quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996

Sinais do avivamento genuíno

Carlos Pinheiro Queiroz

Carlos Fernandes

As vésperas do ano dois mil assistimos a um reflorescimento religioso sem precedentes na história. O islamismo tem um crescimento vertiginoso na Europa e países africanos, o catolicismo tradicional e conservador reacende antigas posições na América Latina. No Brasil, espiritismo e umbandismo saem respectivamente da sessão e do terreiro para ocupar espaços nos meios de comunicação, em novelas, ao mesmo tempo em que os evangélicos, especialmente os pentecostais, saem do gueto para a televisão, política, campo de futebol, luta por direitos humanos e até escola de samba. Entre boas e más notícias, críticas e elogios, o fato é que saíram do anonimato.

Um observador comum perceberá um reflorescimento religioso pelo aumento numérico dos adeptos e simpatizantes de determinada religião, celebrações capazes de atrair multidões, maior presença sociedade e, em alguns casos, aparecimento de fenômenos sobrenaturais ou paranormais. Sinais que podem surgir alheios ou contrários à vontade de Deus e desatrelados da qualidade religiosa em si mesma. O cenário psicológico propício, mudanças sócio-políticas, novos modelos econômicos ou a combinação de vários desses fatores. podem propiciar terrenos fertilíssimos para qualquer crescimento religioso, o que não significa que os reflorecimentos religiosos não tragam benefícios de natureza cultural e social. Todavia, como subproduto do espaço onde se desenvolvem, são superficiais, e não tocam nas questões mais profundas da vida.

"Ao contrário de hoje em dia, os líderes de grandes avivamentos espirituais no passado não se consideravam superdotados ou semideuses"

Os avivamentos espirituais nascem no coração de Deus e se concretizam na história, portanto, onde estão fermentando fenômenos sociais, culturais, políticos e econômicos. A grande diferença é que nos avivamentos tais fenômenos são construídos, modificados ou, no mínimo, rebocados, a partir de novos paradigmas éticos e morais inegociáveis, capazes de melhorar a qualidade de vida. Há sinais nos avivamentos que podem nos ajudar a discernir entre um avivamento genuíno e um reflorescimento religioso. Um deles tem a ver com a posição dos líderes dos avivamentos do passado, os quais não se consideravam superdotados, semideuses. Tais categorias funcionavam em suas cabeças como tentação. Sabiam relacionar intimidade com Deus e vida comunitária. O coração pulsava por pacificação e a cabeça pensava em justiça. O outro está relacionado ao processo histórico, à transformação de relações sociais desiguais. Os grandes avivamentos julgaram e denunciaram pelo poder da palavra, socorreram e defenderam os pobres, marginalizados e oprimidos. Foi assim na igreja primitiva (Atos 2:42-43; 4:32-35; 2 Cor 8:1-15 e Rom 12:1-3), na Inglaterra nos tempos de Wesley, nos Estados Unidos com Charles Finney.

O que acontece hoje no Brasil é reflorescimento religioso ou avivamento? Em meio ao reflorescimento religioso brasileiro precisamos discernir o que é joio e trigo, trigo enjoado e trigo intrigado. E até joio enjoado, uma vez que um avivamento genuíno pode conviver em meio a tudo isto, afetar tudo isto, construir outra história, mas em essência é bem diferente da superficialidade dos reflorescimentos religiosos.

Carlos Pinheiro Queiroz é pastor da Igreja de Cristo em Fortaleza e supervisor da Visão Mundial no Ceará e Rio Grande do Norte

terça-feira, 20 de fevereiro de 1996

Agenda: Fevereiro 1996

Um 'kibutz' em São Paulo

Carlos Fernandes

Que tal par três dias louvando a Deus em hebraico, aprendendo danças judaicas e ainda curtindo variados esportes? Pois é exatamente isto que farão os participantes do Yeshua 96 - Primeiro Retiro Judaico-Messiânico, de 9 a 11 de fevereiro, no Acampamento Betel, em Campo Limpo Paulista (SP). O rabino messiânico Michael Shifman, de Nova York, estará no comando das atividades. A promoção é da Associação Judaico-Messiânica, e qualquer informação pode ser obtida com Patrícia através do telefone (011) 524-3965.


Diploma de missionário

Carlos Fernandes
Escola Superior de Missões: ensino de alto nível

No dia 4 de março começa a funcionar a primeira Escola Superior de Missões de Brasília (DF). Durante os três primeiros meses, a escola oferecerá um treinamento intensivo para preparar os professores do curso. Em agosto começam as aulas da primeira turma, com duração de seis meses, em regime de internato ou externato. A única exigência é que o aluno tenha um curso de Teologia ou outro curso superior. Não há taxa de matrícula e a mensalidade é de R$ 200,00 para os internos e R$ 100,00 para os externos. A escola fica na QI7, lote 9/10, Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. Os interessados podem ligar para (061) 234-2883 e falar com Ana Maria ou (061) 568-9357, com pastor Alvaro Raposo, ou ainda pela caixa postal 3206, CEP 71001-970.


Israel 'in loco'

Carlos Fernandes
Israel é tema e palco de congresso

De 25 a 29 de fevereiro de 1996. o Ministério Francisco Nicolau, sob a liderança do pastor Francisco Nicolau. e a Turismo estarão promovendo o 111 Congresso Cristão Sionista, em Israel. Na ocasião, os congressistas participarão da celebração dos 3 mil anos de Jerusalém com a participação da pastora Valnice Milhomens. O congresso faz parte de uma excursão à Israel com escala em Londres. A saída está prevista para 20 de fevereiro de 1996. Inscrições pelos telefones (011) 284-8744 e 284-5582 ou fax (011) 251-0248.


A família em foco

Carlos Fernandes
Ariovaldo Ramos, um dos preletores

A Vinde - Visão Nacional de Evangelização - está promovendo o IV Encontro para a Família. O evento vai acontecer de 28 a 31 de março de 1996, em Serra Negra (SP), e de 18 a 21 de abril, em Foz do Iguaçu (PR), sob o tema Família: Lugar de Culpa e Graça. O encontro contará com a presença de preletores, como o reverendo Antônio Elias, pastor Ariovaldo Ramos e o psiquiatra Fábio Damasceno, entre outros. Inscrições e informações pelos telefones (021) 717-5242, 719-8770 ou 717-6404.

Boa Leitura

Carlos Fernandes

O mito do casamento perfeito
(21 myths that can wreck your marriage)
Barbara Russel Cheeser
Ed. Mundo Cristão
1993 - 219 páginas

Uma das maiores chances que temos de experimentar o fracasso é nos impor o padrão da perfeição e o levarmos para as relações interpessoais. Sofremos por ver que, no dia-a-dia, as experiências conjugais tornam-se pobres e frustrantes, quando acreditávamos que o amor sustentaria tudo. Os mitos estão por toda a parte. Não sabemos onde se iniciam, mas os reiteramos sempre. A proposta do livro é nomear alguns que lhes soarão muito familiares.

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Carlos Fernandes

Sagarana
João Guimarães Rosa
Ed. Nova Fronteira
386 páginas

Neste ano, Sagarana está completando 50 anos de lançamento. É um daqueles livros que a gente lê, pára uns minutos e fica olhando para o nada, admirando-se de tanto lirismo em situações absolutamente banais. Se não, experimente ler O burrinho pedrês ou A hora e a vez de Augusto Matraga, dois dos nove contos que Guimarães apresenta em Sagarana. O livro celebra os brasileiros, a gente do interior, numa linguagem que nos aproxima e ensina.

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Carlos Fernandes

O império do efêmero
(L'empire de l'ephémère)
Giles Lipovetsky
1987 - Ed. Cia das Letras
294 páginas

Enfim, há tempo também para a razão, para se pensar nas questões que envolvem a tão badalada pós-modernidade. À primeira vista, O império do efêmero pode parecer segmentado. Parece, somente. A moda é o ponto de partida do autor e do leitor. Na verdade, este é o gancho para repensarmos coisas como a efemeridade dos valores que a sociedade nos lança, a substituição da verdade pelas aparências.

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Carlos Fernandes

Cristianismo puro e simples
(Mere Christianity)
C.S. Lewis
Ed. ABU
129 páginas

C.S. Lewis foi um escritor e pensador cristão sempre pronto a ser questionado e a questionar. Daqueles que, depois de experimentar o ateísmo com toda a sinceridade, falam do cristianismo com paixão e razão. É possível que o leitor encontre alguma dificuldade de penetrar no pensamento e nas alegorias do autor. Ainda assim, não pode faltar em sua agenda de leitura, sob risco de se perder preciosas páginas sobre a essência do cristianismo.

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996

Vídeos e Filmes

Por Elivânia Lima

Carlos Fernandes

Jerusalém, 3000 anos
Direção: Central de Produções Vinde
Apresentação: Reverendo Caio Fábio
Brasil - 85 min - Documentário
Pedidos à Central de Produções Vinde - Telefone (021) 719-8770

Jerusalém tem vocação para ser eterna: já foi destruída cerca de 40 vezes, mas sempre ressurgiu das próprias cinzas. Quem a visita, não se cansa de recontar as emoções profundas que experimenta ao conhecer o sepulcro vazio, o Getsêmani, o Muro das Lamentações, o Cenáculo -palco da última ceia -, confirmando a vocação que a cidade também tem para a paixão. Jerusalém, cidade que está completando três mil anos e onde o reverendo Caio Fábio gravou este documentário-turismo, passando por lugares onde Jesus andou, contando suas histórias, revivendo com o espectador as passagens bíblicas.


Carlos Fernandes

Z
Direção: Costa-Gravas
Com Yves Montand e Jean-Louis Trintignant
França - 120 min - Drama

Z é um filme imperdível! Esteve proibido no Brasil por 15 anos, mas agora pode ser visto em vídeo. A primeira cena do filme apresenta um homem discursando a pessoas ligadas ao poder sobre o processo de pulverização ne cenário para se evitar o mofo nas plantações. Aparentemente inocente, este discurso é a metáfora que permeará todo o filme; o tal mofo corresponde às doenças ideológicas chamadas liberdade e conscientização. A partir de um ótimo enredo, Costa-Gravas se utiliza da história de um incidente-assassinato para desnudar as "pulverizações" a que estamos sujeitos. E explica: "É intencional toda e qualquer semelhança."


