com o Senhor, e à habilidade de respondermos a Deus e fazermos a Sua vontade. A liberdade é tudo o que resulta de se experimentar as palavras de Jesus: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8.31). Legalismo é adesão excessiva à letra da Lei, sem se preocupar com o Espírito nela. É uma tentativa de agradar a Deus e manipular a vida da igreja pela observância, multiplicação e imposição rígida das leis. É o que os fariseus tentavam fazer e Jesus tão severamente condenou.

Licenciosidade significa desprezo pelas regras e padrões, falta de controle moral. Outra palavra para isso é libertinagem. Na antiga Roma, libertina era uma pessoa que tinha sido liberta da escravidão. Mais tarde, a palavra veio a significar uma pessoa que vive uma vida imoral. Alguns querem liberdade para fazer o que desejam. Eles se esquecem de que ter Jesus como Salvador e Senhor é viver em submissão ao seu senhorio.

Pedro se une a Paulo ao apontar os perigos da licenciosidade e nos dá um bom exemplo. "Como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto de malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai a todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai ao rei". (1 Pedro 2.16,17).

Liberdade, legalismo ou licenciosidade? O caminho de Deus para a liberdade é o caminho balanceado, o caminho bíblico, o melhor caminho.

George R. Foster, pastor americano, é escritor e diretor da Missão Evangelistica Betânia na America do Sul

Há poder de cura na confissão

Por Reverendo Ricardo Barbosa de Souza

TIAGO, em sua carta, afirma: "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados". A confissão, quando feita em secreto, no quarto, longe das pessoas, é uma prática que acompanha a vida de muitos cristãos. No entanto, estender esta prática secreta ao mundo público, torná-la conhecida dos outros, é uma realidade bem diferente, incomum na experiência cristã. Agostinho (354-430), bispo de Hipona, foi educado num contexto cristão, mas resistiu ao chamado de Cristo e ao envolvimento numa vida de fé por muitos anos. Sua mãe, Mônica, sempre orou pela conversão do filho que, numa visita a Ambrósio, em Milão, converteu-se e foi batizado no ano de 387. Tornou-se então sacerdote e depois bispo de Hipona. Entre suas obras, uma que tornou-se conhecida e teve grande influência sobre a espiritualidade cristã foi As Confissões.

"Crescer na experiência da caridade é crescer em direção a imagem de Deus e tornar-se mais unido a ele."

Para Agostinho, confessar é desnudar a alma e o coração diante de Deus, de nós mesmos e dos outros. É através deste ato que o homem passa a conhecer-se a si mesmo. "Eis que amaste a verdade, porque aquele que a pratica vem à luz. Com essa confissão em meus escritos, quero praticar a verdade no meu coração diante de Deus e diante de tantas testemunhas." Para ele, praticar a verdade é tornar claro quem ele é. Agostinho sabia que é possível ao homem enganar-se a si mesmo e construir uma imagem falsa perante o próximo, mas diante de Deus é impossível que o homem esconda sua verdadeira face. "Diante de Deus, está sempre a descoberto o abismo da consciência humana. Que poderia haver de oculto em mim para Deus, por mais que eu não quisesse dizer a verdade? Conseguiria apenas ocultar Deus aos meus olhos, mas não poderia ocultar-me dos seus". Somente Deus conhece a verdade do coração do homem e pode revelá-la. Confessar é permitir que a verdade sobre nós mesmos seja revelada.

Tiago propõe que a confissão seja uma experiência pública, feita não apenas em secreto diante de Deus, mas também "uns aos outros" para sermos curados. Este é o lado mais difícil e complexo da confissão. Agostinho também enfrentou este dilema. Ele pergunta: "Mas, para que tenho de confessar-me diante dos homens, como se fossem eles que me perdoassem os pecados? Os homens estão sempre dispostos a bisbilhotar e a averiguar as vidas alheias, mas têm preguiça de conhecer-se a si próprios e de corrigir a sua própria vida. Por que querem ouvir-me dizer quem sou, eles que não querem que Deus lhes diga quem e como são?" Por que devemos nos expor aos outros? Tornar nossa vida privada, pública? Revelar segredos íntimos e pessoais? Que bem isto poderia trazer aos homens? A resposta que Agostinho dá a estas perguntas é bastante simples. Para ele, a razão de suas confissões perante os homens não nasce do desejo ingênuo de, simplesmente, revelar seus segredos àquelas pessoas ávidas por bisbilhotar a vida alheia, mas sim, do seu desejo de que as pessoas compartilhem com ele a natureza da graça e do perdão de Deus por ele experimentados. "A confissão que fiz dos meus pecados anteriores à conversão... moveu os corações, quando foi lida e ouvida; assim foi, para que ninguém adormecesse no desalento e dissesse: 'Não posso', antes despertasse para o amor e a felicidade, para a misericórdia e para a graça de Deus, que torna forte todo aquele que antes era fraco".

