terça-feira, 2 de janeiro de 1996

Eles não gostam de oposição

A maioria dos parlamentares evangélicos pertence a partidos que apóiam o governo

Jorge Antonio Barros

Dos 40 parlamentares evangélicos que atuam no Congresso Nacional, em Brasília, apenas dois são de partidos de oposição

Durante o regime militar, a maioria deles estava na Arena, o partido que sustentava o regime. Com a redemocratização, se dispersaram por partidos pequenos até se reunirem novamente em torno dos mesmos ideais religiosos, na Assembléia Geral Constituinte, em 1986. Depois do escândalo da concessão de rádios em troca de apoio aos cinco anos de mandato do presidente Sarney, houve uma renovação dos parlamentares evangélicos no Congresso, mas a grande maioria deles continua onde sempre esteve: ao lado do Poder Executivo.

Do total de 40 parlamentares evangélicos no Congresso Nacional, apenas dois não pertencem a partidos que dão sustentação ao governo de Fernando Henrique Cardoso: a senadora Benedita da Silva (PT-RJ) e o deputado Beto Lélis (PSB-BA). Entre os 34 deputados, 19 deles inauguraram mandato na Câmara. Isto representa uma renovação de mais de 50% dos evangélicos em relação à última legislatura. Subvertendo a fama de despolitizados, os pentecostais têm mais representantes no Congresso do que os protestantes históricos. Doze deles têm origem na Assembléia de Deus, enquanto a Igreja Universal do Reino de Deus dobrou seu número de deputados em apenas uma legislatura.

A posição de sustentação ao governo da maioria dos evangélicos no Congresso é geralmente consequência do fundamentalismo religioso, que recorre ao versículo primeiro do capítulo 13 de Romanos: "Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus (...)" Só que, na política, tudo é muito relativo. A proximidade com o poder, porém, garante elogios de políticos como o deputado Inocêncio de Oliveira, líder do PFL na Câmara, o principal partido aliado do governo. "Os evangélicos são atuantes nas questões sociais e nos interesses da nação", disse Inocêncio a VINDE. Político habituado aos holofotes do poder (já foi acusado de ter-se beneficiado do extinto DNOCS para abrir poços artesianos em suas terras em Pernambuco), Inocêncio desmistifica a ideia de que os evangélicos formam uma espécie de bancada religiosa: "Eles votam sempre unidos em torno de questões que dizem respeito a suas crenças, mas estão dispersos em vários partidos". Os congressistas evangélicos estão em boa parte no PPB (13), no PFL (8) e no PMDB (8).

A reportagem de VINDE passou dois dias em Brasília para traçar um perfil dos 34 deputados federais e seis senadores de origem evangélica eleitos para a 50. legislatura (1995/1999), a última antes da virada do século. Para que o editor de fotografia Frederico Mendes fizesse a foto de capa desta edição, a revista solicitou a 38 parlamentares que estivessem numa tarde de quarta-feira no Salão Verde da Câmara. Apenas nove deles - incluindo um deputado da Câmara do Distrito Federal - puderam atender ao apelo.

A colaboração dos parlamentares ficou mais difícil ainda quando lhes foi enviada uma ficha com perguntas padronizadas sobre sua atuação política. Apenas três deputados — um deles distrital — responderam o fax da revista: Philemon Rodrigues (PTB-MG), Salatiel Carvalho (PPB-PE) e Peniel Pacheco (PTB-DF), todos da Assembléia de Deus (ver matéria na página 17).

Uma pesquisa sobre parlamentares evangélicos já tem como obstáculo inicial o número exato deles num congresso com 513 deputados e 81 senadores. Ninguém pode exigir atestado religioso. VINDE descobriu, por exemplo, que pelo menos dois ficaram de fora da lista fornecida por parlamentares evangélicos: o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que é presbiteriano, e o deputado Carlos da Carbrás (PFL-AM), empresário da construção civil, da Igreja Batista da Chapada, em Manaus.

Arolde de Oliveira (E], com Laprovita Vieira, é o mais antigo congressista evangélico
Benedita: "Os políticos não podem
esquecer que representam uma
sociedade plural"

Representando cerca de 8% do Congresso Nacional, os 40 parlamentares evangélicos estão distribuídos entre as seguintes denominações: Assembléia de Deus (12), Batista (6), Presbiteriana (6), Universal do Reino de Deus (6), Luterana (4), Congregacional (1), Evangelho Quadrangular (1). Dois deles não têm denominação declarada: Francisco Silva, do Rio, e Elton da Luz Rohnelt (RS), o único representante do Partido Socialista Cristão.

