sexta-feira, 1 de março de 1996

Pastor Nilson Fanini: Governo encerrou briga entre Globo e Record

Líder mundial dos batistas revela interferência do Planalto na 'guerra santa'

Marcelo Dutra e Omar de Souza

Fotos de Frederico Mendes

Carlos Fernandes
Duas semanas antes das acusações lançadas pelo O Globo, o pastor Fanini garantia que era o principal acionista da TV Record Rio

Pouca gente percebeu a trégua que houve entre as TVs Globo e Record depois de meses de confronto. Numa entrevista exclusiva concedida à revista VINDE, no início de janeiro, em Niterói, o pastor Nilson do Amaral Fanini deu pelo menos uma pista para explicar a repentina paz. Fanini revelou que a guerra santa acabou por influência direta do governo, que deu um basta aos ataques mútuos numa reunião com diretores das emissoras. "Houve uma ordem da presidência da República para que se fizesse uma reunião com a diretoria das redes Globo e Record no sentido de forçar uma parada nas denúncias de um lado e de outro, pois estavam indo longe demais", afirmou o pastor Fanini.

O pastor paranaense Nilson Fanini, 63 anos, tornou-se o primeiro brasileiro a ocupar a presidência da Aliança Batista Mundial, entidade que representa os mais de 100 milhões de batistas do planeta. Como evangelista, já pregou em 87 países. Além de pastorear há 31 anos a Primeira Igreja Batista de Niterói, também preside o Reencontro, organização assistencial que atende milhares de pessoas de Niterói e municípios vizinhos. O programa do mesmo nome que comanda é um dos mais antigos evangelísticos de TV em rede nacional. Recentemente, teve o nome cogitado para uma eventual candidatura a presidente da República.

Mas a este impressionante e elogiável histórico de vida juntou-se, no fim de janeiro, um episódio extremanente confuso: uma reportagem do jornal O Globo acusa o pastor Fanini de ter vendido 51% das ações da TV Record Rio de forma irregular. Esta acusação contradiz as informações anteriormente prestadas pelo líder batista. Na entrevista à VINDE, duas semanas antes, ele garantia ser ainda acionista majoritário. Procurado depois pela nossa reportagem para contar sua versão, o pastor Fanini não respondeu até o fechamento desta edição, em meados de fevereiro.

O que significa para a igreja evangélica brasileira, e mais especificamente para a denominação batista, o fato de o senhor ter sido eleito presidente da Aliança Batista Mundial?

Foi uma escolha divina. É uma honra muito grande para mim e para o país ter um brasileiro à frente de 200 pastores que representam, por sua vez, várias nações da Terra, num trabalho que reúne mais de 100 milhões de cristãos.

Como ocorrem as eleições para a escolha de um novo presidente da ABM?

Para cada mandato elege-se o representante de um continente diferente. O meu vai de 1995 até o ano 2000. Nas próximas eleições, tudo indica que o presidente será da África. Ele precisa ter um certo currículo. Deus vinha me preparando. Já preguei em 87 países, o que me tornou bastante conhecido no mundo como evangelista. Na minha posse, em Buenos Aires, desafiei os representantes das 128 nações a dobrar o número de batistas na Terra até o ano 2000. Ou seja, o objetivo é atingirmos 200 milhões de pessoas, 500 mil igrejas e 72 mil universidades e colégios em toda a Terra.

Conjectura-se que o senhor pode vir a se candidatar à presidência da República. Como surgiu isto?

Houve essa passeata muito grande (promovida pela Igreja Universal do Reino de Deus), com 1 milhão de pessoas em todo o país, e alguém citou meu nome. A imprensa diz que, dessa vez, foi o Laprovita (Vieira, deputado federal), mas ele nem me consultou. O resultado é que fui procurado por diversos jornais do país e tive que me declarar contrário à idéia. Talvez amanhã Deus queira, mas, no momento, já me deu uma tarefa muito grande.

Carlos Fernandes
"Fui procurado pelos jornais e me declarei contrário à idéia de ser presidente da República. Talvez amanhã Deus queira, mas não no momento."

