sexta-feira, 1 de março de 1996

Epístola do leitor


Edição 4

Sertão
"Moro no sertão de Pernambuco e, graças a esta revista, sou informada de tudo que se passa no meio evangélico de nosso país."
Maria Adelaide Torres - Cabrobó (PE)

Caiuás
"Fiquei maravilhada ao ver publicada, na segunda edição da revista Vinde, a matéria sobre os índios da tribo Caiuá, onde nossa igreja realiza um trabalho tão lindo e difícil. Fiquei especialmente feliz por perceber que torna-se realmente público algo de que já tínhamos conhecimento: a Missão Caiuá e as barreiras do inimigo. Um de nossos presbíteros, Hypérides Zorzella, tesoureiro da Missão, sempre pede orações devido a tantas dificuldades, como foi muito bem abordado pela revista. (...) Parabéns e muito obrigada!"
Tânia Bueno de Souza - São Paulo (SP)

Intervencionismo
"O pastor Jimmy Swaggart (entrevista da edição de janeiro) bem que poderia ternos poupado de frases como: 'Vamos reconhecer que os EUA, como nação evangélica, devem influenciar o mundo.' Ora, esta afirmação de que os EUA são uma nação evangélica é discutível, principalmente no sentido que a palavra evangélica tem para os brasileiros, e a influência evangélica que ele defende parece que não tem a ver com a pergunta do repórter. A influência de Bill Clinton e de outros presidentes norte-americanos tem, isso sim, um caráter policialesco, intervencionista, de resultados quase sempre duvidosos, vide o caso do Panamá (para citar um exemplo recente) ou do Vietnã."
Judith Ramos - São Paulo (SP)

Horizontes
"A revista Vinde veio para ficar e ampliar os horizontes da igreja evangélica brasileira, acostumada a uma existência inexpressiva no cenário nacional. (...) A revista cobre o Brasil e alarga as tendas para o exterior. Parabéns pela brilhante iniciativa! conosco."
Pastor Alfred Pauls, presidente da Associação das Igrejas Menonitas do Brasil - Curitiba (PR)

Ti-ti-ti
"A revista Vinde deve assumir uma postura de total imparcialidade, evitando ao máximo o ti-ti-ti bastante característico da política neste país, evidenciado no artigo As Doze Marcelladas (edição de dezembro). Não gostaria de ver tão conceituado veículo de informação transformar-se numa espécie de partido dos coitadinhos perseguidos."
Pedro Schreber - Rio de Janeiro (RJ)

Políticos
"Parabéns pela reportagem de Jorge Antônio Barros sobre como atuam os evangélicos no Congresso (edição de janeiro). A comunidade evangélica" tem-se comportado com muita ingenuidade em relação aos políticos evangélicos. (...) 99% dos evangélicos são trabalhadores que sobrevivem com mísero salário. (...) Está na hora de os parlamentares evangélicos, em sua maioria, deixarem os banqueiros, latifundiários e empreiteiros e ficar do lado dos pobres."
Luis Cavalcante, diretor do Movimento Evangélico Popular Socialista - Osasco (SP)

Saúde
"Sou enfermeira e gostaria que a revista Vinde abrisse um espaço para reportagens sobre saúde no país e no mundo. (...) Aqui em minha cidade é um corre-corre para se conseguir comprar a revista."
Mônica Cabral - Macéio (AL)

Julgamento
"Fiquei muito triste com a matéria Os santos do pau oco (edição de janeiro). Sou evangélica e há muitos anos acompanho os trabalhos da Igreja Universal. (...) Essa igreja foi levantada por Deus nesses últimos dias justamente para atender os mais carentes e infortunados. (...) Acho que a revista se precipitou no julgamento."
Doroti Mitéro - São Paulo (SP)

Demora
"Lendo a revista VINDE, pergunto a mim mesmo: por que demorou tanto tempo para termos uma revista assim?"
Paulo Francisco Siqueira - Fortaleza (CE)

Nill
"Gostaria de pedir-lhes que publicassem uma entrevista com o cantor Nill, ex-integrante do grupo Dominó. Estou muito interessada em saber quais são os seus projetos para o ano de 1996."
Luciene Krauser - Curitiba (PR)

Atletas
"Gostei muito da edição número 3 e quero salientar que a coluna Atletas de Cristo, a respeito dos bad boys, está impecável."
Júlio César Savani - Guarulhos (SP)

Cartas para esta seção devem ser enviadas para:
Revista VINDE
Redação, Atendimento ao Leitor,
Rua Luís Leopoldo Femandes Pinheiro, 604 - 100 andar - Niterói, RJ - 24030-122


Extraído Epístola do Leitor. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 11, mar. 1996.

