sexta-feira, 1 de março de 1996

Os grandes milagres do amor

Por Reverendo Caio Fábio DAraujo Filho

"Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu Sim, Senhor, Tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias: quando porém fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe: Segue-me."

(João 21.15-19)

O diálogo acima é o mais doce e terapêutico já realizado neste planeta. Através dele, descobrimos o poder milagroso que o amor gera e como podemos nos beneficiar dele. É bom lembrar que a conversa acontece após alguns dias de experiências traumáticas. Perda, abandono, dor, lágrimas, frustração, revolta, medo, morte e vergonha eram os sentimentos que haviam pintado de modo lúgubre os cenários psicológicos e espirituais das almas daqueles homens. Ainda não haviam decidido deixar o luto. Jesus ressuscitara, eles não. O que aprendemos sobre o poder milagroso do amor na conversa na praia de Tiberíades?

"Se tu me amas, apascenta minhas ovelhas"

O AMOR CURA TUDO - Pedro estava enfermo de alma e mente. Como é que você acha que fica a mente de um ser humano quando trai o maior amor de sua vida? Muitos jamais se recuperam das marcas e dores de alma oriundas desta experiência. Pedro amava e sabia que era amado. Aqui abro um parêntese para dizer que traição não é prerrogativa dos que não amam. O amor é perfeito, mas os amantes são pecadores e vacilantes. Pedro traiu Jesus. Fez isto três vezes na mesma noite. Traição é sempre traição.

Não importa se por medo da morte ou apenas por não se resistir à oferta de um prazer. Prazer e morte têm a mesma força: o poder de convencer sobre o apego à vida ou àquilo que pensamos ser vida.

O caminho que Jesus escolheu para a cura de Pedro é estranho. Nada a ver com confissões morais ou grandes promessas de fidelidade. Também não se apela à força do caráter ou ao dever de honrar o papel que se tem na vida. É só um o tema de Jesus: "Pedro, tu me amas?" Por que a pergunta é sobre amor? Pode haver simplicidade maior? Não, não existe nada que a isto se compare. É a terapia do amor divino aplicada à falência humana. O inferno pode estar cheio de boas intenções, mas não de amor. Quem ama "passou da morte para a vida", diria, anos depois, João, presente naquela manhã na Caldéia.

O amor cura pois tem em si o poder de desintoxicar a alma. Ele opera na graça, na certeza do ser e não do fazer ou do dever. Deixa a gente respirar. Conecta a gente à certeza da aceitação do outro. O amor traz consigo um pacto de vida e cria um pacto com a verdadeira vida. Ele é mais forte do que a morte, por isso também mais forte que a culpa e o medo. Aliás, João de novo nos ensina: "O verdadeiro amor lança fora o medo." Quem quer cura tem que se abrir para o amor de Deus.

O AMOR CUMPRE SUA MISSÃO - Pedro não está apenas doente. Ele também está sem rumo na vida. Sente-se desempregado. A pesca daquela noite foi um bico. Mais que isto: ele não é um desempregado qualquer. É aquele que pensou que tinha Deus como patrão e o mundo como área de ação e -via em cada habitante do planeta gente de seu público-alvo. De repente, tudo isso acabou, e por culpa dele. Agora, seu sonho mais profundo é o de ser reempregado. Ele só não sabe se ainda é possível. Aliás, ele nunca tinha nem mesmo entendido por que ele havia sido chamado, quanto mais agora, depois de seu fracasso. Só mesmo muita graça para que ele pudesse ser reintegrado às suas funções. Pedro queria uma função de volta. Jesus queria restaurar uma relação. No Reino de Deus, ninguém tem funções antes de ter relações. Só o amor restaura e mantém relações. E não somente isto. Pedro quer saber o que fazer da vida. Jesus diz: "Se tu me amas, então cuida das minhas ovelhas." O amor sempre dá utilidade e missão à vida humana. O amor é útil, e quem ama sempre faz muito mais do que dele se requer. Pedro se tornou maior do que ele próprio e do amor de Deus tirou forças para cumprir sua, missão até o fim.