Pesquisas indicam que os evangélicos brasileiros estão decepcionados com a atuação dos seus representantes políticos. O que o senhor acha?

Igreja é uma coisa, política é outra. A igreja não pode ser palanque nem partido político. Agora, que a política precisa de sal e luz, é uma realidade. É uma decepção dupla: quando se elege uma pessoa e ela falha, ela falha como cidadão e como crente.

As obras assistenciais do Reencontro já existem há 20 anos. Como está este trabalho atualmente?

Me baseio na mensagem que Deus colocou no meu coração: que Jesus ia de cidade em cidade pregando, ensinando e curando. Baseado nesse tema, pregando o Evangelho total para o homem total, o Reencontro marcha. Com isso, hoje temos 29 especialidades clínicas, 56 médicos, 22 dentistas, enfermeiros que já perdi o número e assistentes sociais. Em 1995 atendemos quase 120 mil pessoas. Temos também as cruzadas no Brasil e no mundo, programas de rádio e televisão e também a Liga Bíblica, que já distribuiu 18 milhões de novos testamentos.

O programa começou durante o regime militar. Houve problemas com censura?

Me censuravam, não deixavam falar muitas coisas, mas nunca tive problemas sérios.

Como foi o processo para conseguir a concessão da TV Rio na década de 80?

Eu e o Arolde de Oliveira (deputado federal), então diretor do Dentel, fizemos uma empresa e começamos a concorrer com muitos pretendentes, entre eles o Jornal do Brasil, a Editora Abril e o Paulo Maluf. O Leitão (de Abreu), chefe de gabinete do presidente Figueiredo, sugeriu que se desse a concessão para "um pastor que tem aí, que ele não vai botar no ar mesmo". Aí, ele me deu. Só que, com a ajuda de Deus, eu botei no ar. Sem um tostão da igreja, do Reencontro ou de qualquer evangélico. O dinheiro veio da minha família, que é dona da Kepler-Weber S.A.

Seria a primeiro emissora evangélica do país?

Inicialmente nós tentamos, mas depois descobri que uma televisão no Brasil, principalmente em VHF, não consegue sobreviver só com programação evangélica. Eu estava sempre no vermelho. Mas depois que entrou em rede. o custo foi dividido.

Foi assim que a TV Rio acabou se tomando Rede Record?

O nome é fantasia. A razão social é Rádio Difusão Ebenezer Ltda. O nome fantasia pode ser mudado a qualquer momento. Para fazer a rede, ficou Record Rio.

O senhor ainda tem ligações com a TV Rio?

Detenho ainda 51% das ações e estou negociando a venda para um grupo de 6 empresários, que detêm os outros 49% das ações. Portanto, é necessário que eu assine centenas de cheques pela empresa, pois ainda sou sócio majoritário.

Os mesmos que detêm o controle da emissora no restante do Brasil?

Do lado da Rede Record, não sei dizer. Sei que a TV Rio tem um contrato de filiada com a Rede Record. A programação é selecionada por nós. O que eu quero dizer é que está-se cumprindo hoje a finalidade para a qual eu a criei, ela está glorificando e defendendo o nome de Deus.

Na época em que a Record foi comprada em São Paulo falou-se em 45 milhões de dólares. Este é o preço de uma emissora de TV?

A Record de lá é outra coisa completamente diferente. Aqui é outra empresa, não tém nada a ver com a Record de São Paulo.

Como presidente da Aliança Batista Mundial, o senhor é remunerado?

Boa pergunta. É bom que se diga que não recebo um tostão da ABM, eles só me ajudam com as passagens. É tudo por amor ao Evangelho.

A que o senhor atribui o crescimento dos evangélicos no Brasil nos últimos anos?

Hoje o crescimento dos evangélicos é duas vezes e meia mais rápido do que o da população brasileira. Não é só quando Caio Fábio, Fanini, Billy Graham enchem o Maracanã. Hoje o que vale é essa garra, esse exército de irmãozinhos e irmãzinhas que fazem reuniões nos colégios, nas fábricas, nas Forças Armadas. E mais: a mídia. Hoje nós temos boas emissoras de rádio e de televisão evangélicas.