Oração de mãe não se engana

Mulheres de todo o Brasil se organizam para interceder pelos filhos

Teresa Cristina Abreu

Fotos Divulgação

Carlos Fernandes

Um ditado antigo diz que "por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher". Machista? Num tempo em que as mulheres estão disputando, cabeça a cabeça, todos os espaços antes exclusivos dos homens, a idéia de atuar nos bastidores pode parecer bastante antipática. Mas o projeto Desperta, Débora não tem nada de competitivo. Trata-se de uma convocação para que 25 mil mães de todas as denominações evangélicas estejam formalmente comprometidas em orar diariamente, durante 15 minutos, por seus próprios filhos, pelos amigos de seus filhos e pelos filhos de suas amigas.

A proposta do projeto baseia-se em Jeremias 35.3. A coordenadora nacional do projeto, Ana Maria de Souza Pereira da Silva, acredita que este é um momento estratégico na história da juventude brasileira. "A pressão do sexo, das drogas e da falta de compromisso com Deus é intensa sobre crianças, jovens e adolescentes. Temos visto, através da TV e na própria escola, a influência maligna escancarada contra nossos filhos. Eles precisam de uma grande cobertura de oração", analisa.

MÃES QUE ORARAM - A necessidade de despertar as mães para uma cruzada de intercessão se manifestou em Seul, na Coréia, durante a Consulta Geral de Evangelização Mundial - GCOWE '95, encontro internacional de pastores e líderes promovido pelo Movimento AD 2000, cujo lema é "Uma igreja para cada povo, e o Evangelho para cada pessoa até o ano 2000". No Brasil, o projeto foi encampado pela Mocidade para Cristo - MPC -, que já atua há 43 anos na evangelização de jovens e adolescentes.

O coordenador da Rede de Líderes Denominacionais do Movimento AD 2000, pastor Jeremias Pereira da Silva, garante que "ninguém ora por filho ou filha como as mães oram", e lembra a influência do juiz Samuel por causa das orações de sua mãe Ana; o ministério frutífero de Timóteo, devido à poderosa intercessão da avó Loide e da mãe Eunice; a luta de Débora, chamada "mãe de Israel", pela restauração de sua nação; e a eficácia do clamor da mãe de João Wesley, um dos maiores evangelistas de todos os tempos, entre outros.

A rede de oração Desperta, Débora pretende manter orações diárias e reuniões mensais até junho de 1997. A primeira reunião aconteceu em junho do ano passado, em Belo Horizonte (MG), com a presença de cerca de 500 mães. Segundo Ana Maria, no mês de janeiro o projeto já era atuante em 20 estados brasileiros, contando com, pelo menos, sete mil mães cadastradas. O alvo dessas Déboras é impactar cerca de 50 mil jovens brasileiros com a mensagem do Evangelho, levando-os a assumir compromissos com Deus para alcançar esta geração. Quem desejar fazer parte deste ministério deve entrar em contato com Ana Maria de Souza Pereira da Silva pela caixa postal 1508, CEP 30161-970, Belo Horizonte, Minas Gerais, ou pelo telefone (031) 442-9476.

Pastor Nilson Fanini: Governo encerrou briga entre Globo e Record

Líder mundial dos batistas revela interferência do Planalto na 'guerra santa'

Marcelo Dutra e Omar de Souza

Fotos de Frederico Mendes

Carlos Fernandes
Duas semanas antes das acusações lançadas pelo O Globo, o pastor Fanini garantia que era o principal acionista da TV Record Rio

Pouca gente percebeu a trégua que houve entre as TVs Globo e Record depois de meses de confronto. Numa entrevista exclusiva concedida à revista VINDE, no início de janeiro, em Niterói, o pastor Nilson do Amaral Fanini deu pelo menos uma pista para explicar a repentina paz. Fanini revelou que a guerra santa acabou por influência direta do governo, que deu um basta aos ataques mútuos numa reunião com diretores das emissoras. "Houve uma ordem da presidência da República para que se fizesse uma reunião com a diretoria das redes Globo e Record no sentido de forçar uma parada nas denúncias de um lado e de outro, pois estavam indo longe demais", afirmou o pastor Fanini.