Carlos Fernandes

No mundo da lua
(Pontiac Moon)
Direção: Peter Medak
Com Ted Danson e Mary Steenburgen
EUA - 106 min - Aventura

Este é para relaxar! No mundo da lua tem um enredo bastante original. Em 1969, quando todo o mundo se voltava para ver o homem chegando à lua na Apolo 11, Bellamy (Ted Danson), mais interessado em alcançar seus próprios desafios, propõe ao filho, Andy, uma aventura tão emocionante quanto a de Neil Armstrong: completar no seu velho Pontiac a mesma distância que separa a Terra da lua. A viagem é cheia de surpresas, de conhecimento mútuo, de companheirismo e, mais do que tudo, de resgate do amor familiar que há muito estava adormecido. Este é um daqueles filmes com gosto de sessão da tarde.


Carlos Fernandes

O vôo pela vida
(Life flight)
Direção: Donald W. Thompson
Com Pat Delany e Jim McMullan
EUA - 85 min - Drama
Pedidos à Apocalypse Vídeo - Tel (021) 231-2334

Em O vôo pela vida várias histórias paralelas acontecem, unidas pelo helicóptero Life flight. A equipe que nele trabalha está pronta a socorrer as pessoas e dar-lhes atendimento médico. Mas os que fazem parte deste contexto de salvamento têm seus próprios conflitos e precisam, num certo sentido, ser recuperados: o sargento que precisa vencer seu trauma de helicópteros; o piloto que ainda não conhece o Salvador de sua alma; o enfermeiro que não sabe como auxiliar a quem lhe pede respostas sobre a Verdade. Histórias comuns, que nos levam a valorizar a vontade e a Palavra de Deus.


Um golpe de mestre

Deputado eleito pelos crentes transfere rádio evangélica para a LBV

Por Marcelo Dutra

Carlos Fernandes
Francisco Silva: possível influência para impedir
exibição de matéria sobre a Rádio Brasil

Para quem se diz evangélico desde o nascimento e foi eleito com o apoio das igrejas, o deputado federal Francisco Silva (PPB-RJ), 57 anos, surpreende. Ele prestou um desserviço aos crentes ao agir como o principal articulador da cessão da Rádio Brasil AM para a Legião da Boa Vontade (LBV), uma entidade espírita kardecista. O parlamentar retomou o controle da emissora no dia 13 de dezembro do ano passado através de uma liminar judicial, na qual alegava que a Vinde (Visão Nacional de Evangelização), como arrendatária, não vinha honrando os compromissos assumidos com ele. Francisco Silva usou o episódio para livrar-se de dívidas acumuladas durante sua gestão de cerca de dois anos à frente da Rádio Brasil. Foi um plano engenhoso, um golpe de mestre.

A Rádio Brasil AM 940khtz pertence ao Sistema Jornal do Brasil (JB) que, em 1993, a cedeu mediante promessa de venda ao deputado Francisco Silva. O compromisso previa que o deputado assumiria a administração da rádio, ficando responsável pelo pagamento de 3 milhões de dólares referentes a encargos e impostos acumulados na gestão anterior. Na ocasião, como garantia do negócio, Francisco Silva empenhou seu patrimônio empresarial e pessoal, que inclui a Rádio Melodia FM e sua mansão num condomínio de luxo. Em sua gestão à frente da emissora, o deputado não conseguiu saneá-la. Pelo contrário, a bola de neve cresceu, tornando a rádio deficitária. Além disso, durante cerca de dois anos não quitou sequer 5% do montante da dívida.

IGNORÂNCIA - Atolado nas dívidas, Francisco Silva procurou a Vinde pedindo que o ajudasse naquele "momento difícil" - conforme carta datada de 30 de maio de 1995. No mesmo documento, encaminhado ao Sistema JB, o deputado disse que a Vinde era uma entidade íntegra e de credibilidade no meio evangélico. As condições para a transferência previam que a Vinde tornava-se arrendatária da rádio mediante um aluguel mensal de R$ 30 mil para Francisco Silva. A Vinde aceitou pagar dívidas contraídas no período em que o deputado esteve à frente da emissora. Só que os valores mencionados por Francisco, talvez por ignorância, não correspondiam à realidade.

Como os advogados do deputado evitavam os fiscais do INSS, a dívida da rádio com a Previdência foi arbitrada em R$ 21 milhões. Em dois anos e meio, o deputado pagou apenas R$ 120 mil daquele total. Enquanto isso, ele garantia à Vinde que a dívida não passava de R$ 4 milhões. Nos sete meses seguintes, a Vinde efetuou o pagamento de R$ 650 mil, importância utilizada para colocar em dia os pagamentos de IPTU, Imposto de Renda, contas de luz, FGTS e INSS dos funcionários, além de outras dívidas, e que excedia substancialmente o total dos aluguéis da rádio pelo mesmo período. Além de sanear a emissora, a Vinde reestruturou-a, conquistando mais ouvintes, alcançando o terceiro lugar de audiência no Rio de Janeiro, segundo o Ibope. Quando a Vinde percebeu que a dívida da rádio estava num saco sem fundo, renegociou com o deputado Francisco Silva, que concordou verbalmente com a proposta de que a Vinde se empenharia em colocar a situação da rádio em dia e ficaria definitivamente com a concessão.

O choque, contudo, não tardou. No último dia 13 de dezembro, através de uma liminar, o deputado retomou a Rádio Brasil, deixando estarrecidos os funcionários, a diretoria da Vinde e os ouvintes. O presidente da Vinde, reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, confessa sua decepção com o episódio: "Me sinto triste porque o dinheiro veio do povo de Deus que o doou por acreditar que a rádio vinha abençoando milhares de pessoas." Caio Fábio, porém, ressalta não ter qualquer ressentimento em relação ao deputado: "Acho que ele agiu de modo errado e que foi extremamente oportunista tanto em relação à Vinde como com a LBV, mas estou orando para que coloque esta consciência em seu coração."

Carlos Fernandes
A mansão num condomínio do luxo na Barra da
Tijuca foi usada como garantia
Carlos Fernandes
Paulo Lopes: irregularidades na
administração Francisco Silva

Apesar de ter perdido a rádio através da liminar, o reverendo Caio Fábio lembra que a decisão judicial seria facilmente derrubada em virtude da fragilidade das alegações. O reverendo Caio revela que, antes da liminar, já havia decidido devolver a Rádio Brasil AM, depois de uma onda de boatos. Uma nota plantada na coluna do Zózimo, do jornal O Globo, dizia que os evangélicos não se entendiam e que o reverendo Caio Fábio estava devendo aluguéis da emissora a Francisco Silva. "Meu maior capital na vida é a integridade e o respeito, e não iria colocar a Vinde numa confusão dessas", diz Caio Fábio.

A manobra de Francisco Silva foi motivada por uma notificação judicial movida pelo Sistema JB que visava a reintegração da posse da emissora. Ameaçado de perder não somente o controle da rádio, como também o restante de seu patrimônio, Francisco Silva resolveu retomar a emissora para renegociá-la com a LBV.

Entre as acusações do deputado, uma é de que a Vinde não vinha pagando direitos trabalhistas dos funcionários da rádio. Esta informação é contestada pelo presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro, Paulo Lopes. Ele afirma que os funcionários estavam plenamente satisfeitos com a Vinde, o que não ocorria no período em que o deputado administrou a rádio. "Na época de Francisco Silva, os pobres dos funcionários tinham que implorar para ter seus direitos", denuncia Lopes. As ações arbitrárias do deputado não pararam ali. Segundo a assessoria da imprensa da LBV, apenas dois dias após reassumir o controle da emissora, Francisco Silva procurou a diretoria da entidade oferecendo a locação da rádio. Apesar de ter sido eleito com apoio dos evangélicos, Silva não se constrangeu em passar a rádio para um grupo espírita.

Procurado pela reportagem da Vinde, o deputado escorregou e se contradisse. Pelo telefone, disse que o responsável pela transferência da rádio para a LBV havia sido a própria Vinde - um absurdo sem igual. Ao ser lembrado que conversava com um repórter da Vinde, Francisco Silva gaguejou e deu outra versão: "Foi o JB que passou a rádio para a LBV." Só que o Sistema JB está brigando na Justiça com Francisco Silva. Dias depois, novamente procurado pelo repórter da Vinde, o deputado Francisco Silva se irritou e fez ameaças ao saber que sua casa havia sido filmada para o programa de TV Pare & Pense, apresentado pelo reverendo Caio Fábio. Ele disse que colocaria o repórter na cadeia por invasão de domicílio. Mais uma vez estava blefando. As cenas haviam sido feitas da rua. Seus advogados chegaram a insinuar que a matéria do programa de TV explicando sobre a negociata não iria ao ar, o que de fato ocorreu. O programa do dia 13 de janeiro foi estranhamente suspenso, possivelmente censurado por influência de Francisco Silva ou de pessoas ligadas a ele. No momento, o processo sobre a posse da Rádio Brasil AM ainda está sendo julgado, apesar de a programação estar sendo produzida pela Legião da Boa Vontade, uma instituição séria e que tem o direito democrático de possuir uma rádio, mas que não atende às expectativas do ouvinte evangélico.

Carlos Fernandes
Na carta enviada ao JB, a credibilidade da Vinde é reconhecida

quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996

No pódio da fé

Curado de esclerose múltipla, Marcone de Sousa se tornou maratonista

Carlos Fernandes
Recuperado, Marcone (E) participou da São Silvestre, em São Paulo

Há quem pense que esclerose só atinge pessoas de idade avançada. Trata-se, na verdade, de um distúrbio neurológico, que se caracteriza pela destruição do revestimento em volta dos nervos no sistema nervoso central, em associação a uma resposta inflamatória. Na esclerose múltipla várias partes do corpo são afetadas. Tida como doença hereditária, a enfermidade não tem cura, segundo os médicos. Mas quando a medicina esgota todos os seus recursos, só há uma pessoa que pode dar solução. Jesus é um médico que não tem consultório, mas atende a qualquer hora, em qualquer lugar.

Marcone Conrado de Sousa é uma testemunha viva de que nada é impossível para Deus, nem mesmo esclerose múltipla. No dia 4 de novembro de 1985, ele acordou com formigamento nos braços e nas pernas e foi à Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo, em Coronel Fabriciano (MG), onde mora. Permaneceu uma semana internado e os médicos não conseguiram diagnosticar o seu problema. Transferido para o Hospital Felício Roxo, em Belo Horizonte, Marcone foi examinado por uma junta médica chefiada pelo neurologista Itamar Megda Cesarini.