O senhor acredita que o crescimento quantitativo foi acompanhado de crescimento qualitativo?

Sim e não. Há muitas igrejas por aí que não estão batizando. Em outras falta espiritualidade. Além disso, a liderança tem que estar cada vez melhor preparada. O pastor tem que ser quase um super-homem, visitar, pregar, evangelizar etc. Mas, na maioria dos casos, está havendo, graças a Deus, um bom crescimento.

Carlos Fernandes
"Uma pessoa me ligou do Planalto contando que o presidente queria uma reunião entre diretores da Globo e Record. Estavam indo longe demais."

Os escândalos atuais envolvendo líderes da Igreja Universal do Reino de Deus são resultado desse crescimento quantitativo sem o devido preparo qualitativo?

Neste caso há uma guerra empresarial, não religiosa. São duas redes que estão lutando por espaço. Recebi um telefonema há poucos dias do Palácio do Planalto. A pessoa me pedia para orar pela situação e me contou que houve uma ordem direta da presidência da República para que se fizesse uma reunião com a diretoria das redes Globo e Record no sentido de forçar uma parada nas denúncias de um lado e de outro, pois estavam indo longe demais. E esta reunião foi realizada.

Esta reunião foi com o próprio Ministro das Comunicações, Sérgio Motta?

Não posso declarar. Mas orei a Deus para que cultivássemos o valor religioso das mensagens da Record.

Como o senhor analisa os escândalos envolvendo os evangélicos no Brasil e no mundo por conta dos métodos da IURD?

Não me cabe criticar. A Igreja Universal tem tirado 6 milhões de pessoas das garras do diabo, e nisto realiza um grande trabalho. Agora, é uma igreja adolescente. Está formando a doutrina, a teologia, os pastores. É natural que algumas coisas aconteçam. Tem coisas que eu fazia na minha adolescência e não faço mais hoje. Houve um momento em que a Associação Evangélica Brasileira se manifestou contrária aos métodos da Universal.

A cúpula da IURD reagiu com um documento contendo a assinatura de vários pastores, inclusive do senhor. Qual o motivo de seu apoio?

Era uma questão de liberdade religiosa. A Universal tem direito à liberdade. Aquilo foi Nilson Fanini quem assinou, não foi o presidente da Aliança. A Igreja Batista não tomou partido, nem para um lado nem para o outro.

O senhor crê que esteja havendo uma perseguição contra a igreja evangélica?

Ultimamente estão perseguindo muito os evangélicos. Quando, por exemplo, um deputado católico ou espírita faz umas e outras, nunca se diz que ele é católico ou espírita. Mas quando é um evangélico, dizem até a qual igreja pertence. Isso é discriminação e é inconstitucional.

Enfim, como o senhor se posiciona em relação à IURD?

Eu admiro o trabalho fantástico que a Igreja Universal faz, mas com algumas coisas não concordo, como talvez eles não concordem com algumas coisas da minha igreja. Discordo dos métodos da IURD, mas devemos respeitar um ao outro.


Extraído Entrevista. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 6, mar. 1996.

Uma viagem no tempo

Carlos Pinheiro Queiroz

Carlos Fernandes
A Terra Santa confere aos neoperegrinos uma nova visão da Bíblia

Conhecer Israel é quase sempre um velho sonho de quem aprendeu na Bíblia a amar a história de um povo muito especial para Deus - o povo judeu. Com o editor-chefe de VINDE, Jorge Antonio Barros, não poderia ser diferente. Enviado especial à Terra Santa para cobrir uma das mais concorridas excursões lideradas pelo reverendo Caio Fábio, Jorge realizou o velho sonho, de conhecer a terra por onde Jesus andou, operou milagres, foi crucificado e ressurgiu dentre os mortos, há dois mil anos.

Como em Israel a emoção fica à flor da pele até para o mais insensível cristão, o repórter foi em busca das melhores histórias de gente que vai à Terra Santa em busca de uma bênção divina. De gente simples como a empregada doméstica Felipa Vieira - que vendeu lote e telefone para viajar, e mal sabia que Jerusalém fica em Israel - a gente viajada como a professora aposentada Obédia que cumpriu sua sétima peregrinação a Israel e o político Francisco Rossi, convertido ao Evangelho; que no Depoimento deste mês revela que pretende ser candidato à prefeitura de São Paulo, pelo PDT.

