sexta-feira, 5 de janeiro de 1996

Ação da Cidadania, a força da sociedade

Por Herbert de Souza

Carlos Fernandes

Ação da Cidadania contra a Miséria pela Vida é um movimento autônomo, descentralizado, que tem a parceria como filosofia principal de trabalho. Em 1993, depois que a sociedade organizada venceu a batalha do impeachment do então presidente Fernando Collor, as entidades da sociedade civil que se aglutinaram em torno do impeachment se reuniram para pensar numa forma de não desmoralizar sociedade, numa maneira de canalizar a força da indignação da sociedade para mais uma causa ética.

O combate à fome e à miséria nasceu de um conceito tão simples quanto a frase que o resume: "democracia e miséria são incompatíveis". A sociedade brasileira podia se orgulhar de ter derrubado um presidente da República dentro das regras democráticas e em respeito a todas as instituições.

"A comunidade evangélica há muito tempo já demonstra seu enorme sentido social"

Hoje, ao entrar no seu terceiro ano, a Ação da Cidadania já contou com a participação de cerca de 28 milhões de pessoas no país inteiro, mobilizou todos os segmentos da sociedade para o combate à fome e à miséria e para a necessidade de geração de emprego. Desde o começo, a proposta da Ação da Cidadania foi deixar de esperar por ações estruturais que não estão ao alcance do cidadão, mas estimular o gesto imediato, a solidariedade de dar um quilo de alimento a quem tem fome. Partir para ações emergenciais sem esquecer de que as ações estruturais são necessárias.

Um dos objetivos dessa campanha é o de promover um encontro dos mais diversos setores da sociedade. Antes, as ações e reivindicações se limitavam a grupos políticos ou a determinadas classes e segmentos da sociedade. Estamos inventando uma nova forma de fazer política, com a participação de toda a sociedade civil.

Neste sentido, a participação da comunidade evangélica é fundamental. Esta é uma comunidade que há muito tempo demonstra seu enorme sentido social e preocupação com o problema da miséria e que também já mostrou que é capaz de realizar grandes ações. Mas a ação não pode parar. Cada grupo deveria se reunir e pensar no que pode fazer de útil à sociedade dentro de área, de seu conhecimento, enfim, dentro do que estiver ao seu alcance. Muita gente já começou a fazer isso e à medida que estas ações crescem, cresce também a nossa cidadania. Cada igreja, cada núcleo, pode se tornar um comitê, um grupo de combate à fome, que não espera apenas por ações, faz. Com isso nossa rede de solidariedade se tornará cada vez maior.

Herbert de Souza, 60 anos, sociólogo, diretor-geral do IBASE, articulador nacional da Ação da Cidadania contra a Miséria e Pela Vida.


Deus trabalha no turno da noite
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Deus trabalha no turno da noite
Anúncio da editora: Luz & Vida (JAN/1996)

Agenda: Janeiro/1996

Feira gospel promete novidades

Carlos Fernandes
Mattos Nascimento cantará na II Fimae

As novidades do mundo gospel estão na feira. Nos dias 8 a 13 de janeiro vai acontecer no Maracanázinho, Rio de Janeiro, a 2ª Feira Internacional de Material Evangélico e Produtos Alternativos - II Fimae. Mais de 60 expositores estarão mostrando os produtos identificados com a mensagem cristã. Além das sessões de autógrafos, o evento contará com as Noites Musicais. Vários cantores e grupos já confirmaram presença, como Mattos Nascimento, Shirley Carvalhaes, Complexo J e Sinal de Alerta. Entre os convidados internacionais está o violonista Robson Miguel, artista da TV Espanhola, induído entre os dez maiores do mundo, que já tocou com Paco de Lucia. Os participantes concorrerão a vários prêmios, inclusive um carro O km.

Vestibular na MPC

Estão abertas até dia 2 de fevereiro as inscrições para os exames de admissão ao curso de Especialização em Ministério com Juventude na Escola de Liderança e Ministério (RIM) da MPC - Mocidade Para Cristo do Brasil. As provas de seleção serão nos dias 10 e 11 de fevereiro. O curso de período integral, começa no dia 27 de fevereiro e tem duração de nove meses. A escola também possui outros cursos de duração menor:

  • Técnico em Ministério com Juventude, com duração de 3 meses;
  • Técnico em Ministério com Juventude por Correspondência;
  • Técnico em Ministério com Juventude em Regime Aberto;
  • e Introdução ao Ministério com a Juventude, curso intensivo em um fim de semana.

As inscrições podem ser feitas pelo telefone (031) 443-6723 ou escrevendo para o caixa postal 1508, CEP 30161-970, Belo Horizonte (MG).


Do Ceará para o mundo

Carlos Fernandes
Ricardo Gondim fala sobre
missões em seminário cearense

O Evangelho para todos os povos. Este é o tema da 9° Conferência Missionária Betesda, nos dias 18 a 21 de janeiro na Igreja Evangélica Assembléia de Deus Betesda, em Fortaleza (CE). Os preletores serão os pastores Ricardo Gondim (SP), Carlos Boucinha (CE), Manoel Filho (BA) e Mordes Pereira (CE), além da missionária Ana Maria (Moçambique). A Igreja Betesda tem missionários no interior cearense, na índia e em Moçambique. Quem quiser participar deve ligar para (085) 272-1869.


Evangelismo no sertão

A cidade de Patos, no alto sertão da Paraíba, será sacudida na segunda semana de janeiro. Diversas igrejas evangélicas do município, de cerca de 100 mil habitantes, resolveram juntar suas forças para realizar uma cruzada nos dias 12, 13 e 14, organizada pelos departamentos de mocidade. Cerca de 400 jovens estarão envolvidos no projeto, que inclui uma programação musical durante o dia, seguida de evangelismo pessoal e cultos noturnos na Praça João Pessoa. Várias igrejas já confirmaram participação, entre elas a Primeira Congregacional, a Presbiteriana Fundamentalista, a Batista da Vitória, a Assembléia de Deus Madureira e a Pentecostal da Missão.

Boa Leitura

Carlos Fernandes

Um irmãozinho?
Tânia Guahiba Buchmann
Vinde Comunicações/1995 -28 págs./ la Edição

Um irmãozinho? é mais que um livro. É um instrumento para pais e educadores. Primeiro trabalho da autora, Um irmãozinho? aborda, por estratégia interativa, uma questão presente na maioria das famílias: a concepção, do ponto de vista infantil. Neste livro, a criança escreve, desenha, cola, enfim, participa da narrativa. Segundo lugar na categoria Contos Infantis no Concurso de Literatura Infanto-juvenil promovido pela Vinde Comunicações.

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Carlos Fernandes

Orar com Deus
(Prayer the transforming friendskip)

James Houston
Abba Press/1995 - 319 págs.

Nossa cultura, habituada a desencontros e frustrações, desvaloriza os momentos de silêncio. Acabamos levando as confusões para nossos momentos de oração e meditação na Palavra. Em Orar com Deus, James Houston nos chama a conhecer Deus e encontrá-lo como amigo no sentido mais profundo da palavra. Esta amizade muda em nós a perspectiva de alguém a quem recorremos na crise para um Deus que busca relacionamento com seus filhos.

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Carlos Fernandes

Esboços - 70 esboços de A a Z
Caio Fábio
Vinde Comunicações/1995 -260 págs.

Quem está acostumado com os livros do pastor Caio Fábio com abordagens teológicas ou de exortação encontrará neste título um lado novo do autor: o daquele que busca informações complementares ao texto, que se apropria de ilustrações para tornar a mensagem bíblica próxima a quem a estuda: Pastores e seminaristas são alvos deste livro, útil também para que o público possa tirar dos textos bíblicos a profundidade que oferecem.

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Carlos Fernandes

O mundo de Sofia - Romance da história da filosofia
(Sofres verden)
Jostein Gaarder
Cia. das Letras/1995 - 555 págs.

Para os cristãos, a filosofia é quase uma heresia. No entanto, homens e seus pensamentos têm atravessado séculos e é importante conhecê-los para discuti-los. O mundo de Sofia é bom começo. Utilizando-se da forma de romance, quase thriller, Gaarder conta a história da filosofia tendo como recurso a figura de um professor que se corresponde com Sofia, menina de 15 anos a quem envia cartas que discorrem a respeito do pensamento filosófico.

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Vídeos e Filmes

Por Elivânia Lima

Carlos Fernandes

Frankenstein de Mary Shelley (Mary Shelley's Frankestein)
Direção: Kenneth Branagh
Com Robert de Niro e Kenneth Branagh
Duração: 130 min./1995 - EUA - Drama

"A melhor maneira de ludibriar a morte é criar a vida." Este é o pensamento de Victor Frankestein, personagem ao mesmo tempo protagonista e coadjuvante deste filme. No século 19, um médico se destaca pela obsessão de criar uma espécie que não morra nunca. A oposição deste drama aos referenciais da criação nos traz à memória a constatação do Criador: "E viu Deus que tudo era muito bom". E nos dá uma agradável sensação de valor.


Carlos Fernandes

Uma ironia de Deus chamada Moisés
Apresentação: Reverendo Caio Fábio
Produção: Central de Produções Vinde
Duração: 50 min./1995 -Brasil - Documentário

Quer por sua liderança, quer por sua mansidão ou ainda por sua intimidade com Deus, Moisés é sempre visto como alguém que, de forma profunda e sincera, relacionou-se com Deus como poucos. Partindo desta premissa, o reverendo Caio Fábio se utiliza da riqueza dos fatos da vida de Moisés e, passando pelos lugares onde as narrações ocorreram, traz mensagens contextualizadas, revigorantes e repletas de ensinamentos válidos para nós com a mesma intensidade que tiveram para o personagem em questão.


Carlos Fernandes

Terras das sombras (Shadowsland)
Direção: Richard Althenborough
Com Anthony Hopkins e Debra Winger
Duração: 130 min./1995 -Inglaterra

Para quem já conhece o escritor e pensador cristão C.S.Lewis (Perelandra, O Grande Abismo etc.), Terra das sombras é a possibilidade de se conhecer um.pouco mais sobre o homem Lewis, na interpretação de um Anthony Hopkins que constrói o personagem com emoção, altivez e britanismo. Jack (como era chamado por seus amigos) tinha admiradores em todo o país. Solteiro, vivia entre livros e discussões filosóficas, até que a chegada de Joy (Debra Winger) começa a mexer com a solidez e as atitudes metódicas de sua vida.