Depois de 18 dias em observação, a equipe diagnosticou a esclerose múltipla. Sem solução, Marcone recebeu alta e voltou para Coronel Fabriciano, onde começaria uma corrida, "a maior maratona de toda a minha vida", como diz. A enfermidade tirou-lhe a coordenação motora e a visão esquerda, além de causar uma série de distúrbios mentais e jogá-lo numa cadeira de rodas. Convertido desde os 12 anos e membro da Igreja Evangélica Betânia, em Coronel Fabriciano, Marcone não conseguia compreender o plano de Deus. "Eu não entendia como um cristão podia ter uma doença daquelas. Comecei a me desesperar, até que alguém me mandou parar de perguntar o porquê e passar a perguntar para que", conta.

No final de novembro de 1985, quando voltou para casa, Marcone convenceu-se de que até o Natal voltaria a andar. No dia 24 de dezembro ele começou a dar os primeiros passos dentro de casa. Mesmo caindo e se machucando, não desanimou e logo passou a dar voltas ao redor da casa, depois no quarteirão e assim por diante. Procurou o doutor Itamar para saber se poderia fazer algum tipo de atividade física. Nem mesmo a resposta negativa do médico fez sua fé desfalecer. Não demorou muito e Marcone estava correndo de 20 a 30 quilômetros em dias alternados. As outras funções do seu corpo também começaram a se restabelecer. Não houve um culto específico, uma oração com imposição de mãos, apenas o exercício da fé. Sua confiança em Deus levou-o a lutar, a correr, a vencer. Marcone conta que se firmou na passagem bíblica da carta de Paulo aos efésios, capítulo 3, versículos 20 e 21: "Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém."

Hoje, aos 35 anos, ele é motorista particular, instrutor de auto-escola e atleta. Desde 1988, para surpresa dos médicos, Marcone está correndo e participou da corrida de São Silvestre de 1994. Mesmo sem vencer a prova, Marcone se tornou um herói da fé.

terça-feira, 13 de fevereiro de 1996

De pão também vive o homem

Os cristãos que praticam boas obras por conta própria. Eles não aspiram à fama, tampouco querem reconhecimento público. Suas realizações nao têm apoio oficial e, não raro, são feitas com recursos próprios

Por Carlos Fernandes

Carlos Fernandes

Em todo o Brasil, inúmeros evangélicos têm sido despertados para a necessidade de fazer algo diante da realidade de milhões de pessoas cuja existência o poder público finge ignorar: os chamados excluídos, eufemismo que designa os necessitados, indigentes e abandonados. Nas cidades grandes e do interior inúmeros movimentos são tocados por pessoas cuja motivação é oferecer condições de vida dignas para que a mensagem do Evangelho possa ser recebida. Para essas pessoas, a pregação só se torna legítima quando a mão que leva a Bíblia também serve para amparar.

A solidariedade se manifesta na assistência social, no sustento de pessoas e comunidades, na cooperação com as atividades das igrejas, realização de eventos beneficentes, manutenção de escolas e em várias maneiras em que a fé é expressa na prática de obras e de simples atos de amor. Eles são os discretos que atuam, os anônimos que participam, os heróis do nosso tempo. Ou, simplesmente, são os crentes que fazem.

Carlos Fernandes
Altair instalou uma escola para
crianças faveladas de Duque de Caxias

FORA DO UXO - O engenheiro Altair Cavalcanti Ribeiro, de 38 anos, acredita que a igreja tem sobre si a responsabilidade de intervir nos problemas sociais do nosso país. "Não adianta ficar culpando o governo e não agir", afirma. Com esta motivação, formou um pool de 12 empresas, entre as quais a sua marmoraria. O grupo implantou e sustenta o Jardim Escola Cordeirinho, uma escola maternal e de alfabetização numa das regiões mais miseráveis do estado do Rio de Janeiro: a favela do Lixão, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, local onde diariamente centenas de pessoas revolvem montanhas de detritos em busca de restos de comida. A escola funciona na Igreja Presbiteriana Independente, da qual Altair é membro, próxima à favela, e atende 80 crianças, oferecendo ensino básico, educação religiosa, três refeições por dia e uniformes. Também promove passeios e festas para os meninos e meninas que, em sua maioria, só contam com as merendas para se alimentar. Altair acredita que, através das crianças, pode alcançar suas famílias com a mensagem do Evangelho: "Procuramos seguir o que diz a Palavra sobre ensinar às crianças o caminho no qual devem andar, mas, além disso, precisamos dar-lhes condições dignas de vida". Todas as semanas cestas básicas são distribuídas entre os moradores da comunidade. Recentemente, a dona de um centro espírita na favela se converteu ao Evangelho e o transformou no Centro do Espírito Santo, onde atualmente são realizados cultos. Brevemente vai abrigar uma creche. O próximo projeto dessa parceria de empresários é a instalação de um consultório médico-odontológico dentro da favela.

Carlos Fernandes
Carlos Fernandes
O engenheiro José Luiz orienta a
construção de igrejas em Bauru

IGREJAS BOAS E BARATAS -"Qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: este homem começou a construir e não pôde acabar." Este conselho da Bíblia tem sido seguido pelo engenheiro civil José Luiz Toledo Martins, de 34 anos, casado e pai de dois filhos. Proprietário de uma construtora e de uma empresa de consultoria e assessoria para construção em Bauru, SP, ele observou que as igrejas evangélicas em geral não têm nenhuma noção quando o assunto é construção e obras, e resolveu colocar seus conhecimentos técnicos à disposição dos pastores de sua cidade. José Luiz acha que os evangélicos são mal orientados e acabam desperdiçando dinheiro em obras intermináveis e problemáticas. Ele oferece serviços gratuitos de consultoria, envolvendo projeto, elaboração da planta, cálculos estruturais, relação de material e toda a orientação necessária para a construção ou reforma de templos. Assim, sob a sua direção, várias igrejas têm sido erguidas de maneira rápida e a preço reduzido. Convertido há um ano e meio, José Luiz é membro da Igreja Cristã Renovada e também colaborou na construção de um alojamento para 84 pessoas no centro de recuperação de viciados em drogas Esquadrão da Vida. "Temos que prestar assistência a essas pessoas. Este deve ser nosso propósito", declara o construtor de igrejas.

Carlos Fernandes
Carlos Fernandes
Carentes encontram abrigo e
ouvem a Palavra com o irmã Aracy

CASA, COMIDA E PALAVRA - Uma revelação de Deus lançou Maria Araci da Rosa Paulo no trabalho de assistência a mendigos, desabrigados e pessoas abandonadas. A irmã Araci, como é chamada pelos seus assistidos, conta que teve uma visão em que se encontrava caminhando por uma longa estrada quando surgiu à sua frente uma pessoa maltrapilha que lhe suplicava ajuda. A partir de então, a senhora de 67 anos, Assembléia de Deus e evangélica desde criança, entendeu que sua missão era dar amparo aos miseráveis. Há 17 anos ela começou a construir uma casa de dois andares, onde hoje mora com a família e mais 96 pessoas, que ali encontraram abrigo. "Ser cristão não é só sentar no banco da igreja, não", diz com convicção. O espaço, chamado Casa de Oração, fica no bairro de Beltrão, no município fluminense de Niterói, e tem uma sala onde são realizados três cultos por dia, que contam com a participação dos hóspedes. Entre eles, há desempregados e pessoas que viviam na mais completa indigência. Eles chegam e vão ficando. O andar de cima é repleto de beliches onde dormem os homens - as mulheres ficam em outra parte. Todos tomam café da manhã, almoçam e jantam no local.

Sendo uma mulher pobre, a irmã Araci só encontra uma explicação para o fato de conseguir manter a casa funcionando: "É tudo na base do milagre. Às vezes, aparecem pessoas que fazem doações, Deus multiplica o pouco que temos e dá para todo mundo." Ela não se incomoda em dividir o espaço com desconhecidos: "Deus me mandou fazer isso." Muitos deles se tornaram crentes e ajudam nos trabalhos da casa e na assistência aos outros. "Dentro destes corpos maltratados", diz irmã Araci, "existe uma alma que Jesus quer salvar". Cercada das pessoas.que ali encontraram ajuda, ela tem a satisfação de constatar que sua visão tornou-se realidade.

A oração no pensamento de Walter Hilton

Por Reverendo Ricardo Barbosa de Souza

Carlos Fernandes

WALTER HILTON nasceu na terceira década do século 14, provavelmente em Yorkshire, Inglaterra, e morreu em 14 de março de 1396. Foi contemporâneo de João Wycliffe, o grande tradutor bíblico. Enquanto Wycliffe tornava-se um teólogo envolvido com questões de natureza política e civil, Hilton desenvolvia seu ministério, a princípio como leigo, ajudando grupos pequenos de pessoas. Não há nenhum indício de que tenha assumido alguma posição de destaque ou algum ministério mais público. Sua vida é praticamente desconhecida, a não ser pelos escritos e cartas que deixou, instruindo e orientando seus discípulos. Ele foi, como Evelyn Underhill apresenta, "uma destas figuras escondidas, destes amigos quietos e secretos de Deus, que nunca falharam com sua igreja".

Embora ele nunca tenha sido pastor de uma igreja local, todos os seus escritos têm um caráter pastoral e psicológico. O conteúdo dos seus escritos são bíblicos, cheios de sabedoria pastoral, penetrando nas questões mais profundas e secretas da alma humana. Um dos assuntos que marcam o pensamento de Walter Hilton é o da relação pessoal e íntima do homem com Deus. A oração, neste contexto, ocupa um espaço significativo nos seus escritos e cartas.

"Portanto, é verdade que a oração não é a causa da graça que o Senhor nos oferece, mas um canal através do qual a graça livremente flui para dentro da alma."

Para Hilton, a oração é, sobretudo, um caminho para a transformação da vida e compreensão da graça de Deus. Ele reage ao conceito mais comum da oração como sendo um instrumento de tornar conhecidas nossas necessidades diante de Deus. Ele afirma: "Oração é o meio mais proveitoso de se obter a pureza de coração, a erradicação do pecado e a receptividade das virtudes. Não devemos imaginar que o propósito da oração seja o de dizer a Deus o que precisamos, porque ele sabe muito bem quais são as nossas necessidades. Pelo contrário, o propósito da oração é o de nos tornar prontos e aptos para receber, como vasos limpos, a graça que nosso Senhor livremente nos dá".