O pastor paranaense Nilson Fanini, 63 anos, tornou-se o primeiro brasileiro a ocupar a presidência da Aliança Batista Mundial, entidade que representa os mais de 100 milhões de batistas do planeta. Como evangelista, já pregou em 87 países. Além de pastorear há 31 anos a Primeira Igreja Batista de Niterói, também preside o Reencontro, organização assistencial que atende milhares de pessoas de Niterói e municípios vizinhos. O programa do mesmo nome que comanda é um dos mais antigos evangelísticos de TV em rede nacional. Recentemente, teve o nome cogitado para uma eventual candidatura a presidente da República.

Mas a este impressionante e elogiável histórico de vida juntou-se, no fim de janeiro, um episódio extremanente confuso: uma reportagem do jornal O Globo acusa o pastor Fanini de ter vendido 51% das ações da TV Record Rio de forma irregular. Esta acusação contradiz as informações anteriormente prestadas pelo líder batista. Na entrevista à VINDE, duas semanas antes, ele garantia ser ainda acionista majoritário. Procurado depois pela nossa reportagem para contar sua versão, o pastor Fanini não respondeu até o fechamento desta edição, em meados de fevereiro.

O que significa para a igreja evangélica brasileira, e mais especificamente para a denominação batista, o fato de o senhor ter sido eleito presidente da Aliança Batista Mundial?

Foi uma escolha divina. É uma honra muito grande para mim e para o país ter um brasileiro à frente de 200 pastores que representam, por sua vez, várias nações da Terra, num trabalho que reúne mais de 100 milhões de cristãos.

Como ocorrem as eleições para a escolha de um novo presidente da ABM?

Para cada mandato elege-se o representante de um continente diferente. O meu vai de 1995 até o ano 2000. Nas próximas eleições, tudo indica que o presidente será da África. Ele precisa ter um certo currículo. Deus vinha me preparando. Já preguei em 87 países, o que me tornou bastante conhecido no mundo como evangelista. Na minha posse, em Buenos Aires, desafiei os representantes das 128 nações a dobrar o número de batistas na Terra até o ano 2000. Ou seja, o objetivo é atingirmos 200 milhões de pessoas, 500 mil igrejas e 72 mil universidades e colégios em toda a Terra.

Conjectura-se que o senhor pode vir a se candidatar à presidência da República. Como surgiu isto?

Houve essa passeata muito grande (promovida pela Igreja Universal do Reino de Deus), com 1 milhão de pessoas em todo o país, e alguém citou meu nome. A imprensa diz que, dessa vez, foi o Laprovita (Vieira, deputado federal), mas ele nem me consultou. O resultado é que fui procurado por diversos jornais do país e tive que me declarar contrário à idéia. Talvez amanhã Deus queira, mas, no momento, já me deu uma tarefa muito grande.

Carlos Fernandes
"Fui procurado pelos jornais e me declarei contrário à idéia de ser presidente da República. Talvez amanhã Deus queira, mas não no momento."

Pesquisas indicam que os evangélicos brasileiros estão decepcionados com a atuação dos seus representantes políticos. O que o senhor acha?

Igreja é uma coisa, política é outra. A igreja não pode ser palanque nem partido político. Agora, que a política precisa de sal e luz, é uma realidade. É uma decepção dupla: quando se elege uma pessoa e ela falha, ela falha como cidadão e como crente.

As obras assistenciais do Reencontro já existem há 20 anos. Como está este trabalho atualmente?

Me baseio na mensagem que Deus colocou no meu coração: que Jesus ia de cidade em cidade pregando, ensinando e curando. Baseado nesse tema, pregando o Evangelho total para o homem total, o Reencontro marcha. Com isso, hoje temos 29 especialidades clínicas, 56 médicos, 22 dentistas, enfermeiros que já perdi o número e assistentes sociais. Em 1995 atendemos quase 120 mil pessoas. Temos também as cruzadas no Brasil e no mundo, programas de rádio e televisão e também a Liga Bíblica, que já distribuiu 18 milhões de novos testamentos.