Outra revelação deste número foi feita pelo presidente da Aliança Batista Mundial, pastor Nilson do Amaral Fanini, aos repórteres Omar de Souza e Marcelo Dutra. Fanini contou, em entrevista exclusiva, que o governo de Fernando Henrique deu um basta à "guerra santa" entre a Record e a Rede Globo. Os diretores daquelas emissoras foram obrigados a sentar na mesma mesa e aceitar uma trégua.


Extraído Epístola da Redação. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 3, mar. 1996.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996

Sinais do avivamento genuíno

Carlos Pinheiro Queiroz

Carlos Fernandes

As vésperas do ano dois mil assistimos a um reflorescimento religioso sem precedentes na história. O islamismo tem um crescimento vertiginoso na Europa e países africanos, o catolicismo tradicional e conservador reacende antigas posições na América Latina. No Brasil, espiritismo e umbandismo saem respectivamente da sessão e do terreiro para ocupar espaços nos meios de comunicação, em novelas, ao mesmo tempo em que os evangélicos, especialmente os pentecostais, saem do gueto para a televisão, política, campo de futebol, luta por direitos humanos e até escola de samba. Entre boas e más notícias, críticas e elogios, o fato é que saíram do anonimato.

Um observador comum perceberá um reflorescimento religioso pelo aumento numérico dos adeptos e simpatizantes de determinada religião, celebrações capazes de atrair multidões, maior presença sociedade e, em alguns casos, aparecimento de fenômenos sobrenaturais ou paranormais. Sinais que podem surgir alheios ou contrários à vontade de Deus e desatrelados da qualidade religiosa em si mesma. O cenário psicológico propício, mudanças sócio-políticas, novos modelos econômicos ou a combinação de vários desses fatores. podem propiciar terrenos fertilíssimos para qualquer crescimento religioso, o que não significa que os reflorecimentos religiosos não tragam benefícios de natureza cultural e social. Todavia, como subproduto do espaço onde se desenvolvem, são superficiais, e não tocam nas questões mais profundas da vida.

"Ao contrário de hoje em dia, os líderes de grandes avivamentos espirituais no passado não se consideravam superdotados ou semideuses"

Os avivamentos espirituais nascem no coração de Deus e se concretizam na história, portanto, onde estão fermentando fenômenos sociais, culturais, políticos e econômicos. A grande diferença é que nos avivamentos tais fenômenos são construídos, modificados ou, no mínimo, rebocados, a partir de novos paradigmas éticos e morais inegociáveis, capazes de melhorar a qualidade de vida. Há sinais nos avivamentos que podem nos ajudar a discernir entre um avivamento genuíno e um reflorescimento religioso. Um deles tem a ver com a posição dos líderes dos avivamentos do passado, os quais não se consideravam superdotados, semideuses. Tais categorias funcionavam em suas cabeças como tentação. Sabiam relacionar intimidade com Deus e vida comunitária. O coração pulsava por pacificação e a cabeça pensava em justiça. O outro está relacionado ao processo histórico, à transformação de relações sociais desiguais. Os grandes avivamentos julgaram e denunciaram pelo poder da palavra, socorreram e defenderam os pobres, marginalizados e oprimidos. Foi assim na igreja primitiva (Atos 2:42-43; 4:32-35; 2 Cor 8:1-15 e Rom 12:1-3), na Inglaterra nos tempos de Wesley, nos Estados Unidos com Charles Finney.

O que acontece hoje no Brasil é reflorescimento religioso ou avivamento? Em meio ao reflorescimento religioso brasileiro precisamos discernir o que é joio e trigo, trigo enjoado e trigo intrigado. E até joio enjoado, uma vez que um avivamento genuíno pode conviver em meio a tudo isto, afetar tudo isto, construir outra história, mas em essência é bem diferente da superficialidade dos reflorescimentos religiosos.