Ele deixa claro que a pureza do coração não é uma condição para a graça de Deus, mas que o coração humano só experimenta de fato a graça quando é transformado e purificado pela experiência da oração. "Portanto, é verdade que a oração não é a causa da graça que o Senhor nos oferece, mas um canal através do qual a graça livremente flui para dentro da alma." A oração para Hilton é, em última análise, um encontro com a graça transformadora e perdoadora de Deus.

Diante disso, ele sugere que a oração não deve ser determinada pelos desejos momentâneos e circunstanciais do mundo. Pelo contrário, todo esforço deve ser orientado para que a nossa mente se desligue das coisas terrenas e perceba aquelas que são eternas. Isto não significa que a experiência da oração deva ser desconectada das realidades da vida, mas que seu foco não deve ser nós mesmos, nem as necessidades que o mundo nos impõe, mas Deus, Sua vontade e Seu reino.

Para Walter Hilton, o cristão deve procurar conhecer os desejos de sua alma para, a partir deles, definir a agenda de sua vida e da oração. Para ele, os desejos espirituais são definidos como "uma rejeição aos prazeres mundanos e carnais que residem no coração e um completo desejo pela alegria celeste e a eterna bênção da presença de Deus". Uma vez tendo estes desejos sinceramente definidos no coração, todo o nosso trabalho e toda a nossa oração devem começar e terminar neles. É neste sentido que o apóstolo Paulo fala em "buscar as coisas lá do alto" e "pensar nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra". Segundo o apóstolo, é lá que se encontra nossa vida em Cristo. É esta "vida oculta juntamente com Cristo" que devemos buscar no ato da oração. Desligar-se das coisas terrenas e mundanas e ligar-se nas eternas e celestes significa optar por aquilo que é próprio de Deus e colocar nele nossas paixões e desejos.

Infelizmente, para muitos cristãos modernos, a oração transformou-se num instrumento de conquistas, de demonstração de poder, de definir, a partir das realidades mundanas e circunstanciais da existência humana, a agenda da nossa súplica. É difícil mudar este hábito. Preferimos receber as dádivas materiais como sendo as bênçãos de Deus do que termos nossas mentes e corações transformados em Cristo. Os nossos desejos são determinados muito mais pela propaganda e pelas nossas carências do que por Deus e a esperança da comunhão eterna com ele. É aqui que Hilton contribui para com a igreja moderna. É preciso olhar mais uma vez para dentro e reconhecer quais são os desejos que nos consomem. Eles irão determinar a pauta e o significado de nossas orações.

Como afirma Walter Hilton, o propósito da oração é o de obter a pureza de coração, a erradicação do pecado e a receptividade das virtudes. Em outras palavras, oramos para alcançar a santidade na medida em que Deus converte nossos caminhos e pensamentos aos seus caminhos e pensamentos. É através da oração que somos confrontados com o nosso próprio pecado e transformados pela graça de Deus. James Houston afirma que "muitos cristãos não oram porque não querem ser transformados". Por último, a oração torna o nosso coração receptivo à compreensão e à vivência das virtudes cristãs. Humildade, obediência, amor e perdão são algumas das virtudes que só podem ser compreendidas e vividas num ambiente marcado pela oração. Num contexto de extrema competitividade e busca por realização a partir das conquistas materiais, Hilton traz uma enorme contribuição ao resgate da oração como instrumento de crucificação, amizade e santificação. Sem dúvida, o que mais necessitamos hoje é resgatar no caráter do cristão a busca por santidade, a luta contra o pecado e a manifestação do fruto do Espírito.


O reverendo Ricardo Barbosa de Souza é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília (DF).

segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996

Humor

Carlos Fernandes

Quero lhe fazer apenas três perguntas:
Quem é você? De onde você veio e para onde você vai?
Sou Zé Pedreiro. Tô vindo da obra e vou pro meu barraco.

A fé sob as luzes do espetáculo

Cantora põe talento e espiritualidade lado a lado nos palcos

Por Telma Costa

Carlos Fernandes

Quando, aos 14 anos, clamei a Deus para que me fizesse ter minhas próprias experiências com Ele, que eu queria conhecê-lo não pelo que os livros ou os pastores diziam, mas pelo meu entendimento pessoal da verdade, não imaginei que a resposta viria tão imediata e diária. Desde então, eu não posso deixar de falar das coisas que tenho visto. O véu se rasgou diante de mim e pude olhar a vida com mais clareza e amor. Conseqüentemente, a barreira do preconceito, diariamente construída dentro da igreja, caiu. À medida que o amor ao próximo cresce, o preconceito diminui, e Cristo foi o exemplo vivo disto.

Que barato ver as coisas com a simplicidade que elas têm. A minha carreira tem servido para levar luz ao meio artístico, tão necessitado de uma palavra de amor, de conforto, de paz e esperança. No teatro, na televisão, num show ou numa aula de canto sempre se pode ser (verbo amplo e de ação). Alguns dos meus alunos brincam, dizendo que vão tirar férias do terapeuta e ficar só com minhas aulas de canto, que são uma terapia. Ouvi de um diretor da TV Globo, hoje um grande amigo: "Telma, você é a pessoa mais decente que já conheci." Deus seja louvado.

Em determinadas ocasiões tenho dado Bíblias de presente aos atores e cantores (ser missionária custa dinheiro) e tenho ouvido dessa turma coisas como "quero ter o seu Deus" ou "já tentei tudo na vida, só me resta falar com você". E lá se vão quatro horas de conversa numa mesa de restaurante. Nos meus shows pelo Brasil, no momento dos agradecimentos, faço referência aos apoiadores, pa-trocinadores, amigos e "ao meu Deus que me dá paz, aquela paz de verdade, porque só com ela a gente pode amar, se permitir ser amado, ter saúde e sucesso. A Ele toda a honra e toda a glória".

Uma coisa tenho aprendido: nada acontece por acaso. As vezes, os acontecimentos parecem peças isoladas, mas o futuro dirá sempre o porquê de cada um deles. Uma vez eu estava no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, assistindo a um quarteto alemão, que cantava num espaço mínimo à frente da cortina. Olhei para eles, olhei para o teto, a platéia, as paredes, e desejei muito, com todo o meu coração, estar ali naquele palco algum dia. Um ano depois, lá estava eu, com o palco inteiro só para mim, acompanhada de uma orquestra de mais de 70 instrumentos. No ensaio, entrei naquele espaço vazio, platéia vazia, e orei agradecendo a Deus por ter atendido ao meu secreto desejo.

Ainda criança, um professor deu um conselho em classe, que me acompanharia para sempre: "Quando escolher sua profissão, não pense se ela já está saturada no mercado, se é difícil. Escolha aquela onde está o seu coração. Se fizer isso, será bom no que faz e terá trabalho." Busco me aperfeiçoar a cada dia, mas de uma coisa estou certa: é cantando e representando que está o meu amor, meu prazer. E a certeza de que eu não poderia estar em melhor lugar do que aquele em que aproveito a doação dos talentos de Deus.


Telma Costa é atriz, cantora e membro da Igreja Batista de Itacuruçá (Ri).

domingo, 11 de fevereiro de 1996

Take Six, jazz a capella


O grupo americano Take Six apresenta um estilo inovador dentro do cenário da música gospel

Por Felippe Hernandes (Tid)

Fotos Divulgação

Não dá para negar: os músicos do grupo americano Take Six criaram novas tendências dentro da música gospel. E o que é melhor: ao criarem novos sons, encontraram melodias diferentes para se louvar e falar das coisas maravilhosas que Deus pode realizar na vida do homem. Competência é o que não falta a essa turma.

Afinal, a banda muda sua música quando bem entende e sempre muda para o jeito que a gente gosta. Há sete anos na estrada da gospel music, os rapazes do Take Six podem hoje desfrutar da credibilidade quanto à qualidade de seu trabalho. No início, a banda chamava-se Alliance, nome que teve de ser mudado, pois já pertencia a um outro grupo. Mesmo assim, o nome serviu para fundar um novo rótulo, chamado Warner Alliance, da Warner Records. De lá para cá, essa trajetória conta com apresentações em festivais de jazz, clássico, cinema, tevês e alguns álbuns.

A música feita pelo Take Six é bem aceita por todo o mundo e, é claro, principalmente pelos nativos da tribo gospel. Alvin Vinny Chea, um dos integrantes do grupo, diz que no início eles tinham medo de encarar a carreira musical, pois a formação deles "era bastante limitada". Mas, com o tempo, aprenderam que "o homem tem se apaixonado pela ligação entre a melodia, as vozes, o espírito, e a forma como esses elementos resultam em sinfonia". Eles entendem que esta sensibilidade musical não é privilégio dos cristãos. E talvez seja por isso que também conseguem espaço para apresentar sua arte em todo lugar.

O mais importante é que essa rapaziada sabe que o maior desafio é manter o fogo aceso para Deus, mesmo tendo de enfrentar as luzes da ribalta. "Mas conhecemos o mundo secular e vemos o quanto é vazio. Ninguém quer admitir que não tem a resposta para os mistérios da vida", avalia Chea, salientando que o Take Six tem a resposta através da oração e da Palavra de Deus.

Take Six é formado por Alvin Chea, Claude Mcknight, Dave Thomas, Mark Kibble, Vinnie e Les Pierce, mas um detalhe muito significativo é que eles costumam dizer que a banda não é deles, mas de Deus. Por nutrir essa postura em relação a Deus é que Chea fica chateado com a atitude de certas igrejas com os menos afortunados, como jovens perdidos e mães solteiras. Segundo ele, há pessoas na igreja que nunca tiveram a chance de falar abertamente sobre seus traumas. "Agem como se a Palavra de Libertação fosse para os outros, e não para si, mas, lá no fundo, estão sofrendo muita dor. Meu coração quebra por tais pessoas. Temos a obrigação de ajudá-las", afirma o músico. E olha que Chea tem conhecimento de causa quando diz que "ninguém pode dizer que é a única pessoa que sofre tribulações".

Sempre com uma mensagem de vida e esperança, o Take Six encontrou e tem apresentado o caminho da bonança contra as ondas de tribulações a que todos nós estamos sujeitos. Sem falar do caminho do sucesso no melhor estilo jazzístico do vocal a capella.


Esta coluna é produzida pela Fundação Renascer. Correspondências para Felippe Hernandes, Avenida Lins de Vasconcelos, 1310 - São Paulo, SP - CEP 01538-001

Um papel para valer

Para o ator Felipe Folgosi,trabalhar nas novelas é como uma missão

Por Stela Bastos

Fotos: Frederico Mendes

Carlos Fernandes
Felipe faz parte da Associação de
Funcionários Cristãos da Rede Globo

Cena 1: Felipe lê os capítulos da semana e vê a cena em que o cigano Wladimir, seu personagem na novela das oito, está na praia vendendo os cobertores das sete feiticeiras.