O AMOR GLORIFICA A DEUS EM TUDO - Pedro não estava apenas doente e desempregado. Ele estava com medo de falhar outra vez, se fosse aceito. Jesus sabe disso. Por isso mesmo, faz a Pedro uma profecia que, para a maioria das pessoas, seria horrível, mas para Simão era um bálsamo: "Pedro, você vai ter uma morte antinatural. Sua velhice não reserva descanso, mas dor. Sua autodeterminação será totalmente retirada. Outro o conduzirá pela mão e o vestirá, e você será levado aonde não gostaria de ir. Mais: morrerá como mártir."

Para qualquer um, aquela seria uma profecia que geraria angústia, medo e ansiedade. A maioria dos cristãos oraria: "Senhor, se possível, me livra de tal morte." Porém, para o apóstolo candidato à fidelidade, o anúncio da certeza daquela morte era um bálsamo. Para ele, o que Jesus estava dizendo era: "Pedro, vai sem medo. Você não vai cair mais. Meu amor por ti e teu amor por mim dão a ti a garantia de que tu nunca mais chorarás o choro amargo dos que negam a fé ante o medo da perda e da morte. Vai sem medo, porque tu me amarás até a morte. É isto que vejo no teu futuro."

O amor inverte o significado da dor. Quando se sofre por amor e isto não é dor, é glória. O amor encontra sempre o caminho da glorificação do nome de Deus. Mesmo a catástrofe, o flagelo, a perda, a desapropriação, a falência, ou qualquer coisa que nos aconteça porque nós fomos fiéis ao Princípio do Amor será transformado em glória.

Concluindo, quero apenas dizer: converta sua vivência com Deus numa experiência de abandono no amor de Jesus. Não tenha medo de responder ao amor de Cristo, mesmo que você esteja atormentado pelo medo do fracasso e da fraqueza ou angustiado pela culpa decorrente de sua incoerência. Mergulhe no amor de Jesus. Ele curará você, dará sentido de missão na vida e garantirá que sua existência será glória para Deus, mesmo na morte.


Extraído: Pare e pense. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 36 e 37, mar. 1996.

O morro, o esparadrapo e a Bíblia

Missionário em favelas, André Fernandes é símbolo do Evangelho integral

Por Danielle Franco


Fotos de Frederico Mendes


Renato BittencourVArtware
O sonho de André era tornar-se fuzileiro naval,
mas o carioca da Tijuca foi seduzido pelo
trabalho junto a comunidades carentes
e tornou-se missionário

"André sobe o morro/Porque tem uma missão." Para muitos, o personagem da música A missão, do grupo Fruto Sagrado, é fictício. Mas foi um sujeito de carne e osso, inconformado com a miséria material e espiritual das comunidades carentes do Rio de Janeiro, que inspirou os versos da canção: André Fernandes, 25 anos, carioca, da Tijuca, filho de um pediatra e de uma advogada, é o mais conhecido missionário de favelas do Rio.

Antes de se tornar coordenador do projeto Exército da Esperança e articulador da campanha Rio, desarme-se, André teve a vida totalmente transformada. Ainda na Marinha, onde pretendia seguir carreira como fuzileiro naval, foi levado por um amigo à Igreja Batista Missionária do Maracanã, onde descobriu "um Deus compreensivo, misericordioso, que me ama como sou", revela. "Tive muitas experiências com Deus e fiz um pacto: era preferível perder a vida do que me afastar da Sua presença. Nesse momento, decidi ser missionário." André participou de cursos de liderança cristã e missões urbanas.

Na Escola de Treinamento e Discipulado - Eted - da Jocum, alternava aulas teóricas e práticas no Morro do Jorge Turco, na Ilha do Governador. Seduzido pelo trabalho missionário, que até o levou ao exterior, saiu da Marinha. "O sonho da maioria dos missionários é sair do Brasil. Eu achava que havia muitos a serem alcançados pelo Evangelho aqui. Queria trabalhar com gente simples da favela, cercada pela pobreza e pelo tráfico de drogas", conta. O primeiro desafio foi o Morro do Borel, na Tijuca, com o missionário Pedro. Num local chamado terreirão, instalaram um ambulatório para prestar serviços à comunidade. "Foi um tempo muito difícil. Para se ter idéia, cheguei a ver futebol em que a bola era uma cabeça humana. Hoje, muitos daquela comunidade se converteram a Cristo", conta.