Carlos Pinheiro Queiroz é pastor da Igreja de Cristo em Fortaleza e supervisor da Visão Mundial no Ceará e Rio Grande do Norte

terça-feira, 20 de fevereiro de 1996

Agenda: Fevereiro 1996

Um 'kibutz' em São Paulo

Carlos Fernandes

Que tal par três dias louvando a Deus em hebraico, aprendendo danças judaicas e ainda curtindo variados esportes? Pois é exatamente isto que farão os participantes do Yeshua 96 - Primeiro Retiro Judaico-Messiânico, de 9 a 11 de fevereiro, no Acampamento Betel, em Campo Limpo Paulista (SP). O rabino messiânico Michael Shifman, de Nova York, estará no comando das atividades. A promoção é da Associação Judaico-Messiânica, e qualquer informação pode ser obtida com Patrícia através do telefone (011) 524-3965.


Diploma de missionário

Carlos Fernandes
Escola Superior de Missões: ensino de alto nível

No dia 4 de março começa a funcionar a primeira Escola Superior de Missões de Brasília (DF). Durante os três primeiros meses, a escola oferecerá um treinamento intensivo para preparar os professores do curso. Em agosto começam as aulas da primeira turma, com duração de seis meses, em regime de internato ou externato. A única exigência é que o aluno tenha um curso de Teologia ou outro curso superior. Não há taxa de matrícula e a mensalidade é de R$ 200,00 para os internos e R$ 100,00 para os externos. A escola fica na QI7, lote 9/10, Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. Os interessados podem ligar para (061) 234-2883 e falar com Ana Maria ou (061) 568-9357, com pastor Alvaro Raposo, ou ainda pela caixa postal 3206, CEP 71001-970.


Israel 'in loco'

Carlos Fernandes
Israel é tema e palco de congresso

De 25 a 29 de fevereiro de 1996. o Ministério Francisco Nicolau, sob a liderança do pastor Francisco Nicolau. e a Turismo estarão promovendo o 111 Congresso Cristão Sionista, em Israel. Na ocasião, os congressistas participarão da celebração dos 3 mil anos de Jerusalém com a participação da pastora Valnice Milhomens. O congresso faz parte de uma excursão à Israel com escala em Londres. A saída está prevista para 20 de fevereiro de 1996. Inscrições pelos telefones (011) 284-8744 e 284-5582 ou fax (011) 251-0248.


A família em foco

Carlos Fernandes
Ariovaldo Ramos, um dos preletores

A Vinde - Visão Nacional de Evangelização - está promovendo o IV Encontro para a Família. O evento vai acontecer de 28 a 31 de março de 1996, em Serra Negra (SP), e de 18 a 21 de abril, em Foz do Iguaçu (PR), sob o tema Família: Lugar de Culpa e Graça. O encontro contará com a presença de preletores, como o reverendo Antônio Elias, pastor Ariovaldo Ramos e o psiquiatra Fábio Damasceno, entre outros. Inscrições e informações pelos telefones (021) 717-5242, 719-8770 ou 717-6404.

Boa Leitura

Carlos Fernandes

O mito do casamento perfeito
(21 myths that can wreck your marriage)
Barbara Russel Cheeser
Ed. Mundo Cristão
1993 - 219 páginas

Uma das maiores chances que temos de experimentar o fracasso é nos impor o padrão da perfeição e o levarmos para as relações interpessoais. Sofremos por ver que, no dia-a-dia, as experiências conjugais tornam-se pobres e frustrantes, quando acreditávamos que o amor sustentaria tudo. Os mitos estão por toda a parte. Não sabemos onde se iniciam, mas os reiteramos sempre. A proposta do livro é nomear alguns que lhes soarão muito familiares.

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Carlos Fernandes

Sagarana
João Guimarães Rosa
Ed. Nova Fronteira
386 páginas

Neste ano, Sagarana está completando 50 anos de lançamento. É um daqueles livros que a gente lê, pára uns minutos e fica olhando para o nada, admirando-se de tanto lirismo em situações absolutamente banais. Se não, experimente ler O burrinho pedrês ou A hora e a vez de Augusto Matraga, dois dos nove contos que Guimarães apresenta em Sagarana. O livro celebra os brasileiros, a gente do interior, numa linguagem que nos aproxima e ensina.