Cena 2: Felipe se aconselha com o pastor da sua igreja e sai em paz.

Cena 3: Não se sabe por que nem até quando, mas a gravação da cena foi suspensa.

Essa não é uma seqüência da novela Explode Coração, exibida pela Rede Globo de Televisão. É apenas uma pequena sinopse de um dos episódios da vida real de Felipe Folgosi, 21 anaS, um ator bonito, tranqüilo, saudável e, com certeza, um dos mais bem sucedidos de sua geração. À primeira vista, Felipe pode parecer apenas mais um jovem galã de novelas, que sonha com o sucesso: Mas, por trás da bela estampa de paulista bem nascido, existe um cristão fervoroso, cada vez mais disposto a submeter-se à vontade de Deus.

Orando e se aconselhando com os pastores de sua igreja, Felipe estreou na TV como o jovem drogado Júlio, da minissérie Sex Appeal em 1992. Em seguida, fez o paranormal do bem Alef, na novela Olho no Olho. Depois gravou um episódio do programa Você Decide e agora faz parte do polêmico núcleo dos ciganos de Explode Coração, interpretando Wladimir. A sua atuação na TV abriu-lhe, ainda, as portas do teatro profissional. Felipe já atuou ao lado de Othon Bastos, Jayme Periard e Edwin Luisi, em Meus Queridos Canalhas, com direção de Gracindo Junior, e fez o Elicano, da peça Péricles, de Shakespeare, dirigida por Ulysses Cruz.

BUSCANDO O CAMINHO - É difícil escolher o início da conversa com Felipe. Como começou a carreira ou quando se converteu? As histórias se misturam e revelam que, desde muito cedo, Felipe procurava tudo o que tem hoje. Como a maioria das pessoas que optam por essa. profissão, aos 14 anos, ele já demonstrava o gosto pela arte dramática, fazendo teatro infantil na escola. E assim como o trabalho de ator tem raiz na adolescência, ele lembra que, também nessa época, tinha o hábito de acompanhar a mãe em todos os tipos de evento ou reunião de cunho religioso. "Nós estávamos em busca de alguma coisa. Fizemos curso de meditação, tarei, yoga, entramos no espiritismo, umbanda, consultamos cartomante, búzios... Qualquer coisa que indicasse um caminho, a gente ia", lembra. Até que, em 89, fazendo compras de Natal na sofisticada Rua Oscar Freire, em São Paulo, eles encontraram "o caminho", como ele diz, através do diretor de teatro Tomás Gomide, antigo amigo de sua mãe, então convertido à fé evangélica. Conversa vai, conversa vem, ela contou que ia ser submetida a uma cirurgia cardíaca para tentar se livrar de um problema de calcificação na válvula minai e Tomás não fez por menos. "Eu achei estranhíssimo", confessa Felipe, explicando que "ele perguntou se ela cria em Jesus e orou pela cura dela ali mesmo, dentro da loja". Os novos exames confirmaram a cura.

Carlos Fernandes
Carlos Fernandes
Felipe contracena com Stela Freitas, sua mãe na
novela Explode Coração, e com Ricardo Macchi e
Stênío Garcia, seus parentes ciganos

Testemunhas do milagre que p4s um ponto final no sofrimento da mãe, Felipe e sua família nunca mais foram os mesmos. Apesar de seus pais viverem separados, já houve várias conversões de um lado e de outro. "Paralelamente, os parentes da minha mãe e alguns do meu pai também foram se convertendo", diz ele, sorridente. Seu irmão, de 27 anos, também é evangélico. E o pai "já se abriu; só falta ir para a igreja", segundo Felipe. Quando todas essas maravilhas aconteceram, ele já havia participado de outras montagens amadoras no colégio, tinha feito vários comerciais para a TV, em São Paulo, e era aluno do curso de teatro de Celia Helena, devidamente autorizado e incentivado pelos pais. "Sempre fui muito bem na escola, por isso minha mãe não viu problema nenhum", comenta. Mas, a partir daí, decidiu que era melhor colocar as coisas numa nova perspectiva. Trancou o curso e começou a orar incessantemente, pedindo a Deus que respondesse sobre suas opções profissionais. E foi justamente nesse período, que de define como "parada para pensar", em 1992, que Felipe Folgosi foi chamado para fazer o teste da Globo, candidato a interpretar Júlio, na minissérie SceAppeal O papel marcou sua estréia na TV, aos 17 anos.

"SEM COBERTURA, NÃO DÁ" - Felipe não tem dúvida de que só foi escolhido porque Deus quis: "Eu era um entre muitos atores, fiz um teste só e logo que acabei o diretor Ricardo Waddington me disse que eu poderia dormir tranqüilo. Eu sei que Deus tem seus propósitos", conclui, confiante. Mas isso não quer dizer que ele tenha ilusões a respeito da profissão, das características próprias de seu trabalho, do meio artístico, e das freqüentes recaídas que qualquer pessoa pode ter, se não estiver atenta à comunhão com o Senhor. Felipe sentiu na pele as conseqüências de levar a vida "sem cobertura", como diz, quando foi escalado para fazer um dos protagonistas da novela Olho no Olho, de Antônio Calmon, cuja trama se baseava numa espécie de guerra do bem contra o mal através dos poderes paranormais de dois jovens. Felipe fazia o paranormal do bem e o ator Nico Puig, seu amigo pessoal, o suposto adversário. O contexto é fictício e não vem ao caso, mas assim como alguns atores e pessoas da equipe se sentiram gravemente afetados por uma atmosfera espiritual negativa nos bastidores da novela, Felipe também não tem as melhores recordações desta época. "Foi um momento muito importante da minha carreira, artisticamente falando", recorda, "afinal, eu era um protagonista; mas fiquei muito tempo aqui no Rio, morando sozinho, longe da minha família, sem ir à igreja e sem cobertura. Foi pela misericórdia mesmo", admite, com a expressão de quem já cresceu na fé.

CENAS DE BEIJO - É fato, porém, que um ator crente, jovem, bonito e assediado pelas gatinhas de todo o Brasil dificilmente escaparia da curiosidade geral: E essa história de ficar beijando as atrizes? Não tem uma hora em que as coisas se confundem? Afinal de contas, há muitos coleguinhas de trabalho que acabam se envolvendo durante a novela. Mas Felipe não perde a pose para responder sobre as supostas vantagens de seu ofício. E aproveita para fazer uma interessante comparação: "As pessoas têm preconceitos contra a igreja e o cristianismo", argumenta, "mas os cristãos também não podem cair nesse erro, por falta de informação. É claro que há pessoas que se relacionam amorosamente no meio artístico, assim como há casais de namorados em bancos, hospitais, enfim, em quaisquer locais de trabalho. O beijo é técnico, na hora você não está nem vendo a pessoa direito, não é um momento propício a nada", assegura o ator. Ele acha que algumas pessoas se aproximam afetivamente, muito mais pela convivência do dia-a-dia do que por qualquer outro motivo. "Aí, é claro, uma cena romântica pode acabar ajudando", admite, lembrando ainda que a diferença está na repercussão que a mídia proporciona aos namoros de pessoas famosas, como os atores.

Carlos Fernandes
Na novela, Felipe amo Leandro Leal (D), mas namora Roberto índio do Brasil, irmã de Patrick Alenco

Como um deles, Felipe sabe que está na mira das lentes e bastante vulnerável a tais situações. Mas nunca pensou em abrir mão da carreira por conta disso. Quando foi escalado para fazer o cigano, assumiu a mesma conduta que sempre seguiu: orou muito e se aconselhou com o pastor Esteves, da Igreja Renascer, de São Paulo, onde congrega. "Até agora, graças a Deus, não tive nenhuma cena de ler mão, nem cartas, nem fazendo adoração a nada", diz, aliviado. Mas, se for preciso, Felipe tem consciência de que estará agindo como intérprete de uma trama. Na sua visão, o mais importante é estar fora dos muros da Igreja, pregando o amor de Cristo. "Deus precisa da gente em todos os lugares; acho muito bom que a igreja esteja mudando a sua estratégia de evangelismo. Jesus não andava entre pecadores? Se nós não falarmos para este povo, quem vai falar?", indaga Felipe.

FALANDO DE JESUS - Sentindo-se incluído neste chamado, ele acha que está fazendo o que deve: "Todo mundo sabe que sou cristão e tenho tido oportunidade de falar do amor de Jesus para muitas pessoas", ele diz. Felipe procura crescer como ator mas também deixa evidente a preocupação em evoluir como servo de Deus. "Já fui mais ansioso, mas hoje sei que é muito mais valioso dar um bom testemunho e ficar tranqüilo para aproveitar as aberturas, sem obrigação. Mas é claro que eu tenho as minhas estratégias: já orei com muitos companheiros do trabalho, e lhes dei bíblias e livros evagélicos", conta Felipe, sem traços de vaidade. Ao contrário. Felipe deve dar trabalho às meninas com tanto equilíbrio. Ele confessa que já namorou mais de uma atriz, mas descobriu que não vai ser feliz em "jugo desigual", ou seja, namorando uma menina que não seja também sua irmã em Cristo, e está calmo, esperando sua varoa chegar. Apesar das inúmeras jovens evangélicas que dizem estar orando por Felipe - numa desculpa para paquerá-lo, ele tem uma certeza: "Oração nunca é de-mais, e adoro quando oram por mim."

sábado, 10 de fevereiro de 1996

VM Show


Resgatado dos abismos da loucura

Por Benilton Maia

Fotos Divulgação
Nova vida de Paulinho Makuko é mais dançante



A trajetória de perdição de Paulinho Makuko não difere das histórias de dezenas de jovens da geração Woodstock, que buscavam no sexo, drogas e rock'n'roll o escape para suas debilidades emocionais. Como a maioria, estava condenado à loucura ou à morte por overdose. Mas o fim de Paulinho Makuko foi radicalmente diferente. Aos 14 anos ingressou no mundo das drogas, para suportar a morte de seus pais. Apaixonado por música, montou um estúdio de som e fez parte da banda Abismos. Aos 16 anos, passou a pegar drogas pesadas, parou em cana e daí foi para o hospital de doentes mentais. Em São Paulo, foi convidado para integrar a então recém-formada Katsbarnéa e no natal de 1989 Paulinho aceitou a Jesus. Transformado, acaba de lançar seu segundo trabalho solo, em que mescla dance com rap, fiink e afins. Uma celebração ao novo nascimento.