O programa começou durante o regime militar. Houve problemas com censura?

Me censuravam, não deixavam falar muitas coisas, mas nunca tive problemas sérios.

Como foi o processo para conseguir a concessão da TV Rio na década de 80?

Eu e o Arolde de Oliveira (deputado federal), então diretor do Dentel, fizemos uma empresa e começamos a concorrer com muitos pretendentes, entre eles o Jornal do Brasil, a Editora Abril e o Paulo Maluf. O Leitão (de Abreu), chefe de gabinete do presidente Figueiredo, sugeriu que se desse a concessão para "um pastor que tem aí, que ele não vai botar no ar mesmo". Aí, ele me deu. Só que, com a ajuda de Deus, eu botei no ar. Sem um tostão da igreja, do Reencontro ou de qualquer evangélico. O dinheiro veio da minha família, que é dona da Kepler-Weber S.A.

Seria a primeiro emissora evangélica do país?

Inicialmente nós tentamos, mas depois descobri que uma televisão no Brasil, principalmente em VHF, não consegue sobreviver só com programação evangélica. Eu estava sempre no vermelho. Mas depois que entrou em rede. o custo foi dividido.

Foi assim que a TV Rio acabou se tomando Rede Record?

O nome é fantasia. A razão social é Rádio Difusão Ebenezer Ltda. O nome fantasia pode ser mudado a qualquer momento. Para fazer a rede, ficou Record Rio.

O senhor ainda tem ligações com a TV Rio?

Detenho ainda 51% das ações e estou negociando a venda para um grupo de 6 empresários, que detêm os outros 49% das ações. Portanto, é necessário que eu assine centenas de cheques pela empresa, pois ainda sou sócio majoritário.

Os mesmos que detêm o controle da emissora no restante do Brasil?

Do lado da Rede Record, não sei dizer. Sei que a TV Rio tem um contrato de filiada com a Rede Record. A programação é selecionada por nós. O que eu quero dizer é que está-se cumprindo hoje a finalidade para a qual eu a criei, ela está glorificando e defendendo o nome de Deus.

Na época em que a Record foi comprada em São Paulo falou-se em 45 milhões de dólares. Este é o preço de uma emissora de TV?

A Record de lá é outra coisa completamente diferente. Aqui é outra empresa, não tém nada a ver com a Record de São Paulo.

Como presidente da Aliança Batista Mundial, o senhor é remunerado?

Boa pergunta. É bom que se diga que não recebo um tostão da ABM, eles só me ajudam com as passagens. É tudo por amor ao Evangelho.

A que o senhor atribui o crescimento dos evangélicos no Brasil nos últimos anos?

Hoje o crescimento dos evangélicos é duas vezes e meia mais rápido do que o da população brasileira. Não é só quando Caio Fábio, Fanini, Billy Graham enchem o Maracanã. Hoje o que vale é essa garra, esse exército de irmãozinhos e irmãzinhas que fazem reuniões nos colégios, nas fábricas, nas Forças Armadas. E mais: a mídia. Hoje nós temos boas emissoras de rádio e de televisão evangélicas.

O senhor acredita que o crescimento quantitativo foi acompanhado de crescimento qualitativo?

Sim e não. Há muitas igrejas por aí que não estão batizando. Em outras falta espiritualidade. Além disso, a liderança tem que estar cada vez melhor preparada. O pastor tem que ser quase um super-homem, visitar, pregar, evangelizar etc. Mas, na maioria dos casos, está havendo, graças a Deus, um bom crescimento.

Carlos Fernandes
"Uma pessoa me ligou do Planalto contando que o presidente queria uma reunião entre diretores da Globo e Record. Estavam indo longe demais."

Os escândalos atuais envolvendo líderes da Igreja Universal do Reino de Deus são resultado desse crescimento quantitativo sem o devido preparo qualitativo?