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Carlos Fernandes

O império do efêmero
(L'empire de l'ephémère)
Giles Lipovetsky
1987 - Ed. Cia das Letras
294 páginas

Enfim, há tempo também para a razão, para se pensar nas questões que envolvem a tão badalada pós-modernidade. À primeira vista, O império do efêmero pode parecer segmentado. Parece, somente. A moda é o ponto de partida do autor e do leitor. Na verdade, este é o gancho para repensarmos coisas como a efemeridade dos valores que a sociedade nos lança, a substituição da verdade pelas aparências.

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Carlos Fernandes

Cristianismo puro e simples
(Mere Christianity)
C.S. Lewis
Ed. ABU
129 páginas

C.S. Lewis foi um escritor e pensador cristão sempre pronto a ser questionado e a questionar. Daqueles que, depois de experimentar o ateísmo com toda a sinceridade, falam do cristianismo com paixão e razão. É possível que o leitor encontre alguma dificuldade de penetrar no pensamento e nas alegorias do autor. Ainda assim, não pode faltar em sua agenda de leitura, sob risco de se perder preciosas páginas sobre a essência do cristianismo.

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996

Vídeos e Filmes

Por Elivânia Lima

Carlos Fernandes

Jerusalém, 3000 anos
Direção: Central de Produções Vinde
Apresentação: Reverendo Caio Fábio
Brasil - 85 min - Documentário
Pedidos à Central de Produções Vinde - Telefone (021) 719-8770

Jerusalém tem vocação para ser eterna: já foi destruída cerca de 40 vezes, mas sempre ressurgiu das próprias cinzas. Quem a visita, não se cansa de recontar as emoções profundas que experimenta ao conhecer o sepulcro vazio, o Getsêmani, o Muro das Lamentações, o Cenáculo -palco da última ceia -, confirmando a vocação que a cidade também tem para a paixão. Jerusalém, cidade que está completando três mil anos e onde o reverendo Caio Fábio gravou este documentário-turismo, passando por lugares onde Jesus andou, contando suas histórias, revivendo com o espectador as passagens bíblicas.


Carlos Fernandes

Z
Direção: Costa-Gravas
Com Yves Montand e Jean-Louis Trintignant
França - 120 min - Drama

Z é um filme imperdível! Esteve proibido no Brasil por 15 anos, mas agora pode ser visto em vídeo. A primeira cena do filme apresenta um homem discursando a pessoas ligadas ao poder sobre o processo de pulverização ne cenário para se evitar o mofo nas plantações. Aparentemente inocente, este discurso é a metáfora que permeará todo o filme; o tal mofo corresponde às doenças ideológicas chamadas liberdade e conscientização. A partir de um ótimo enredo, Costa-Gravas se utiliza da história de um incidente-assassinato para desnudar as "pulverizações" a que estamos sujeitos. E explica: "É intencional toda e qualquer semelhança."


Carlos Fernandes

No mundo da lua
(Pontiac Moon)
Direção: Peter Medak
Com Ted Danson e Mary Steenburgen
EUA - 106 min - Aventura

Este é para relaxar! No mundo da lua tem um enredo bastante original. Em 1969, quando todo o mundo se voltava para ver o homem chegando à lua na Apolo 11, Bellamy (Ted Danson), mais interessado em alcançar seus próprios desafios, propõe ao filho, Andy, uma aventura tão emocionante quanto a de Neil Armstrong: completar no seu velho Pontiac a mesma distância que separa a Terra da lua. A viagem é cheia de surpresas, de conhecimento mútuo, de companheirismo e, mais do que tudo, de resgate do amor familiar que há muito estava adormecido. Este é um daqueles filmes com gosto de sessão da tarde.