A volta do 'bispo do amor'

Arquivo pesoal
Divulgação

Quem volta ao mercado fonográfico evangélico é o cantor Renato Suhett com o CD Milagre, lançado pela MK Publicitá. Ele já estava sem gravar há mais de três anos, desde os seus tempos de bispo do amor na Igreja Universal. Este é o seu primeiro trabalho fora da Line Records, sua última gravadora. com a qual lançou grandes sucessos. Milagre tem 15 faixas sendo nove de autoria do próprio cantor, que compôs a música Tua graça em parceria com sua esposa Lúcia. Vale a pena conferir a volta do bispo e cantor Renato Suhett.


Pastor Adonias canta para salvar

Ao ouvir Adonias com sua voz a la Tim Maia, as comparações são inevitáveis. Felizmente, ele não tem a pretensão de ser o cover evangélico desse artista. Pastor e cantor, Adonias trabalha com jovens há 23 anos, tendo começado na evangelização e recuperação de toxicômanos da então recém-criada Comunidade S8. A música sempre foi sua aliada na pregação do Evangelho. Apesar da voz potente, Adonias levou tempo para concretizar o projeto de produzir um álbum. Hoje, ele continua evangelizando jovens e seu ministério conta com várias congregações na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Ele também dá total assistência ao grupo de pagode Podes Crer, do qual é diretor e empresário. Em dezembro foi lançado Esse nome vale, em que se encontram blues, acid jazz, balada, rap e algo próximo ao black gospel. Vale a pena conferir.


Arquivo pesoal
Divulgação

O outro lado de Dana Key

Dana Key é sinônimo de trabalho integral, total e irrestrito. Ele se multiplica nas atividades de cantor, composit guitarrista, produtor, escritor, ativista e ainda manteve durante anos a banda de rock cristão DeGarmo&Key, em dupla com o amigo de infância Eddie DeGarmo. Após sua sétima indicação para o Grammy, eles se lançaram em uma turné de grande sucesso, a Acoustic Cafe. Embora em meio à excelente fase, no início de 1995 foi anunciado o cancelamento das atividades da primeira banda evangélica a entrar na MTV americana. A atenção de Dana Key está agora voltada para seu novo álbum solo (Pari of the mistery, ForeFront/95), que dá destaque ao violão acústico. "Vi neste novo álbum uma chance de explorar um outro lado de minha personalidade musical", constata Dana, que neste trabalho revela o seu amadurecimento Teológico e profissional.


DROPS


Aline Barros foi vista de novo ao lado de Xuxa. Dessa vez, durante o especial de natal da apresentadora conhecida como "rainha dos baixinhos". Ela cantou uma das faixas do último disco de Xuxa, chamada Luz no meu caminho, ao lado da própria.

Kadoshi, que já é um xodó dos evangélicos, começa a ser reconhecida popularmente. Em dezembro a banda gravou a mensagem de natal da Liderança Capitalização do SBT. É, mais uma vez, a qualidade dos músicos evangélicos sendo reconhecida.

Arquivo pesoal
Divulgação

Serene & Pearl (foto) cantam desde pequenas. As duas últimas filhas de uma família de seis irmãs nascidas na Nova Zelândia nunca imaginaram fazer sucesso nos EUA e no mundo. As vozes de Serene & Pearl causam no público um singular e profundo efeito. No entanto, elas têm uma convicção: "Não queremos ser consumidas pela carreira, que é um ministério. Deus tem nos permitido compartilhar nossa experiência espiritual com as pessoas, e atingi-las de modo positivo."

Kevin, Hoi Poloi, Guardian e Bride premiaram os participantes do 5º SOS Gospel Festival com super-apresentações. As bandas nacionais também fizeram bonito. O festival durou três dias e merece nota 10. Parabéns à equipe da Fundação Renascer.



VOCÊ É O JUIZ

Esta é o sua chance de eleger os melhores. Daqui a dois meses divulgaremos o resultado dessa eleição. Sua opinião é importante. Copie os itens abaixo, escreva ao lado os melhores candidatos de cada categoria, coloque em um envelope e envie para: Revista VINDE - Coluna VM Show Caixa postal 100.084 24001-970 - Niterói, RJ

  1. Melhor cantor nacional
  2. Melhor cantor internacional
  3. Melhor cantora nacional
  4. Melhor cantora internacional
  5. Melhor banda de rock nacional
  6. Melhor banda de rock internacional
  7. Melhor banda pop nacional
  8. Melhor banda pop internacional
  9. Banda revelação nacional
  10. Banda revelação internacional
  11. Melhor disco pop nacional
  12. Melhor disco pop internacional
  13. Melhor disco rock nacional
  14. Melhor disco rock internacional
  15. Melhor música pop nacional
  16. Melhor música pop internacional
  17. Melhor música de louvor e adoração (nacional/versão)
  18. Melhor show do ano
  19. Banda de melhor performance ao vivo (nacional)
  20. Dois melhores videoclipes internacionais

América sem preconceito

Os artistas cristãos americanos criaram fórmulas para driblar a resistência à mensagem do Evangelho e provar que é possível dar testemunho cristão mesmo quando se está na indústria musical secular. Há quem torça o nariz, mas a verdade é que esse elenco tem chamado a atenção do público e das grandes gravadoras pela força e qualidade da música cristã, até então vista com desdém e preconceito.

Por Benilton Maia

Durante o Hollywood Rock,
Whitney Houstou pregou o Evangelho

GLORIA GAYNOR - Diva da era disco, converteu-se no auge da fama. A carreira tomou novo impulso com o filme Priscilla, a Rainha do Deserto, do qual / ruiu survive (Eu vou sobreviver) foi tema. Em novembro de 1995, esteve no Brasil cantando no Metropolitan, no Rio. No programa Hebe falou sobre sua conversão.

AL GREEN - O rei dos falsetes da soul music agora é reverendo e canta para os crentes de sua congregação em Memphis, no Tennessee, EUA. Mas também faz delirar públicos nada religiosos, como os do último Free Jazz Festival no Rio, com sua abençoadíssima musicalidade. Ele mescla músicas românticas com o melhor do black gospel.

TRINERE - A rainha do funk melody esteve no primeiro semestre de 1995 no Brasil fazendo shows com o DJ Malboro e participando do programa Xuxa Park. Em entrevista à imprensa, falou sobre sua conversão e dedarou que não vai abandonar o título e nem a carreira. Mas anuncia: incluirá músicas cristãs nos próximos trabalhos.

WHITNEY HOUSTON - Re-aproximou-se de Jesus após problemas no casamento e com um fã psicopata. Tem adicionado músicas evangélicas aos últimos discos. Desde 1991 faz backing vocais para Bebe & Cece Winans, artistas gospel. Em seu show no Hollywood Rock, no Rio, cantou dois números de gospel e professou seu amor e fé em Jesus Cristo.

Gloria Gaynor: a diva das discotecas esteve no Rio

RICK SKAGGS - Ao lado da mulher, apresenta-se junto de vários artistas da country music. Em 93 excursionou com sua banda pela Rússia, onde entrou como artista popular. Na ocasião, visitou colégios e internatos e pregou o Evangelho para ex-comunistas. Em um show na Praça Vermelha, em Moscou, cantou Amazing Grace para uma grande multidão.

STRYPPER - De aparência bizarra e som pesado, chocaram crentes e influenciaram headbangers na década de 80. Fizeram megashows nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Japão. O grupo se desfez em 1992. No Brasil, ficaram famosos quando a canção evangélica I believe in you (Creio em você) virou tema de novela da Globo.

AMY GRANT - Assinou contrato com a A&M Records em 1991 para divulgação de seus trabalhos no mercado popular, mas continua vinculada ao selo evangélico Myrrh. Como saldo de seu primeiro álbum pela A&M, Heart in motion, mais de 5 milhões de cópias vendidas. Hoje, Grant tem a carreira dividida entre o mercado evangélico e o secular.

MICHAEL W. SMITH - Já dividia com Amy Grani o título de artista preferido do público jovem cristão quando foi lançado no mercado secular sob o selo da RCA. Sua música passa uma mensagem com valores e princípios cristãos sobre amizade, amor e pressões da vida. A Bompastor é responsável pelos álbuns de Smith no Brasil.

Cantando para Deus e o mundo

Os músicos profissionais evangélicos
que vivem entre a fé e a fama

Por Carlos Fernandes

Fotos: Frederico Mendes

Em pé no palco e outro no Mahar. Assim pode ser definida a vida dos cantores e músicos evangélicos que têm carreira profissional paralela às suas atividades religiosas. Muitas vezes incompreendidos em suas igrejas e comunidades cristãs, esses artistas têm que administrar a difícil tarefa de exercer sua profissão - às vezes, como único meio de subsistência - e sentir-se em condições espirituais para louvar a Deus com seu talento. Na verdade, a questão pode ser resumida da seguinte maneira: é possível alcançar a fama sem perder o caminho do céu?

De um modo geral, as igrejas evangélicas são consideradas boas escolas de música. Cânticos e louvores fazem parte da rotina dos cultos, e todos os participantes, de uma maneira ou de outra, são estimulados a soltar a voz. Há uma infinidade de corais, conjuntos e cantores. Os crentes, decididamente, gostam de cantar e apreciam aqueles que fazem da música um intrumento de louvor a Deus. Mas muitos deles torcem o nariz quando um músico cristão começa a cantar fora da igreja. E se algum evangélico tiver a ousadia de ser profissional da música e atuar em boates, bailes ou shows, corre o risco de tornar-se um proscrito e enfrentar a incompreensão dos irmãos de fé. Neste caso, não há harmonia que resista: a desafinação de idéias é completa.