Participação na política sempre foi uma questão mal resolvida para os evangélicos do ramo pentecostal. A Assembléia de Deus do Maranhão, por exemplo, ainda hoje proíbe que seus pastores sejam candidatos a cargos eletivos. "Como ser pastor e não ser político? Ninguém foi tão político quanto Jesus", sentencia o deputado federal Paulo de Velasco, pastor da Igreja Universal e um dos seis representantes daquela igreja no Congresso.

Classificada como neopentecostal, a Universal tem uma orientação clara para o Congresso: a cada eleição apresenta ao povo sua lista de candidatos, com número e tudo. Com essa estratégia, a Universal passou de três para seis o número de deputados federais em apenas uma legislatura. "Enquanto esse Congresso não for predominantemente evangélico, as coisas vão continuar como estão", afirma o deputado Jorge Wilson, da Universal. As práticas político-partidárias da Universal raramente são questionadas entre os evangélicos. Enquanto o deputado Salatiel Carvalho (PPB-PE) discorda que pastores levem candidaturas para o púlpito, o deputado Carlos Apolinário (PMDB-SP) defende a estratégia da Universal: "O PT e a CUT não levam seus candidatos aos sindicatos? Por que a Universal não pode levar os seus à igreja?", questiona Apolinário, da Assembléia de Deus.

Costa Ferreira é presidente da União Parlamentar Cristã
Carlos Apolinário defende a
campanha dos candidatos
evangélicos nas igrejas

Irmão votar em irmão continua sendo uma questão bastante polêmica nas igrejas. "Os políticos não podem esquecer que representam uma sociedade plural; por isso seria difícil um evangélico governar", avalia a senadora Benedita da Silva, que já foi candidata à prefeitura do Rio e teve 40% nas pesquisas de intenção de votos para a próxima eleição. "A esquerda precisa aprender a conviver com os problemas religiosos", rebate o deputado Carlos Apolinário, que deverá candidatar-se este ano à prefeitura de São Paulo. Famoso por ter liderado uma campanha moralizadora na Assembléia Legislativa paulista, quando presidiu a casa, Apolinário também atira nos pastores: "O questionamento dos líderes da igreja é puramente fisiológico; queria ser questionado por minha atuação política, não porque deixei de favorecer a igreja A ou B", denuncia. Entre os evangélicos, Apolinário é um dos poucos lembrados por jornalistas como sendo boa fonte de informações. "Os evangélicos não circulam pelos grandes temas de interesse nacional", observa o jornalista Ilímar Franco, que cobre o Congresso para o Jornal do Brasil.

Apolinário é evangelista, nascido e criado na Assembléia de Deus. No grupo evangélico, há de tudo um pouco. Empresários, advogados, funcionários públicos e políticos profissionais. Quatro são pastores - Laprovita Vieira, Paulo de Velasco, Philemon Rodrigues e Elias Abrahão (PMDB-PR). Este último é uma espécie de ovelha negra no rebanho do Congresso. Fichado no Dops, na época do Regime Militar, Elias segue uma trajetória política na contramão da maioria dos políticos evangélicos.

Mas nem todo deputado que diz "Senhor, Senhor" herdará o reino dos céus. Entre os congressistas evangélicos, há até quem tenha sido suspeito de liderar pistoleiros no Maranhão. Ignora o sexto mandamento. O mais experiente do grupo é o deputado Arolde de Oliveira (PFL-RJ), em seu quarto mandato. Ex-articulador evangélico durante a Constituinte, Arolde ressalta que os evangélicos não cogitam de formar nenhum grupo político: "Não queremos reduzir o Evangelho a um partido", explica. Ele admite que os evangélicos se uniram na Constituinte para preservar os valores cristãos na Constituição Federal.

Se o Evangelho não foi reduzido a um partido, durante a Constituinte seus representantes no Congresso mergulharam num mar de lama que respingou nas igrejas. O escândalo ganhou os jornais e, em 1993, virou até tese de doutorado do cientista social e evangélico Paul Freston, na Universidade de Campinas - Protestantes e Política no Brasil, da Constituinte ao Impeachment. Entre os parlamentares que jogaram lama no Evangelho, um deles não poderia tomar mais em vão o nome do Criador: João de Deus. Com outro evangélico, Manoel Moreira (PMDB-SP), João foi denunciado na CPI do Orçamento, em 1993. Mais do que os incrédulos, eles sabiam o que significa "é dando que se recebe", o lema do fisiologismo. "Sou mesmo fisiologista. Mas quem não é?", dizia, na época, João, nada divino.