Carlos Fernandes

Segunda chance (Second glance)
Direção: Rich Christiano
Com David White e Lance Zitron
Duração: 60 min./1994 - EUA

Muitas vezes, diante da vida, desejamos não ter que viver baseados em princípios aparentemente caducos. O conflito de Dan Burgess (David White) passa por aí. Nascido em lar cristão, cresceu ouvindo valores bíblicos que tentava reproduzir. Mas os apelos eram muito maiores: as garotas, a turma da pesada, enfim, fatos corriqueiros na vida de qualquer jovem. Numa noite, cansado daquele papel de crente, deseja nunca ter sido um cristão. Para sua surpresa, a oração é respondida - e aí sim, começa o seu verdadeiro aprendizado.


A religião do mundo

Por Ciro Fernandes D'Araújo

O que vemos no século 20 é um mundo dominado por uma nova e poderosa religião. São construções que se levantam até o céu, superando em muito os templos, santuários, igrejas e mesquitas antigas. Dentro destas novas. catedrais predomina um espírito sério, ascético, e uma atmosfera contrita. Os padrões arquitetônicos apregoam uma nova confissão de fé. Também dentro desses santuários vemos miríades de pessoas sentadas diante de telas, observando a formação de imagens e desenhos que inspiram uma reação tecno-mágica. Estas pessoas interagem com uma realidade metafísica simplesmente pressionando botões, numa liturgia que faz lembrar a ordem e o silêncio dos mosteiros.

Podemos encontrar esses templos nos mais diversos lugares do mundo: Nova Iorque, Tóquio, São Paulo, Londres, Moscou. Cairo. Em qualquer país encontramos tais estruturas que definem a mais universal de todas as religiões. É possível perceber também a grande semelhança na arquitetura, nas vestimentas rituais dos sacerdotes e, especialmente, na mesma confissão de fé proclamada por todos: "Por si só, o dinheiro move o mundo" (Publilius Syrus, séc. I a.C.). O dinheiro assumiu em nossa sociedade muitas das características antes reservadas às religiões. Ele congrega as mais diversas partes do mundo numa mesma fé e sistema de julgamento mútuo. Ele exige grande fé e um conjunto de sacerdotes que executem rituais e sacramentos incompreensíveis aos meros leigos. Seus missionários (banqueiros e corretores) levam a fé aos lugares mais remotos do planeta, procurando pregar a todas as nações a mensagem em que crêem: a fé no crédito, nas taxas de juros, e no sagradíssimo demonstrativo de resultados. Os avaliadores de crédito e gerentes de bancos são os guardiões de segredos e de confissões indevassáveis.

Até mesmo aos termos consagrados milenarmente pelas religiões se emprestou novos significados. Redenção passou a significar resgate futuro de um título emitido. Credo tomou o significado de crédito. Perdão releva dívida que se tornou um grande pecado. Milagre se tornou um crescimento econômico brusco e inesperado. Essa religião tem uma credibilidade que o cristianismo, o budismo ou o islamismo nunca tiveram. Ela se baseia totalmente no raciocínio. Todos os seus rituais são explicados por um sistema de fé baseado apenas na razão humana. Sua teologia leva um novo nome: Economia.

"O dinheiro assumiu em nossa sociedade muitas das características antes reservadas às religiões"

Banqueiros e economistas assumem o papel dos pregadores, que em suas mensagens pintam o dinheiro como aquele que resolve todos os problemas e o instrumento central do bom, belo e certo. Cada vez mais, o credo religioso tem-se unificado, afirmando sua vitória sobre as heresias regionalistas. Vemos também a chegada de uma nova dispensação que trouxe o fim da Grande Inquisição dos tempos modernos, com sua suprema blasfêmia pronunciada contra a natureza divina do dinheiro: a heresia marxista. O poder e o mistério desta nova religião aumentaram com a universalização e a integração dos mercados de capital mundiais. Houve a crescente separação entre o dinheiro e o comércio de bens e criou-se uma geração de mestres gurus, entendidos na nova liturgia das finanças, enquanto se levantam profetas do apocalipse que afirmam terem visões das calamidades finais.

Desde suas origens, o dinheiro sempre esteve associado à religião. As primeiras moedas têm sua raiz no templo. A própria palavra moneta era o epíteto da deusa Juno (Hera), em cujos templos os romanos cunhavam suas moedas. As unidades monetárias mais simples eram o sal, as conchas, as pedras ou os dentes de animais, a que se atribuíam poderes especiais e metafísicos.

A invenção do dinheiro como meio de troca permitiu a grande expansão da produção mundial, através da divisão social do trabalho e da produção. Entretanto, o dinheiro adquiriu um novo atributo, que seus sacerdotes chamam "armazenamento de valor". Com tal salto divino, ele se tornou objeto de uma veneração ainda maior, pois se tornou sacramento do poder. O ouro, utilizado em templos desde os mais remotos tempos, se tornou o supremo receptáculo de riqueza e a mais sagrada relíquia desta nova religião. Quem possui tal graça está salvo da perdição deste tempo.

À medida que o poder do dinheiro cresceu, a maioria dos ensinamentos religiosos passou a advertir quanto ao poder corruptor que este ente espiritual possui. O verdadeiro Deus detesta idolatria e, com relação ao deus-dinheiro, ninguém foi mais explícito na denúncia de seu poder espiritual do que Jesus. Ao dizer que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no céu, Jesus afirmava a força perniciosa que o culto ao dinheiro provoca. Todavia, a própria igreja caiu na idolatria deste novo deus e mergulhou fundo em seu sistema, adquirindo propriedades e riqueza, tornando-se a instituição mais rica e, portanto, a mais corrupta do mundo medieval. O poder do dinheiro para corromper, controlar e dominar a vida dos homens tornou-se um tema repetido no discurso de místicos, poetas e dramaturgos. Shakespeare já dizia: "Este escravo amarelo/Formará e destruirá religiões, bendirá amaldiçoados/Tornará a velha lepra adorada, coroará ladrões/E lhes dará títulos, mesuras e atenções/Com senadores sentados no anfiteatro". Outro grande dramaturgo, Dickens, escreveu: "Essa misteriosa moeda de papel (...)/(...) quando o vento sopra (...)/(...) De onde veio, para onde vai ?"

Lá pelo século 19, o advento da revolução industrial quebrou as barreiras impostas pela religião e pela moral. O poeta Heine chegou a dizer: "O dinheiro é o deus da nossa era e Rothschild é seu profeta". A felicidade dada pelo dinheiro, mediante a aquisição e propriedade das coisas, é mensurável, tendo assim uma vantagem no que tange à felicidade proporcionada por outros sistemas de fé. O mundo, que nunca antes esteve pronto para aceitar universalmente qualquer dos sistemas de fé oferecidos para sua salvação, adotou a religião do dinheiro sem qualquer restrição.

O dinheiro também exige disciplina e moral. Trata-se de um sistema de leis e regras cuja transgressão se tornou pecado. Perder tempo é um dos piores. O verdadeiro pecado, imperdoável, é a falta de crédito. O dinheiro exige abnegação e disciplina, que se tornarim indispensáveis à salvação da pior de todas as maldições: a ineficiência. Foi no Oriente que a religião do dinheiro mais mostrou sua eficiência em produzir o milagre do crescimento econômico. As antigas religiões budistas, xintoístas e até o marxismo foram abandonados em favor de uma fé que realizou um milagre insofismável: o desenvolvimento. Atualmente, Japão, Taiwan e Coréia parecem ser os celeiros missionários da nova religião, à medida que uma multidão de adoradores ergue seus olhos para os gráficos e dados estatísticos projetados nas telas.

Enquanto isso, os Estados Unidos continuam como o centro do pensamento teológico, fornecendo as bases dogmáticas da religião, enquanto seus sacerdotes continuam a fazer exegese dos textos sagrados: os livros santos de Smith, Ricardo, Malthus, Keynes, Schumpeter, Fredman e outros grandes profetas. Como se não bastasse o crescimento universal dessa religião secular, vimos, aturdidos, mais recentemente, a rendição da fé evangélica a esse deus. O surgimento da chamada teologia da prosperidade nada mais é do que o curvar dos joelhos dos cristãos ante a força esmagadora desse deus malévolo. E, como em muitos outros momentos da história, estamos vendo que o pior inimigo de Jesus está se tornando o maior amor dos crentes. Até Jesus já foi relido a partir dessa nova ótica. Agora Ele não entra mais em Jerusalém montado num jumentinho. Se quiserem que Ele entre lá devem mandar buscá-lo de Rolls Royce e com cachê de astro de cinema. E para tudo isto dão-se justificativas superespirituais. Paulo, entretanto, diria: "Anátema! Isto é outro evangelho".

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Ciro Fernandes D'Araujo é estudante de Economia na PUC/Rio e filho mais velho do reverendo Caio Fábio.

Maria, sobrenome fé

Maria: "Deus me deu um filho"

Biblicamente falando, Maria é quase sinônimo de fé. Foi assim com a mulher escolhida para dar à luz a Cristo. Foi assim com Maria Madalena. E não poderia ser diferente com Maria José de Souza Castro, 28 anos, da Igreja Batista Monte Gerizim, na Ilha do Governador, no Rio. Seu testemunho de cura é uma belíssima história de esperança nas promessas de Deus.

Desde o fim de 94, a menstruação de Maria estava irregular e muito escura. Paralelamente, ela sentia dores sob a costela esquerda que se estendiam para a perna. "A médica insistia que eu não tinha nada", conta. Um exame realizado em agosto do ano passado, porém, apontou os problemas: um cisto na região extraovariana, presença de líquido no chamado saco de Douglas e uma lesão. Os resultados indicavam o risco de um câncer, e a cirurgia era inevitável.

No dia 9 de setembro, durante uma série de palestras na igreja, a irmã Simone, esposa do pastor Levi Corrêa, da Igreja Batista de Santo André, São Paulo, orava por M-aria quando o Espírito Santo revelou o problema de saúde. "Ela e o pastor oraram por mim na hora. Comecei a sentir uma espécie de fogo saindo da mão dela na minha barriga e algo como um óleo fresco derramado pela mão dele sobre minha cabeça", diz Maria.