EXPANSÃO - Um ano depois, André iniciou sozinho um trabalho na favela do Morro Santa Marta, em Botafogo. Inicialmente, morava no porão da igreja batista da comunidade. Munido de uma caixa de sapato, saía pelas ruelas fazendo curativos e evangelizando. Ao mesmo tempo, ia nas igrejas pedir doações para compra de remédios e divulgava o trabalho. "Foi assim que consegui comprar a primeira casa", orgulha-se. Era um pequeno cômodo que havia funcionado como bar, conhecido como ponto dos caídos, porque as pessoas bebiam e ficavam estiradas por ali. "Depois que compramos a casa, o nome mudou para ponto dos erguidos. Nós levantamos a moral daquela gente", brinca.

Com a divulgação do trabalho, gente de fora, da comunidade foi conhecer o local e passou a fazer doações que possibilitaram a compra de uma nova casa. Desta vez com quarto, banheiro e sala, transformada em escritório. Mais pessoas passaram a colaborar e uma terceira casa foi adquirida. Outros beneficios foram estendidos aos moradores, como a construção de uma creche com capacidade para 200 crianças.

Renato BittencourVArtware
André: muito querido entre os moradores do Morro Dona Marta

No final de 1994, foi deflagrada a Operação Rio. Neste mesmo ano, André participou do Congresso para Pastores e Líderes promovido pela Vinde em Serra Negra, e lá conheceu o reverendo Caio Fábio, que o convidou para uma reunião em que seriam discutidas as diretrizes da campanha Rio, desarme-se. Como resultado, a comunidade do Santa Marta foi a primeira favela a ser invadida por voluntários com mensagens a favor da paz e contra a violência. O movimento cresceu, vários líderes comunitários foram contactados e 40 favelas foram visitadas.

Enquanto a campanha ganhava espaço na imprensa e a adesão da população, André se sentia dividido com as responsabilidades dos ministérios da Jocum e da Associação Evangélica do Dona Marta. Logo em se-guida, a AEVB - Associação Evangélica Brasileira - decidiu realizar trabalhos nas favelas da cidade, convidando André para coordenar a iniciativa. Até que surgiu o convite para trabalhar na Fábrica de Esperança. "Orei a Deus. A Bíblia diz: Seja a paz o árbitro do teu coração. Fui para a Vinde, onde coordeno tudo a partir da Fábrica de Esperança", conta.

LIVRO - Na Fábrica, André deu início a um curso de liderança cristã ministrado por missionários e pastores que trabalham em favelas, está à frente da capelania, do departamento de Assessoria Comunitária e ainda do projeto Exército da Esperança. Até o final do ano, ele quer terminar de escrever um livro em que conta a história de sua vida, além de criar uma agência de notícias sobre as comunidades carentes e editar um guia com informações sobre as 50 principais favelas do Rio. A certeza de ter feito a melhor opção de vida é sentida quando André narra o culto de despedida da Jocum, realizado no Morro Santa Marta. "No fim, perguntei se alguém queria falar alguma coisa. De repente, o líder do tráfico se levantou, caminhou em minha direção com os olhos cheios de lágrimas e começou a bater palmas. Ele falava: Nota mil. Você conseguiu ser gente como a gente, se misturar à comunidade. Para mim, este é o verdadeiro cristianismo. Fiquei emocionado. Mesmo não compactuando com suas práticas, procuro compreender a sua realidade. Não aprovo o tráfico, mas, com o coração cheio de Deus, posso dizer que-amo aquelas pessoas", finaliza.

A missão

Marco, Maldon, Bênlio e Flávio


Ele mora na Cidade Maravilhosa
Maravilhoso lar da ilusão
Onde os canibais da selva de pedra
Passeiam por aí de AR-15 na mão
Ele cresceu no meio do incoerência
A desigualdade, a falta de providência
A insanidade urbana, os desencantos mil
Na violenta Babilônia do meu Brasil Rio de Janeiro

Ele poderia ter ficado imparcial
Passivo a tudo e tentar ser normal
Mas algo o atingiu de forma impactante
E não era bala perdida de PM ou traficante
Era a missão celestial
Alucinante, irradiante, transcedental
A família, os amigos, pouca gente entendeu
"O André enlouqueceu de vez? O que aconteceu?"