Hoje, as únicas questões que mobilizam os parlamentares evangélicos, enquanto cristãos, são aquelas que dizem respeito à moral. A grande maioria deles vota junto e contra quando o assunto é aborto, casamento entre homossexuais, liberação do jogo, descriminalização das drogas e pena de morte. Este último tema deve ser, na verdade, a única unanimidade entre todos os parlamentares e evangélicos. Quanto aos outros assuntos, a senadora Benedita da Silva (PT-RJ) admite ser uma das poucas a divergir de seus irmãos na fé. "A patrulha religiosa é muito grande, mas os direitos civis de quem quer que seja devem ser respeitados", afirma Benedita, acrescentando que sua base eleitoral é mais plural do que a maioria dos evangélicos no Congresso.

Benedita é batizada na igreja da Assembléia de Deus, mas sua ação política é questionada dentro de sua própria denominação. O deputado Costa Ferreira, evangelista da Assembléia de Deus no Maranhão, está convencido que o partido ao qual Benedita é filiada - o PT - é comunista e, portanto, anticristão. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) não é evangélico nem do mesmo partido que Benedita, mas comunga com ela de algumas idéias que dizem respeito à moral. "Por isso, eu sou o diabo para os parlamentares evangélicos", conclui Gabeira, com uma ponta de ironia. "Quem pode dizer que o seu partido está com Deus ou o meu está com o demônio? Então, o Espírito está nos enganando a todos os evangélicos, que fomos eleitos por diversos partidos", rebate Benedita.

Os três parlamentares mais acessíveis


Salatiel Carvalho admite ter recebido uma rádio do ex-presidente José Sarney

Apenas três dos 38 parlamentares evangélicos responderam ao fax enviado pela VINDE, solicitando informações sobre sua atuação política - os deputados federais Salatiel Carvalho (PP-PE), Philemon Rodrigues (PTB-MG) e o deputado Peniel Pacheco (PTB), da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Eleito pelo PP com 36.430 votos - 60% dados por evangélicos -, Salatiel Carvalho é engenheiro civil, casado e pai de quatro filhos. Em entrevista à VINDE, Salatiel é um dos raros parlamentares que admite ter ganho do presidente Sarney uma concessão de rádio, mas afirma que não foi por isso que votou no mandato de cinco do presidente. Ele se considera um político progressista, integra a base de sustentação política do governo e sempre vota de acordo com sua bancada. É favorável ao fim dos monopólios e da estabilidade dos servidores públicos e afirma que é um parlamentar assíduo: segundo ele, seu índice de comparecimento às sessões da Câmara é de 100%.

Philemon Rodrigues da Silva teve um percentual de votos alto entre os evangélicos: 90% dos 40.378 sufrágios que recebeu. Philemon, do PTB de Minas Gerais, pertence à Assembléia de Deus desde criança, é casado e tem cinco filhos. Integra a Frente Parlamentar da Agricultura e a base de sustentação do Planalto. Para ele, representar a igreja no Congresso é uma grande responsabilidade. O deputado distrital Peniel Pacheco também é do PTB e da Assembléia de Deus, e acha que um parlamentar não pode ser representante de um único segmento social, e sim, da comunidade como um todo. Recebeu cerca de 9,5 mil votos, tem 37 anos, é casado e tem três filhos. Peniel defende a liberdade com justiça social e o equilíbrio entre capital e trabalho.

'Santos' projetos para todos os gostos

Por Carlos Fernandes

De Velasco: projeto contra feriado

Legislar é a principal função dos Carlos Fernandes Integrantes do Congresso Nacional - afinai, para isso eles foram eleitos. Os parlamentares evangélicos, que percorrem as igrejas em época de eleições pedindo votos, prometem, muitas vezes, representar o povo evangélico nas duas casas do Legislativo. Coda um, dentro das suas convicções e denominações, procuro fazer o máximo para agradar seu rebanho eleitoral.

O deputado De Velasco, por exemplo, apresentou um projeto de lei revogando o lei 6802, que declarou o dia 12 de outubro como feriado nacional consagrado a Nossa Senhora Aparecida - a mesma cuja imagem foi chutada pelo bispo Von Helde. Os integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus parecem mesmo ter declarado guerra à "padroeira do Brasil". Em uma provável consequência do efeito Decadência, o deputado mineiro Philemon Rodrigues sugeriu ao Poder Executivo providências relativas ao episódio atentatório contra um templo da IURD, envolvendo a TV Globo. Já o deputado Arolde Oliveira quis santificar o real e propôs que a inscrição da frase "Deus seja louvado" fosse obrigatória no papel moeda e nos moedas metálicas.

Já o cruzada antitabagista e antialcoólico - velhas bandeiras dos crentes - motivo a apresentação de inúmeros projetos de lei por parte dos parlamentares evangélicos. São mensagens propondo a restrição ao uso do cigarro em meios de transporte e lugares públicos, bem como medidas proibindo o consumo de bebidas alcoólicas em várias situações. A veiculação de filmes pornográficos também é um alvo constante dos congressistas cristãos.