Dez dias depois, Maria se submeteu a outro exame e, para surpresa da médica do laboratório, o cisto, a lesão e o líquido haviam desaparecido. "Minha ginecologista não acreditava que Deus havia me curado. Ela também disse que eu teria uma chance irrisória de engravidar, mas o Senhor completou a bênção. Estou grávida", conta feliz. Ela já está providenciando o enxoval.

Como nos tempos de Eli

Rosemary Ferreiro, com Antônio
e Gabriel, teve um órgão reconstituído

Impossível é uma palavra que, definitivamente, não faz parte do vocabulário divino. Que o diga Rosemary da Silva Ferreira, 36 anos, da Igreja Batista em Renovação Espiritual Nova Jerusalém, em Sampaio, subúrbio do Rio de Janeiro. Casada com o pastor Antônio Ferreira, 50, ela tem três filhos, mas um deles pela ação milagrosa de Deus, que reconstruiu um órgão amputado para confirmar sua promessa.

Há cerca de 14 anos, quando deu à luz Mariane - Rodrigo, o primogênito, tinha um ano na época -, Rosemary decidiu submeter-se a uma cirurgia para extrair as trompas, realizada no hospital Casa de Portugal pelo médico Aristauziro Ferreira. Por ser ainda muito jovem, receava uma terceira gravidez. Porém, arrependeu-se e pediu a Deus que lhe desse mais um filho. Cinco meses depois, numa reunião de oração, Deus revelou em visão a uma senhora o problema de Rosemary. Ainda mais, que iria restaurar seu corpo.

Guardando aquela palavra consigo, ela permaneceu firme em oração. Oito anos se passaram e nada aconteceu.

Durante um culto em sua igreja, Rosemary encontrou no primeiro capítulo do livro de Samuel uma palavra de incentivo no relato bíblico do momento em que o sacerdote Eli abençoava Ana. No fim do culto, o pastor de sua igreja chamou todos à frente para que recebessem oração. Sem conseguir chegar até lá, mas confiante na promessa, falou com Deus silenciosamente. "Naquele momento", conta, "eu senti a presença de Deus de forma tão gloriosa que não pude permanecer de pé". Caída, pediu a Deus que enviasse um dos pastores para impetrar a bênção sacerdotal sobre ela. O pastor Celester Paul, que visitava a igreja, viu Rosemary caída e impôs as mãos sobre sua cabeça. Depois da oração, Deus falou com Rosemary dizendo: "Assim como Ana, daqui a um ano". Exatamente doze meses depois, nascia Gabriel, o caçula da família.

Um pescador de artistas

Após se converter, o humorista Dedé Santana lança a rede do Evangelho no meio artístico

Carlos Fernandes

Fotos: Frederico Mendes

MAANFRIED SANT'ANNA diz que nasceu com um dom de Deus: o de ser um artista. Durante toda a sua vida, essa característica fez dele um dos homens mais populares do Brasil, reconhecido nas ruas e adorado pelas crianças. No entanto, dentro daquele palhaço, havia uma alma vazia e um coração triste, escondidos por trás da cara engraçada que fazia milhões de pessoas rirem. Somente há dois anos a imagem da alegria começou a corresponder à felicidade interior. Dessa união harmônica de corpo, alma e espírito, surgiu um novo Manfried, ou melhor, um novo Dedé Santana, ou, como ele agora se denomina, o Dedé de Deus. Essa história é contada no livro Dedé de Deus - Num vôo perdido, um tesouro encontrado, da editora MEI (Missão Evangélica Internacional), lançado no mês passado. Nele, Dedé revela os bastidores dos Trapalhões, a história de sua vida e os fatos que motivaram sua conversão. "Em minhas viagens pelo Brasil, as pessoas sempre se mostravam curiosas por conhecer minha história. Muitos pastores me incentivaram a lançar este livro, para tornar público o meu testemunho", conta Dedé.

Integrante do grupo de humoristas de maior sucesso no Brasil - Os Trapalhões - Dedé Santana diz que sua conversão foi devida a uma série de acontecimentos, principalmente porque Deus o livrou da morte: "Infelizmente, eu vim a Deus pela dor. Eu estava mal, no hospital. Eu tenho certeza de que fui salvo da morte por Jesus". Mas essa experiência foi apenas o clímax de muitas outras que fizeram parte de sua vida, que ele agora entende terem sido um plano divino para salvá-lo. "Eu resisti muito aos chamados de Deus, porque eu achava que ele não ia me perdoar, pois eu era um grande pecador", relata Dedé, que enumera entre seus pecados o fato de ser muito mulherengo, "um péssimo marido", como diz. Segundo Dedé, a sua conversão causou surpresa entre seus amigos e colegas artistas: "Eles diziam: mas logo o Dedé, não é possível..." E ele próprio reconhece que há algum tempo isso lhe pareceria impossível: "Se me falavam em crente, em pastor, eu corria".

O Dedé de Deus - que, na época, era apenas o Manfried - praticamente nasceu no palco, pois sua família era formada por artistas de circo. Nascido em São Gonçalo (RJ) há 58 anos — "por coincidência, pois nosso circo estava ali" —, ele fez seu primeiro papel com três meses de idade, como o filho de uma escrava, interpretada pela sua própria mãe. Sua infância e juventude passaram-se nos palcos e picadeiros, com pouco dinheiro e muito trabalho. Foi palhaço, trapezista, atuou no globo da morte. Mais tarde, e já em parceria com Renato Aragão, que é seu amigo desde "mil, novecentos e antigamente", formou a dupla Dedé e Didi, e atuaram em programas como Um, dois, feijão com arroz, da TV Excelsior, Vídeo Alegre, Os Legionários e finalmente Os Adoráveis Trapalhões, em 1965, juntamente com Ted Boy Marino, Vanuza, Ivon Curi e Walderley Cardoso. A formação do quarteto definitivo (com Mussum e Zacarias) só aconteceu mais tarde, depois de 1972.

CARREIRA DE SUCESSO - Os Trapalhões marcaram gerações de telespectadores com seu programa. Dedé conta casos de adultos que se aproximam dele com filhos no colo e dizem que sempre foram seus fãs, e que seus filhos também o são. O grupo realizou milhares de shows, 37 filmes - muitos deles recordes de bilheteria no Brasil - 16 discos (três deles premiados com o Disco de Ouro) e incontáveis programas de TV. "Sempre fomos campeões de audiência", relembra o Trapalhão. Com seu humorismo no estilo pastelão, atravessaram as fronteiras e atuaram na América Latina, Estados Unidos, Europa e África. Dedé Santana recorda com carinho dos companheiros Zacarias e Mussum, já falecidos: "O cômico nato do grupo era o Mussum. Ele era um comediante perfeito. Eu e o Renato sabemos a arte de fazer rir, com expressões, caretas e truques. O Mussum não, ele era engraçado mesmo. Já o Zacarias era um ator, porque ele compunha um tipo, ele era diferente. Quando ele desfazia o personagem, era outra pessoa"

Nos velhos e bons tempos, com Renato Aragão, Zacharias e Mussum, o humorista agora lança o livro Dedé de Deus, com seu testemunho

POR DENTRO, TRISTEZA - Apesar de todo o sucesso e fama, Dedé Santana não era um homem feliz. Embora tenha sido criado em um lar católico, com o tempo foi perdendo o sentimento religioso: "Eu me tornei apenas mais um católico nominal", admite. Já adulto, teve envolvimentos com cartomancia, Kardecismo e Umbanda. Contudo, foram experiências passageiras, como conta: "Eu não ficava mais de seis meses praticando uma religião, nunca fui adepto de nenhuma". Renato Aragão costumava dizer que ele era ateu. "E era verdade", confirma. As pessoas que conheciam na intimidade o quarteto costumavam dizer que Dedé era o mais mal-humorado, e que com o tempo passou a se tornar esquivo, fugindo dos fãs, ao contrário dos companheiros. Embora tivesse conseguido uma confortável condição financeira, sentia um vazio interior e uma falta de perspectivas para sua vida pessoal que o levavam constantemente à angústia. Mais de uma vez chegou a pensar em suicídio, mas logo percebeu que não teria coragem de praticá-lo. Chegou a procurar a morte, frequentando lugares perigosos e dominados pela marginalidade no Rio de Janeiro, mas o máximo que conseguiu foi ser reconhecido e admirado pelos bandidos... As ingratidões que sofreu ao longo da vida também o entristeciam. Dedé Santana relembra com amargura esses momentos: "Sempre procurei ajudar as pessoas, colaborar com quem precisasse do meu auxílio, mas não era reconhecido por isso, pelo contrário, outras pessoas recebiam os elogios pelas coisas que eu fazia". O humorista dava lugar, então, a um homem solitário e deprimido.

'TOQUES' DE JESUS - Dedé Santana diz que sua conversão deve-se a uma série de acontecimentos aparentemente inusitados, como uma senhora que ofereceu-lhe uma Bíblia em um sinal, um pastor que o perseguia falando de Jesus em Angola, na África, uma camareira da Rede Globo que orava por ele e uma menininha que, no enterro de Mussum, se aproximou e falou-lhe que, durante seus programas, colocava a mão na TV e orava por ele. Em uma viagem de avião, uma passageira disse-lhe que Deus o amava, embora ele houvesse se esquecido dele. "Foi tanta gente que falou de Jesus para mim, que eu nem sei", ele conta. No episódio de sua internação, um grupo de pastores, acompanhados por seu filho. Áttila Sant'anna, foi até seu quarto, para orar por ele. Dedé diz que foi uma surpresa, "pois até então eu não sabia que meu filho havia se convertido". A sua doença foi amplamente noticiada em todo o Brasil, e muitos artistas chegaram a dizer que ele estava à morte. No dia seguinte à oração, uma série de exames foi realizada e nenhum sinal da doença foi encontrado. Alguns dias depois. Dedé teve alta, após ser considerado completamente curado. No entanto, nem assim ele decidiu seguir o Evangelho: "Mesmo depois que Jesus curou-me no hospital, eu ainda resisti, na minha ignorância na fé", diz. A sua decisão só ocorreu em uma reunião da Adhonep (Associação dos Homens de Negócio do Evangelho Pleno), há dois anos, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Dedé Santana, ex-farrista contumaz,
agora é membro da Assembléia de Deus, no Rio.