André sobe o morro
Sobe porque sabe que tem uma missão
André sobe o morro
Sobe o Dona Marta com muita determinação
Sobe porque sabe a resposta pro Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, muda a direção
O Redentor está de braços abertos te esperando
Rio de Janeiro, muda a direção
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Ele não conseguiu ficar trancado no quarto
Ele não conseguiu fingir-se de avestruz
Lá fora a desgraça atravessando a rua
A infelicidade dominando nua e crua
Crianças são comidas por seus vermes intestinais
Vermes manipuladores de injustiças sociais
Homens se matando como ratos enclausurados
Num Rio de Janeiro que desaba aos pedaços
O Rio de Janeiro

André sabe que a resposta é só Jesus
No coração das favelas e dos barracos
No coração dos castelos e dos palácios
No coração de cada cidadão
No coração do Rio de Janeiro
No coração do meu Brasil



Extraído Perfil. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 30 e 31, mar. 1996.

Real vale mais que dólar?

Por Emilio Gargalo


Renato BittencourVArtware

O brasileiro vive uma situação curiosa e inédita ao ver que um dólar vale menos do que um real, esta moeda mágica, e pergunta-se como isto é possível, durável, razoável. Claro que é! Mas, veja bem, isto não significa que o real seja mais forte do que o dólar. Da mesma forma, com um único peso argentino pode-se comprar 1,5 mil libras italianas, sem que isto signifique que a moeda de nosso vizinho seja mais forte que a moeda do país de Pavarotti.

Vamos por partes (à moda de Jack, o estripadar): lembre-se de que um real é a nova versão dos antigos 2.750 cruzeiros reais. Que, por sua vez, já eram uma versão melhorada de 2.750.000 cruzeiros. Ou, 2.750.000.000 de cruzados. E assim sucessivamente. Ou seja, fizemos várias cirurgias plásticas na moeda nacional ao longo dos anos, mudando a forma de representá-la. O grande mérito do real está no fato de não se ter deteriorado ao longo do tempo, isto é, não perdeu valor em relação às outras moedas e, principalmente, manteve seu poder de compra dentro do Brasil. Isso porque o governo vem controlando a emissão de moeda e mantendo sob controle os seus próprios gastos. Emitir dinheiro sem controle faz com que ele perca o valor.

Quando alguém, brasileiro ou estrangeiro, troca seus dólares, seus ienes, seus pesos etc. por reais, não o faz porque um dólar corresponde a noventa e sete centavos de real. Faz porque gosta da rentabilidade do real, garantida pelos juros altos, e porque aposta na sua estabilidade, pelo menos a médio prazo.

Por isso, não se assuste se a relação vier a se inverter, isto é, se um dólar passar a comprar mais do que um real. O Brasil não tem um compromisso forte da relação um por um como, por exemplo, a Argentina, que fixou em lei esta paridade. O real poderá ser lentamente desvalorizado, se isto for necessário para manter nossas exportações. O investidor se assusta, na verdade, quando uma moeda se deteriora muito rapidamente, como acontecia com nossos cruzeiros e cruzados, ou se a rentabilidade for muito baixa, ou ainda se as reservas do pais forem baixas, indicando que ele pode vir a não receber o dinheiro investido.

Só para completar a história, já que citamos a Argentina, lembre-se de que na Ultima cirurgia da moeda feita por lá, quando transformaram os austrais em pesos, o valor da moeda foi dividido por 10 mil. Mas, diferentemente do Brasil, a paridade é um peso para um dólar. E é lei.


Emílio Gargalo é bacharel em Economia pela PUC-SP e sócio-diretor da MCM Consultores Associados S. C. Ltda.


Extraído Moeda e Mercado. Revista Vinde, Rio de Janeiro, ano 1996, a. 1, ed. 5, p. 24, mar. 1996.

Humor

Carlos Fernandes

O senhor poderia me informar onde estou?

Boa leitura

Sal fora do saleiro

Sal fora do saleiro
Caio Fábio DAraújo Filho
Ed. Vinde Comunicações - 140 págs.