Projetos inusitados não faltam. O deputado Elias Abrahão (PMDB-PR) apresentou uma proposta proibindo o importação de lápis de cera com altos teores de metais pesados, enquanto o deputado Costa Ferreira (PPB-MA) propôs a inclusão do suco de laranja na merenda escolar. Costa Ferreira, aliás, é o autor de dezenas de projetos de criação de escolas federais técnicos e agrícolas no seu estado - o Maranhão -, em municípios como Bacabal, Açoilândia, Turiaçu e Zé Doca. Mas, numa demonstração de que não tem apenas preocupações regionais, ele também propôs a criação do Dia Nacional do Fé Cristã.

Há também as idéias polêmicas. Numa aparente contradição ao princípio bíblico do Não matarás, o deputado Luiz Moreira (PFL-BA) elaborou um projeto de lei que autoriza o interrupção da gravidez até 24 semanas, no caso de o feto ser portador de graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais. A instituição do dia nacional do perdão foi sugerida pelo deputado Francisco Silva, o mesmo que apresentou projeto de lei determinando a doação compulsória de órgãos pelos condenados por crimes hediondos. Será que os criminosos perdoariam o deputado?

Preocupado com o que pode vir por aí, o deputado Herculano Anghinetti (PSDB-MG) fez um projeto de resolução estabelecendo a impenhorabilidade dos templos religiosos - afinal, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. E o deputado Salatiel Carvalho, além de considerar, em projeto de sua autoria, que os templos religiosos devem pagar tarifa de energio elétrica como se fossem consumidores residenciais, quis vedar a realização de eleições gerais, concursos públicos e exames vestibulares em dias ou datas coincidentes com os consagrados a eventos religiosos e ao exercício de culto. Como o projeto abrange qualquer crença, fica a dúvida: haveria data disponível para se votar, concorrer a um cargo público ou a uma vaga no faculdade?

Elias Abrahão
Werner Wanderer
Beto Lélis
Hugo Biehl
Raimundo Santos
Arolde de Oliveira
João Tensen
Benedito Domingos
Laprovita Vieira

PARLAMENTARES QUE SE CONFESSAM EVANGÉLICOS

NOMELEGENDAIGREJA

SENADORES

Benedita da Silva PT-RJ Presbiteriana Betânia
Iris Rezende PMDB-GO Cristã Congregacional
Joel de Holanda PFL-PE Batista
Levi Dias PPR-MS Presbiteriana
Onofre Quinan PMDB-GO Presbiteriana
Roberto Requião PMDB-PR Presbiteriana

DEPUTADOS FEDERAIS

Aldir Cabral PFL-RJ Universal do Reino de Deus
Arolde de Oliveira PFL-RJ Batista
Benedito Domingos PP-DF Assembléia de Deus
Beto Lélis PSB-BA Batista
Carlos Apolinário PMDB-SP Assembléia de Deus
Carlos da Carbrás PFL-AM Batista
Costa Ferreira PP-MA Assembléia de Deus
Carlos Magno PFL-SE Batista
Davi Alves Silva PFL-MA Assembléia de Deus
Elias Abrahão PMDB-PR Presbiteriana
Elton da Luz Rohnelt PSC-PR
Eraldo Tinoco PFL-BA Batista
Francisco Silva PP-RJ
Herculano Anghineti PMN-MG Batista
Hugo Biehl PPF-SC Luterana
Idemar Kussler PSDB-RO Assembléia de Deus
João lensen PTB-PR Assembléia de Deus
Jorge Wilson PMDB-RJ Universal do Reino de Deus
José Carlos Lacerda PPR-RJ Presbiteriana
Josias Gonzaga PMDB-GO Assembléia de Deus
Laprovita Vieira PP-RJ Universal do Reino de Deus
Lídia Quinan PMDB-GO Presbiteriana
Luiz Moreira PFL-BA Universal do Reino de Deus
Mário de Oliveira PP-MG Quadrangular
Paulo Bauer PPR-SC Luterana
Paulo de Velasco PSD-SP Universal do Reino de Deus
Philemon Rodrigues PTB-MG Assembléia de Deus
Raimundo Santos PPR-PA Assembléia de Deus
Reinhold Stephanes Licenciado Luterana
Salatiel Carvalho PP-PE Assembléia de Deus
Silas Brasileiro PMDB-MG Presbiteriana
Valdenor Guedes PP-AP Assembléia de Deus
Wagner Salustiano PPR-SP Universal do Reino de Deus
Werner Wanderer PFL-PR Luterana

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