LEVANDO A PALAVRA - A partir da sua conversão. Dedé Santana entendeu que deveria usar seu talento para levar o Evangelho. "Se Deus me escolheu no meio artístico", acredita, "ele quer que eu fique lá". Ele garante que tem conciliado muito bem as atividades profissionais com a sua fé. O humorista tem certeza de que sua missão é levar o Evangelho, à sua maneira, a todo o Brasil. Dedé realiza trabalhos evangelísticos em todo o país -em um deles. em Belo Horizonte, chegou a reunir mais de cem mil pessoas. Além disso, tem participado de eventos, shows, campanhas beneficentes e trabalhos comunitários, sempre fazendo piadas e brincadeiras: "Quando subo um morro, por exemplo, chego dizendo que vou brincar com as crianças. Depois de muitas palhaçadas, sinto-me à vontade com as pessoas. e aí começo a falar de Jesus", relata. O fato de ter-se tornado evangélico não o impede de envolver-se em projetos artísticos. Ainda tem um ano e meio de contrato com a Rede Globo, que prevêem a realização de dois especiais para esta emissora. Além disso, os Trapalhões pretendem fazer mais um filme, com a participação de Xuxa. Ele garante que continua fazendo muito sucesso: "Em Portugal. por exemplo, o nosso programa é muito conhecido, está há mais de um ano em primeiro lugar na audiência. Lá, os Trapalhões estão no auge da fama", conta, sem esconder a satisfação.

Dedé tem viajado muito, embora já tenha recusado diversos convites para sair do Brasil. A Beto Carreiro, que convidou-o a ir para Las Vegas, e a Renato Aragão, que queria levá-lo para Miami, deu a mesma resposta: "Tenho que ficar no Brasil, para falar do Homem que me salvou da morte no leito do hospital". Ele tem se empenhado em evangelizar seus colegas de profissão - é o criador e presidente da Asac, Associação dos Artistas de Cristo, entidade que conta com a participação. entre outros, de Jece Valadão. Nil (ex-integrante do grupo Dominó) e Wagner Montes, e que tem o objetivo de divulgar o Evangelho entre a classe, além de auxiliar artistas inativos em dificuldades financeiras. "Já contei minha experiência com Deus para o Tony Ramos, o Rômulo Arantes e o Kadu Moliterno. e todos eles se interessaram pela mensagem", testemunha o Dedé de Deus. acrescentando que "quando eu falo para os meus colegas atores que há muitos crentes orando por eles, ficam admirados".

Dedé Santana frequenta a Assembléia de Deus, mas não diz em qual congregação: "Se eu falar, a igreja lota e há muito tumulto, pois as pessoas às vezes confundem o irmão com o artista". Além de Áttila, Dedé tem mais seis filhos, sendo que o mais novo, Marcos, tem apenas um ano. "É uma criança linda, de cabelos pretos e olhos azuis", derrete-se o humorista. Sua esposa, Cristiane, confirma que Dedé é um homem que demonstra com suas atitudes que leva uma nova vida: "Ele é maravilhoso, um ótimo pai, um excelente marido, carinhoso comigo e atencioso com os filhos. Dedé realmente tem Jesus no coração", atesta a companheira do artista. O ex-farrista confirma: "Meu negócio, agora, é viver para minha família".

Suas diversas atividades não o impedem, contudo, de dedicar-se a falar de Cristo para os artistas com os quais convive. Para ele, "só um artista pode evangelizar outro artista de modo mais eficaz, pois é preciso ter tato. sensibilidade e saber falar de um jeito próprio". Para os que consideram o meio artístico muito podre, ele dá um recado: "São pessoas que precisam ser evangelizadas como quaisquer outras. Os crentes e os pastores costumam abandonar essa classe". O Dedé de Deus tem um argumento pessoal para estimular a evangelização dos atores: "A primeira vez que falaram de Jesus para mim, eu ouvi".

Liberdade, Legalismo ou licenciosidade?

Por George R. Foster

CHARLES WESLEY descreveu a nossa liberdade em Cristo na letra do grandioso hino And Can it Be?

"Desejoso a esperar o meu espírito aprisionado
Acorrentado no pecado e na natureza noturna.
Teus olhos difundiram luz
Eu acordei, a prisão flamejou com a luz.
As minhas cadeias caíram.
Meu coração estava livre,
Eu me levantei, fui em frente e te segui"

Liberdade para seguir Jesus, que maravilha! Porém, como os gálatas do período do Novo Testamento, hoje muitos cristãos que uma vez experimentaram a liberdade através da graça salvadora de Cristo já não vivem mais nesta liberdade. Eles perderam a paz, a felicidade e a certeza que chegara às suas vidas com a conversão e caíram em aprisionamento do legalismo auto-justificativo ou da licenciosidade auto-indulgente.

Alguns são manipulados por líderes que se esquecem da graça e impõem leis de sistema, fórmulas e exercícios espirituais designados a guiar os seus seguidores no reino da vida. Geralmente, estas leis são distorções ou más aplicações das Escrituras, prescritas por homens e mulheres com sede de poder, cuja necessidade de autoridade impele-os a ditar o que os cristãos devem fazer, ver, ouvir, sentir, experimentar, praticar, preferir e até pensar. A lista de "não pode" geralmente é muito maior do que a lista de "pode".

Talvez o problema não seja tanto que os cristãos obedeçam a tais regulamentos - eles são relativamente inofensivos se meramente seguidos como guias de comportamento -, mas muitos vão além disso. Eles confiam nessas imposições como a fonte de crescimento, justiça e espiritualidade. Eles se tornam orgulhosos delas, dependentes e escravizados por elas. Outros reagem a esse tipo de manipulação, mas vão para o extremo oposto, insistindo que a liberdade significa fazer o que quisermos, sem nenhuma consideração pela vontade de Deus, o senhorio de Cristo ou o bem-estar dos outros. Da mesma forma, se não colocarmos os desejos sob o controle de Deus, eles vão nos controlar e nos escravizar.

Paulo escreveu para os gálatas a respeito dos extremos do legalismo e da licenciosidade, e os advertiu a trilhar o caminho da liberdade. Preste bastante atenção a estes dois importantes versículos: "Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais de novo a jugo de escravidão" (Gálatas 5.1). "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém, não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor" (Gálatas 5.13).

Escolha o caminho que você seguirá - Paulo mostrou para os galaras que Deus tinha posto à frente deles um caminho de liberdade para seguir, evitando, por um lado, os extremos do legalismo e, por outro, a licenciosidade. Há um caminho de liberdade no Espírito Santo que conduz à vitória. Também há caminhos paralelos, na carne, que levam à derrota.

Liberdade quer dizer que somos perdoados pelos nossos pecados e libertos da penalidade e daquela formação de hábitos destrutivos do pecado. Ela traz espontaneidade e autenticidade à..nossa caminhada com o Senhor, e à habilidade de respondermos a Deus e fazermos a Sua vontade. A liberdade é tudo o que resulta de se experimentar as palavras de Jesus: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8.31). Legalismo é adesão excessiva à letra da Lei, sem se preocupar com o Espírito nela. É uma tentativa de agradar a Deus e manipular a vida da igreja pela observância, multiplicação e imposição rígida das leis. É o que os fariseus tentavam fazer e Jesus tão severamente condenou.

Licenciosidade significa desprezo pelas regras e padrões, falta de controle moral. Outra palavra para isso é libertinagem. Na antiga Roma, libertina era uma pessoa que tinha sido liberta da escravidão. Mais tarde, a palavra veio a significar uma pessoa que vive uma vida imoral. Alguns querem liberdade para fazer o que desejam. Eles se esquecem de que ter Jesus como Salvador e Senhor é viver em submissão ao seu senhorio.

Pedro se une a Paulo ao apontar os perigos da licenciosidade e nos dá um bom exemplo. "Como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto de malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai a todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai ao rei". (1 Pedro 2.16,17).

Liberdade, legalismo ou licenciosidade? O caminho de Deus para a liberdade é o caminho balanceado, o caminho bíblico, o melhor caminho.

George R. Foster, pastor americano, é escritor e diretor da Missão Evangelistica Betânia na America do Sul

Há poder de cura na confissão

Por Reverendo Ricardo Barbosa de Souza

TIAGO, em sua carta, afirma: "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados". A confissão, quando feita em secreto, no quarto, longe das pessoas, é uma prática que acompanha a vida de muitos cristãos. No entanto, estender esta prática secreta ao mundo público, torná-la conhecida dos outros, é uma realidade bem diferente, incomum na experiência cristã. Agostinho (354-430), bispo de Hipona, foi educado num contexto cristão, mas resistiu ao chamado de Cristo e ao envolvimento numa vida de fé por muitos anos. Sua mãe, Mônica, sempre orou pela conversão do filho que, numa visita a Ambrósio, em Milão, converteu-se e foi batizado no ano de 387. Tornou-se então sacerdote e depois bispo de Hipona. Entre suas obras, uma que tornou-se conhecida e teve grande influência sobre a espiritualidade cristã foi As Confissões.

"Crescer na experiência da caridade é crescer em direção a imagem de Deus e tornar-se mais unido a ele."

Para Agostinho, confessar é desnudar a alma e o coração diante de Deus, de nós mesmos e dos outros. É através deste ato que o homem passa a conhecer-se a si mesmo. "Eis que amaste a verdade, porque aquele que a pratica vem à luz. Com essa confissão em meus escritos, quero praticar a verdade no meu coração diante de Deus e diante de tantas testemunhas." Para ele, praticar a verdade é tornar claro quem ele é. Agostinho sabia que é possível ao homem enganar-se a si mesmo e construir uma imagem falsa perante o próximo, mas diante de Deus é impossível que o homem esconda sua verdadeira face. "Diante de Deus, está sempre a descoberto o abismo da consciência humana. Que poderia haver de oculto em mim para Deus, por mais que eu não quisesse dizer a verdade? Conseguiria apenas ocultar Deus aos meus olhos, mas não poderia ocultar-me dos seus". Somente Deus conhece a verdade do coração do homem e pode revelá-la. Confessar é permitir que a verdade sobre nós mesmos seja revelada.