Neste caso há uma guerra empresarial, não religiosa. São duas redes que estão lutando por espaço. Recebi um telefonema há poucos dias do Palácio do Planalto. A pessoa me pedia para orar pela situação e me contou que houve uma ordem direta da presidência da República para que se fizesse uma reunião com a diretoria das redes Globo e Record no sentido de forçar uma parada nas denúncias de um lado e de outro, pois estavam indo longe demais. E esta reunião foi realizada.

Esta reunião foi com o próprio Ministro das Comunicações, Sérgio Motta?

Não posso declarar. Mas orei a Deus para que cultivássemos o valor religioso das mensagens da Record.

Como o senhor analisa os escândalos envolvendo os evangélicos no Brasil e no mundo por conta dos métodos da IURD?

Não me cabe criticar. A Igreja Universal tem tirado 6 milhões de pessoas das garras do diabo, e nisto realiza um grande trabalho. Agora, é uma igreja adolescente. Está formando a doutrina, a teologia, os pastores. É natural que algumas coisas aconteçam. Tem coisas que eu fazia na minha adolescência e não faço mais hoje. Houve um momento em que a Associação Evangélica Brasileira se manifestou contrária aos métodos da Universal.

A cúpula da IURD reagiu com um documento contendo a assinatura de vários pastores, inclusive do senhor. Qual o motivo de seu apoio?

Era uma questão de liberdade religiosa. A Universal tem direito à liberdade. Aquilo foi Nilson Fanini quem assinou, não foi o presidente da Aliança. A Igreja Batista não tomou partido, nem para um lado nem para o outro.

O senhor crê que esteja havendo uma perseguição contra a igreja evangélica?

Ultimamente estão perseguindo muito os evangélicos. Quando, por exemplo, um deputado católico ou espírita faz umas e outras, nunca se diz que ele é católico ou espírita. Mas quando é um evangélico, dizem até a qual igreja pertence. Isso é discriminação e é inconstitucional.

Enfim, como o senhor se posiciona em relação à IURD?

Eu admiro o trabalho fantástico que a Igreja Universal faz, mas com algumas coisas não concordo, como talvez eles não concordem com algumas coisas da minha igreja. Discordo dos métodos da IURD, mas devemos respeitar um ao outro.


Extraído Entrevista. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 6, mar. 1996.

Uma viagem no tempo

Carlos Pinheiro Queiroz

Carlos Fernandes
A Terra Santa confere aos neoperegrinos uma nova visão da Bíblia

Conhecer Israel é quase sempre um velho sonho de quem aprendeu na Bíblia a amar a história de um povo muito especial para Deus - o povo judeu. Com o editor-chefe de VINDE, Jorge Antonio Barros, não poderia ser diferente. Enviado especial à Terra Santa para cobrir uma das mais concorridas excursões lideradas pelo reverendo Caio Fábio, Jorge realizou o velho sonho, de conhecer a terra por onde Jesus andou, operou milagres, foi crucificado e ressurgiu dentre os mortos, há dois mil anos.

Como em Israel a emoção fica à flor da pele até para o mais insensível cristão, o repórter foi em busca das melhores histórias de gente que vai à Terra Santa em busca de uma bênção divina. De gente simples como a empregada doméstica Felipa Vieira - que vendeu lote e telefone para viajar, e mal sabia que Jerusalém fica em Israel - a gente viajada como a professora aposentada Obédia que cumpriu sua sétima peregrinação a Israel e o político Francisco Rossi, convertido ao Evangelho; que no Depoimento deste mês revela que pretende ser candidato à prefeitura de São Paulo, pelo PDT.

Outra revelação deste número foi feita pelo presidente da Aliança Batista Mundial, pastor Nilson do Amaral Fanini, aos repórteres Omar de Souza e Marcelo Dutra. Fanini contou, em entrevista exclusiva, que o governo de Fernando Henrique deu um basta à "guerra santa" entre a Record e a Rede Globo. Os diretores daquelas emissoras foram obrigados a sentar na mesma mesa e aceitar uma trégua.