Carlos Fernandes

O vôo pela vida
(Life flight)
Direção: Donald W. Thompson
Com Pat Delany e Jim McMullan
EUA - 85 min - Drama
Pedidos à Apocalypse Vídeo - Tel (021) 231-2334

Em O vôo pela vida várias histórias paralelas acontecem, unidas pelo helicóptero Life flight. A equipe que nele trabalha está pronta a socorrer as pessoas e dar-lhes atendimento médico. Mas os que fazem parte deste contexto de salvamento têm seus próprios conflitos e precisam, num certo sentido, ser recuperados: o sargento que precisa vencer seu trauma de helicópteros; o piloto que ainda não conhece o Salvador de sua alma; o enfermeiro que não sabe como auxiliar a quem lhe pede respostas sobre a Verdade. Histórias comuns, que nos levam a valorizar a vontade e a Palavra de Deus.


Um golpe de mestre

Deputado eleito pelos crentes transfere rádio evangélica para a LBV

Por Marcelo Dutra

Carlos Fernandes
Francisco Silva: possível influência para impedir
exibição de matéria sobre a Rádio Brasil

Para quem se diz evangélico desde o nascimento e foi eleito com o apoio das igrejas, o deputado federal Francisco Silva (PPB-RJ), 57 anos, surpreende. Ele prestou um desserviço aos crentes ao agir como o principal articulador da cessão da Rádio Brasil AM para a Legião da Boa Vontade (LBV), uma entidade espírita kardecista. O parlamentar retomou o controle da emissora no dia 13 de dezembro do ano passado através de uma liminar judicial, na qual alegava que a Vinde (Visão Nacional de Evangelização), como arrendatária, não vinha honrando os compromissos assumidos com ele. Francisco Silva usou o episódio para livrar-se de dívidas acumuladas durante sua gestão de cerca de dois anos à frente da Rádio Brasil. Foi um plano engenhoso, um golpe de mestre.

A Rádio Brasil AM 940khtz pertence ao Sistema Jornal do Brasil (JB) que, em 1993, a cedeu mediante promessa de venda ao deputado Francisco Silva. O compromisso previa que o deputado assumiria a administração da rádio, ficando responsável pelo pagamento de 3 milhões de dólares referentes a encargos e impostos acumulados na gestão anterior. Na ocasião, como garantia do negócio, Francisco Silva empenhou seu patrimônio empresarial e pessoal, que inclui a Rádio Melodia FM e sua mansão num condomínio de luxo. Em sua gestão à frente da emissora, o deputado não conseguiu saneá-la. Pelo contrário, a bola de neve cresceu, tornando a rádio deficitária. Além disso, durante cerca de dois anos não quitou sequer 5% do montante da dívida.

IGNORÂNCIA - Atolado nas dívidas, Francisco Silva procurou a Vinde pedindo que o ajudasse naquele "momento difícil" - conforme carta datada de 30 de maio de 1995. No mesmo documento, encaminhado ao Sistema JB, o deputado disse que a Vinde era uma entidade íntegra e de credibilidade no meio evangélico. As condições para a transferência previam que a Vinde tornava-se arrendatária da rádio mediante um aluguel mensal de R$ 30 mil para Francisco Silva. A Vinde aceitou pagar dívidas contraídas no período em que o deputado esteve à frente da emissora. Só que os valores mencionados por Francisco, talvez por ignorância, não correspondiam à realidade.

Como os advogados do deputado evitavam os fiscais do INSS, a dívida da rádio com a Previdência foi arbitrada em R$ 21 milhões. Em dois anos e meio, o deputado pagou apenas R$ 120 mil daquele total. Enquanto isso, ele garantia à Vinde que a dívida não passava de R$ 4 milhões. Nos sete meses seguintes, a Vinde efetuou o pagamento de R$ 650 mil, importância utilizada para colocar em dia os pagamentos de IPTU, Imposto de Renda, contas de luz, FGTS e INSS dos funcionários, além de outras dívidas, e que excedia substancialmente o total dos aluguéis da rádio pelo mesmo período. Além de sanear a emissora, a Vinde reestruturou-a, conquistando mais ouvintes, alcançando o terceiro lugar de audiência no Rio de Janeiro, segundo o Ibope. Quando a Vinde percebeu que a dívida da rádio estava num saco sem fundo, renegociou com o deputado Francisco Silva, que concordou verbalmente com a proposta de que a Vinde se empenharia em colocar a situação da rádio em dia e ficaria definitivamente com a concessão.