Tiago propõe que a confissão seja uma experiência pública, feita não apenas em secreto diante de Deus, mas também "uns aos outros" para sermos curados. Este é o lado mais difícil e complexo da confissão. Agostinho também enfrentou este dilema. Ele pergunta: "Mas, para que tenho de confessar-me diante dos homens, como se fossem eles que me perdoassem os pecados? Os homens estão sempre dispostos a bisbilhotar e a averiguar as vidas alheias, mas têm preguiça de conhecer-se a si próprios e de corrigir a sua própria vida. Por que querem ouvir-me dizer quem sou, eles que não querem que Deus lhes diga quem e como são?" Por que devemos nos expor aos outros? Tornar nossa vida privada, pública? Revelar segredos íntimos e pessoais? Que bem isto poderia trazer aos homens? A resposta que Agostinho dá a estas perguntas é bastante simples. Para ele, a razão de suas confissões perante os homens não nasce do desejo ingênuo de, simplesmente, revelar seus segredos àquelas pessoas ávidas por bisbilhotar a vida alheia, mas sim, do seu desejo de que as pessoas compartilhem com ele a natureza da graça e do perdão de Deus por ele experimentados. "A confissão que fiz dos meus pecados anteriores à conversão... moveu os corações, quando foi lida e ouvida; assim foi, para que ninguém adormecesse no desalento e dissesse: 'Não posso', antes despertasse para o amor e a felicidade, para a misericórdia e para a graça de Deus, que torna forte todo aquele que antes era fraco".

Há outra razão pela qual Agostinho deseja tornar sua confissão pública. Ele quer dar a conhecer aquilo que Deus, por sua graça fez por ele, e as transformações que a bondade de Deus realizou em sua vida. A confissão é o caminho que nos leva à experiência da transformação do caráter e do coração. "Dar-me-ei a conhecer porque não é pequeno o fruto que pode produzir: que sejam muitos os que dêem graças a Deus por mim e que orem por mim; desejo que aqueles que me leiam se sintam movidos a amar o que Deus ensina, e a sentir dor do que lhes deve causar dor... O fruto que agora desejo tirar das minhas confissões não se refere, pois, ao que fui, mas ao que sou hoje. Desejo dá-lo a conhecer não só diante de Deus, mas diante dos homens, dos meus concidadãos, que caminham comigo." A confissão, segundo Agostinho, é essencialmente um encontro transformador do nosso próprio caráter, que promove a transformação daqueles que conosco caminham o caminho da fé.

Agostinho procura nas suas confissões apresentar não apenas fatos ocorridos em sua vida, mas, sobretudo, aquilo que ele é. Para ele, o pecado não é apenas um acidente isolado, mas a realidade da própria existência humana. Sua confissão não revela somente seus erros, mas sua natureza, seu caráter. Ele fala da tentação da carne em sonhos, da gula, da atração dos perfumes, dos olhos, da curiosidade, do orgulho, da vaidade e do amor próprio, procurando fazer de Deus um espelho de sua própria alma. Ao contemplar a Deus em sua luz e verdade, contemplamos nosso próprio coração. "Deus é luz que não se extingue; aquela que eu consultava sobre todas as coisas." Confessar é conhecer a realidade mais íntima do nosso ser, e isso só nos é possível diante daquele que nos conhece completamente, aceita e ama. Deus não é apenas luz que ilumina nosso interior, mas também é a verdade que desmascara a mentira e a ilusão. "Deus é a verdade que está sobre todas as coisas. Mas eu não queria perdê-la e, ao mesmo tempo, na minha avareza, queria possuir também a mentira; como o mentiroso que não quer mentir muito para não perder a noção da verdade. Foi assim que perdi a Deus, porque Ele não quer ser possuído juntamente com a mentira." Na comunhão com a luz e a verdade, Deus revela não apenas o que faço, mas também quem sou no íntimo da minha alma.

Para Agostinho, o conhecimento de Deus, bem como a transformação do caráter humano, obtidos pela experiência da confissão, nos levam ao encontro e à comunhão com Deus e o próximo, que é a razão da vida e a causa primeira do propósito do Criador. "Fizeste-nos para ti e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em ti."

(As citações foram extraídas do livro As Confissões, de Santo Agostinho. Ed. Quadrante, São Paulo, 1989)

Reverendo Ricardo Barbosa de Souza é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília (DF).

quinta-feira, 4 de janeiro de 1996

Domingo no parque

Assembléia de Deus de Campinho tem piscina e futebol na igreja

Num clima descontraído, os fiéis se divertem de roupa e tudo

Passar o dia na igreja pode não significar mais apenas momentos de comunhão espiritual, como orar, louvar e ler a Bíblia. E, muito menos, para alguns, perder um dia de sol. Pelo menos para os membros da Igreja Assembléia de Deus, de Campinho (subúrbio do Rio), a primeira igreja-parque do Brasil. Agora eles podem unir o útil ao agradável: o templo fica a poucos metros da piscina e, enquanto se estuda a Palavra, pode-se contemplar a churrasqueira. Tudo na maior harmonia e sem escandalizar ninguém.

Inaugurada em junho do ano passado, a igreja-parque ocupa uma área de 4.360 metros quadrados, que antes era utilizada como casa de festas. Foram necessárias apenas algumas adaptações, pois o local já contava com campo de futebol, quadra gramada, piscinas, cantina e chur-rasqueira, além de salão de jogos e playground. O pastor presidente da igreja, Manassés Lins de Brito, 46 anos, conta que, assim que surgiu a oportunidade de aquisição da área, pensou em implantar ali algo semelhante ao que já vira nos Estados Unidos.

A partir daí, e como não poderia deixar de ser, a ideia causou polêmica. Muita gente tem dificuldade de aceitar opções de lazer junto a um templo. "Eu sofri críticas, sim, sobretudo de colegas de ministério da minha própria denominação", revela o pastor Manassés, reconhecendo que "o trabalho gerou pontos de atrito com alguns segmentos". O pastor, porém, garante que "a comunidade está bastante satisfeita".

Os 400 membros da igreja gostaram mesmo da novidade. Em tempos de reclusão forçada pela insegurança, eles têm a oportunidade de se divertir e confraternizar em um ambiente reservado, onde podem garantir a preservação de seus princípios e normas de comportamento. Ali não se fuma, não se fala palavrão e piscina, só de camiseta e bermuda. Estas regras têm de ser observadas mesmo pelos visitantes, já que a igreja admite a presença de não-evangélicos.

A igreja-parque tem restaurante e quadra de esportes

"Nos tempos em que vivemos, temos que ter nossos familiares junto a nós, principalmente nossos adolescentes e jovens. Podemos oferecer algo que eles não precisam ir buscar lá fora, no mundo", comenta o pastor Silas Barbosa de Andrade, vice-presidente da igreja. Para ele, a criação do espaço tem mudado a concepção de igrejas mais conservadoras, que restringem o lazer e as brincadeiras. O pastor Manassés acrescenta que o parque criou um "gancho de evangelização", sobretudo de jovens.

A juventude que freqüenta a igreja está totalmente de acordo. Albert Paiva, de 26 anos, acha que o crente tem o direito de desfrutar de lazer e de uma vida espiritual sadia. Surfista convertido há cinco anos, ele faz uma observação bem-humorada: "Só faltam ondas na piscina".

O líder dos jovens, Tércio Rocha, vê na igreja-parque uma oportunidade de aproximar mais as pessoas. Para quem pensa que só os jovens estão vibrando com a novidade, Lenita Pereira Carneiro, de 75 anos, conclui: "Achei ótimo. Nós vamos tirar muitas pessoas lá do mundo que serão atraídas para Jesus". Ela não teme que essas pessoas venham à igreja apenas para se divertir. Não tem a menor importância, eles podem até vir só pelo lazer, mas aqui eles vão encontrar Jesus e se converter!

As luzes voltam a brilhar no palco de Michael Sweet


Clip Gospel

Por Felippe Hernandes (Tid)

Fotos Divulgação

Muitas vezes os refletores, os canhões de luzes e a fumaça que invadem os palcos da gospel music internacional não nos deixam ver o que se passa nos bastidores. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Michael Sweet, um dos mais importantes vocalistas e guitarristas do heavy metal cristão. Tudo começou há dez anos, quando ele e mais três rapazes resolveram tocar para Jesus. Michael escrevia as músicas, fazia os arranjos, produzia e não demorou muito tempo para conduzir a banda para um estrondoso sucesso

Na época, a banda era chamada pela imprensa de Killer B - a banda de "assassinos batistas". Para se ter uma idéia da força que o grupo representava, em 1985 a revista Time chegou a apelidar a banda de João Batista da era moderna. Até hoje ela é lembrada como a banda que mudou a face e o cabelo da música cristã. Michael dizia: "Mantivemos o nosso foco, a devoção e a dedicação para com Cristo e o sonho de chegar nas pessoas inalcançáveis por meio do ministério convencional". E acrescentava: "Somos gratos e humildes perante Deus e agradecemos a Ele por nos ter escolhido para levar sua mensagem".

Mas nem tudo eram flores. As críticas, vindas de todos os lados, não tardaram a ser lançadas contra aqueles que estavam mudando a cara da música gospel americana. Bastou um descuido para que a banda fosse atingida por dardos inflamados e contaminados pelo veneno destruidor daquele que estava po'r trás de tudo isso: Satanás. Nesta trajetória, os Joões Batistas chegaram a gravar o disco Against the Law (Contra a Lei), uma manifestação de puro protesto e sem nenhuma referência a Jesus, a Deus e à salvação. Não é difícil de se imaginar o que rolou depois disso: brigas, intrigas e muita confusão. O próprio Michael admite que haviam perdido o foco: "Esquecemos a mensagem. Começamos com festas, bebidas e tudo o mais. Vivíamos aquilo que condenávamos no palco". Segundo o guitarrista, eles só não se envolveram com drogas e adultério pela misericórdia de Deus. "Foi aí que Ele entrou em cena e fez parar a bagunça. Hoje sei que Deus nos perdoou e sou-lhe grato pela chance de fechar as portas do passado", conta.

Este é mais um exemplo de que Jesus faz novas todas as coisas. Atualmente, Michael diz ser uma nova pessoa, mais madura, com responsabilidade e crescimento espiritual. Uma mudança que fica evidenciada nos seus mais recentes trabalhos como artista gospel. As luzes voltaram a brilhar no palco da vida de Michael Sweet.

Bom, gente, por enquanto é só. Na próxima edição tem mais. Tchau, tchau!