A literatura biblicamente contextualizada já se tornou marca registrada dos livros do reverendo Caio Fábio d'Araújo Filho. Em Sal fora do saleiro, o autor, mais uma vez, vem a público encorajar o leitor a deixar de oscilar num estilo de vida ora intragavelmente salgado, ora absolutamente insosso. O escritor nos convida a experimentar uma forma de viver mais saborosa, equilibrada, comprometida, saudável e, acima de tudo, uma receita que segue de perto os ensinamentos daquele que testemunhou a nosso respeito: "Vós sois o sal da terra." O autor se utiliza de exemplos, como os do transformador apóstolo Paulo em contraste com os do destemperado Jonas, do multiplicador Eliseu e do próprio Jesus, para legitimar o jeito refinado e puro que um cristão deve ter numa sociedade cada vez mais temperada por valores que fazem sofrer e amargurar a alma. Ser sal fora do saleiro é levar gosto ao desgosto do planeta, é manter a diferença e conservar o conteúdo, é ter o outro como projeto pessoal. Sal fora do saleiro é para ser saboreado com a certeza de que é extremamente importante a pitada de participação de cada um no processo de transformação da Igreja e do país.

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Carlos Fernandes

A noite escura e mais eu
Lygia Fagundes Telles
Editora Nova Fronteira - 205 págs.

Eis que a grande escritora brasileira retorna ao conto, o gênero de sua paixão, conforme tem declarado costumeiramente. Neste novo livro, a autora apresenta nove contos escritos num estilo vigoroso e fluente, com muita poesia e originalidade. O texto é extremamente seqüenciado, fazendo-nos sentir privilegiados espectadores de cada história. Destacam-se os contos O crachá nos dentes, que focaliza a desesperada busca do eu e a tentativa de se encontrar a tábua de salvação, e Boa noite, Maria, retratando o perfil solitário e inseguro de Maria Leonor, que não tem medo da morte, mas do que pode vir antes de sua chegada. A partir daí, a questão da eutanásia é abordada.

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Carlos Fernandes

Mulher sem nome
Nancy Gonçalves Dusilek
Editora Vida - 96 págs.

Mulher sem nome é um daqueles livros curiosos que ninguém - pelo menos, até agora - se atrevia a escrever, mas tinha uma vontade imensa de ler. O propósito da autora não é mostrar um modelo ideal de esposa de pastor, mas compartilhar experiências e falar sobre responsabilidades, privilégios, família e muito mais pela visão de uma mulher que, muitas das vezes, parece esquecida: a esposa do pastor. O livro é uma espécie de radiografia da vida privada de uma família de pastor. Sem querer ser pretensiosa ou mesmo feminista, a autora faz do seu trabalho um bate-papo sobre frustrações, alegrias, tristezas e esperanças. A autora aproveita também para abordar o conceito de pastora, muito debatido hoje em dia.

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Filmes e Vídeos

Testemunha Vacilante

sob o controle do mestre

Sob o controle do mestre
Direção: Ken Anderson
Com John Washbrook e Jill Shellanbarger
EUA, 1992 Duração: 60 min.
Distribuição: Apocalipse Vídeo

A história do filme gira em torno de um tema familiar a muitos crentes, qual seja, o testemunho cristão. Não são poucos os evangélicos que se questionam a respeito do assunto. Falar ou não falar de Cristo no local de trabalho? E no clube, no trânsito, enfim, no dia-a-dia, "em tempo e fora de tempo", como diz a Palavra? O vendedor Brad, personagem principal, se encontra em constante dúvida entre o chamado a testemunhar a salvação que Jesus Cristo trouxe à sua vida e o desejo de ocultar-se para não se sentir deslocado ou rejeitado em seu grupo de convívio, inclusive o chefe, que tolhe cada iniciativa evangelística que o rapaz enseja. Quando decide submeter-se à vontade do Espírito Santo, vê sua vida se transformar e alcança o sucesso profissional de forma surpreendente. Aqui cabe uma observação importante. Neste ponto do filme podem ser constatadas certas tendências teológicas que costumamos encontrar: as que associam o relacionamento com Deus à prosperidade material. Mas não são suficientes para comprometer o resultado da história, e o espectador atento pode aproveitar as melhores lições. Vale a pena conferir, sobretudo, como uma forma de estímulo à perseverança e determinação no testemunho cristão.


eram doze

Eram doze
Musical com a Primeira Igreja Batista de São Gonçalo (RJ)
Brasil, 1995 Duração: 80 min.
Produção e distribuição: Central Vinde de Produções