Há outra razão pela qual Agostinho deseja tornar sua confissão pública. Ele quer dar a conhecer aquilo que Deus, por sua graça fez por ele, e as transformações que a bondade de Deus realizou em sua vida. A confissão é o caminho que nos leva à experiência da transformação do caráter e do coração. "Dar-me-ei a conhecer porque não é pequeno o fruto que pode produzir: que sejam muitos os que dêem graças a Deus por mim e que orem por mim; desejo que aqueles que me leiam se sintam movidos a amar o que Deus ensina, e a sentir dor do que lhes deve causar dor... O fruto que agora desejo tirar das minhas confissões não se refere, pois, ao que fui, mas ao que sou hoje. Desejo dá-lo a conhecer não só diante de Deus, mas diante dos homens, dos meus concidadãos, que caminham comigo." A confissão, segundo Agostinho, é essencialmente um encontro transformador do nosso próprio caráter, que promove a transformação daqueles que conosco caminham o caminho da fé.

Agostinho procura nas suas confissões apresentar não apenas fatos ocorridos em sua vida, mas, sobretudo, aquilo que ele é. Para ele, o pecado não é apenas um acidente isolado, mas a realidade da própria existência humana. Sua confissão não revela somente seus erros, mas sua natureza, seu caráter. Ele fala da tentação da carne em sonhos, da gula, da atração dos perfumes, dos olhos, da curiosidade, do orgulho, da vaidade e do amor próprio, procurando fazer de Deus um espelho de sua própria alma. Ao contemplar a Deus em sua luz e verdade, contemplamos nosso próprio coração. "Deus é luz que não se extingue; aquela que eu consultava sobre todas as coisas." Confessar é conhecer a realidade mais íntima do nosso ser, e isso só nos é possível diante daquele que nos conhece completamente, aceita e ama. Deus não é apenas luz que ilumina nosso interior, mas também é a verdade que desmascara a mentira e a ilusão. "Deus é a verdade que está sobre todas as coisas. Mas eu não queria perdê-la e, ao mesmo tempo, na minha avareza, queria possuir também a mentira; como o mentiroso que não quer mentir muito para não perder a noção da verdade. Foi assim que perdi a Deus, porque Ele não quer ser possuído juntamente com a mentira." Na comunhão com a luz e a verdade, Deus revela não apenas o que faço, mas também quem sou no íntimo da minha alma.

Para Agostinho, o conhecimento de Deus, bem como a transformação do caráter humano, obtidos pela experiência da confissão, nos levam ao encontro e à comunhão com Deus e o próximo, que é a razão da vida e a causa primeira do propósito do Criador. "Fizeste-nos para ti e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em ti."

(As citações foram extraídas do livro As Confissões, de Santo Agostinho. Ed. Quadrante, São Paulo, 1989)

Reverendo Ricardo Barbosa de Souza é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília (DF).

quinta-feira, 4 de janeiro de 1996

Domingo no parque

Assembléia de Deus de Campinho tem piscina e futebol na igreja

Num clima descontraído, os fiéis se divertem de roupa e tudo

Passar o dia na igreja pode não significar mais apenas momentos de comunhão espiritual, como orar, louvar e ler a Bíblia. E, muito menos, para alguns, perder um dia de sol. Pelo menos para os membros da Igreja Assembléia de Deus, de Campinho (subúrbio do Rio), a primeira igreja-parque do Brasil. Agora eles podem unir o útil ao agradável: o templo fica a poucos metros da piscina e, enquanto se estuda a Palavra, pode-se contemplar a churrasqueira. Tudo na maior harmonia e sem escandalizar ninguém.