Novidade

Fotos: Frederico Mendes

O grupo de pagode Pode Crer foi um dos destaques do Som na Concha

O Som na Concha, evento que rolou no dia 11 de novembro de 1995 na concha acústica de Niterói (RJ), encerrando as comemorações dos 24 anos da Comunidade S8, deu no que falar. Cerca de 2 mil jovens cantaram e dançaram ao som do grupo de pagode Pode Crer, das bandas Rhuama, Complexo J, Fruto Sagrado e Oficina G-3, além da presença do atleta de Cristo Sérgio Manoel, do Botafogo. O comando do show ficou por conta de Marina de Oliveira, do cantor Graça e Paz e da sempre sorridente Georgiana Guinle. Mesmo debaixo de chuva, a galera balançou. A renda da venda de ingressos do Som na Concha foi revertida para a construção do novo Centro de Terapia Ocupacional da S8.

Bola na Tailândia

A bola vai rolar na Tailândia. É a Pre-King's Cup Special, copa internacional de futebol de evangélicos que vai rolar em Bancoc de 2 a 15 de janeiro de 1996. A iniciativa é da Thailand Christian Sports Association, ministério Atletas de Cristo e da Primeira Igreja Batista de Santo André (SP) com apoio da Federação Tailandesa de Futebol. O evento faz parte das comemorações do 50° aniversário de coroação do rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej (Rama IX), e terá a participação de times do Brasil, Coréia do Sul, Argentina e, naturalmente, dos anfitriões.

O Brasil será representado pela equipe da Primeira Igreja Batista de Santo André, o Verdade em Jogo, que conta com alguns atletas de Cristo, como Wagner, do São Paulo, e Marrão, do Juventus. O preparo não é somente físico: os jogadores estão fazendo curso de cultura tailandesa com Margarita Adiwardana, missionária indonésia e professora da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Folhetos em inglês serão distribuídos nos intervalos das partidas. O primeiro jogo é dia 6 de janeiro contra o time da Tailândia.


Um acampamento imperdível

A Missão Jovens da Verdade, de São Paulo, está preparando para este mês uma temporada de verão de primeira qualidade, com dois acampamentos chocantes. O primeiro é de 7 a 15 de janeiro para a turma de 7 a 12 anos. O segundo, na semana seguinte, é para os teens de 13 a 18. O tema é uma curtição: Jesus Cristo, o Contador de Histórias, inspirado no sucesso de Robert Zemeckis, Forrest Gump, o Contador de Histórias.

A galera vai curtir também piscina, campo de futebol, quadra poliesportiva, lago e muito mais. O acampamento Jovens daVerdade fica em Arujá, a uma hora do centro de São Paulo.

Para participar ligue para (011) 466-2920 e fale com Ismênia ou, se preferir, escreva para a caixa postal 66 cep 07400-970 Arujá, São Paulo.

quarta-feira, 3 de janeiro de 1996

A reação da fé

Evangélicos participam da passeata que parou o Rio

Fotos: Frederico Mendes

A passeata foi uma festa da cidadania e reuniu evangélicos, personalidades e representantes da sociedade civil

Foi um milagre. Pela primeira vez na história da Igreja Evangélica brasileira, cidadãos batistas, presbiterianos, da Assembléia de Deus e dezenas de outras denominações se engajaram num movimento cívico de massa em que o objetivo não era o evangelismo. Pelo menos 3 mil evangélicos participaram da caminhada Reage Rio, no dia 28 de novembro do ano passado, junto com uma multidão de cariocas que foram para a avenida Rio Branco pedir paz para o Rio de Janeiro. Organizados em alas, como as demais entidades presentes (de estudantes, aposentados, negros e mulheres, entre outras), os evangélicos se destacaram pela criatividade e pela euforia dos gritos de guerra, como "o nosso general é Cristo".

Moradores do complexo de Acari formavam o bloco de apoio à Fábrica de Esperança portando faixas com sugestivos dizeres: "O sonho de Deus não pode virar pó"; "Nós confiamos na Fábrica de Esperança", avisos claros de que não aceitam as acusações do governador do estado, Marcello Alencar, de que a Fábrica é posto de estoque de drogas. Logo atrás, estudantes e funcionários do Seminário de Teologia Batista do Sul, alunos do Colégio Batista e membros da Igreja Batista Itacuruçá, na Tijuca, traziam bandeiras, faixas e camisetas com o slogan "Se chover amor, o Rio vai transbordar de paz". Choveu foi água. Das 14h45 às 16h50, a cidade ficou debaixo de um dilúvio pra Noé nenhum botar defeito.

O pastor e professor Silvino Neto, diretor do curso de Educação do Seminário, que organizou a participação da instituição na passeata, acredita que "está na hora de os evangélicos começarem a exercitar cidadania". A seminarista Denaise Mello acrescenta: "Nós não fazemos parte do mundo, mas estamos nele. As pessoas precisam da gente".

A paz em Cristo, proclamada pelo bloco dos cristãos, quase foi abalada, por volta das 19h, quando um bando de funkeiros se infiltrou no grupo e, com ameaças e brigas, por pouco não promove uma dispersão dos evangélicos. Alguns, assustados, deixaram a avenida. A maioria não arredou pé e ainda revidou, gritando frases de apoio à Fábrica de Esperança.

SEM PARANÓIA - Membros e pastores da Igreja Evangélica Maranata levaram a faixa "Permanecem a fé, a Fábrica de Esperança e o amor". O pastor Sílvio Passos, da Maranata de Duque de Caxias — tradicional cenário da violência do Grande Rio — é convicto defensor da participação evangélica em atos públicos. "É nossa obrigação buscar a paz para a nossa cidade, pois nós também estamos insatisfeitos. As balas perdidas também atingem as cabeças dos nossos filhos", diz. Ele acha que o cristão não pode viver em paranóia: "Somos cidadãos do céu, mas também brasileiros. Ir para a rua é demonstrar que estamos interessados em requerer das autoridades que façam jus aos votos que demos a elas".

Pequeno, mas muito animado, um grupo de jovens da Igreja Universal do Reino de Deus se uniu aos irmãos da Maranata. Eles vieram de Duque de Caxias e se identificavam pela camiseta com os dizeres "Uma nova geração sem drogas". Se inspirados pelo fato de um dos organizadores do evento ser o pastor presbiteriano Caio Fábio D'Araújo Filho, se movidos simplesmente pela ira santa contra a violência do Rio de Janeiro, o fato é que os evangélicos cariocas botaram o bloco na rua para dizer, alto e em bom som, a que vieram, reagiram e ultrapassaram os portões dos templos.

Comissão: Fábrica não foi usada como depósito de drogas


A droga apreendida na caldeira desativada
pode ter sido plantada ou deixada por
traficantes em fuga

Não há indícios da conivência de funcionários da Fábrica de Esperança no episódio em que foram descobertas drogas naquele local. Esta foi a principal condusão da comissão de sindicância interna formada pelo reverendo Caio Fábio para investigar, em caráter administrativo, o incidente em que foram encohtradas drogas no interior da Fábrica. A comissão, que trabalhou durante uma semana e meia ouvindo funcionários e inspecionando as instalações do empreendimento social em Acari, concluiu também que o local não era usado como depósito de drogas. No entender do juiz aposentado José Gonçalo Rodrigues, que integrou a comissão, a quantidade & drogas encontrada na Fábrica "representa patrimônio para os traficantes", sendo normalmente armazenadas em lugares protegidos e de difícil acesso (os chamados paióis), e não em locais abertos ao público e por onde transitam diariamente centenas de pessoas.

A comissão, que além de Gonçalo era integrada pelo tenente-coronel PM José da Costa Santos e pelo delegado da Polícia Federal Neemias Carvalho Miranda - também já aposentados -, considera viáveis duas outras hipóteses: a de que as drogas foram deixadas por traficantes em fuga da polícia e a de que o material poderia ter sido plantado com o objetivo de prejudicar a Fábrica ou algum de seus dirigentes e funcionários. Esta segunda alternativa é citada em duas cartas recebidas pela Fábrica e Esperança na semana seguinte à ocorrência. Já a suspeita de que algum traficante poderia ter deixado os tóxicos de passagem pelas instalações da Fábrica é reforçada pela precariedade do sistema de segurança do empreendimento. Na ocasião do episódio, apenas 16 homens se revezavam na vigilância do local, divididos em turnos, e todos desarmados. Além disso, a área dos fundos, com muitos setores abandonados e cercada por muros, só contava com a observação de um segurança, cujo posto não permitia uma visibilidade completa da área. Esse sistema de segurança já era utilizado pelos antigos responsáveis pela empresa Formiplac.

A comissão de sindicância interna sugeriu à direção da Fábrica a instalação de mais postos de observação, maior iluminação e a introdução de um sistema de comunicação por rádio, a fim de melhorar as condições de segurança. Além disso, há a sugestão de que a vigilância seja feita em rondas, o que possibilitaria melhor vigilância da área de 55 mil metros quadrados ocupada pela Fábrica.

Gonçalo lembrou que o trabalho da comissão se limitou a observar ar as condições de segurança interna das instalações, além de analisar as condições em que se deu a localização das drogas tm um trecho desativado da Fábrica.

Os 'robocops' do governador

A polícia que investiga a Fábrica de Esperança pode estar sendo influenciada pelo prejulgamento de Marcello Alencar

Por Carlos Fernandes

A condenação pública da Fábrica de Esperança gerou
indignação e a suspeita de que a polícia estaria sendo
obrigada a conseguir provas da suposta conivência dos
diretores do projeto com o tráfico de drogas

A condenação pública do megaprojeto social da Fábrica de Esperança pelo governador do Estado do Rio, Marcello Alencar, colocou em xeque a independência da polícia, que se viu obrigada a buscar, a todo custo, provas de que há conivência entre diretores da Fábrica e o tráfico de drogas em Acari. No entanto, surge um obstáculo a essa lógica canhestra numa das conclusões da sindicancia administrativa promovida na Fábrica de Esperança por uma comissão especialmente criada pelo reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, presidente da Vinde (Visão Nacional de Evangelização), que coordena o projeto social. Após uma semana e meia de investigações, a comissão formada por um juiz, um delegado federal e um tenente-coronel da PM - todos apo-sentados - constatou não haver qualquer indício de cumplicidade por parte dos 186 funcionários da Fábrica de Esperança com a droga achada numa parte isolada da Fábrica, no ano passado. Acreditar que há conivência entre a Fábrica de Esperança e o tráfico de drogas é o mesmo que imaginar que todo o aparelho policial está a serviço do crime organizado e nem um pouco preocupado em combatê-lo. Com seus 17 projetos sociais, alguns deles de cursos profissionalizantes, a Fábrica, na verdade, incomoda não apenas os maus policiais - que entram nas favelas vizinhas para extorquir -, mas também o tráfico que, obviamente, não quer abrir mão de seu celeiro de aviões e fogueteiros, aqueles meninos que transportam a droga e atuam como sentinelas nas bocas-de-fumo.