Extraído Epístola da Redação. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 3, mar. 1996.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996

Sinais do avivamento genuíno

Carlos Pinheiro Queiroz

Carlos Fernandes

As vésperas do ano dois mil assistimos a um reflorescimento religioso sem precedentes na história. O islamismo tem um crescimento vertiginoso na Europa e países africanos, o catolicismo tradicional e conservador reacende antigas posições na América Latina. No Brasil, espiritismo e umbandismo saem respectivamente da sessão e do terreiro para ocupar espaços nos meios de comunicação, em novelas, ao mesmo tempo em que os evangélicos, especialmente os pentecostais, saem do gueto para a televisão, política, campo de futebol, luta por direitos humanos e até escola de samba. Entre boas e más notícias, críticas e elogios, o fato é que saíram do anonimato.

Um observador comum perceberá um reflorescimento religioso pelo aumento numérico dos adeptos e simpatizantes de determinada religião, celebrações capazes de atrair multidões, maior presença sociedade e, em alguns casos, aparecimento de fenômenos sobrenaturais ou paranormais. Sinais que podem surgir alheios ou contrários à vontade de Deus e desatrelados da qualidade religiosa em si mesma. O cenário psicológico propício, mudanças sócio-políticas, novos modelos econômicos ou a combinação de vários desses fatores. podem propiciar terrenos fertilíssimos para qualquer crescimento religioso, o que não significa que os reflorecimentos religiosos não tragam benefícios de natureza cultural e social. Todavia, como subproduto do espaço onde se desenvolvem, são superficiais, e não tocam nas questões mais profundas da vida.

"Ao contrário de hoje em dia, os líderes de grandes avivamentos espirituais no passado não se consideravam superdotados ou semideuses"

Os avivamentos espirituais nascem no coração de Deus e se concretizam na história, portanto, onde estão fermentando fenômenos sociais, culturais, políticos e econômicos. A grande diferença é que nos avivamentos tais fenômenos são construídos, modificados ou, no mínimo, rebocados, a partir de novos paradigmas éticos e morais inegociáveis, capazes de melhorar a qualidade de vida. Há sinais nos avivamentos que podem nos ajudar a discernir entre um avivamento genuíno e um reflorescimento religioso. Um deles tem a ver com a posição dos líderes dos avivamentos do passado, os quais não se consideravam superdotados, semideuses. Tais categorias funcionavam em suas cabeças como tentação. Sabiam relacionar intimidade com Deus e vida comunitária. O coração pulsava por pacificação e a cabeça pensava em justiça. O outro está relacionado ao processo histórico, à transformação de relações sociais desiguais. Os grandes avivamentos julgaram e denunciaram pelo poder da palavra, socorreram e defenderam os pobres, marginalizados e oprimidos. Foi assim na igreja primitiva (Atos 2:42-43; 4:32-35; 2 Cor 8:1-15 e Rom 12:1-3), na Inglaterra nos tempos de Wesley, nos Estados Unidos com Charles Finney.

O que acontece hoje no Brasil é reflorescimento religioso ou avivamento? Em meio ao reflorescimento religioso brasileiro precisamos discernir o que é joio e trigo, trigo enjoado e trigo intrigado. E até joio enjoado, uma vez que um avivamento genuíno pode conviver em meio a tudo isto, afetar tudo isto, construir outra história, mas em essência é bem diferente da superficialidade dos reflorescimentos religiosos.

Carlos Pinheiro Queiroz é pastor da Igreja de Cristo em Fortaleza e supervisor da Visão Mundial no Ceará e Rio Grande do Norte

terça-feira, 20 de fevereiro de 1996

Agenda: Fevereiro 1996

Um 'kibutz' em São Paulo

Carlos Fernandes

Que tal par três dias louvando a Deus em hebraico, aprendendo danças judaicas e ainda curtindo variados esportes? Pois é exatamente isto que farão os participantes do Yeshua 96 - Primeiro Retiro Judaico-Messiânico, de 9 a 11 de fevereiro, no Acampamento Betel, em Campo Limpo Paulista (SP). O rabino messiânico Michael Shifman, de Nova York, estará no comando das atividades. A promoção é da Associação Judaico-Messiânica, e qualquer informação pode ser obtida com Patrícia através do telefone (011) 524-3965.


