quarta-feira, 3 de janeiro de 1996

Petra no meio do caminho

Desorganização demais e público de menos não diminui delírio dos fãs do conjunto americano

Por Benilton Maia

Fotos de Pauty Araujo

Não foi bem o que se esperava. O show gospel mais aguardado do ano simplesmente não emplacou. Não mais que duas mil pessoas estiveram na Apoteose, no Rio de Janeiro, assistindo à apresentação do Petra no dia 9 de dezembro de 1995, num show marcado por muita desorganização. Programado para começar às 16h, os portões só foram abertos depois das 17h e esperou-se mais de quatro horas pelo início da apresentação. A galera deveria curtir as bandas Complexo J, Oficina G-3 e Fruto Sagrado antes do Petra, mas o grupo não deixou ninguém cantar na frente deles. Vaias e protestos se sucederam até o início do show. Quando os meninos de Nashville entraram no palco, pediram desculpas pelo atraso, e fizeram a galera delirar.

Havia fãs de todos os gostos e lugares. Uns 40 jovens vieram de Vitória (ES), trazidos por Valmir Lopes, da Karis Comunicações. Outros quatro fãs encararam 830 quilômetros de Curitiba ao Rio, sem direito a hotel. Quatro irmãos de Cabo Frio formam um fã clube particular. Mas a atração na platéia ficou por conta de Amarildo Esteves, de 22 anos, que veio de Petrópolis com 30 pessoas e fez questão de trazer um Mickey de pelúcia. Convertido há 16 anos, Amarildo conheceu o Petra há dez anos. "Eu tenho uma raridade que poucos possuem, o primeiro disco do Petra", conta, sem esconder seu orgulho. Ele diz também que as pessoas só entendem um grupo de rock evangélico quando conhecem de perto.

Show do Petra: quatro horas de espera sem curtir as bandas nacionais

No show, o Petra não deixou a desejar. Não faltou animação e a galera vibrou com sucessos novos e antigos da banda, que falavam do poder da oração, da amizade, do amor do cristão por Deus, entre outros temas. No final, o vocalista John falou do amor de Jesus Cristo especificamente aos jovens que ainda não conheciam a salvação. "Não sou um pregador", disse, "sou um músico que um dia encontrou Jesus. Essa geração já teve muita coisa roubada, mas o amor de Deus não será roubado de vocês". No apelo, dezenas de jovens levantaram as mãos e oraram com o vocalista.

Crítica / Petra * * *

Por Benilton Maia

A idade da banda - 23 anos - só serve para lhe conferir uma qualidade apurada, sem o peso do tempo. No show, que começou bastante atrasado, o Petra mostrou ao vivo porque se mantém na liderança do gênero: surpreendendo os fãs a cada novo trabalho, reinventa sua fórmula de sucesso. Tudo na performance da banda funcionou. Os músicos executaram muito bem cada canção; os backing vocais estavam afinados e de um modo especialmente harmonioso. O magnetismo e o carisma do grupo seguraram a empolgação da pequena multidão de pouco mais de dois mil privilegiados.

O repertório, que deveria apenas promover o último trabalho (o CD No Doubt está um arraso!), acabou sendo alterado, para delírio dos que esperavam ouvir antigos sucessos. Era impossível não se emocionar e não se mexer com a interpretação de John Schillit, e sua voz bela e inconfundível, aliada à unção poderosa do Espírito Santo, o que diferencia o Petra das bandas de rock seculares. Quase duas horas depois o show termina e John ora pelos jovens que decidiram abrir o 'coração para Jesus. Ele fala do amor e do propósito de Deus em nos salvar por seu filho Jesus.

Ao final, um gostinho de "quero mais" paira sobre a platéia. Quem foi para ver o Petra de perto não se decepcionou. Foi demais!

• ruim; * regular; ** bom; *** ótimo

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