LISTA DO BICHO - O reverendo Caio Fábio já lembrou que o fato de o número de policiais envolvidos com o crime ter crescido no Rio não significa que o governador Marcelo Alencar compactua com a corrupção na polícia. Preocupado com a isenção da polícia no episódio da Fábrica, o reverendo Caio Fábio solicitou a cooperação do Ministério Público Estadual nas investigações. O promotor designado foi Antonio José Moreira, o mesmo que chefiou as investigações da lista de propinas do jogo do bicho, onde foi encontrado o nome do governador Marcello Alencar, em julho do ano passado.

Aparentemente, o delegado titular da 40a. DP, Mário Azevedo, teve uma posição isenta. "Aqui não se faz política", disse o delegado ao reverendo Caio Fábio, o primeiro dirigente da Fábrica de Esperança a depor como testemunha inquérito que apura a apreensão drogas no projeto social. O passado delegado, porém, pode não ajudá-lo a manter a isenção por muito tempo. Toda a polícia sabe que, há alguns anos, ele foi encontrado conversando com um dos maiores contraventores do Rio, o capitão Ailton Guimarães.

A Polícia Militar também não fica atrás nas suspeitas. Embora o tenente-coronel Marcos Paes - um oficial comumente tratado pela imprensa como acima de qualquer suspeita - estivesse no comando da operação na Fábrica, ele tem no 9° batalhão uma tropa nada amistosa. Quase sempre policiais daquela unidade estão nos jornais, acusados de irregularidades e até corrupção. Foi no mínimo estranha, por exemplo, a atitude do tenente Aquino, que participou da operação na Fábrica. Além de conduzir Marcos Paes diretamente ao local onde estava a cocaína, numa área de 55 mil metros quadrados, o tenente Aquino foi visto à paisana, dias depois, acompanhando os depoimentos de diretores da Fábrica. Normalmente a Polícia Militar se limita à ação ostensiva, longe da delegacia.

Para ter certeza de que houve conivência de funcionários da Fábrica com o tráfico de drogas em Acari, a polícia precisaria, ao menos, prender o chefe do negócio ilícito, conhecido como Viriato. Acontece que nenhum estranho entra na Favela de Acari - vizinha à Fábrica - sem ser notado pelo exército de olheiros e fogueteiros do tráfico. É um território independente do estado. Além das dificuldades naturais, a polícia do Rio é hoje uma força totalmente subordinada ao governo do estado. Com exceção da consciência crítica representada pelo chefe da Polícia Civil, delegado Hélio Luz, a instituição está encurralada pelas pressões da sociedade, agravadas pelo aumento do número de sequestros. À medida em que cresce o clamor da sociedade, acirra-se a disputa entre as duas corporações policiais do estado.

JORNALISMO COMPROMETIDO - Ao contrário da maioria dos órgãos de imprensa, o jornal Folha Universal de propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus, optou pelo caminho dos ataques pessoais e acusações inverídicas contra o reverendo Caio Fábio. Na edição de 3 de dezembro, o jornal publica inverdades (diz que foram apreendidos sete mil sacolés de cocaína, errando por, cinco mil) e faz declarações estapafúrdias e sem a menor veracidade, como a de que " a Fábrica de Esperança nasceu de uma reunião entre a cúpula da Rede Globo, a Cúria Metropolitana, o reverendo Caio Fábio e a Visão Mundial".

Além disso, a matéria classifica como "malcriação" as respostas que o reverendo Caio Fábio deu ao governador, após Marcelo Alencar, no dia seguinte ao episódio, ter ocupado a imprensa com acusações precipitadas. A Folha Universal em sua cobertura, demonstrou a subserviência da Igreja Universal ao governo do estado, ao qual está intimamente ligada - um de seus líderes, Aldir Cabral, recebeu a Secretaria de Trabalho como retribuição pela colaboração na campanha de Marcello.

O governador é chamado de inteligente e tem seu governo elogiado. Certamente, os servidores públicos estaduais - que estão sem aumento salarial há um ano e meio - não concordarão com isso. Mas a Folha Universal não se importa e parece se empenhar no sentido de ser um boletim do governo estadual. Provavelmente, Marcello Alencar deve estar mais satisfeito com a Folha Universal do que com o próprio Diário Oficial do Estado.

Cartas anônimas acusam a polícia


As cartas foram encaminhadas ao Ministério Público

A comissão de sindicância interna, que investigou as responsabilidades pela droga encontrada na Fábrica, encaminhou ao Ministério Público Estadual duas cartas anônimas - uma delas com envelope timbrado da Polícia Militar - informando que a cocaína foi plantada na Fábrica por policiais militares do 9º. Batalhão. Os informantes anônimos dão detalhes sobre irregularidades praticadas por policiais sob as ordens do tenente-coronel Marcos Paes, comandante daquela unidade. Como a carta beneficia a direção da Fábrica, os integrantes da comissão se eximiram de emitir qualquer juízo de valor sobre as peças encaminhadas ao Ministério Público.

O promotor Antonio José Campos Moreira informou à comissão já ter encaminhado as cartas à justiça e também à Corregedoria da Polícia Militar, que vai investigar as denúncias. Uma das cartas, cujo autor assina como sargento da PM, faz uma série de acusações, entre as quais a de que a droga encontrada na Fábrica já fora apreendida em uma operação anterior e se encontrava em poder de policiais. Dizendo que "não aguenta mais ficar calado", o autor da carta afirma que participou da ação na Fábrica e viu como "foi montado todo o esquema". Em outro trecho, a carta afirma que o comandante Paes faz todo o possível para se promover, inclusive reter drogas apreendidas para que "futuramente, em uma operação, possa chamar a atenção de todos através da mídia, mostrando que ele está trabalhando".

A outra carta enviada ao reverendo Caio Fábio afirma que o coronel Paes forjou o flagrante de drogas na Fábrica. O autor da carta diz que não pode identificar-se, por ser soldado do 9º. Batalhão, e em um de seus trechos relata que "o citado oficial é primo de sangue ou de consideração do conhecido traficante ou fraudador de seguros Carlinhos Martincar, sócio e receptador de armas do também conhecido Carlinhos do Fubá". A carta acusa o comandante do 9º. Batalhão de ser "mais um braço do crime organizado", e que o episódio teria tido um duplo resultado em seu favor: ganhar notoriedade e jogar a sociedade contra a Fábrica de Esperança, que estaria atrapalhando o comércio de drogas no local.

Embora as cartas sejam anônimas, moradores do Conjunto Amarelinho confirmam que é comum os policiais entrarem na favela trazendo drogas - o que eles chamam de "flagrante" - numa sacola de supermercado. Os moradores denunciam policiais do 9º. Batalhão da PM como responsáveis pela maioria dos atos de violência cometidos na área. Segundo eles, é comum também, nas incursões policiais, ocorrerem extorsões e execuções sumárias. Os moradores denunciam, também, que o comandante do 9º. Batalhão PM, tenente-coronel Marcos Paes, sempre se faz acompanhar por agentes já conhecidos na comunidade como achacadores e truculentos. O coronel Marcos Paes não foi encontrado pela reportagem.

Cristãos na alça da mira

Por Marinês de Biasi

Fotos: Operação Mobilização

Membros do Partido Islâmico Armado assumiram o assassinato de quatro padres

O assassinato de quatro padres na Argélia foi mais uma demonstração da estratégia de "extermínio de expedicionários cristãos", campanha implantada no país pelo Partido Islâmico Armado. O grupo assumiu o crime, justificando-o como represália pela morte de quatro membros do partido mortos na queda de um avião francês em Marselha. Três dos padres eram professores e o outro havia acabado de chegar ao país para fundar uma associação com a finalidade de promover o desenvolvimento das relações entre o cristianismo e o islamismo. Com isso, sobe para 75 o número de mortes de estrangeiros no país em função do fanatismo religioso.

CONFINS

FILIPINAS um grupo islâmico fundamentalista rebelde atacou a cidade cristã de Ipil, situada na Ilha de Mindanao, ao sul do país, matando 47 pessoas. Os rebeldes querem estabelecer um Estado islâmico nas Filipinas.

INDIA: diversas missões, como a Jocum - Jovens com uma Missão -, vêm concentrando esforços na evangelização da índia, onde o trabalho é muito dificil. Além da grande quantidade de dialetos, alguns dos quais exigindo anos de aprendizado, e do problema da miséria, a população do país reverencia inúmeras divindades. Ainda assim, acredita-se que, até o início do próximo século, todo o país será alcançado pelo Evangelho, com literatura cristã disponível em qualquer língua ou dialeto.

ZAMBIA: os cristãos a que vivem no país pedem orações pela situação econômica e social do país. O desemprego é grande, fazendo com que muitos jovens se convertam à religião muçulmana, recebendo ajuda financeira de grupos religiosos.

IËMEN: o país se uniu ao clube dos regimes militares do Oriente Médio, que compreende Sudão, Líbia e Iraque. Todos se declaram Estados islâmicos. O parlamento do Iêmen votou, em unanimidade, pela adoção da lei islâmica como fonte de referência para a legislação do país.

Evangélicos proscritos

Militantes islâmicos do Paquistão estão oferecendo recompensas em dinheiro para quem conseguir matar dois cristãos acusados de blasfemar contra o islamismo. Rehmat Masih, 44 anos, e seu sobrinho Salamat Masih, 14, fugiram para a Europa um dia depois de sua libertação de uma prisão em Labore. Enquanto pediam asilo religioso, mantiveram-se escondidos, pois estavam ameaçados de morte. Quatro paquistaneses cristãos também tiveram que sair do país. Outros quatro já foram assassinados, acusados de blasfemar contra a religião islâmica.