Graça e Paz (ao lado) defende
parcerias com artistas seculares

Mas como pode o músico evangélico desenvolver a carreira profissional sem comprometer sua fé? Ele pode ter sua platéia e estar sob a luz dos holofotes ou deve contentar-se com as congregações e fazer dos templos o seu único local de atuação? Hélio Delmiro, consagrado como um dos melhores violonistas do mundo, experimentou esta polêmica em sua vida. Com 34 anos de carreira e tendo em seu currículo trabalhos com monstros sagrados da MPB, como Gal Costa, Milton Nascimento e Clara Nunes, além de já ter-se apresentado em palcos de todo o mundo, conta que, quando se converteu, foi estimulado a abandonar tudo e dedicar-se apenas às atividades da igreja. Somente depois de algum tempo percebeu que poderia encontrar o equilíbrio entre- a vida cristã e a carreira, e hoje acha que é possível conciliar as duas. "Existe muita incompreensão com relação ao músico nas igrejas. Todos os crentes podem exercer suas profissões -médicos, engenheiros, advogados - e são até admirados. Mas nós enfrentamos essa oposição", reclama Delmiro. Ele admite, no entanto, que é preciso ser muito seletivo na escolha de lugares onde tocar. "Eu, por exemplo, não me apresento em ambientes lascivos, que possam comprometer minha moral cristã", relata o instrumentista, que também é pastor, para, em seguida, advertir que "é preciso andar sobre o fio da navalha".

Bomilcar acha que o cristão conquista
credibilidade a partir da qualidade

IDÉIAS REVOLUCIONÁRIAS - O cantor, produtor e comunicador Paulo Cesar Graça e Paz, de 44 anos, membro da Igreja Metodista, tem uma postura liberal sobre o assunto. Na sua opinião, é muito bom que o músico evangélico penetre em todos os espaços, de todas as maneiras possíveis, para levar a mensagem de Jesus. Ele vai mais além, e defende que os cantores evangélicos façam até mesmo parcerias com os cantores da MPB, como Ivan Lins e Djavan. "O Paulo Massadas, um compositor conhecidíssimo, fez uma música para mim falando sobre a vida. Para o meu próximo disco, estou buscando parcerias deste tipo. Devemos nos aproximar desses artistas, gravar coisas deles", acrescenta. Ele já gravou cinco discos, e em todos inclui músicas de compositores não-evangélicos. Graça e Paz tem até uma justificativa bíblica para defender suas teses. "Tem muita coisa bonita por aí. A própria Bíblia não diz que devemos reter o que é bom?", indaga. Ele não se incomoda com a possibilidade de causar polêmica - coisa, aliás, comum em sua carreira - e acha que até mesmo os eventos de música evangélica deveriam contar com a participação de cantores populares famosos. Graça e Paz tem uma explicação evangelística para suas idéias revolucionárias. "Há vários tipos de peixes e só vamos alcançar todos usando um tipo de isca adequado para cada um. Eu já gravei com muita gente que não é evangélica e todo mundo se amarrou na mensagem de Jesus. Devemos chamar essas pessoas para junto de nós a fim de tirar o que elas têm de bom e dar-lhes o que temos de ótimo, que não é nosso, é de Deus."

Alexandre Blasifera, cantor e compositor de 28 anos, é outro evangélico que libera geral para ele, tudo pode ser usado para a glória de Deus e "até mesmo dentro de uma boate o crente pode fazer seu local de adoração". Suas músicas não falam diretamente de Deus, mas, segundo ele, "procuram passar uma mensagem positiva, de valores do Evangelho nos quais acredito". Blasifera compôs quatro músicas que foram incluídas por Flávio Venturini no disco Noites com sol.

PROFISSIONALISMO PARA A GLÓRIA DE DEUS -Mas há também músicos evangélicos mais comedidos na avaliação da questão. "O mundo musical requer muito cuidado por parte do cristão", adverte o pastor Nelson Bomilcar, músico e produtor musical de 41 anos. Antes de sua conversão ao Evangelho, há 22 anos, ele trabalhou em São Paulo tocando em conjuntos de rock e MPB. "O músico cristão, assim como qualquer outro profissional evangélico, precisa ser criterioso para saber se deve ou não tocar em algum lugar ou aceitar determinado convite", lembra Bomilcar. Ele já trabalhou com Tim Maia e Dudu França, e também ao lado de feras da música evangélica brasileira, como Sérgio Pimenta, Vencedores por Cristo, Grupo Semente e João Alexandre. Além de atuar em composição, treinamento louvor na Igreja Evangélica Projeto Raízes, em São Paulo, Bomilcar tem-se dedicado a trabalhos na área de publicidade e defende que o músico cristão deve se esforçar para ser um profissional de excelente qualidade e conseguir credibilidade, pois, desta forma, estará "glorificando o nome de Jesus e honrando o Evangelho".

Grupo Fé Menino: cantando em casas
noturnas sem drama de consciência

Buscar a glória de Deus através do seu trabalho também é o objetivo das integrantes do conjunto Fé Menina, de Goiânia (GO), que canta bossa nova e MPB em casas noturnas, congressos, aniversários e outros eventos. Composto por três evangélicas - Monica, Soila e Gila, além do violonista Rogério Pinheiro -, o grupo existe há um ano e as músicas do seu repertório incluem composições de Tom Jobim, Chico Buarque e Dorival Caymmi. Segundo Monica, que é membro da Igreja Presbiteriana Maranata, ela e suas companheiras não enfrentam nenhum drama de consciência por serem crentes e cantar esse tipo de música. "Minha igreja é liberal a esse respeito, mas há alguns grupos evangélicos que vêem nosso trabalho com reservas", revela. Recentemente, o Fé Menina participou do Canta cerrado, um festival de música promovido pela Rede Globo.

Mas há alguns que preferiram dedicar-se somente à música evangélica, como é o caso de Quico Fagundes, cantor, instrumentista e compositor de Brasília, que já atuou como músico profissional e participou da gravação de discos seculares. Com formação em violão clássico, Quico, 39 anos, pertence à Igreja Metodista e já gravou um disco próprio, com músicas cujas letras não têm clichês evangélicos. Ele diz que atualmente prefere se envolver só com louvor, mas que essa decisão foi pessoal. Quico faz restrições, no entanto, a eventos que não definem claramente que tipo de música será apresentado. "Quando o show é de música evangélica, deve-se fazer uma divulgação clara disso. Imagine alguém indo a este evento para ouvir música, chega lá e, de repente, param tudo e começam a ler a Bíblia e pregar? Outra coisa: se o objetivo é levar o Evangelho, não acho correto cobrar ingresso."

Cleberson acha que o fundamental é deixar
bem claro qual é o objetivo e não misturar as coisas

DAR A DEUS O QUE É DE DEUS -Não misturar as coisas é também a preocupação de Cleberson Horst, 45. Se, pelo nome, não é possível reconhecê-lo, basta lembrar que ele é tecladista do grupo Roupa Nova, conhecido em todo o Brasil há 15 anos, através de músicas que falam de amor e já embalaram muitas paixões - entre elas Volta pra mim, um grande sucesso composto por ele. Cleberson lembra que o fundamental é ser claro nos objetivos. "Não se deve iludir as pessoas. Se a intenção é evangelizar, por que não dizer isto claramente?", questiona. Em relação à carreira profissional na música, Cleberson entende que "nós estamos neste mundo, embora não pertençamos a ele", e revela que, desde que se firmou no Evangelho, há cerca de dois anos, procura ser criterioso consigo. Ele se recusou, por exemplo, a participar da gravação de uma música de Raul Seixas que debochava do nome de Jesus. "O produtor ficou inconformado, mas os meus companheiros do conjunto respeitaram minha posição", lembra. O baterista do Roupa Nova, Serginho, também é evangélico, e Cleberson garante que todos têm convivido muito bem. As constantes viagens não impedem que Cleberson freqüente os cultos da Igreja Metodista e eventualmente até "dê uma forcinha no louvor", como ele diz.

Pauty Araújo

SUBMUNDO GOSPEL - A questão comercial também gera polêmica entre determinados setores evangélicos, pois muitos não aceitam que o crente ganhe dinheiro com música gospel. Este mercado consumidor cresceu na mesma proporção da qualidade e quantidade do trabalho produzido, criando um filão que vem sendo mais explorado a cada dia. Mas uma das conseqüências disso, na opinião de Nelson Bomilcar, é o surgimento de um "submundo da música gospel com pessoas que se aproveitam do crescimento do setor apenas para se promover e faturar". Sem citar nomes, ele denuncia que há "muitas gravadoras pseudo-evangélicas".

O controvertido cantor J. Neto, 35 -conhecido como o cover evangélico de Roberto Carlos - se diz enganado pelos donos de gravadoras no meio evangélico. "Eu gravei oito discos e não ganhei quase nada com isso", revela. Ele acaba de gravar um CD com dez músicas, sendo sete românticas e apenas um hino. Este trabalho foi lançado em um show no Canecão, uma casa de espetáculos do Rio. Neto diz que sua intenção agora é ganhar dinheiro "como nunca ganhou". No entanto, tem percebido que pode evangelizar através do disco, "embora muitos irmãos o classifiquem como mundano", conforme revela. Convertido em 1981 e membro da Assembléia de Deus, o cantor já atuava profissionalmente quando conheceu Jesus. Assim como aconteceu com Hélio Delmiro, foi aconselhado a abandonar sua carreira secular, "pois disseram-me que eu estava pecando por cantar na noite", lembra. "Mas depois que me firmei em Jesus entendi que posso ser crente e cantor profissional com a consciência cristã tranqüila."

J. Neto assegura que não imita Roberto Carlos, mas admite que sua voz "tem um timbre parecido com a dele". Embora se confesse fã do rei, alfineta: "As pessoas que dizem isso maldosamente são ignorantes a respeito de música ou têm inveja de mim. A nossa voz realmente se parece, mas eu não o imito. Ele próprio já disse que gostou da minha voz." E dá um recado para os que não acreditam nisso: "Digam o que quiserem, o importante é o meu coração."