Diploma de missionário

Carlos Fernandes
Escola Superior de Missões: ensino de alto nível

No dia 4 de março começa a funcionar a primeira Escola Superior de Missões de Brasília (DF). Durante os três primeiros meses, a escola oferecerá um treinamento intensivo para preparar os professores do curso. Em agosto começam as aulas da primeira turma, com duração de seis meses, em regime de internato ou externato. A única exigência é que o aluno tenha um curso de Teologia ou outro curso superior. Não há taxa de matrícula e a mensalidade é de R$ 200,00 para os internos e R$ 100,00 para os externos. A escola fica na QI7, lote 9/10, Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. Os interessados podem ligar para (061) 234-2883 e falar com Ana Maria ou (061) 568-9357, com pastor Alvaro Raposo, ou ainda pela caixa postal 3206, CEP 71001-970.


Israel 'in loco'

Carlos Fernandes
Israel é tema e palco de congresso

De 25 a 29 de fevereiro de 1996. o Ministério Francisco Nicolau, sob a liderança do pastor Francisco Nicolau. e a Turismo estarão promovendo o 111 Congresso Cristão Sionista, em Israel. Na ocasião, os congressistas participarão da celebração dos 3 mil anos de Jerusalém com a participação da pastora Valnice Milhomens. O congresso faz parte de uma excursão à Israel com escala em Londres. A saída está prevista para 20 de fevereiro de 1996. Inscrições pelos telefones (011) 284-8744 e 284-5582 ou fax (011) 251-0248.


A família em foco

Carlos Fernandes
Ariovaldo Ramos, um dos preletores

A Vinde - Visão Nacional de Evangelização - está promovendo o IV Encontro para a Família. O evento vai acontecer de 28 a 31 de março de 1996, em Serra Negra (SP), e de 18 a 21 de abril, em Foz do Iguaçu (PR), sob o tema Família: Lugar de Culpa e Graça. O encontro contará com a presença de preletores, como o reverendo Antônio Elias, pastor Ariovaldo Ramos e o psiquiatra Fábio Damasceno, entre outros. Inscrições e informações pelos telefones (021) 717-5242, 719-8770 ou 717-6404.

Boa Leitura

Carlos Fernandes

O mito do casamento perfeito
(21 myths that can wreck your marriage)
Barbara Russel Cheeser
Ed. Mundo Cristão
1993 - 219 páginas

Uma das maiores chances que temos de experimentar o fracasso é nos impor o padrão da perfeição e o levarmos para as relações interpessoais. Sofremos por ver que, no dia-a-dia, as experiências conjugais tornam-se pobres e frustrantes, quando acreditávamos que o amor sustentaria tudo. Os mitos estão por toda a parte. Não sabemos onde se iniciam, mas os reiteramos sempre. A proposta do livro é nomear alguns que lhes soarão muito familiares.

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Carlos Fernandes

Sagarana
João Guimarães Rosa
Ed. Nova Fronteira
386 páginas

Neste ano, Sagarana está completando 50 anos de lançamento. É um daqueles livros que a gente lê, pára uns minutos e fica olhando para o nada, admirando-se de tanto lirismo em situações absolutamente banais. Se não, experimente ler O burrinho pedrês ou A hora e a vez de Augusto Matraga, dois dos nove contos que Guimarães apresenta em Sagarana. O livro celebra os brasileiros, a gente do interior, numa linguagem que nos aproxima e ensina.

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Carlos Fernandes

O império do efêmero
(L'empire de l'ephémère)
Giles Lipovetsky
1987 - Ed. Cia das Letras
294 páginas

Enfim, há tempo também para a razão, para se pensar nas questões que envolvem a tão badalada pós-modernidade. À primeira vista, O império do efêmero pode parecer segmentado. Parece, somente. A moda é o ponto de partida do autor e do leitor. Na verdade, este é o gancho para repensarmos coisas como a efemeridade dos valores que a sociedade nos lança, a substituição da verdade pelas aparências.

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Carlos Fernandes

Cristianismo puro e simples
(Mere Christianity)
C.S. Lewis
Ed. ABU
129 páginas

C.S. Lewis foi um escritor e pensador cristão sempre pronto a ser questionado e a questionar. Daqueles que, depois de experimentar o ateísmo com toda a sinceridade, falam do cristianismo com paixão e razão. É possível que o leitor encontre alguma dificuldade de penetrar no pensamento e nas alegorias do autor. Ainda assim, não pode faltar em sua agenda de leitura, sob risco de se perder preciosas páginas sobre a essência do cristianismo.

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Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...