Boas Novas que chegam do mar

O Doulos está ancorado na índia

O ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, foi um dos convidados de honra na abertura oficial da visita do navio Logos II ao porto de Swansen, no País de Gales. Impressionado com os resultados do ministério, Carter elogiou o esforço dos missionários, que já distribuíram quase 650 mil Bíblias e Novos Testamentos pelo planeta. Os números do Doulos — o outro navio cujo ministério é apoiado pela Operação Mobilização — também são animadores: mais de 750 mil Escrituras Sagradas, totais ou parciais, espalhadas por vários portos do mundo. Durante o mês de janeiro, o Logos II estará em Portugal, enquanto o Doulos ficará ancorado na índia.

Conversão é crime na Malásia


Enquanto o número de mesquitas cresce, as igrejas sofrem restrições na Malásia

"Quem nasce muçulmano morre muçulmano." Esta é a filosofia do governo da Malásia, que vem criando restrições ao trabalho de evangelização do país. No ano passado, foi aprovada uma legislação que prevê duras punições, inclusive com prisão, aos muçulmanos convertidos ao islamismo. Diversas mesquitas estão sendo construídas em todo o país, mas os obstáculos à edificação de igrejas são maiores a cada dia. Cabe lembrar que, a despeito das proibições, a liberdade religiosa é garantida pela Constituição da Malásia.

Liberdade vigiada no Iraque


Saddam Hussein, homem-forte
do Iraque

Desde a Guerra do Golfo, cerca de 500 mil Bíblias e porções das Escrituras já foram importadas pelo Iraque. O governo de Bagdá concedeu permissão para a impressão de um número limitado de Bíblias e livros para crianças. Por conta da vigiada liberdade religiosa no país, o filme Jesus já foi televisionado em diversos idiomas, inclusive o árabe e o curdo. Ao contrário de outros países islâmicos, o Iraque tem permitido a construção e a restauração de igrejas.




Se você tem notícias do campo missionário e quer divulgá-las, envie um texto de oito a dez linhas (papel oficio, corpo 12) com uma foto colorida de cada matéria para: Revista VINDE - Rua Luis Leopoldo Fernandes Pinheiro, 604/102 andar - Niterói, RJ - CEP 24001-970, aos cuidados de Marinês de Biasi.


Maria Inês Noronha

Correio Missionário

Escreva para estes missionários brasileiros que têm dedicado seu tempo, suor, saúde e recursos para levar o Evangelho a vários pontos do Brasil e do mundo, oferecendo a eles uma palavra de incentivo e seu apoio.


Hamilton e Rose Bossan
Caixa postal 154
CEP 69301
Roraima

Carlos M. Dantas
Caixa postal 6180
CEP 80011-970
Curitiba - PR

Humberto Maia Aragão
R. Manoel Bosco Ribeiro, 426
Jardim Industrial
CEP 12241-070
São José dos Campos - SP

Daniel e Nilvana Rezende
Praceta Filinto Elisio, 10/40 B
Carnaxide - Linda-a-Velha
Portugal

José Carlos Alcântara da Silva
Caixa postal 112
CEP 78580-000
Alta Floresta - MT

Humor

Carlos Fernandes

Inda bem que tu foi o último, hein maladro?!
Senão, não sobrava brinquedo pra ninguém.

O prato que mudou a História

Jacó garantiu sua bênção em troca das lentilhas

Por Ester Roisenberg

Fotos: Frederico Mendes

Esaú vendeu sua primogenitura ao irmão Jacó, por um prato

É difícil acreditar que, um dia, há milhares de anos, o neto de Abraão, Esaú, venderia sua primogenitura ao irmão gêmeo, Jacó, por um prato de lentilhas, ainda que saboroso. Naquela época, ser o filho mais velho dava vários direitos. Era imenso o desejo de Jacó de receber a bênção de seu pai Isaque. Em Gênesis, capítulo 25, versículos 29 a 34, são narrados os detalhes dessa troca.

"Jacó tinha feito um guisado, quando Esaú chegou do campo muito cansado. Disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou muito cansado. Por isso, se chamou Edom. Disse Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura. Respondeu Esaú: Estou a ponto de morrer, logo, para que me servirá o direito de primogenitura? Então disse Jacó: Jura-me primeiro. Ele jurou, e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó. Jacó deu a Esaú pão e o guisado de lentilhas. Ele comeu e bebeu, e então se levantou e saiu. Assim, desprezou Esaú o seu direito de primogenitura."

"E Isaque abençoou a Jacó dizendo: Sirvam-te os povos, e nações se curvem a de lentilhas ti. Sê senhor de teus irmãos, e os filhos de tua mãe se encurvem a ti. Malditos sejam os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem" (Gênesis 27:29).

A palavia lentilha é mencionada em outros textos da Bíblia, todos do Antigo Testamento: 2 Samuel 17:28 e 23:11; Ezequiel 4:9. E quem saboreia um delicioso prato à base de lentilhas como o que ensinamos nesta página pode ter uma idéia do dilema que se passou na mente - e, principalmente, no estômago - do esfomeado Esaú. Apesar de não constar da tradição culinária brasileira, é uma ótima opção para um cardápio original. Só não podemos esquecer que ele preferiu a satisfação de seus desejos imediatos em detrimento de bênçãos futuras, das quais abriu mão a um baixo preço.

Como fazer Lentilha Bendita

Ingredientes

1 pacote (1/2 kg) de lentilhas
4 dentes de alho
1 cebola média
cheiro verde
1 folha de louro
300g de carne-seca
1 cenoura
pimenta do reino (opcional)
sal a gosto

Modo de preparar

Coloque o pacote de lentilhas de molho em água fria de véspera. No dia seguinte, ponha a lentilha para cozinhar com a folha de louro, até ficar bem mole. Em outra panela. Faça um refogado com gordura, cebola picada e cheiro verde. Ponha nele as lentilhas cozidas. Junte mais um pouco de água e sal e deixe ficar em fogo fraco. Deixe a carne-seca de molho na água para retirar o excesso de sal e jogue a água fora. Cozinhe a carne-seca à parte, numa panela de pressão. por 20 minutos. Um pouco antes de servir, junte as lentilhas e deixe ferver um pouco para tomar gosto. Para engrossar.o caldo, amasse uma concha de lentilhas, passe-as na peneira e misture ao restante, sem aproveitar as cascas. Decore com uma cenoura levemente cozida, cortada em rodelas.

Petra no meio do caminho

Desorganização demais e público de menos não diminui delírio dos fãs do conjunto americano

Por Benilton Maia

Fotos de Pauty Araujo

Não foi bem o que se esperava. O show gospel mais aguardado do ano simplesmente não emplacou. Não mais que duas mil pessoas estiveram na Apoteose, no Rio de Janeiro, assistindo à apresentação do Petra no dia 9 de dezembro de 1995, num show marcado por muita desorganização. Programado para começar às 16h, os portões só foram abertos depois das 17h e esperou-se mais de quatro horas pelo início da apresentação. A galera deveria curtir as bandas Complexo J, Oficina G-3 e Fruto Sagrado antes do Petra, mas o grupo não deixou ninguém cantar na frente deles. Vaias e protestos se sucederam até o início do show. Quando os meninos de Nashville entraram no palco, pediram desculpas pelo atraso, e fizeram a galera delirar.

Havia fãs de todos os gostos e lugares. Uns 40 jovens vieram de Vitória (ES), trazidos por Valmir Lopes, da Karis Comunicações. Outros quatro fãs encararam 830 quilômetros de Curitiba ao Rio, sem direito a hotel. Quatro irmãos de Cabo Frio formam um fã clube particular. Mas a atração na platéia ficou por conta de Amarildo Esteves, de 22 anos, que veio de Petrópolis com 30 pessoas e fez questão de trazer um Mickey de pelúcia. Convertido há 16 anos, Amarildo conheceu o Petra há dez anos. "Eu tenho uma raridade que poucos possuem, o primeiro disco do Petra", conta, sem esconder seu orgulho. Ele diz também que as pessoas só entendem um grupo de rock evangélico quando conhecem de perto.

Show do Petra: quatro horas de espera sem curtir as bandas nacionais

No show, o Petra não deixou a desejar. Não faltou animação e a galera vibrou com sucessos novos e antigos da banda, que falavam do poder da oração, da amizade, do amor do cristão por Deus, entre outros temas. No final, o vocalista John falou do amor de Jesus Cristo especificamente aos jovens que ainda não conheciam a salvação. "Não sou um pregador", disse, "sou um músico que um dia encontrou Jesus. Essa geração já teve muita coisa roubada, mas o amor de Deus não será roubado de vocês". No apelo, dezenas de jovens levantaram as mãos e oraram com o vocalista.

Crítica / Petra * * *

Por Benilton Maia

A idade da banda - 23 anos - só serve para lhe conferir uma qualidade apurada, sem o peso do tempo. No show, que começou bastante atrasado, o Petra mostrou ao vivo porque se mantém na liderança do gênero: surpreendendo os fãs a cada novo trabalho, reinventa sua fórmula de sucesso. Tudo na performance da banda funcionou. Os músicos executaram muito bem cada canção; os backing vocais estavam afinados e de um modo especialmente harmonioso. O magnetismo e o carisma do grupo seguraram a empolgação da pequena multidão de pouco mais de dois mil privilegiados.

O repertório, que deveria apenas promover o último trabalho (o CD No Doubt está um arraso!), acabou sendo alterado, para delírio dos que esperavam ouvir antigos sucessos. Era impossível não se emocionar e não se mexer com a interpretação de John Schillit, e sua voz bela e inconfundível, aliada à unção poderosa do Espírito Santo, o que diferencia o Petra das bandas de rock seculares. Quase duas horas depois o show termina e John ora pelos jovens que decidiram abrir o 'coração para Jesus. Ele fala do amor e do propósito de Deus em nos salvar por seu filho Jesus.

Ao final, um gostinho de "quero mais" paira sobre a platéia. Quem foi para ver o Petra de perto não se decepcionou. Foi demais!

• ruim; * regular; ** bom; *** ótimo

Revista Vinde - Edição 3

--- Reage Fábrica Pastor Jimmy Swaggart Epistolas do Leitor Eles não gostam de oposição Os "ro...