Inaugurada em junho do ano passado, a igreja-parque ocupa uma área de 4.360 metros quadrados, que antes era utilizada como casa de festas. Foram necessárias apenas algumas adaptações, pois o local já contava com campo de futebol, quadra gramada, piscinas, cantina e chur-rasqueira, além de salão de jogos e playground. O pastor presidente da igreja, Manassés Lins de Brito, 46 anos, conta que, assim que surgiu a oportunidade de aquisição da área, pensou em implantar ali algo semelhante ao que já vira nos Estados Unidos.

A partir daí, e como não poderia deixar de ser, a ideia causou polêmica. Muita gente tem dificuldade de aceitar opções de lazer junto a um templo. "Eu sofri críticas, sim, sobretudo de colegas de ministério da minha própria denominação", revela o pastor Manassés, reconhecendo que "o trabalho gerou pontos de atrito com alguns segmentos". O pastor, porém, garante que "a comunidade está bastante satisfeita".

Os 400 membros da igreja gostaram mesmo da novidade. Em tempos de reclusão forçada pela insegurança, eles têm a oportunidade de se divertir e confraternizar em um ambiente reservado, onde podem garantir a preservação de seus princípios e normas de comportamento. Ali não se fuma, não se fala palavrão e piscina, só de camiseta e bermuda. Estas regras têm de ser observadas mesmo pelos visitantes, já que a igreja admite a presença de não-evangélicos.

A igreja-parque tem restaurante e quadra de esportes

"Nos tempos em que vivemos, temos que ter nossos familiares junto a nós, principalmente nossos adolescentes e jovens. Podemos oferecer algo que eles não precisam ir buscar lá fora, no mundo", comenta o pastor Silas Barbosa de Andrade, vice-presidente da igreja. Para ele, a criação do espaço tem mudado a concepção de igrejas mais conservadoras, que restringem o lazer e as brincadeiras. O pastor Manassés acrescenta que o parque criou um "gancho de evangelização", sobretudo de jovens.

A juventude que freqüenta a igreja está totalmente de acordo. Albert Paiva, de 26 anos, acha que o crente tem o direito de desfrutar de lazer e de uma vida espiritual sadia. Surfista convertido há cinco anos, ele faz uma observação bem-humorada: "Só faltam ondas na piscina".

O líder dos jovens, Tércio Rocha, vê na igreja-parque uma oportunidade de aproximar mais as pessoas. Para quem pensa que só os jovens estão vibrando com a novidade, Lenita Pereira Carneiro, de 75 anos, conclui: "Achei ótimo. Nós vamos tirar muitas pessoas lá do mundo que serão atraídas para Jesus". Ela não teme que essas pessoas venham à igreja apenas para se divertir. Não tem a menor importância, eles podem até vir só pelo lazer, mas aqui eles vão encontrar Jesus e se converter!

As luzes voltam a brilhar no palco de Michael Sweet


Clip Gospel

Por Felippe Hernandes (Tid)

Fotos Divulgação

Muitas vezes os refletores, os canhões de luzes e a fumaça que invadem os palcos da gospel music internacional não nos deixam ver o que se passa nos bastidores. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Michael Sweet, um dos mais importantes vocalistas e guitarristas do heavy metal cristão. Tudo começou há dez anos, quando ele e mais três rapazes resolveram tocar para Jesus. Michael escrevia as músicas, fazia os arranjos, produzia e não demorou muito tempo para conduzir a banda para um estrondoso sucesso

Na época, a banda era chamada pela imprensa de Killer B - a banda de "assassinos batistas". Para se ter uma idéia da força que o grupo representava, em 1985 a revista Time chegou a apelidar a banda de João Batista da era moderna. Até hoje ela é lembrada como a banda que mudou a face e o cabelo da música cristã. Michael dizia: "Mantivemos o nosso foco, a devoção e a dedicação para com Cristo e o sonho de chegar nas pessoas inalcançáveis por meio do ministério convencional". E acrescentava: "Somos gratos e humildes perante Deus e agradecemos a Ele por nos ter escolhido para levar sua mensagem".