O choque, contudo, não tardou. No último dia 13 de dezembro, através de uma liminar, o deputado retomou a Rádio Brasil, deixando estarrecidos os funcionários, a diretoria da Vinde e os ouvintes. O presidente da Vinde, reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, confessa sua decepção com o episódio: "Me sinto triste porque o dinheiro veio do povo de Deus que o doou por acreditar que a rádio vinha abençoando milhares de pessoas." Caio Fábio, porém, ressalta não ter qualquer ressentimento em relação ao deputado: "Acho que ele agiu de modo errado e que foi extremamente oportunista tanto em relação à Vinde como com a LBV, mas estou orando para que coloque esta consciência em seu coração."

Carlos Fernandes
A mansão num condomínio do luxo na Barra da
Tijuca foi usada como garantia
Carlos Fernandes
Paulo Lopes: irregularidades na
administração Francisco Silva

Apesar de ter perdido a rádio através da liminar, o reverendo Caio Fábio lembra que a decisão judicial seria facilmente derrubada em virtude da fragilidade das alegações. O reverendo Caio revela que, antes da liminar, já havia decidido devolver a Rádio Brasil AM, depois de uma onda de boatos. Uma nota plantada na coluna do Zózimo, do jornal O Globo, dizia que os evangélicos não se entendiam e que o reverendo Caio Fábio estava devendo aluguéis da emissora a Francisco Silva. "Meu maior capital na vida é a integridade e o respeito, e não iria colocar a Vinde numa confusão dessas", diz Caio Fábio.

A manobra de Francisco Silva foi motivada por uma notificação judicial movida pelo Sistema JB que visava a reintegração da posse da emissora. Ameaçado de perder não somente o controle da rádio, como também o restante de seu patrimônio, Francisco Silva resolveu retomar a emissora para renegociá-la com a LBV.

Entre as acusações do deputado, uma é de que a Vinde não vinha pagando direitos trabalhistas dos funcionários da rádio. Esta informação é contestada pelo presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro, Paulo Lopes. Ele afirma que os funcionários estavam plenamente satisfeitos com a Vinde, o que não ocorria no período em que o deputado administrou a rádio. "Na época de Francisco Silva, os pobres dos funcionários tinham que implorar para ter seus direitos", denuncia Lopes. As ações arbitrárias do deputado não pararam ali. Segundo a assessoria da imprensa da LBV, apenas dois dias após reassumir o controle da emissora, Francisco Silva procurou a diretoria da entidade oferecendo a locação da rádio. Apesar de ter sido eleito com apoio dos evangélicos, Silva não se constrangeu em passar a rádio para um grupo espírita.

Procurado pela reportagem da Vinde, o deputado escorregou e se contradisse. Pelo telefone, disse que o responsável pela transferência da rádio para a LBV havia sido a própria Vinde - um absurdo sem igual. Ao ser lembrado que conversava com um repórter da Vinde, Francisco Silva gaguejou e deu outra versão: "Foi o JB que passou a rádio para a LBV." Só que o Sistema JB está brigando na Justiça com Francisco Silva. Dias depois, novamente procurado pelo repórter da Vinde, o deputado Francisco Silva se irritou e fez ameaças ao saber que sua casa havia sido filmada para o programa de TV Pare & Pense, apresentado pelo reverendo Caio Fábio. Ele disse que colocaria o repórter na cadeia por invasão de domicílio. Mais uma vez estava blefando. As cenas haviam sido feitas da rua. Seus advogados chegaram a insinuar que a matéria do programa de TV explicando sobre a negociata não iria ao ar, o que de fato ocorreu. O programa do dia 13 de janeiro foi estranhamente suspenso, possivelmente censurado por influência de Francisco Silva ou de pessoas ligadas a ele. No momento, o processo sobre a posse da Rádio Brasil AM ainda está sendo julgado, apesar de a programação estar sendo produzida pela Legião da Boa Vontade, uma instituição séria e que tem o direito democrático de possuir uma rádio, mas que não atende às expectativas do ouvinte evangélico.

Carlos Fernandes
Na carta enviada ao JB, a credibilidade da Vinde é reconhecida

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...