Para Wanda Sá, testemunho pode
substituir a pregação

Encontrar o equilíbrio entre a carreira profissional e a evangélica parece ser o objetivo que todos aqueles que aceitam o desafio de conciliar sua fé cristã com o mundo da música. "Eu tenho os mesmos desafios que qualquer crente, que é o de ser cristã no meu meio", conta Wanda Sá, cantora que participou do início do movimento da bossa-nova e que, depois de sua conversão, conseguiu conciliar ambas as coisas. "Quando eu canto MPB, as pessoas dizem que eu passo alguma coisa, mesmo que as músicas não falem claramente de Jesus. Em certos shows não há espaço para falar do Evangelho. Mas o fato de eu ser uma cantora conhecida me leva a lugares aos quais não iria se não o fosse. Tenho condições, assim, de dar meu testemunho, mesmo que apenas através da minha postura, da minha vida", conta Wanda, que é presbítera da Comunidade de Jesus, no Rio, onde desenvolve um trabalho de assistência a pessoas carentes e prega o Evangelho. Tudo com muita paz interior e sem nenhuma acusação de consciência, como convém àqueles que se propõem a cantar para Deus e o mundo.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996

O pregador da Times Square

Trabalho de David Wilkerson está firme e forte em Nova Iorque

Por Renata Éboli, de Nova York

Carlos Fernandes
David Wilkerson: a paixão pelo
evangelismo impede sua aposentadoria

Na década de 60, o mover do Espírito Santo levou a Nova Iorque o jovem David Wilkerson, pastor da igreja Assembléia de Deus de Philipsburg, pequena cidade do interior de Pensilvânia. Numa noite em que lia distraidamente a revista Life, uma reportagem acerca do julgamento dos integrantes de uma gangue de rua que assassinaram friamente um jovem paraplégico de 15 anos chamou-lhe a atenção. Incompreensivelmente, as lágrimas escorriam de seu rosto e o coração se encheu de paternal compaixão por aquelas pessoas que ele nunca tinha visto. Deus o desafiava a cuidar desses rapazes perigosos. O pastor caipira aceitou a missão e foi para a cidade grande numa aventura, relatada no clássico da literatura evangélica A cruz e o punhal, da editora Betânia. Embora tivesse empreendido todos os esforços, Wilkerson jamais conseguiu se encontrar com os rapazes da reportagem, mas a certeza do chamado de Deus fez com que ele se embrenhasse pelo submundo até então esquecido da sedutora Big Apple, cuja voracidatle ainda devora jovens negros e porto-riquenhos, destituídos de todos os privilégios e possibilidades de dignidade de vida.

A conversão de Nick Cruz, chefe de uma das gangues, deu início a um empenho missionário sem precedentes em áreas urbanas, que teve como conseqüência a criação do Desafio Jovem, um centro de recuperação de adolescentes de rua viciados em drogas e todo o tipo de maus hábitos, que, no início, funcionava em sua própria casa. O modelo pioneiro do Desafio Jovem foi reproduzido pela igreja Assembléia de Deus em vários países, inclusive o Brasil.

Atualmente, a Times Square Church, igreja independente fundada pelo pastor David, funciona num antigo teatro da Broadway, no coração de Nova Iorque: a ilha de Manhattan, centro da riqueza e da badalação, mas também da prostituição e da violência. A igreja abriga vários ministérios, mas continua a dar prioridade à evangelização em becos, presídios, hospitais, redutos de gangues de adolescentes, metrôs e outros locais, a exemplo do que Wilkerson fazia, sozinho, no início. O Raven Truck, um dos ministérios mais fortes, percorre as ruas na madrugada, levando alimento e roupa aos homeless, os sem-teto.

As preocupações do pastor Wilkerson nunca se desviaram dos adolescentes de rua que constituíram seu principal alvo de evangelização. Ele descobriu outras necessidades e, hoje, a Timothy House abriga, recupera e reintegra à sociedade os viciados e alcóolatras, mas também dá atenção aos idosos e deficientes físicos: os voluntários provêem até o transporte para levá-los à igreja. Grupos marginalizados, como de portadores do HIV e seus familiares, encontram um programa especial de evangelização. Judeus e muçulmanos, também. Além disso, missionários são enviados para diversos países. Hoje é dada atenção especial para a evangelização da Rússia.

Carlos Fernandes
A igreja, que não pertence o qualquer denominação tradicional, divide espaço com os teatros da Broadway, no coração de Nova Iorque

PROMISCUIDADE X SANTIDADE - O pastor David Wilkerson acredita que a situação espiritual em que se encontra a América atualmente é resultado da perda do senso de pudor e da banalização do sexo, que trouxeram à sociedade resultados catastróficos. Por outro lado, ele observa que a igreja está sendo conclamada ao reavivamento, à santidade, através de inúmeros movimentos de oração. Segundo Wilkerson, as pessoas estão se voltando para uma adoração mais intensa, profunda e vibrante. "Talvez, isso se dê em função da sede espiritual que assola a humanidade, uma sede nunca vista em toda a história. Mesmo próximo a um colapso econômico e social, o povo está firme. Deus está nos preparando para as coisas que ainda acontecerão", acredita. O pastor David percebe que "o sopro do Espírito varre várias partes do globo terrestre de maneira única, levando pessoas de culturas diferentes a buscar a Deus de forma tão parecida". E acrescenta: "Se por um lado a decadência moral é um fato, a mudança no campo espiritual tem sido semelhante."

David Wilkerson já poderia estar aposentado há dez anos, mas sua paixão e zelo pelos incontáveis obreiros que são instruídos para evangelização não permitem que isto aconteça. Sua decisão de continuar pastoreando é tão inequívoca quanto a certeza de um dia ter sido chamado para levar o Evangelho à cidade de Nova Iorque.

Fotos: Frederico Mendes

Novidade

SOS para 200 mil vidas

Fotos: Divulgação Gospel News

O público lotou o Pacaembu durante os três dias do megaevento gospel

Cerca de 200 mil pessoas compareceram ao 5º SOS da Vida Gospel Festival, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, de 21 a 23 de dezembro para apreciar, em ritmos musicais variados, o que há de melhor na gospel music. Nelson.Ned, Mara Maravilha, Carlinhos, Aline Barros e as bandas Resgate, Oficina G3, Katsbarnea e Kadoshi se revezaram no palco de estrutura metálica de 15 toneladas e louvaram a Deus com um som de seis toneladas e 300 mil watts de potência. As bandas internacionais Guardian, Bride, Hoi Polloi e o vocalista do DC Talk, Kevin, deram um colorido todo especial ao evento organizado pela Fundação Renascer, que contabilizou 100 caravanas de todo o Brasil e até do exterior. O sucesso se deve ao esforço de quase 3 mil pessoas que trabalharam na sua realização, que teve cobertura das principais redes de televisão do país.

Considerado um dos maiores eventos gospel do mundo, o primeiro dia do festival teve a banda americana Guardian, que aqueceu a galera com o seu hard rock cristão. Uma das canções mais solicitadas foi Come on everyone. O guitarrista Tony Palacios conquistou o público no momento do bis, ao voltar ao palco com a camiseta da seleção brasileira de futebol. Foi um delírio.

O Katsbarnea foi uma das super:bandas que agitaram a multidão

O grande destaque do segundo dia foi a banda norte-americana Bride (Noiva). O vocalista Dale Thompson fez o Pacaembu tremer com a voz característica, o jeito vibrante de dançar, deixando as tatuagens à mostra. O mais importante é que depois de muita sonzeira santa, Dale pegou a Bíblia, falou de Deus, o motivo de seu louvor, e desvinculou sua imagem de qualquer idolatria. O terceiro dia do 50 SOS foi considerado o melhor. O Bride resolveu se apresentar novamente, garantindo o agito ao lado da banda Hoi Polloi, da Nova Zelândia (o nome significa pessoas comuns). A vocalista Jenny Gultoa entrou no palco com uma peruca preta, escondendo a semelhança física com a cantora Madonna, mas não demorou muito para revelar seus curtos cabelos louros, a bela voz e a excelente performance sob o foco dos canhões de luzes. A música mais aplaudida do Hoi Polloi foi Love has come. Kevin, do grupo DC Talk, também se apresentou no último dia. Veio sozinho, mas não fez feio. Ele arriscou algumas palavras em português e seu bom humor, além das qualidades musicais, prenderam a atenção da moçada, mesmo com a chuva forte que caiu durante a apresentação. O momento mais emocionante foi quando Kevin cantou com o vocalista do Oficina G3, Manga, o tradicional Vencendo vem Jesus, mesclando português e inglês em ritmo de rock e tendo a platéia como coral.


Louvor em Guarapari

Guarapari, litoral capixaba, tem um dos verões mais quentes da temporada. De 26 a 28 de janeiro as areias da praia de Meaipe foram palco do I. Festival de Música Gospel de Guarapari. O evento da Assembléia de Deus de Meiape teve apoio da Vinde (Visão Nacional de Evangelização) e da Secretaria Municipal de Turismo, Esporte e Cultura. A Fábrica de Esperança montou uma exposição no local.

Carlinhos Félix nos 'States'

O ex-líder do Rebanhão 'arrebentou' na terra de Tio Sam'

O carioca Carlinhos Félix, 36 anos, que começou a brilhar no Rebanhão, tem na humildade e na simpatia as marcas de seu carisma. Sua jornada solo começou em 1991, após 13 anos no grupo. Faz questão de ressaltar a imensa gratidão pelo público que o acolhe sempre com muito carinho e respeito. Carlinhos esteve recentemente nos Estados Unidos, onde realizou uma turnê de 14 dias, tocando em teatros e igrejas da Flórida, Massachussets e Nova Iorque. Nesta cidade, tocou no show da banda australiana Newboys. Carlinhos Felix está divulgando seu mais recente lançamento, Nada a perder (MK Publicitá/96). Destaque para Muros de pedra, uma regravação dos bons tempos do Rebanhão.

O amor é lindo

Arquivo pesoal
O out-door de Ana Caroline emocionou o namorado

Quem disse que os evangélicos não são românticos? Alessandro, de 19 anos, namora Ana Caroline, 16. Um dia desses ele foi surpreendido quando passava pela rua: viu um out-door perto de sua casa com uma declaração de amor da namorada. Alessandro ficou muito emocionado e diz que nunca ouviu falar que outro cristão tenha recebido declaração como essa. "Não achei que ela seria maluca a ponto de fazer isso; fiquei emocionado", confessa. Eles já estão namorando há um ano e meio e devem encarar o noivado logo logo. Alessandro Ferreira Cury Paixão é filho do pastor Mauro Rogério Paixão, da Igreja de Nova Vida do Maracanã e Ana Caroline Gemal Ferreira é filha do pastor Miguel Ângelo, da Igreja Cristo Vive.

Secundaristas evangélicos se organizam

Os estudantes evangélicos de segundo grau podem contar com um bom suporte para o trabalho de evangelização em suas escolas através da Aliança Bíblica Secundarista - ABS. O movimento foi criado pelo pastor Robinson Cavalcanti, em Recife (PE), e já está no Rio de Janeiro, Paraná, Piauí, Bahia, Amazonas e Minas Gerais. Para não haver desencontros no período de férias, a ABS reúne a galera em confraternizações, como a que aconteceu no dia 6 de janeiro na Igreja Batista de Itacuruçá (RJ). Para saber como criar a ABS em sua escola entre em contato com Marcos, coordenador no Rio de Janeiro, pelo telefone (021) 280-4535.

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...