Mas nem tudo eram flores. As críticas, vindas de todos os lados, não tardaram a ser lançadas contra aqueles que estavam mudando a cara da música gospel americana. Bastou um descuido para que a banda fosse atingida por dardos inflamados e contaminados pelo veneno destruidor daquele que estava po'r trás de tudo isso: Satanás. Nesta trajetória, os Joões Batistas chegaram a gravar o disco Against the Law (Contra a Lei), uma manifestação de puro protesto e sem nenhuma referência a Jesus, a Deus e à salvação. Não é difícil de se imaginar o que rolou depois disso: brigas, intrigas e muita confusão. O próprio Michael admite que haviam perdido o foco: "Esquecemos a mensagem. Começamos com festas, bebidas e tudo o mais. Vivíamos aquilo que condenávamos no palco". Segundo o guitarrista, eles só não se envolveram com drogas e adultério pela misericórdia de Deus. "Foi aí que Ele entrou em cena e fez parar a bagunça. Hoje sei que Deus nos perdoou e sou-lhe grato pela chance de fechar as portas do passado", conta.

Este é mais um exemplo de que Jesus faz novas todas as coisas. Atualmente, Michael diz ser uma nova pessoa, mais madura, com responsabilidade e crescimento espiritual. Uma mudança que fica evidenciada nos seus mais recentes trabalhos como artista gospel. As luzes voltaram a brilhar no palco da vida de Michael Sweet.

Bom, gente, por enquanto é só. Na próxima edição tem mais. Tchau, tchau!

Novidade

Fotos: Frederico Mendes

O grupo de pagode Pode Crer foi um dos destaques do Som na Concha

O Som na Concha, evento que rolou no dia 11 de novembro de 1995 na concha acústica de Niterói (RJ), encerrando as comemorações dos 24 anos da Comunidade S8, deu no que falar. Cerca de 2 mil jovens cantaram e dançaram ao som do grupo de pagode Pode Crer, das bandas Rhuama, Complexo J, Fruto Sagrado e Oficina G-3, além da presença do atleta de Cristo Sérgio Manoel, do Botafogo. O comando do show ficou por conta de Marina de Oliveira, do cantor Graça e Paz e da sempre sorridente Georgiana Guinle. Mesmo debaixo de chuva, a galera balançou. A renda da venda de ingressos do Som na Concha foi revertida para a construção do novo Centro de Terapia Ocupacional da S8.

Bola na Tailândia

A bola vai rolar na Tailândia. É a Pre-King's Cup Special, copa internacional de futebol de evangélicos que vai rolar em Bancoc de 2 a 15 de janeiro de 1996. A iniciativa é da Thailand Christian Sports Association, ministério Atletas de Cristo e da Primeira Igreja Batista de Santo André (SP) com apoio da Federação Tailandesa de Futebol. O evento faz parte das comemorações do 50° aniversário de coroação do rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej (Rama IX), e terá a participação de times do Brasil, Coréia do Sul, Argentina e, naturalmente, dos anfitriões.

O Brasil será representado pela equipe da Primeira Igreja Batista de Santo André, o Verdade em Jogo, que conta com alguns atletas de Cristo, como Wagner, do São Paulo, e Marrão, do Juventus. O preparo não é somente físico: os jogadores estão fazendo curso de cultura tailandesa com Margarita Adiwardana, missionária indonésia e professora da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Folhetos em inglês serão distribuídos nos intervalos das partidas. O primeiro jogo é dia 6 de janeiro contra o time da Tailândia.


Um acampamento imperdível

A Missão Jovens da Verdade, de São Paulo, está preparando para este mês uma temporada de verão de primeira qualidade, com dois acampamentos chocantes. O primeiro é de 7 a 15 de janeiro para a turma de 7 a 12 anos. O segundo, na semana seguinte, é para os teens de 13 a 18. O tema é uma curtição: Jesus Cristo, o Contador de Histórias, inspirado no sucesso de Robert Zemeckis, Forrest Gump, o Contador de Histórias.

A galera vai curtir também piscina, campo de futebol, quadra poliesportiva, lago e muito mais. O acampamento Jovens daVerdade fica em Arujá, a uma hora do centro de São Paulo.

Para participar ligue para (011) 466-2920 e fale com Ismênia ou, se preferir, escreva para a caixa postal 66 cep 07400-970 Arujá, São Paulo.

Revista Vinde - Edição 3

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