Transmitido apenas uma vez no programa Pare à Pense, a reapresentação deste vídeo foi solicitada por várias pessoas. A produção musical, com músicas compostas por Guilherme Kerr, baseia-se na vida dos apóstolos de Jesus, suas dúvidas, questionamentos e anseios. Com certeza, um destaque em nossas locadoras. Trata-se de uma realização de ótima qualidade técnica e apurado sentido artístico com coreografias, dramatização, efeitos especiais de luz e som e cenários criativos, além da participação do pastor Mauro Israel como narrador e mais de 200 figurantes. Uma bela programação para ser admirada na companhia dos amigos, um bom saco de pipocas e o refrigerante favorito.


jerusalem 3000 anos

Jerusalém, 3000 anos
Direção: Central de Produções Vinde
Apresentação: Reverendo Caio Fábio
Brasil/1995 - 85 min - Documentário
Produção e distribuição: Central Vinde de Produções

Jerusalém tem mesmo tudo para ser eterna: já foi destruída cerca de 40 vezes, mas sempre ressurgiu das próprias cinzas. Quem a visita não se cansa de recontar as emoções profundas que experimenta ao conhecer o sepulcro vazio, o Getsêmani, o Muro das Lamentações, o Cenáculo -palco da última ceia -, confirmando a vocação que a cidade também tem para a paixão. Jerusalém já completa 3 mil anos, e foi em seus cenários históricos que o reverendo Caio Fábio gravou este belo documentário-turismo, passando por lugares onde Jesus andou, contando as suas histórias, revivendo com o espectador o ambiente de diversas passagens bíblicas.


O bolinho dos poderosos

Guefilte fish, delícia da cozinha judaica, simboliza liderança

Por Ester Roisenberg

Fotos: Frederico Mendes

guefilte
O guefilte fish deve ser servido frio, como entrada ao prato principal

GÊNESIS 1.26 é o primeiro versículo bíblico que fala em peixe. Ao longo de toda a Escritura, mais de 50 vezes o peixe é mencionado, predominando no Antigo Testamento. Através de peixe, muitos milagres foram realizados, como o do profeta Jonas. Yeshua (Jesus, em hebraico) por diversas vezes se utiliza do peixe para fazer milagres e comunicar maravilhosas mensagens. Em Mateus 4.19 diz: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens." Além dos significados religiosos, na culinária judaica o peixe é uma constante. O peixe com cenouras - guefilte fish - é dos mais conhecidos, simbolizando liderança e fertilidade. O guefilte fish ao molho rein da receita abaixo, ao ser saboreado, poderá ser um verdadeiro sonho para você. Bom apetite!

Ingredientes (para 30 bolinhos)

MASSA

1/2 kg de filé de pescadinha
1/2 kg de filé de dourado
1 cabeça de peixe
2 fatias de pão (após ficar de molho em 1/2 copo d'água)
2 ovos inteiros
2 cenouras
4 cebolas pequenas
1 colher de chá de sal
1 colher de sobremesa de açúcar
pimenta do reino a gosto

Modo de preparar

Passar na máquina de moer: os filés de peixe, as fatias de pão e as duas cebolas pequenas. Acrescentar na massa os ovos inteiros e temperar com uma colher de sal, uma colher de açúcar e a pimenta. Fazer bolinhos (não pequenos) com essa massa. Colocar numa panela com cerca de dois litros d'água (ou o suficiente para cobrir os bolinhos), as duas cenouras, as outras duas cebolas em rodelas inteiras e a cabeça de peixe. Quando a água começar a ferver, colocar na panela os bolinhos, um a um. Temperar a água fervente com um pouquinho de sal, açúcar e pimenta. Deixar cozinhar por uma hora e meia. Depois de pronto, retirar os bolinhos e enfeitar com as cenouras cozidas em rodelas.

MOLHO REIN

3 beterrabas
2 colheres de sopa de vinagre branco
3 colheres de mostarda
1 colher de chá de açúcar
1 colher de raiz forte ou nabo ralado
sal e pimenta do reino a gosto

Modo de preparar

Cozinhar as beterrabas com casca. Descascar e passar no liquidificador, misturando os demais ingredientes. Os bolinhos são servidos frios, com o molho rein, como entrada.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...